Castle escrita por Romanoff Rogers


Capítulo 5
V - Agora você é uma Black Widow




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/761459/chapter/5

 

 

 

"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz." — Platão

Tudo que Natasha podia ver eram árvores. Árvores e mais árvores e a sensação de adrenalina pura correndo em suas veias enquanto todos eles corriam para se esconder. Aquela é a fazenda do tio de Steve e eles passavam muito tempo ali.

E foi muito rápido, seus pés se enroscando no vestido e seu corpo indo ao chão, descendo deslizando até o final do morrinho de grama. Tudo ardia. E de sua boca loco começou a sair um choramingo que logo virou um berro dramático.

Não se mexeu até Steve ouvi-la.

— Nat! - Steve parou no lugar imobilizado vendo apenas Natasha gritando e sangue.

— STEVE TÁ DOENDO, STEVE TÁ TUDO SANGRANDO, EU VOU MORRER! - ela berrou, sem largar as lágrimas e soluços desesperados. Ela era muito nova pra morrer, tinha que ser rainha!

E o garotinho não sabia o que fazer. Ele se abaixou ao lado dela, ajudando-a a sentar. Suas mãos ganharam a coloração vermelha escarlate, assim como seus joelhos.

 


Ela não parava de chorar, sem coragem de encarar seus joelhos.

— Nat, não chora. - ele a abraçou, fazendo-a parar de gritar, reduzindo tudo a lágrimas escorrendo. - Olha, vai ficar tudo bem, certo? Você é uma princesa. Uma princesa muito forte, não chore.

Ela olhou para baixo, sem conseguir interromper as lágrimas.

— Eu não sou forte. - a ruiva choramingou, balançando os pés de um lado ao outro. - Eu sou uma chorona.

— Isso é verdade. - ele cruzou os braços, e logo ela o encarou, completamente atônita e sem acreditar que ele tinha dito isso mesmo.

— Como é que é, Rogers?

— Você é uma chorona. E isso significa que você é muito forte. Significa que é forte e aguenta qualquer coisa, e suas lágrimas provam. As pessoas que não são choronas logo se livram do peso e não tem por que chorar. Você não, Nat.

E agora Natasha encarava o príncipe Rogers com os olhos vermelhos e um sorrisinho no rosto.

— Tudo bem. Talvez você esteja certo.

— Eu estou. - Steve sorriu, cruzando os braços. - Você precisa ter coragem, Nat. Todas as rainhas são corajosas.

— Tudo bem. Eu estou cheia de coragem agora. Me ajuda. - ela estendeu os braços na direção dele, que a puxou para cima e a fez se apoiar nele. E foram assim, com Steve segurando a ruiva fazendo caretas e xingando de dor. Mas foram com coragem.

No dia seguinte, Natasha foi embora. Cada um voltou para seu castelo, mas tudo bem, porque logo seria o jantar de comemoração ao Dia da Vitória, quando o rei de Avenger repartiu seu reino em três e nomeou-os como Rogers, Romanoffs e Starks.

Todo mundo ama esse dia, são vinte e quatro horas de comemoração com dança, comida, e todos presentes. Era sempre muito divertido e acontecia no castelo Stark. E aquele amado dia chegou. Todos reunidos se divertindo avassaladoramente. Todos menos Natasha.

E assim que Steve viu Volo Romanoff, seus pezinhos de príncipe o alcançaram.

— Majestade. - Steve o chamou, e assim que o homem cheio de joias de ferro se virou, ele fez uma reverência.

— Alteza. Em que posso ajudar?

— Vossa Majestade trouxe a Nat?

— Você deve chamá-la de princesa.

— Tá. Ela veio? - Volo revirou os olhos.

— Natasha... Ela foi a um lugar especial. - Volo sorriu.

— Lugar especial? Por quê?

— Ela vai aprender a ser uma rainha, uma guerreira e uma mulher.

— Ahn... - Steve mordeu o lábio. - E... Quando ela volta?

— Não demora, logo ela estará aqui. - Volo sorriu, antes de sair andando. - Logo.

(...)

