Autumn escrita por HKChase


Capítulo 5
Cem Maneiras de Dizer Eu Te Amo.


Notas iniciais do capítulo

É a décima sétima vez que tento postar esse capítulo, já tô perdendo a paciência ashashsuah. Bom, como sempre, atrasada eu estou. Mas estou. O capítulo ficou pronto às 21:30 e de ontem(30/6) e é desde esse momento que eu vinha tentando o postar, mas não estava dando certo e só consegui agora, depois de muito reiniciar o computador.

Deixo aqui algumas coisas que podem causar dúvidas durante o capítulo:

¹UofT: University of Toronto, ou Univerdade de Toronto, é uma universidade pública em Toronto, Ontário, Canadá, situado ao norte do Financial District, nas áreas que circundam o Queen's Park.
¹NYC: Sigla para New York City, a Cidade de Nova York.
³Fall: No inglês existem duas palavras para "Outono", Autumn(nome da história) e Fall. Fall pode se referir tanto a "cair" quanto a "outono", mas no contexto do capítulo ela se refere a estação do ano mesmo.

É isso. Espero que gostem, boa leitura.



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Desafio Nyah! Fanfiction

Um mês com o seu OTP

A Primeira Vez

“Autumn”

Chapter Five: “A Hundred Ways to Say I Love You.”

Capítulo Cinco: "Cem Maneiras de Dizer Eu Te Amo.”

By: H.K. Chase

 

 

   Sabe aqueles momentos, em que tudo é tão maravilhosamente perfeito, onde acabamos tão inertes na adrenalina e você acaba não se lembrando bem do que aconteceu mas tem na memória uma gigantesca riqueza de detalhes sobre o que você sentiu?

 Noah Marsden me proporcionou momentos assim. Meu Garoto dos Sonhos é uma pessoa maravilhosa, e posso dizer que o amei com cada pedaço de meu corpo e alma, amei cada um de seus defeitos, e cada uma de suas qualidades. Amava quando ele ria e fazia meu coração se aquecer, e amei cada uma das vezes em que entrei em seu quarto e encontrei tudo bagunçado. Eu o amei, e com ele aprendi a me amar ainda mais, e, nos amando, aprendemos que nada é eterno. E hoje, percebo que estávamos fadados à separação.

 No verão de 2011 Francesco decidiu que Noah não iria para a faculdade – acredito que, ou era Harvard, ou não era. Convicto, o homem afirmou que, para pessoas como eles, um diploma não passava de um pedaço de papel e não iria afetar em absolutamente nada no desenvolvimento intelectual e social do filho, que, como de praxe, apenas concordou sem questionar. Entretanto, naquela mesma época Noah ganhou um prazo de seis meses para dar início ao seu “treinamento” na empresa dos pais, já que era inevitável que ela seria dele um dia. Ele me contou isso numa madrugada em que invadiu meu quarto.

 – Quero te levar para um lugar.

 – Noah, são três da madrugada. Tenho que acordar cedo amanhã para dar aula para seu irmão e... – O olhei, e deixei que meus ombros caíssem. Ele estava fazendo aquela cara extremamente fofa típica de quando queria algo. – Não. Podemos conversar aqui.

 – Por favor.

 – Não.

 – Por favorzinho.

 – Noah! Não.

 – Ah, meu amor, não vai arrancar pedaço se você sair comigo por algumas horas.

 – Onde quer me levar? Não aceito nada mais longe que o Trader Joe’s.

 – Bom, se você for ver por um lado nada lógico, o farol é bem mais perto.

 – Você ‘tá louco?! – Elevei um pouco o tom de voz, mas logo me lembrei que meus pais estavam dormindo a poucos cômodos de distância e tornei a sussurrar. – Não vamos no farol às três da manhã nem fodendo.

 – Meu aniversário ‘tá chegando. Quero isso de presente, por favor não negue.

 – Eu já comprei seu presente, e não tem devolução. Nós vamos no Trader Joe’s, eles estão abertos 24 horas esse mês. – Me levantei, coçando o rosto. – E sim, Noah, eu comprei um presente para você.

 – Você é, definitivamente, a melhor namorada do mundo, Savannah Santiago! – Ele saiu dos pés da cama e veio até mim, deixando um beijo molhado na minha bochecha. – Muito obrigado, Vanni.

 – Você ao menos sabe meu sobrenome real? – Perguntei, envolvendo sua cintura com os braços. – Só me chamou de Savannah Griego uma vez.

 – É claro que sei! Acha que sou o que? – Noah fingiu se ofender, e sorri. – Seu falso nome é nossa primeira piada interna, vou usar ele pelo resto de nossas vidas. Griego é só para momentos muito importantes, ou, quem sabe, despedidas.

 – Despedidas?

 – É claro. Quando nos casarmos eu vou viajar muito por causa da empresa, e você vai viajar muito graças aos teatros que vai lotar por todo o mundo. Vamos nos despedir com frequência.

