Começo de Dezembro – Aproximadamente 4 Anos Atrás

Havia duas coisas que Andrew amava mais do que tudo no mundo: o sorriso da mãe e o sorriso de Christine.

Raramente via a mãe sorrir de forma espontânea nos últimos anos, o que o deixava muito triste, especialmente por que já fazia algum tempo que Daisy parecia tentar passar mais tempo no trabalho que com ele.

Mesmo assim o garoto tentava entender.

Havia outras coisas que ele amava.

Amava ouvir a risada de Christine e o som da sua voz lendo qualquer coisa, também amava vê-la dançar, por que era como ver o fogo dançando e de fogo Andy entendia muito bem desde que passou pela Terrígena.

Desde aquele dia tinha que tomar cuidado para não incendiar cortinas ou sofás quando a garota fazia algo que achava muito fofo. Seus poderes Inumanos haviam tornado suas reações uma fonte de piada com alguns colegas.

Felizmente ou não, Christine parecia ignorar aquilo e apenas dizia para ele tomar cuidado com um sorriso tão carinhoso que apenas fazia seus cabelos entrarem com combustão instantânea.

Havia combinado com Christine de se encontrarem na Shield depois dos treinos dele naquela sexta-feira para irem ver um filme antigo na casa dele. A verdade era que Andrew queria muito ver a garota e o sorriso dela dizendo para ele parar de ser bobo, por que aquilo fazia todo o esforço do seu dia valer a pena.

Assim que foi dispensado por May correu para o vestiário tomar um banho e colocar roupas limpas. Correu novamente até o jardim da agencia, onde Christine ficou de espera-lo, mas não a viu no banco em que ela disse que estaria.

Andrew ficou confuso, mas sabia que se não pudesse ir Chris iria dar um jeito de avisa-lo, então não se preocupou. Começou a andar pelo jardim até notar uma pessoa sentada ao lado de um pedestal para a estatua dos agentes, um memorial em homenagem aos que haviam morrido durante os eventos dos “Dias Sombrios”.

Se aproximou devagar e então notou que era Christine e que ela estava chorando. Aquilo esmagou o coração de Andrew com mais força do que quando ele via a própria mãe chorando, por que ele nunca havia visto a garota chorar se não fosse algum machucado.

Ele se aproximou dela e a abraçou com cuidado.

—Vai ficar tudo bem.

Sentiu os braços de Christine apertarem seu corpo contra o dela e as lágrimas dela deixarem sua camiseta úmida.

Ficaram ali por vários minutos até a garota se acalmar e ele conseguir ver o rosto dela, especialmente por que Christine passou um longo período com a cabeça baixa. Quando ela finalmente parou de chorar os dois seguiram até um dos bancos do jardim.

—O que houve Chris?

—Briguei com a minha mãe.

—Por que?

—Por que minhas irmãs tem pais e eu não.

Andrew sentiu o peso em seu peito.

Aquilo era algo que tinha em comum com ela, nenhum deles conhecia o pai e as mães não falavam sobre o assunto.

—Eu sei que é difícil, mas acho que não podemos fazer muita coisa sobre isso.

—Eu só quero saber quem ele é ou se ele pelo menos está vivo, será que é pedir demais?

—Não é Chris, mas acho que nossas mães não se sentem prontas para falar sobre isso.

—Mas a Cara e a Rose convivem com os pais delas, por que eu não posso?

O garoto sabia que ela queria chorar, mas era orgulhosa demais para fazer isso na frente dele uma segunda vez no mesmo dia.

—Não sei por que não podemos Chris, mas acho que um dia vamos descobrir e, quem sabe, vamos entender nossas mães.

A garota limpou os olhos e encarou Andrew.

—Você acha mesmo?

—Por que não?

Christine sorriu, não o sorriso feliz que Andy estava acostumado, mas um sorriso cheio de agradecimento e carinho misturado com tristeza, que acertou o peito dele com força.

E antes mesmo que pudesse entender o que estava fazendo Andrew beijou Christine.

O garoto ficou tão surpreso quando percebeu o que havia feito que tentou sair correndo, mas Christine segurou sua mão.

—Espera.

Andy parou onde estava e ela se aproximou dele, passando a mão pelo cabelo em chamas dele, o que o assustou até perceber que as mãos dela estavam na forma de diamante.

O garoto a olhava tenso quando ela sorriu.

—Você é tão lento.

E antes que Andrew pudesse perguntar o que ela queria dizer Christine o beijou.

Ninguém precisou dizer para ele que os dois estavam juntos, Andy soube disso na mesma hora.

Naquele momento tudo que ele realmente tinha em mente além do beijo era sobre dar o colar que protegeria Christine de seus poderes de fogo mesmo se ela não estivesse na forma de diamante, mas poderia fazer isso quando fossem ver os filmes em sua casa mais tarde.

—

—

—

Continua...