— Eu quero construir coisas. - os pais de Tony piscam mais uma vez, encarando-o com as sobrancelhas erguidas. - Quero ser um inventor.

Eles não disseram nada, permaneceram encarando o pequeno Tony. Maria olhou para Howard, esperando. E esperando e esperando.

 


— Você será rei, pelo amor de Deus. - seu pai falou, num tom de brincadeira. - Anthony, você será um rei brilhante, mas para isso precisa prestar atenção nas matérias de história e economia.

— Eu gosto de matemática! - ele brada, revirando os olhos. - Não preciso disso, farei invenções e venderei a todo o continente. Se meus projetos derem certo, facilitará muito a extração de ouro, eu calculei. Bilhões de lucro. E minha rainha será superinteligente, pode lidar com o resto.

— Wanda é burrinha. - Maria murmurou, e Tony arregalou os olhos.

— Mãe! - ele cruzou os braços, com as bochechas corada. - E ela não é burrinha. - murmura.

— Eu sei. Só queria ver sua reação. - ela apertou suas bochechas, e ele bufou, olhando para o pai.

— Bai, contole dua espoda! — ele falou errado, devido Maria estar pendurada em seu rosto.

— Ele tem razão, Maria. 

— Só queria mostrar que meu filho é lindo, desculpe. - ela sorri. 

— Bem, eu tenho trabalho a fazer. Me tirou de uma reunião importante, Tony.

Ele revira os olhos, olhando para a mãe. Howard sai, e ela suspira.

— Ele não tem culpa, Tony.

— Ele vai morrer e vai ter desejado passar mais tempo comigo. 

— Tony! - ela grita, mas Tony sai da sala mesmo assim.

Que droga. Ele é um Stark. Pode fazer o que quiser, que coisa!

— Jann, quero um pote de bolo de mirtilo para ser entregue na minha oficina agora. - ele disse a uma criada, antes de sair andando. Vai até seu quarto enorme, onde no canto tinham peças, papel, ferramentas, muitos livros e pedaços de metal que ele chamava de invenções.

O garotinho coloca os óculos de proteção, luvas de couro e seu avental. Liga o fogo, e coloca uma tigelinha de metal por cima, com pedaços de ouro e alumínio dentro. Em alguns minutos ele derrete, e Tony prepara a forma de ferro que fez. Em forma de um W, o ouro foi despejado, e o garoto colocou para secar.

A criada o entregou o bolo de mirtilo, e ele comeu uma colher só. Ele nem gosta de mirtilo. Mas aquela amostra de poder sobre a criada o lembrou que ele ainda podia mudar as coisas.

(...)

Seus olhos piscaram algumas vezes. Sua cabeça doía. Assim que se lembra da mulher loira jogando-a no chão e a apagando em seguida, seus olhos verdes abrem.

Ela não conhecia esse lugar, apenas disso ela sabia. O teto era de pedra preta, iluminado pela luz que vinha de uma enorme janela. Sua cabeça se virou, e ela viu dezenas de garotas desacordadas em camas em seu lado. Do outro também. O pânico toma conta de seu corpo, e a pequena

Natasha tentou levantar-se num pulo, sendo derrubada na cama. Seu olhar encontra sua mão algemada a cabeceira de ferro, deixando seu pulso já roxo aos poucos, e isso a fez se debater e tentar se soltar, soltando murmúrios desesperados.

Sua respiração estava irregular, e lágrimas começaram a escorrer. Ela estava completamente assustada, as mãos tremendo tentando não chorar alto e acordar as outras. E tinha a dor. Quem são elas? Onde está Wanda? Por que ela está ali? Ela só conseguia pensar nessas perguntas, com o peito cheio de medo. E ficou assim por muito tempo, apenas chorando e se esforçando para não acordar ninguém.

A sala era toda de pedra, o chão, as paredes, e uma enorme janela com grades grossas iluminava a sala. Ela via tochas apagadas, e garotas em camas de ferro. Tentou contá-las, mas seus olhos doíam demais para isso. 

Mas ela sabia o que tinha que fazer. Ter coragem. Todas as rainhas são corajosas. A voz de Steve martelava em sua cabeça. Mas não adiantava. As lágrimas não paravam de escorrer e seus dedos tremiam de medo. Ela não era corajosa.