  E foi assim que, mais uma vez, meu coração se derreteu ao ouvir as palavras proferidas por aqueles lábios constantemente ressecados. Noah conseguia nos imaginar casados, e aquilo me deixou tão feliz que me obriguei a abraça-lo em resposta, enquanto imaginava perfeitamente nossos dois filhos correndo pelo Boston Public Garden. Se abraços pudessem representar o quanto o amo, o abraçaria para sempre.

 Naquela madrugada saímos de minha casa pela janela, e caminhamos a passos lentos até o mercado próximo. Paris Moure estava no caixa, possivelmente fazendo companhia para a ficante, que trabalhava ali nos turnos da noite e já nos conhecia bem, visto que Noah e eu íamos até lá pelo menos duas vezes por mês desde o começo daquele mesmo ano. A loira nos cumprimentou com seu sorriso amarelado pelo cigarro e pediu para que eu me juntasse as líderes de torcida, o que me fez rir. Depois de uma conversa rápida, eu e meu namorado caminhamos até o setor de doces e pegamos o que consideramos necessário, como era minha vez de pagar – sempre revezávamos as contas – dei o dinheiro a Noah e o esperei do lado de fora, quando ele saiu, carregava duas cervejas junto as guloseimas.

 – Quero fazer um brinde a nós dois. –  Ele se sentou no meio-fio, ao meu lado. –  O próximo ano vai ser um inferno, Vanni.

 – Mas nós vamos passar por isso. – Completei, lhe oferecendo um sorriso. – Acredito em nós dois. Acredito que você vai conseguir conciliar tudo, e que vamos sair vivos dessa fase de merda que está por vir.

 – Eu não. – Suspirou, me passando uma das garrafas verdes. – Queria ter metade da fé que você tem em mim.

 – Não se preocupe. Eu tenho fé suficiente para nós dois.

 E deitei a cabeça em seu ombro, molhando os lábios com a bebida alcoólica. Deixei a sacola de doces na nossa frente e peguei um Snickers, meu chocolate favorito, enquanto Noah preferiu ficar apenas na cerveja. Naquela madrugada ele me contou sobre a faculdade, e sobre outras coisas mais, e me senti feliz por conseguir pegar um pouco do seu fardo para mim. Era assim que nós dois funcionávamos: Nada era meu e nada era dele, tudo era nosso, desde coisas idiotas como comida e pequenas felicidades e conquistas diárias até problemas familiares e sonhos. Acho que esse era um dos motivos para termos um relacionamento tão bom, combinamos de não manter segredos e mentiras, e assim fizemos.

 Até hoje acho meio engraçado como foram inúmeras as vezes em que dissemos eu te amo, mas pouquíssimas delas tiveram o uso real das três palavras mágicas. Nossos “Eu te amo” vinham em forma de abraços, de beijos, de madrugadas lado-a-lado assistindo filmes de ação ou sentamos num meio-fio comendo doces, eles vinham em forma de pequenas frases como um “Se cuida”, ou “Estou com saudades de ouvir você tocar”. O amor que nutrimos um pelo outro é quase atemporal, e a forma como ele era, ao mesmo tempo, tão implícito e evidente, me fazia acreditar que estava num filme romântico e não na vida real.

 Me lembro dessa vez –  não me perguntem quando –  que Noah veio me contar sobre uma conversa sua com Peter, e imagina-los tendo tal diálogo ainda me faz rir. Eles estavam no quarto cinza, meu namorado provavelmente sentado na cadeira perto da escrivaninha e seu melhor amigo jogado na cama de casal do cômodo, eu suponho.

 – Cara, se a Savannah fosse um cara eu definitivamente pegaria ela. – O sul-coreano comentou, ganhando a atenção de Noah.

 – Não acho que você faça o tipo dela. E nem que ela faça o seu. Eu imagino você mais com alguém como, sei lá, Matt Smitsen.

— Você quer morrer, Marsden? – Noah jura que ele e Peter discutiram bem feio depois dessa suposta ameaça, mas eu duvido muito que tenha realmente acontecido. – Aquilo foi um caso de uma noite.

 – Uma noite e dois meses. A escola inteira já encontrou você andando misteriosamente pelos corredores, Pete. E eu não sei se você se lembra, mas nós já não estudamos mais lá.

 – Você ‘tá sempre lá e ninguém nunca fala nada. Quer dizer, eu sei que você é insignificante comparado a mim – Ele brincou. –, mas mesmo assim. Não posso pôr os pés naquele lugar que já estou pegando pequenos e inocentes adolescentes héteros e os obrigando a colocar a boca na minha.

 – A minha namorada estuda lá. E as pessoas sabem que ela é minha namorada, porque nós não ficamos nos agarrando nos banheiros, escondidos. – Deu de ombros, e eu imagino que ele estivesse brincando com a cadeira, a girando de um lado para outro. – As pessoas não começariam tantos boatos se você e Matt simplesmente assumissem que estão saindo. E não aja como se parte disso não fosse parcialmente verdade. Ninguém manda você se interessar em pessoas que ainda insistem em beijar sua boca e dizer que gostam só de mulheres.

 – Falando em sua namorada. Você já disse que a ama?

 – Não mude de assunto, Pete.

 – Não, é sério. Com certeza você já disse que a ama, como fez? Por pura e completa curiosidade, ‘tá?

