Lucifer escrita por Capitu


Capítulo 6
Um anjo de outro mundo [part. 1]




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Dias depois

   - Qual é o seu problema? Eu achei que tava gostando? -bravejou Ella enquanto mudava a estação do carro. Mas ela não parecia realmente brava.

— Lopez, permita-me dizer, mas seus gostos musicais são um pouco duvidosos. E levando em conta que passamos dias confinados como ratos de laboratório, creio que eu pelo menos possa ter o prazer de escolher uma estação que me agrade.

   Gabriel muda a estação e repara que acabaram de sair dos limites de Los Angeles.

   No rádio do carro está a tocar The Weight

—  Essa música até me faz lembrar um pouco de casa. Onde estamos indo?

— Ah, querido! Estamos indo nos divertir! Vou aproveitar que a polícia me deus uns dias de folga e te levar para Vegas. Até porquê nós dois sabemos que não somos do tipo que come pipocas e ficamos vendo série na tv.

— Argh. Com certeza não sou mesmo. 

— Engraçado... Um dos cantores tem a voz parecida com a sua. Que louco, não acha?

— Acho que está indo rápido demais na rodovia. E pra nós que passamos tempo demais sendo avaliados por médicos pra excluírem qualquer rastro de contágio do ebola - não estou afim de voltar a ser "preso". 

   Gabriel faz aspas com as mãos para dar ênfase, sorri e a beija na bochecha.

— Mas o que é a vida sem um pouco de emoção? Mas olha, vou avisando que não poderemos entrar em alguns cassinos.

— Porquê, honey?

— Longa história... Longa história...

***

   Lucifer andava de um lado pro outro  em sua cobertura que ficava em cima da Lux. Ele pega uma garrafa do seu melhor whisky como se fosse o último dia na Terra. Se bem que levando em conta o seu modo de viver nos anos (e milênios) que antecederam seu encontro com a detetive Chloe Decker, sempre é o último dia na Terra.

    Enche o primeiro copo e bebe um gole se sentando ao piano. Toca umas notas de A Thousand Years da Christina Perri, ainda muito reflexivo a espera de seu irmão gêmeo. Aqueles minutos pareciam séculos. E o fato da Mazekeen ter estado apavorada só piora tudo.

    O telefone toca pela décima sétima vez e pela décima sétima vez ele não o atendera. Uma lágrima de tensão e medo escorria pelo seu rosto. Não pelo Miguel que resolveu aparecer do nada e ameaçar seus amigos e família. Mas por sentir ser o único culpado por tê-los colocado em risco. 

— O anjo caído se tornou uma escória pior que os humanos. Não estou surpreendido em ver isto.

    Uma figura angelical e imponente surgiu sentada no sofá, era Miguel Demiurgus. O único arcanjo com poderes equiparados aos de seu irmão, Lucifer MorningStar.

— Olá, irmão! Estava me perguntando quando apareceria depois de toda a ameaça que fez contra os meus.

  Ele vira-se e encara o irmão.

— Ouvi dizer que estava a se submetendo aos... Como dizer, rituais mundanos?

— Estava apenas mantendo as aparências e ficando em quarentena por causa de um risco de contágio de um vírus muito perigoso aos humanos. Se eu aparecesse de repente longe dos olhares humanos e sem...

   Miguel o interrompe já sem muita paciência.

— Isso foi antes ou depois de se casar com uma humana imunda? Logo você? Uma divindade em todo o seu esplendor! Não que um anjo caído valha de muita coisa. Mas, contrair matrimônio e ter filhos com humanos não é apenas um pecado. Para seres da nossa espécie pode ser considerado crime. E pior que isso é o fato de que nossos irmãos simplesmente se fizeram de cegos!

— Irmão, calma...

— Calma? O que deveria falar acerca de teres abandonado o Inferno? Devo incluir isto também no pacote?

— Primeiro, que o que a Chloe e eu temos é amor verdadeiro e abençoado pelo nosso Pai.

— Isso é o que você diz.

— Segundo, que eu não abandonei o Inferno.

— Não é o que andam a dizer na Cidade Prateada.

— Terceiro! De onde tirou essa história de filho? Eu sei das implicações em trazer um nephilim ao mundo e meu caro irmão, permita-me lhe dizer que ter filhos nesse momento não está nos nossos planos. A filha da detetive é uma mini-humana bem acima das expectativas e muito inteligente, logo já a temos e não precisamos aumentar a prole.

— Volte ao submundo, Lucifer. Lá é seu lugar.

— Porquê? Porquê aqui me sinto em casa e tenho uma família de verdade?

— Nós, os celestiais é que somos sua família.

— Ah, vá se ferrar, irmão!

***

— Calma, Maze.

— Que calma, Linda? Eles vão se matar. Aquele desgraçado nem precisou fazer nada pra me meter medo. Basta apenas um olhar. E boom! Quando você percebe já se tornou a maldita cadelinha dele.

— Acho que o Amenadiel deveria estar aqui conosco.

— Não, não vamos incluir ele nisto. Vamos deixar que o Luci tente resolver isso. Ele vai conseguir, não é?

— Bem, eu espero que sim. Para o bem de todos, eu espero que sim. Enquanto isso, vamos liberar um pouco desse stress fazendo algo revigorante.

— Revigorante, como o quê?

— Vem, Maze! Levanta! Pega naquele armário dois pares de luvas de boxe.

— Eu não vou bater em você, amiga...

— Não é pra bater em mim. Aluguei uma sala e equipei ela com umas coisinhas pra exercícios. Tendo andado em forma.

   Mazekee lança um olhar interessado.

— Equipado com o quê tanto?

— Ah! Umas coisas aí. Pra saber ter que vir ver comigo.

    As duas vestem as luvas de boxe e quando davam os pulinhos pra se aquecerem e irem pra tal sala a qual a doutora Linda Martín havia falado, o anjo Amenadiel abre a porta do consultório com um buquê de rosas vermelhas e paralisa brevemente diante delas. Para ele, elas iam brigar por sua causa. Afinal, o anjo havia se envolvido amorosamente com uma demônio filha de Lilith e com uma humana.

— PAROU! PAROU! O que as duas acham que estão fazendo?

 


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