Eu não queria ser um super-herói escrita por Maga Clari


Capítulo 4
Coice mortal


Notas iniciais do capítulo

Alô, alô, vocês sabem quem sou eu? Alô, alô, graças a Zeus! hahahaha
Me perdoem pela demora, eu estava em fim de semestre, mas agora achei um tempinho pra aparecer aqui.
Espero que gostem.
Beijinhos



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Olha, eu não queria que você ficasse brava comigo.

E como prova de amor, eu nem usei a minha teia. Eu poderia muito bem desviar daquela curva sinistra que você fez, mas preferi cair do que fazer a senhorita parecer uma fracote na minha frente. Porque, convenhamos, o que é uma manobra de moto perto de uma super aranha, hã?

Tudo bem, quem estou querendo enganar? O verdadeiro motivo para eu não ter me revelado quando sua motocicleta me deu um coice foi porque tinha medo de que você me achasse um esquisitão e meu 1% de chance fosse pro fundo do poço. Ou do Tártaro, como você diria. Aí apareceu aquele cara ASSUSTADOR bem no meio do nada! Qualquer um ficaria nervoso no meu lugar. Admita, Thalia. Qualquer um, até você.

Se não fosse seu irmão, é claro.

— Olá, mortal, como vai?

Quando ele falou assim comigo, me chamando de mortal, meu coração parou. Estou falando seríssimo. Principalmente porque eu sabia o tamanho da falsidade daquele sorriso escondido por boas maneiras vindas do fogo do inferno.

Como vai?! — repeti o que ele disse, incrédulo com tanto cinismo — Como o senhor estaria se fosse arremessado de uma moto no asfalto quente?! Pois é.

O seu irmão então começou a rir, apontando pra você.

— É um mortal engraçado, Thalia. Onde o encontrou?

— Ele está me seguindo — aí veio o seu sorriso falso, como se me chantageando — Estou tentando me livrar dele, mas não consigo.

— Que bom que chamou o irmãozão aqui!

Nesse momento, arregalei os olhos. Irmão?! Como assim irmão?! Você riu da minha cara, mas eu estava delirando de terror.

O deus da guerra chegou ainda mais perto e tocou meu rosto, do mesmo jeito que ele tocaria um animalzinho de laboratório, eu suponho:

— Você tem nome, mortal?

— Peter... — falei,  sentindo subitamente a dor tardia da pancada — Parker. Peter Parker, senhor. 

— Peter-Parker-senhor, dá pra parar de perseguir minha irmãzinha? Veja que estou pedindo com educação. Prefere o pedido mais assustador ou esse está bom?

Aí você, Thalia, teve uma crise de riso mesmo. Quase não conseguiu esconder seu rosto nas mãos, abafando uma graça que, para mim, era inexistente.

— Deixa ele em paz, Ares. Acho que o moleque já teve a lição que merecia.

— Para onde os dois estavam indo, afinal? — Ares quis saber, ajudando-me a ficar de pé — Precisam de orientação?

— Tudo sobre controle, Ares — você tranquilizou-o, voltando a ajeitar-se na moto — É só uma conversa que preciso ter com seu adorado pai. 

— Oh, entendi — Ares sorriu, amassando meu cabelo como seu eu fosse uma criancinha — Vai pedir a benção pro sogrão, hã? Ha-ha. Onde está a sua língua? Ei, irmãzinha, está sentindo esse cheiro? Acho que o mortal se borrou de medo! Ha-ha!

Aquilo me deixou morrendo de raiva. Estreitei meus olhos, empertiguei-me todo, e tentei parecer o mais ameaçador possível, mesmo sem a minha teia.

— Se eu fosse você, cara — enfatizei o cara, apertando o indicador no peitoral dele — Pararia por aí.

— É mesmo? — seu irmão parecia estar se divertindo à beça — Ou o quê?

— Talvez seja um choque pra você, mas... Eu sou o homem-aranha.

— O homem-aranha? HA-HA. O que é isso? Um tipo de gíria dos adolescentes de hoje? Ha-ha! Esse mortal é mesmo engraçado! Vamos logo, moleque, no caminho vou lhe ensinar umas frases de efeito para usar com o sogrão.

E foi aí que eu entendi que você havia gostado de mim.

Bastou eu me revelar e nada de agressividade, nada de me expulsar da viagem. Tenho a impressão de ter visto até um sorriso. Admita, Punk, você ficou caidinha por mim.


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