 – Planejando se declarar?

 – Uhum, claro. Eu sou bem do tipo que se declara mesmo. – Yeun ironizou. – Só quero saber da vida amorosa do meu melhor amigo. É pedir demais querer saber como você falou que ama aquele pedacinho de bolo chamado Savannah?

 – Ela sabe, ué.

 – Como assim “Ela sabe”? Você nunca falou?

 – Eu ‘tô falando que ela sabe. A gente não tem a necessidade de três palavras, Peter. Que diferença vai fazer?

 – Muita! Mulheres gostam de ouvir esse tipo de coisa, cara. Ainda mais depois do tempo que vocês estão juntos.

 – E o que você sabe sobre o que as mulheres gostam de ouvir?

 – Meu Deus, Noah! Uma vez na vida me escuta, VAI DIZER ‘PRA SAVANNAH QUE VOCÊ AMA ELA, SEU IDIOTA.

 No dia eu sequer sabia que ambos estavam juntos, mas recebi algumas mensagens estranhas de Noah, perguntando se eu sabia. Perguntei do que se tratava e ele apenas perguntou, mais uma vez, se sabia porque ele estava comigo, porque ia me buscar na escola todos os dias e porque me levava para jantar com ele e seus pais sempre que eles estavam na cidade. Como era de se esperar, eu não entendi muito bem e demorei algum tempo até associar todas aquelas perguntas com amor, mas assim que tive minha primeira suspeita, disse que sabia. E perguntei se ele sabia que era recíproco, recebi um sim como resposta. E então, nós sabíamos. Algum tempo depois ele narrou a conversa para mim e eu ri como não ria há dias, graças a essa conversa, acabei ganhando o apelido carinhoso de Pedacinho de Bolo, e Peter me chama assim até hoje.

 Em 2012, o tempo começou a passar mais rápido. Noah e eu passamos o dia de Ação de Graças de 2011 com seus pais, o Natal com os meus e, daquela vez, o Réveillon foi feito na casa dos Marsden, com ainda mais convidados do que no ano anterior. Como que para relembrar os primeiros minutos de 2011, meu namorado me puxou para um cantinho e me agradeceu em sussurros por ter “grudado cada um de seus pedacinhos com muita fita adesiva e abraços”. Três dias depois, ele começou a ir para a empresa dos pais.

 Noah Concordia Marsden tinha começado a criar seu nome no ramo da família, e ao mesmo tempo em que senti meu peito transbordar de orgulho, também me doeu ver que ele já não escrevia mais suas poesias e contos, coisas que eram uma espécie de refúgio para sua ansiedade. Mesmo assim, ele parecia estar se entretendo com o trabalho e a cada vez que conversávamos sobre tal coisa, o entusiasmo era evidente em sua voz, assim como era na minha quando ele me perguntava como as aulas de violino para Thommy e seus amigos estavam indo. Em março, ele começou a me buscar na escola apenas uma vez por semana, e nos víamos mais ou menos com essa frequência. Eu estava começando a ensaiar cada vez mais, e ele, a trabalhar cada vez mais, então o tempo para nós estava curto.

 – Isso está me matando. – Confessei, encarando o teto branco do quarto cinza.

 – O que, exatamente?

 – Essa é a primeira vez que passamos um tempo juntos em quase duas semanas, Noah. – Soltei um riso desanimado, piscando cada vez mais devagar.

 – Sério? Nossa... – O ouvi suspirar e me virei em sua direção, abrindo um sorriso fraco. Estava cansada física e emocionalmente.

 – Sério. – Confirmei, pegando uma pequena mecha de seu cabelo e brincando com ela. Ele não o cortava fazia tempo e eu já conseguia fazer uma trancinha com os fios castanhos. – Pior que é sério.

 – Desculpe, Vanni.

 – Pelo que? – O olhei, logo entendendo do que se tratava. – Você diz como se fosse culpa sua o fato de que não estamos mais nos vendo com frequência.

 – E não é?

 – Claro que não. A culpa é nossa. Somos um péssimo casal. – Brinquei, arrancando uma risada dele, que beijou minha bochecha em resposta.

 – O pior casal de todos, sem dúvidas. – Completou, depois de alguns segundos.

 – Isso, somos um completo desastre. – Gargalhei, acompanhada por ele, e logo o clima quase pesado do quarto se tornou leve, inundado por nossas risadas descontroladas e por piadas extremamente sem graça.

 – Mas a gente tenta, não é?

 – Claro que a gente tenta. Sempre soubemos que esse ano ia ser o inferno na terra, mas ainda estamos vivos. – Suspirei, feliz com o quão longe tínhamos ido. – Eu te amo um ‘tantão assim... – Abri meus braços o máximo que pude, demonstrando tamanho meu amor por aquele homem. – Além de que, eu seria a mulher mais idiota de Boston se não ao menos tentasse dar certo com O Noah Marsden.

 – Parece até uma criança falando assim. – Ele riu, colocando as mãos na minha cintura. – Sou tão endeusado assim? Quer dizer, fazem dois anos que eu terminei a escola.

