Lucifer escrita por Capitu
Dias depois
- Qual é o seu problema? Eu achei que tava gostando? -bravejou Ella enquanto mudava a estação do carro. Mas ela não parecia realmente brava.
— Lopez, permita-me dizer, mas seus gostos musicais são um pouco duvidosos. E levando em conta que passamos dias confinados como ratos de laboratório, creio que eu pelo menos possa ter o prazer de escolher uma estação que me agrade.
Gabriel muda a estação e repara que acabaram de sair dos limites de Los Angeles.
No rádio do carro está a tocar The Weight.
— Essa música até me faz lembrar um pouco de casa. Onde estamos indo?
— Ah, querido! Estamos indo nos divertir! Vou aproveitar que a polícia me deus uns dias de folga e te levar para Vegas. Até porquê nós dois sabemos que não somos do tipo que come pipocas e ficamos vendo série na tv.
— Argh. Com certeza não sou mesmo.
— Engraçado... Um dos cantores tem a voz parecida com a sua. Que louco, não acha?
— Acho que está indo rápido demais na rodovia. E pra nós que passamos tempo demais sendo avaliados por médicos pra excluírem qualquer rastro de contágio do ebola - não estou afim de voltar a ser "preso".
Gabriel faz aspas com as mãos para dar ênfase, sorri e a beija na bochecha.
— Mas o que é a vida sem um pouco de emoção? Mas olha, vou avisando que não poderemos entrar em alguns cassinos.
— Porquê, honey?
— Longa história... Longa história...
***
Lucifer andava de um lado pro outro em sua cobertura que ficava em cima da Lux. Ele pega uma garrafa do seu melhor whisky como se fosse o último dia na Terra. Se bem que levando em conta o seu modo de viver nos anos (e milênios) que antecederam seu encontro com a detetive Chloe Decker, sempre é o último dia na Terra.
Enche o primeiro copo e bebe um gole se sentando ao piano. Toca umas notas de A Thousand Years da Christina Perri, ainda muito reflexivo a espera de seu irmão gêmeo. Aqueles minutos pareciam séculos. E o fato da Mazekeen ter estado apavorada só piora tudo.
O telefone toca pela décima sétima vez e pela décima sétima vez ele não o atendera. Uma lágrima de tensão e medo escorria pelo seu rosto. Não pelo Miguel que resolveu aparecer do nada e ameaçar seus amigos e família. Mas por sentir ser o único culpado por tê-los colocado em risco.
— O anjo caído se tornou uma escória pior que os humanos. Não estou surpreendido em ver isto.
Uma figura angelical e imponente surgiu sentada no sofá, era Miguel Demiurgus. O único arcanjo com poderes equiparados aos de seu irmão, Lucifer MorningStar.
— Olá, irmão! Estava me perguntando quando apareceria depois de toda a ameaça que fez contra os meus.
Ele vira-se e encara o irmão.
— Ouvi dizer que estava a se submetendo aos... Como dizer, rituais mundanos?
— Estava apenas mantendo as aparências e ficando em quarentena por causa de um risco de contágio de um vírus muito perigoso aos humanos. Se eu aparecesse de repente longe dos olhares humanos e sem...
Miguel o interrompe já sem muita paciência.
— Isso foi antes ou depois de se casar com uma humana imunda? Logo você? Uma divindade em todo o seu esplendor! Não que um anjo caído valha de muita coisa. Mas, contrair matrimônio e ter filhos com humanos não é apenas um pecado. Para seres da nossa espécie pode ser considerado crime. E pior que isso é o fato de que nossos irmãos simplesmente se fizeram de cegos!
— Irmão, calma...
— Calma? O que deveria falar acerca de teres abandonado o Inferno? Devo incluir isto também no pacote?
— Primeiro, que o que a Chloe e eu temos é amor verdadeiro e abençoado pelo nosso Pai.
— Isso é o que você diz.
— Segundo, que eu não abandonei o Inferno.
— Não é o que andam a dizer na Cidade Prateada.
— Terceiro! De onde tirou essa história de filho? Eu sei das implicações em trazer um nephilim ao mundo e meu caro irmão, permita-me lhe dizer que ter filhos nesse momento não está nos nossos planos. A filha da detetive é uma mini-humana bem acima das expectativas e muito inteligente, logo já a temos e não precisamos aumentar a prole.
— Volte ao submundo, Lucifer. Lá é seu lugar.
— Porquê? Porquê aqui me sinto em casa e tenho uma família de verdade?
— Nós, os celestiais é que somos sua família.
— Ah, vá se ferrar, irmão!
***
— Calma, Maze.
— Que calma, Linda? Eles vão se matar. Aquele desgraçado nem precisou fazer nada pra me meter medo. Basta apenas um olhar. E boom! Quando você percebe já se tornou a maldita cadelinha dele.
— Acho que o Amenadiel deveria estar aqui conosco.
— Não, não vamos incluir ele nisto. Vamos deixar que o Luci tente resolver isso. Ele vai conseguir, não é?
— Bem, eu espero que sim. Para o bem de todos, eu espero que sim. Enquanto isso, vamos liberar um pouco desse stress fazendo algo revigorante.
— Revigorante, como o quê?
— Vem, Maze! Levanta! Pega naquele armário dois pares de luvas de boxe.
— Eu não vou bater em você, amiga...
— Não é pra bater em mim. Aluguei uma sala e equipei ela com umas coisinhas pra exercícios. Tendo andado em forma.
Mazekee lança um olhar interessado.
— Equipado com o quê tanto?
— Ah! Umas coisas aí. Pra saber ter que vir ver comigo.
As duas vestem as luvas de boxe e quando davam os pulinhos pra se aquecerem e irem pra tal sala a qual a doutora Linda Martín havia falado, o anjo Amenadiel abre a porta do consultório com um buquê de rosas vermelhas e paralisa brevemente diante delas. Para ele, elas iam brigar por sua causa. Afinal, o anjo havia se envolvido amorosamente com uma demônio filha de Lilith e com uma humana.
— PAROU! PAROU! O que as duas acham que estão fazendo?
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