No hospital.

— Então doutor? Qual a situação da minha amiga? -perguntou Linda ponderada-

— A jovem está em coma alcoólico. Fizemos uma lavagem estomacal e injetamos glicose. Não demora muito e ela acordará.

— Obrigada.

   Após a saída do médico, Linda ficou no quarto acariciando os cabelos de Ray Ray .

— Que susto você me deu garota. Quando acordar vai levar uma bronca daquelas e eu não estou nem aí se é o anjo da morte ou não...

   A porta abre de repente e entra o Lucifer. Chloe e Ella ficaram do lado de fora já que os hospitais de modo geral tem regras sobre a quantidade de visitantes. Lucifer parecia desesperado, com uma pitada de raiva, mas o sentimento que prevaleceu foi o instinto protetor de irmão mais velho.

— O que aconteceu Linda?

— Ela bebeu demais, mas já está bem. Vou deixar vocês à sós.

— Ah, obrigado. -esperou a doutora Linda sair, encostou-se ao lado da cama e pôs-se a falar num tom de conversa amigável como se ela estivesse acordada.- O que eu faço com você heim, Azrael? Meu lindo doce de pêssego... Quando a Linda telefonou pra senhorita Lopez me falando do que aconteceu, confesso que fiquei sem chão. Assustado. Com medo de que o pior tivesse acontecido com minha doce irmãzinha. Agora me diz, como eu viveria sem a peste que gosta de manipular o irmão mais velho aqui, me diz? Eu... Prometo pai, se estiver me ouvindo, que não descuidarei outra vez da minha irmã e... 

    A voz já estava embargada. Esse era daqueles momentos em que Lucifer mostrava o seu melhor lado. O anjo que havia nele. Suas lágrimas quentes percorriam seu rosto e iam de encontro a mão de Azrael que ele segurava com carinho.

— Por favor não briga comigo, maninho...

— Ei! Vejam só quem acordou de uma bebedeira... -ria brincalhão tentando disfarçar que chorou. Ela percebeu é claro, mas não quis falar sobre isso para não o deixar desconfortável-

—Eu devia ter ouvido a sua amiga. Mas pelo menos tenho o meu irmão favorito comigo.

— Olha que o Amenadiel é capaz de ficar com ciúmes.

   Ambos riram.

 — Eu estraguei sua lua de mel. Desculpa.

— Não precisa se desculpar. O que é bom dura pouco e além do mais, Chloe e eu já tínhamos voltado ao trabalho na homicídios, então... Não precisa se preocupar.

   Som de batidas na porta e logo ela se entreabre. Era a Ella.

— Entra detective Lopez. Talvez alguém como você coloque algum juízo nessa cabecinha linda. -disse ele ao dar um leve beijo na cabeça da irmã e sair as deixando sozinhas-

*** 

— Mas você já não está muito grande pra ser presidente de Marte? -indagou Maze-

— É que sou presidente de Marte e imperatriz da Galáxia dos Mil Rubis. Estou expandindo meus negócios.

— Ah, muito bem... Gostei de ver. -incentivou Maze-

— Vocês estão namorando? -questionou Trixie ao achar estranho eles estarem numa casa de praia como família-

   Daniel que estava a beber água, deu uma cusparada no susto que molhou a Mazekeen .

— Desculpa, Maze... É que a pergunta dela me pegou de surpresa e...

— Não. Definitivamente nós não estamos namorando. -disse irritada por estar com a cara e os cabelos molhados.-

— De onde tirou isso, meu amor? -falou enquanto tentava secar a Maze com uma toalha de mãos que havia por perto e ela irritada tomou da mão dele.-

— Eu sei me limpar sozinha, Dan.

— Não sei. É que andam tão amiguinhos ultimamente...

— Sem chance, tampinha!

*** 

   Ao sair do quarto, Lucifer sentindo-se culpado deixou seu corpo deslizar pela parede do corredor do hospital. Mas não era sua culpa e ele precisava entender isto. Azrael já não era mais criança ou adolescente há milênios e ele merecia ser feliz.

— Lucifer? -chamou Chloe-

   Ele apenas a olhou. Estava deprimido demais pra responder qualquer coisa. Andava emotivo o pobre diabo. Refletindo sobre o futuro e em como seu pai (Deus) estaria ou não manipulando toda aquela situação. 
  
   Quando Chloe se abaixou e o abraçou foi como se o último tijolo do muro que havia entre eles se tornasse pó.  Ele se permitiu baixar completamente as defesas perto dela.

   Por outro lado, Chloe nunca o tinha visto tão frágil assim. E isso a assustou tanto quanto quando ela viu sua cara de diabo no dia em que ele matou Cain. Ou melhor dizendo... O Marcus Pierce.

   Linda se aproximou dos dois. Deu-lhes um tempo e ao tocar no ombro dele disse:

— Lucifer, eu imagino que não  vai querer sair de perto da sua irmã.  Talvez seja melhor lavar um pouco o rosto, meu querido.

— Sim, claro! Ela já despertou e a primeira coisa que disse foi "Não brigue comigo", acredita?

— Sim, acredito... Agora vá lavar o rosto pra ter uma carinha melhor que essa.

    Chloe apenas os observava. Linda, apesar de humana era como se fosse a conselheira de Lucifer,embora na maioria das vezes ele optasse por ouvir apenas a versão Lucifer dos fatos.

    Assim que ele se levantou do chão,  beijou a mão da esposa num gesto carinhoso e sai sem dar mais nemhuma palavra.

— Deseja falar algo Chloe?

   Como excelente psicóloga que era, era impossível não analisara cena que acaba de ocorrer em toda a sua desenvoltura.  Chloe ainda estava sem jeito, ainda não se acostumara com a dualidade anjo/diabo do seu amado.

— É só que... Eu nunca o tinha visto assim. Tão...

— Desarmado? De guarda baixa?

— É... Isso! Nem parecia o Lucifer.

— Acontece que eu já o vi assim. Já faz um bom tempo...

— Como assim?

— Lembra da vez em que esteve entre a vida e a morte porquê um maluco te envenenou com uma seringa?
  
— Como eu ia me esquecer... Ele fugiu e voltou casado com a barbie Candy!