 – Você já ouviu o que falam de você quando vai me buscar? – Indaguei, não esperando por uma resposta. – Você ainda é tão endeusado assim, meu amor.

  Nós tentávamos dar certo, tentávamos com todas as nossas forças. Porque nosso amor era maior que tudo, e tudo que um relacionamento precisa para ser duradouro e lograr êxito é do amor, certo?

 Errado.

 Bom, para a Eu de dezessete anos e para o Noah de dezenove, era. Noah – ou qualquer outra pessoa que não fosse Elizabeth – não sabia, mas meses antes eu havia tentado algo numa faculdade canadense. Minha melhor amiga havia feito tal coisa por mim, pelas minhas costas, e quando me contou que não tinha recebido nenhuma resposta rapidamente deduzimos que eu não estava entre os aceitos para UofT¹, então, por que falar para os outros, certo?

 Em Maio de 2012, uma carta do Canadá chegou para mim, e assim que terminei de ler aquelas palavras escritas de maneira tão formal, informando que, sim, eu estava entre as pessoas que tinham entrado na universidade, corri até a casa dos Marsden, que nunca foi muito longe da minha. Não me importei em bater na porta, visto que eu já tinha uma cópia das chaves e a necessidade era nula, Thommy ainda estava na escola então Noah e eu estaríamos sozinhos, e ninguém ouviria a conversa que estava por vir.

 – Como assim, no Canadá? – Ele perguntou retoricamente, com a carta na mão direta. A esquerda estava nos cabelos recentemente cortados, os puxando como ele fazia quando nervoso.

 – Assim, no Canadá. – O respondi, encolhendo os ombros. Não sabia o que falar.

 – “Assim, no Canadá”? – Assenti, o olhando. A confusão era evidente em seus gestos e expressões. – Você vai para o Canadá. – Riu, passando a mão pelo rosto e então bagunçando os cabelos.

 – Eu não disse isso, Noah.

 Respondi imediatamente. Minha cabeça estava um completo caos, e podia sentir que a dele também. Naquele exato momento minha vida em Boston beirava a perfeição, eu tinha um namorado maravilhoso, um bom trabalho como professora particular de Thomas e seus amigos, estava prestes a terminar o ensino médio e todos os meus amigos importantes estavam lá. O Canadá era uma oportunidade fantástica, mas valia a pena trocar toda a minha vida por ele?

 – Você ganhou uma bolsa na UofT, eles te amaram! Querem você! Seria burrice não aceitar, Savannah.

 – Também seria burrice desistir de uma vida aqui por uma faculdade, não acha? Desistir de você, de meus pais, de Thommy, Lizzie... Só com você já são quase dois anos, Noah. – Fitei-o e me abracei, num ato quase protetor. Lembro com perfeição do suspiro pesado que escapou de seus lábios antes dele se sentar ao meu lado na cama.

 – Vanni...

 – Não me venha com “Vanni”, por favor. Você não fez faculdade, por que eu deveria fazer? Eu poderia continuar aqui, e então, daqui a alguns anos, nós dois poderíamos ter nossa casa em Seattle, como sempre planejamos.

 – É completamente diferente, Savannah. O contexto de eu não ter ido para a faculdade foi um completamente diferente, e você sabe que não foi uma escolha minha. Eu não “desisti” da faculdade por você... e você não... – Ele se interrompeu, e respirou fundo. – Você é melhor que isso, Vanni.

 – Se você disser “O problema não é você, sou eu” eu juro que levanto daqui e vou embora nesse minuto. – O cortei, com medo de um término. – Te conheço o suficiente para saber quais são suas desculpas esfarrapadas, e essa é uma delas.

 – Você é melhor que isso, okay?! – Levantou o tom de voz, mas ele não parecia irritado. –     Sempre foi, e sabe disso. Sempre passou por tudo fazendo as escolhas inteligentes, Vanni. Você é tão, tão, mas tão talentosa... já se ouviu tocando? É como uma orquestra de um anjo só, você é uma melodia, é música pura, Savannah. – Ele disse, rapidamente e com uma clareza quase assustadora. Ouvir aquilo fez meus olhos se encherem de lágrimas, mas não pretendia chorar. – Eu me sinto lisonjeado por ter sido quem te trouxe de volta para esse mundo. E é porque te amo que te digo que você não deve fazer como eu, não deve desistir do seu sonho, que nunca esteve tão perto. Não por mim. Não por seus pais, nem por ninguém.

 – Acha que eu deveria ir para o Canadá? – Perguntei, e rapidamente passei as costas da mão no rosto.

 – Acho. Nós vamos ter o verão inteiro juntos, e eu vou te visitar sempre que possível. – E me abraçou, acariciando meu cabelo de forma protetora. – Vou continuar aqui quando você voltar.

  E foi essa a decisão que tive que fazer, escolher entre meus dois amores: Noah e a música. Minha vida inteira em Boston, ou a música.