— Desculpe, Steve. Eu não consigo. - ela murmura, soltando um soluço.

Segundos depois a porta foi aberta. Seus olhos se selaram, tentando fingir que estava dormindo. Cada célula de seu corpo tremia e irradiava medo.

Ela não ouviu quase nada. Apenas o barulho repetitivo de um salto alto batendo no chão e parando, batendo no chão e parando. Cliques entre os intervalos de tempo. Soltando as algemas.

E foi assim por intermináveis minutos que pareciam décadas em seu corpo assustado e a beira de um colapso. O salto se aproximava cada vez mais, Natasha sabia que tinha que parar de chorar e tremer, mas não conseguia. Tudo que conseguia fazer era chorar e chorar. Covarde.

E o barulho parou ao lado dela. Apenas parou. A mulher estava ali. A observando. 

— Ora, ora. - Sua voz era doce, suave e mortal. Assustadora. Isso fez uma careta de medo se abrir em seu rosto.

 


— O que temos aqui, meninas?

— Uma chorona. - ela ouviu uma voz diferente. Uma garota.

— Abra seus olhos, chorona. - Natasha obedeceu, com a boca tremendo. Os olhos vermelhos não paravam de escorrer. - Qual o seu nome?

A ruiva não conseguiu responder, apenas fechou os olhos, fazendo escorrer mais lágrimas. Queria afundar no travesseiro desconfortável e acordar desse pesadelo.

— QUAL O SEU NOME, CHORONA? - ela gritou, e Natasha sentiu tudo em si se abalar.

— N-Natasha. - sua voz saiu trêmula e fraca, e a mulher loira sorri. Seus olhos eram extremamente azuis.

— Que nome horroroso. Seu nome agora é Natália, chorona. - ela assentiu, ainda fitando a mulher completamente espavorida. - Você sabe o que fazemos com choronas, Natália?

Ela negou com a cabeça, sentindo seu peito subir e descer. A mulher destravou as algemas, e no mesmo instante puxou o pulso da garota pra cima, fazendo-a cair no chão. Agora ela podia ver dezenas e dezenas de garotas de todos os tipos, sentadas em suas camas num silêncio mortal e encarando-a com olhos assassinos. Todas pareciam vazias. 

— Nós as tornamos elas fortes. - a mulher abriu um sorriso enorme. - Bem-vinda a Sala Vermelha.

E nesse momento, duas garotas muito mais velhas que Natasha agarraram seus braços por trás, e passaram a puxá-la. Seus gritos foram ouvidos por todo a base, a garotinha ruiva só conseguia espernear e implorar para que a soltassem. Mas as duas eram muito mais fortes que Natasha, e arrastavam a garota pela a enorme construção sem se importar. 

Era um enorme castelo, ela notou meio ao desespero. Sem móveis nos corredores, apenas as enormes janelas e o chão áspero. Salas, salas e mais salas por todo lado. Aquele lugar era enorme e não fazia ideia de onde estava.

— Me soltem, por favor! - ela insistia, mesmo começando a ficar sem forças. As duas meninas pareciam ter uns quinze anos, ambas de cabelos escuros e encarando apenas o caminho a sua frente.

Nenhum segundo ela parou de tentar se soltar, mas percebeu que gritar é inútil. Ninguém era amigo dela ali. Ninguém a ajudaria. Ela estava sozinha. E os dois braços que a seguravam a jogaram no chão cinzento de um pátio. Ela gemeu, tentando se levantar desesperadamente, mas caiu sentada de novo. Suas pernas finas estavam cobertas por uma calça preta, assim como seus braços. Ela nunca havia usado calças na vida, era uma sensação muito estranha. Mas esse era o menor dos seus problemas.

O pátio era pequeno e retangular, sem telhado. A única maneira de sair era um lance de portas enormes e de madeira, mas as duas meninas estavam ali, encarando-a com um claro olhar que dizia: "Não hesitaremos em te matar."