 Não era apenas meu relacionamento com Noah Marsden que estava em jogo, mas sim tudo que eu tinha vivido nos últimos dezessete anos. Todas as pessoas que conheci, a casa em que cresci, meu trabalho como professora de música e meus gatos, tudo estava em risco. Não conversei com ninguém sobre a carta e sobre o quão indecisa estava, já que tinha plena certeza de que cada um me daria um conselho diferente e eu acabaria seguindo o desejo da maioria, e não a minha própria vontade. Passei noites em claro analisando coisas a favor e contra, e no fim, acabei jogando todas as listas no lixo. A vida não iria acabar por eu ir para a faculdade, mas ela ia mudar. Drasticamente. Quando já estava pronta para contar minha decisão para meus pais, tive um estalo, e então, eu soube: Queria cursar música na UofT. Era isso o que queria para mim.

 Como era de se esperar, todos ficaram felizes. Quando contei para Francesco e Katheryn eles fizeram um jantar para comemorarmos, e convidei todas as pessoas importantes para mim, todos brilhavam de orgulho, e acho que eu brilhava também. Me lembro de ter puxado Thommy e Noah para um cantinho naquele dia, e por ter agradecido aos dois por estarem no parque no dia 21 de Outubro de 2010, meu namorado me agradeceu por estar lá entre as crianças também, e seu irmão mais novo, com toda a pureza e sinceridade de uma criança, me agradeceu por existir.

 O verão de 2012 foi um dos melhores. Fiz uma viagem com Elizabeth, Noah, Peter e mais alguns de nossos amigos, e passamos duas semanas maravilhosas na Califórnia. Depois disso, aproveitei cada um dos dias ao lado daquelas pessoas, e todos os dias ia para a empresa da família Marsden afim de ajudar meu Garoto dos Sonhos com todo o seu trabalho, que se tornava cada vez mais importante. Saí também com meus pais, e comprei sorvete para Thommy e seus amigos todos os dias por uma semana e meia, já que eles haviam avançado muito no conteúdo de nossas aulas, abracei meus gatos e não fiquei mais tão irritada por eles não usarem a cama que fiz, passei uma semana na casa de Lizzie e uma na casa de Noah e, quando percebi, o verão estava acabando. Na última semana da estação, comecei a empacotar minhas coisas, e chorei. Chorei como não fazia há tempos.

 – Me prometa que vai fazer isso valer a pena, ‘tá bom, Sav?

 Eu ri, e coloquei uma calça numa das malas. – Prometo, Lizzie. Me prometa que vai desistir do Pete, ele é gay! Vai para outro, meu amor.

 – Não. Ele é tão lindo! E digo com certeza: nós dois definitivamente temos uma chance. – Minha melhor amiga falou, convicta. – Matt Smitsen é só uma fase!

 – Acorda, mulher! – Gritei, a chacoalhando. – Matt é uma “fase” que ‘tá durando quase um ano, você ao menos sabe o que a palavra “gay” significa?

 – Sei. – Ela se desanimou, fazendo um pequeno bico com a boca. – Me deixa ter minhas paixões platônicas, por favor!

 – Não deixo não! – E rimos, até que a dor de saber que não iria mais vê-la me atingiu. – Como vou conseguir sobreviver sem você? Você é o que coloca cor no meu mundo, Lizzie. É meu sol e estrelas. – Ri, mas sentia lágrimas involuntárias escorrerem por meu rosto.

 – Deixa de drama, Savannah! Você vai me fazer chorar, e meu rímel é caro demais para ser desperdiçado assim. – Ela brincou, mas pude ver as lágrimas em seus olhos. – Amo você, irmã.

 – Eu também amo você, Liz.

 Elizabeth Marie Santiago era minha metade da laranja. Ela me acompanhou pelo meu primeiro beijo, pela minha primeira menstruação, pela perda de meu avô e tudo o que aconteceu entre o dia em que nos conhecemos e o dia em que fui embora. Lizzie foi aquela pessoa que eu conheci desde sempre, e que conseguia chamar de irmã sem pensar uma vez sequer. Peter, apesar de todas as diferenças e do modo quase estranho como nos conhecemos, acabou se tornando tão importante para mim quanto ela, e agradeço a Deus todos os dias por não ter perdido contato com ele também.

 – Já está indo para a casa do Noah?

 – Sim. Acho que é agora que eu me despeço de você, meu pedacinho de bolo. – Abri um sorriso, e olhei para o loiro ao seu lado. – E de você também, Matt. Muito obrigada pela ajuda com o presente.

 – Sempre que precisar. – Peter abraçou o ficante, e eu ri, já que ele tinha 1,79 de altura e o jogador de futebol era mais alto, com seus 1,89. – Quer dizer, não sempre, já que você vai estar em outro país e tudo mais.

 – Sempre que eu estiver por aqui. – Sorri, e olhei para os dois novamente. Eles formavam um casal bonito desde aquela época. – Meu Deus, quando vão começar a namorar? Eu não posso ir embora sem saber que estão juntos.

 – Bom... – O lutador começou, e então ergueu a cabeça para olhar o outro. – Quer namorar comigo?

 – Sério? – Matthew perguntou, com tanta indiferença na voz que achei que ele tinha entendido errado. Pete assentiu. – Quero. É claro que eu quero.

 – Então eu quero também. – Ele sorriu e me olhou, e imagino que minha cara estivesse como a de uma criança, já que ele riu assim que a viu. – Agora você pode ir com a consciência leve.

 Soltei um gritinho entusiasmado, não conseguindo conter o sorriso.

— Estou tão feliz por vocês dois! Já estava na hora. – Abri os braços, os chamando para um abraço. – Que sejam um casal muito feliz e que adotem crianças lindas. Vocês são demais.

 Os abracei com força aquele dia, e me senti transbordar de alegria. Sabia o quanto ambos esperavam por aquele relacionamento, e poder ter presenciado seu início oficial foi um ótimo meio de me despedir deles. Na época eu não fazia ideia, mas tudo o que desejei para eles acabou se tornando real, já que Matthew e Pete mantiveram-se firmes e fortes durante os últimos seis anos, e atualmente moram juntos em NYC², junto com um cachorro e, em breve, uma menininha – segundo Peter, ao menos. Eles foram uma das exceções de relacionamentos que sobrevivem ao fim do ensino médio, e confesso que uma pequena parte de mim os invejou por isso.

 Mais tarde naquele mesmo dia, fui para a casa dos Marsden, afim de passar meu último dia na cidade ao lado de meu namorado e seu irmão. Me lembro de estar ansiosa para dar a Noah o presente que tinha comprado para ele, mas não tive tempo para fazer tal coisa, já que demos início a uma discussão sobre algo que, feliz ou infelizmente, não me recordo. Mas tenho na memória os detalhes da pior parte da briga, onde já estávamos quase gritando um com o outro.

 – Você tem que melhorar isso, Noah!

 – E você tem que parar de tentar “melhorar” tudo em todos, Savannah! Sei que é com a melhor das intenções, e que é involuntário, mas pelo amor, pare! – Ele gritou, e me encolhi, ainda estourando de raiva. Ouvi seu suspiro e observei enquanto ele puxava os próprios cabelos. – Quando começamos isso você disse que me queria com todos os defeitos. Bom, esse é um deles. Lide com isso.

 – Já chega. – Falei por fim. – Não vou dormir na mesma cama que você depois dessa briga.

 – Tudo bem. Você não vai mais dormir na mesma cama que eu por quatro anos depois de hoje, acho que tenho que me acostumar. – Ele pegou um travesseiro e uma coberta. – Pode ficar com o quarto cinza, Vanni, eu durmo no sofá hoje.

 Ouvir aquelas palavras me machucou demais, mas hoje percebo o quão certo ele estava, e como eu deveria ter pedido desculpas no momento em que ele desceu aquelas escadas e foi para a sala. Sei o quão afetados estávamos pela minha ida para a faculdade, e sei que ele não planejava dizer tal coisa, já que era quem mais se orgulhava de mim, mas ele disse. Disse coisas horríveis, e eu as retruquei com a mesma intensidade.

 – Não vou ir dormir brigado com você, Savannah Santiago. – Ele disse ao se deitar do meu lado na cama, horas depois. – Está acordada?

 – Estou. Mas ainda estou puta com você. – Me virei em sua direção, e consegui ver pouco de seu rosto devido à falta de iluminação do quarto. – Eu sei que também estava errada.

 – Já é um avanço. – Noah riu, e me ofereceu um de seus sorrisos reconfortantes. – Peço desculpas por ser um babaca.

 – Desculpado. –Resmunguei, demorando alguns segundos para colocar meu orgulho de lado. – Peço desculpas por ter sido uma idiota.

 – Desculpada.

 Como pedido de desculpas, lhe dei o presente que tinha comprado com seu melhor amigo mais cedo. É uma pulseira de couro simples, com detalhes em vermelho, branco e azul e alguns pingentes prateados; um violino, uma caneta e o símbolo das Relíquias da Morte, de Harry Potter, estavam entre eles. O violino representando a mim, a caneta o representando, e o resto eram coisas que tínhamos em comum, como o amor pela saga da autora J.K. Rowling.

 No dia seguinte, fui para o aeroporto com Noah, e é lá que é ambientada uma das últimas lembranças que tenho dele. Uma das últimas vezes que o vi pessoalmente, e ela foi repleta de drama, lágrimas e dor. Passei a amá-lo com tanta intensidade que a simples ideia de que poderíamos não sobreviver aquilo me apavorava, e ela cercava meus pensamentos com frequência e intensidade. Quando meu voo estava para decolar, Noah colocou sua mão em meu rosto, e eu a segurei como se minha vida dependesse daquilo, já estava chorando.

 – Eu tenho que ir.

 – Eu sei. Se cuida, ‘tá bom? – Pediu, e solucei.

 – Eu vou, eu vou. – Prometi. – Vai me ligar todos os dias, e vou vir te visitar toda vez que tiver a oportunidade. Vamos passar por isso.

 – E eu vou estar te esperando quando você voltar.

 – Promete?

 – Prometo. – O silêncio se instalou entre nós, e então ele começou. – Eu preciso dizer, Vanni. Preciso dizer as três malditas palavras.