E ela se encontrava no meio de um círculo de tinta vermelha, mas isso não era o pior. Marcas de sangue. Todos os lados tinham marcas de não, respingos, a muito tempo esquecidos. E ela era uma presa meio aquilo tudo.

Seus olhos verdes e inchados ameaçavam cada vez mais derrubar mais lágrimas, mas ela lutou contra isso e as limpou.

"Todas as rainhas têm coragem" era tudo que passava por sua mente. Ela tem que ter coragem. Não ter coragem não é uma opção aqui, e ela sabia. Sabia que estava presa. Não se lembrava como e por que estava ali, mas seu pai logo a acharia. Ela sabia que ele reviraria o reino atrás de sua herdeira.

Mas enquanto isso, ela estava sozinha, e precisa agir como uma rainha. Como uma Romanoff.

— Você é Natasha Romanoff... - ela murmurou, vendo todas as garotas que vira antes entrar pelas portas e preencher o círculo vermelho, ignorando as marcas de sangue. Todas descalças e com as mesmas roupas pretas, mas seus cabelos eram presos com duas tranças. - Você é Natasha Romanoff e ninguém é mais forte que você. Eu sou Natasha Romanoff... E ninguém é mais poderosa que eu.

Uma delas chutou a barriga de Natasha, fazendo-a cair para trás, com um gemido agudo. Mas ela logo se levantou, e foi empurrada para perto da outra ruiva que a batia. Era mais velha que Natasha, isso ela sabia. Mas não é uma princesa.

Ela socou seu rosto, mas a menina se manteve em pé, se afastando dela como pode. Todas as outras gritavam, berravam. E a loira supervisionava tudo. 

"Você é baixinha. Rápida. Use isso a seu favor." - ela lembrou das palavras de seu pai.

A menina correu na direção dela, mas Natasha segurou seus braços e acertou a cabeça com força em sua boca, fazendo-a gritar meio ao sangue que escorria aos montes. Assim que a garota tentou socá-la, Natasha se esquivou, se lançando contra as pernas da atacante. Ela caiu, desorientada, e Natasha preparou para socá-la. Mas hesitou, e ela notou.

Rapidamente, empurrou-a para trás com força, fazendo Natasha bater a cabeça no chão, e logo ela se encontrava em cima da princesa.

Socou-a uma, duas, três vezes, ao som das vozes femininas gritando. Seu rosto doía absurdamente, e ela sentia o líquido escarlate escorrendo. Seu corpo desistiu. Tudo começou a correr em câmera lenta, o punho da garota acertando seu rosto.

— JÁ CHEGA. - a mulher gritou, e no mesmo instante a ruiva se levantou, deixando Natasha no chão, e assumiu uma posição de sentido. Todas entram num silêncio mortal.

A mulher loira abriu espaço no círculo, e o único som eram seus saltos no chão. Ela se aproximou da menina devagar, rodeando-a como um urubu. Colocou sua mão ao redor do pescoço dela, e Natasha consegue ver suas unhas. Ferro. Enormes e pontudas unhas de ferro. Como facas. Implantadas em seus dedos. Feitas para serem mortais. Tocou a garota delicadamente, e nesse momento as pequenas mãos da menina começaram a tremer. E o sangue não parava de escorrer de sua boca.

— Isso é por apanhar de uma chorona. - e ela rasgou sua garganta em três, fazendo jorrar sangue dos pés à cabeça. A menina se engasgou, e caiu no chão com um baque. Morta. Natasha sabia, e se recusou a olhar. Ninguém ousou dizer nada. Os olhos de Natasha estavam fechados e segurando lágrimas. Ah, ela não ia chorar agora.

— Ela não vai conseguir levantar. Levem-na pelos pés. - ordenou, e se virou para ir embora. Mas Natasha gemeu, fazendo-a parar.

Suas mãos se apoiavam no chão, fazendo-a se virar. E aos poucos, ela erguia o corpo, dobrando os joelhos para se pôr de pé. A mulher se virou, e viu a garota ruiva fitando-a, com o rosto todo vermelho e manchado de sangue e hematomas.

— Eu posso andar.

Natasha jurou que se a mulher se permitisse, ela teria sorrido.

— Agora você é uma Viúva Negra.

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!