  – Você já disse. – O tranquilizei. – De tantas formas, Noah. Eu sei o que quer dizer, e você sabe que sinto o mesmo, mas você já disse. Disse cada vez que me abraçou, disse a cada vez que se preocupou comigo, que invadiu meu quarto de madrugada e que me chamou por um desses seus apelidos idiotas. Você já disse isso de mil jeitos diferentes, e eu entendi cada um deles. Espero que tenha entendido quando eu disse sem palavras também, porque eu o fiz tanto quanto você. Guarde essas três palavras para quando eu voltar.

 Ele assentiu.

 – Você tem que ir. – Finalmente tirou a mão de meu rosto, e então eu fiz tal gesto, secando uma lágrima que nunca chegou a realmente cair. – Tem que sair agora senão nunca vou te deixar ir.

 – Eu sempre soube que seu plano era me sequestrar e manter em cativeiro. – Brinquei, e nos abraçamos. – Vou sentir sua falta, seu idiota.

 – Eu vou sentir saudades também, Savannah Adelaine Griego.

 O repreendi por ter dito meu nome corretamente, e lhe prometi que estaria de volta quatro anos depois. E então, eu fui para o Canadá.

 Assim que cheguei lá, me apaixonei pelo lugar e todas as minhas expectativas foram facilmente superadas. Me encantei com as pessoas, com meu apartamento e, principalmente, com a capela Old Victoria College, que ajudou demais na hora de aprender ainda mais sobre o violino, instrumento de minha paixão. Conheci novos lugares, gente nova, amores novos, e tentei, a todo custo, manter aquela coisa tão bonita que tinha com meus amigos em Boston. Mas com o tempo o interesse foi faltando, e as mensagens pararam de ser todos os dias e acabaram virando semanais, até que pararam de chegar, e eu parei de as enviar também.

    Quando voltei para Boston, quatro anos depois, fico feliz em dizer que Noah estava, realmente, esperando por mim. Não demorou muito para que eu o pedisse em casamento e ele aceitasse, não demorou para que minha carreira decolasse e nos mudássemos para Seattle, como sempre planejamos. Em menos de um ano engravidei, e a notícia de que logo teríamos um Mini Noah ou uma Mini Savannah correndo pela casa nos encheu de alegria e amor, e nove meses depois nasceu nosso pequeno William, que trouxe mais uma nova cor para nossas vidas.

 Foi isso o que aconteceu. Nos meus sonhos, pelo menos. Quando eu voltei para minha cidade natal, Noah não estava me esperando, nem Lizzie, nem Thommy. Pelo contrário, descobri que minha melhor amiga tinha se mudado para a Suécia, e que Noah tinha conhecido alguém novo, uma garota chamada Fall³, o que era quase fofo, já que ele sempre amou o Outono. Minha carreira, entretanto, realmente decolou, e tive o prazer de viajar o mundo fazendo o que amo, e acabei reconhecida por meu trabalho, mas depois de um ano sem moradia fixa, decidi que precisava de algum tempo para mim. Foi aí que me mudei para Seattle, e realizei um de meus sonhos de adolescência.

  Certo.

 Desde meus cinco anos de idade, minha paixão é a música, mais especificamente, o violino. A primeira vez em que toquei em tal instrumento foi graças a meu avô, um ser humano nojento por mil e um motivos, mas que nutria um amor gigantesco pela arte e por mim, sua neta mais velha. Certo dia, quando fui visitá-lo, sua mulher me levou até o sótão e lá encontramos uma caixa velha, com as memórias da juventude dos dois; entre fotos, bilhetes, roupas e objetos que não me importei em guardar na memória, estava um violino. Velho, com as cordas arrebentadas e cheio de sujeira, mas, de sua forma, deslumbrante. Assim que o velho descobriu meu encanto com o instrumento, tratou de me ensinar tudo o que sabia (ou, ao menos, que se lembrava) e assim, meu afeto pela música nasceu.

 Aos meus seis anos, conheci uma loira chamada Elizabeth Marie Santiago, popularmente conhecida no parquinho como Lizzie. Assim que nos vimos, soube que a levaria para a vida, apesar de não saber bem o que “para a vida” significava na época. Naquele mesmo dia nos tornamos melhores amigas e fizemos um pacto “Amigas pela vida”, infelizmente, a “vida” foi dos seis aos dezenove anos, quando paramos de nos falar devido à distância, já que Boston não é exatamente perto do Canadá e trocar mensagens já não foi o suficiente. Durante treze anos da minha vida, ela esteve lá por mim, e eu estive lá por ela; fosse para rir, chorar, cozinhar ou até mesmo fazer faxinas e ter empregos temporários como babás dos Walerff, que moravam na sua rua. Elizabeth era minha irmã, e sempre esteve lá por mim, mesmo quando eu não mereci.

 Com onze anos, eu menstruei pela primeira vez. Aos treze, dei meu primeiro beijo com Oliver Cooper, um loiro um ano mais velho que eu, por quem eu tive uma quedinha temporária. Oliver e eu nos conhecíamos desde o primário e beijá-lo foi okay, mas eu esperava borboletas no estômago e a sensação de fogos de artifício, ao invés disso senti o gosto de seu café da manhã e a sensação desconfortável de ter uma língua que não era a minha dentro da minha boca pela primeira vez. Nesse mesmo ano, um carinha dois anos mais velho que eu se mudou para Boston, vindo de Nova York, Noah Marsden foi o assunto da escola por um mês, tendo toda a atenção pelos seus olhos verdes e família rica.

 Dois anos depois, quando eu tinha quinze, meu avô morreu. E, de algum jeito, uma pequena parte de mim também; o homem podia ser um ser humano questionável, mas ele quem me apresentara ao grande amor da minha vida: o violino. No seu funeral, toquei uma de suas músicas autorais, e abracei sua esposa com força, pois sentia que ela me entendia de alguma forma, depois disso a levei para uma padaria e comemos croissants enquanto lembrávamos dos bons momentos de William Griego, que foram poucos, porém memoráveis.

  Em outubro de 2010 eu acidentalmente encontrei Noah Concordia Marsden no Boston Public Garden, e, daquele dia em diante, eu soube que tinha alguém lá por mim. Noah me buscava na escola todos os dias e, ao menos três vezes por semana ficava depois das aulas comigo, me encorajando a voltar a tocar, e quando finalmente conseguiu, ele me ouvia, como se aquilo fosse a coisa mais importante do mundo, ele me ouvia. E eu o ouvia também, ouvi cada uma de suas piadas sem graça e, pouco tempo depois, passei a ouvir suas lamentações também, descobri que ele era alguém cheio de cicatrizes internas e responsabilidades que lhe pesavam, lhe corroíam, então peguei um pouco da sua dor para mim. E ele sorriu quando fiz isso, tocando suas costas num sinal de carinho, e como sempre acontecia quando Noah sorria, eu senti meu coração transbordar. Não porque ele me completava ou era minha metade da laranja, não, nós já éramos completos, duas frutas inteiras, que juntas, combinavam perfeitamente.

 Com vinte e quatro anos de idade, tive inúmeras experiências amorosas frustradas, e não me arrependo de nenhuma. Nos últimos tempos o nome Noah Marsden sequer passou pela minha cabeça, mas eu o amei, e amar deixa memórias que ninguém pode roubar. Memórias essas que nos trazem até o dia de hoje, em Julho de 2018, quando eu vi um adolescente extremamente parecido com meu primeiro namorado correndo pelas ruas de Seattle, a mão esquerda ainda com as marcas das queimaduras feitas anos antes pelo acidente com bebida quente, afim de alegrar o irmão. Atrás dele, um homem, rindo.

 – Thomas! Sabe que eu não sou o ser humano mais atlético do mundo! – Ele gritou, e então parou ao meu lado, e, ao me olhar, sorriu. Aquele mesmo sorriso torto digno de um garoto propaganda. – Olá.

 Analiso bem o objeto surrado em seu pulso, velho, mas ainda o mesmo de seis anos antes, com o violino, a caneta, as Relíquias e os outros pingentes. Confusa, o olho e então tenho certeza, nunca me esqueceria da sensação de me perder no verde desses olhos, agora tão confusos quanto os meus.

 – Savannah Adelaine Santiago...  – Ele disse, como se testasse algo que não usava há muito tempo. Ele se lembrou de nossa primeira piada interna, e aquilo, como sempre, me aqueceu. – Há quanto tempo.

 Sem acreditar bem no que vi e ouvi, senti a cabeça doer com a enxurrada de memórias que veio, e não consegui dizer outra coisa que não fosse seu nome inteiro, que sempre lhe coube perfeitamente bem.

 – Noah Concordia Marsden...


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Notas finais do capítulo

"Nesta hora, neste lugar, desperdícios, erros... Tanto tempo, tão tarde. Quem era eu para te fazer esperar?"
"Eu te amo, eu te amei o tempo todo e eu sinto sua falta. Estive tão longe por muito tempo, eu continuo sonhando que você estará comigo e você nunca irá embora."
"Com você eu resistiria a todo o inferno, apenas para segurar sua mão. Eu daria tudo, eu daria tudo por nós."
"Eu queria que você ficasse porque eu precisava, eu preciso ouvir você dizer: que eu te amo, eu te amei o tempo todo e eu te perdoo por ter ficado tão longe por muito tempo, então continue respirando, porque eu não vou mais te deixar."
"Segure-se em mim e nunca me deixe ir. Respire, segure-se em mim e nunca me deixe ir"

Trechos da música Far Away, do Nickelback. A música de Noah e Savannah.
(https://www.youtube.com/watch?v=ESIr_1NS0Is)


É isso. Esse é o fim de Autumn, muito obrigada por acompanhar essa história!
Eu imaginei perfeitamente como foram os últimos seis anos para os Marsden, então se alguém tiver alguma dúvida sobre isso, sinta-se a vontade pra perguntar, tá?
M U I T O O B R I G A D A a todos que leram, tendo comentado ou não. Vocês são foda, no melhor sentido da palavra! Muito obrigada mesmo, amo vocês.

Agradeço por terem acompanhado toda a trajetória de Noah Concordia Marsden e Savannah Adelaine Santiago, opa, Griego.



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