The Way Back Home escrita por isnotme


Capítulo 7
The Good Old Days


Notas iniciais do capítulo

Então, não tem outro jeito de começar aqui senão pedindo desculpas. Mil desculpas! Literalmente faz 2 anos que não entro aqui e ontem, por acaso, acabei aqui e vi os comentários no último capítulo. Fiquei muito envergonhada pois esta historia na verdade já esta terminada, mas coisas foram acontecendo e nunca terminei de postar :(

Mass, vamos usar a culpa para postar tudo em tempo recorde!
Se ainda estiverem aqui e quiserem me acompanhar, ficarei muito grata! Por favor, adoraria ver o comentário de vocês :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/761369/chapter/7

Point Place 

12 de janeiro de 1894 

Manhã 

 

"Eu sei, Andrew! Mas ele ainda não acordou! A situação é grave"  

Steven ouvia a voz abafada de Jackie vinda da cozinha, falando ao telefone com o Príncipe Liberal. Ela se esforçava para não ser ouvida, mas sua voz sempre ficava mais estridente quando ela estava irritada. 

"Não é tão difícil assim entender!" 

 "Ele é como família, Andrew." 

Como ele suspeitava, o cara era um tremendo babaca.  

"A mudança é apenas no sábado."  

Jackie ia se mudar para Detroit. Ele tinha esquecido disso. 

"É, ok." 

"Ok, eu prometo! Vou estar em casa amanhã." 

"Tchau." 

Onde estava o eu te amo? Jackie sempre dizia eu te amo, Stev quando desligava a ligação. Pelo menos era assim que costumava ser. 

A morena adentrou a sala parecendo constrangida e o encarou de cima, já que ele estava no sofá aguardando por ela. 

—Vamos? - Ela fez um gesto com a mão.  

—Tudo bem? - O homem perguntou ao levantar. 

—Sim, tudo bem. 

Eles entraram no El Camino ao mesmo tempo. Parecia um túnel do tempo, direto para uns anos atrás. Jackie ao seu lado em seu carro. Quase parecia que tudo estava bem. Quase.  

—Alguma notícia de Brooke e Jessica? - Ele puxou a conversa. 

—Elas estão bem. Deu tudo certo.  

—Isso é bom. - Hyde sorriu e a olhou. 

—É sim. - Jackie sorriu de volta para ele. Tão linda.  

Como ela poderia se casar com aquele cara?  

—Então, você vai mesmo se casar com o Príncipe Liberal? - Ele perguntou, sem poder se conter. 

—Não chame ele assim.  

—Por que não? É o que ele é. – Hyde deu de ombros, com os olhos fixos na estrada.  

—Steven... Ele não é... - Jackie deixou a frase morrer no ar.  

—Você sabe que eu estou certo, não é? – Encarou-a. 

Jackie soltou um pesado suspiro de cansaço e virou-se para olhá-lo. 

— Talvez ele seja liberal, mas ele é um cara bom.  

—Ele nem está aqui. – Steven elevou um pouco o tom de sua voz, mais irritado do que deveria estar.  

—Eu acho que ele apenas... Não se deu conta da importância.  

—Então ele não estava prestando atenção. – O homem falou baixo, como se ela não devesse escutar.  

—Como é? - Jackie o fitou novamente. Ele não tinha certeza, mas talvez ela tivesse escutado muito bem.  - Por que você está sendo tão cretino sobre isso?  

Não era óbvio? 

—Eu... Eu só não gosto dele, ok? - Era verdade, afinal. 

—Bem, é uma pena, por que ele vai fazer parte do grupo agora. - Jackie disse daquele jeito dona da verdade. Era bem irritante, na verdade.  

—Não do meu grupo.  

—Então o que? Se eu casar com ele eu não posso mais sair com vocês. - Ela se virou no banco, parecendo indignada.  

—Jackie, você não sai mais com a gente. - Ele retirou as mãos do volante por um momento para gesticular.  

—Bem, e de quem é a culpa? - A morena cruzou os braços sobre o peito, encarando-o de forma acusatória.   

—O que? Do que você tá falando?  

—Steven, como você pode ser tão estúpido? – Ela fez uma pausa e ele tentou imaginar como ela tinha transformado ele em culpado. – Por que você acha que eu me mudei para Chicago em primeiro lugar?  

—Eu não sei! Você tinha seu emprego de volt-  

—Você apenas não entende, não é? Foi você, Steven! É tudo sua culpa! - Ela o cortou. O rosto rubro e a voz estridente.  

—Jackie... - Hyde se viu sem palavras, mais uma vez. 

—Quer saber, esquece! Não importa mais. - Ela se posicionou para frente e virou o rosto para a janela ao seu lado.  

—Jackie, qual é?!  

—Não Steven, não me venha com "Jackie, qual é?!". Eu só estou aqui por causa de Red e amanhã eu irei voltar para casa e me mudar para Detroit e me casar e tudo vai ficar bem.  

—É isso que você conta pra si mesma?  

Jackie o olhou fundo com aqueles dois grandes olhos amendoados e Steven jurou que seu coração tinha parado de bater. Ele a queria. Deus, ele ainda a queria. E era tão forte e avassalador que o fez perder o controle do seu corpo por um momento. Então ele tornou a olhar para frente e focou em pilotar.   

** 

Point Place 

Tarde 

 

Red acordou naquele fim de tarde. Ele estava bem, dentro do possível. Consciente e lembrando de tudo. Ele estava bem abatido e sonolento, mas ele ficaria bem. Certamente ele precisaria de todo cuidado do mundo, mas ele se recuperaria da melhor forma possível.  

E então Jackie não tinha mais nada para fazer ali, por isso ela achou mais seguro partir mais cedo. Seguro. A palavra soou em sua cabeça como se ela estivesse fugindo de algo. Ou alguém.  

Bem, ela estava.  

—Sra Forman. - Ela chamou Kitty que ia passando pelo corredor em direção ao quarto de Red no hospital. 

—Querida! - A senhora sorriu para ela, visivelmente mais tranquila. - Obrigada pelo seu apoio. Eu e Red somos muito gratos.  

Jackie sorriu. Ela sentia falta de Kitty. Talvez mais do que de todos os outros. Kitty era doce e amorosa, estava sempre presente e sempre disposta a ajudar. Exatamente como ela achava que uma mãe deveria ser.  

—Não tem nada há agradecer. - Elas se abraçaram e quando as mulheres se separaram, a mais nova secou uma lágrima que descia pelo rosto envelhecido e cansado. - Agora tudo está bem! 

Kitty concordou, sacudindo a cabeça rapidamente, soltando sua risada nervosa em seguida.  

—Sra Forman, eu preciso voltar para Chicago.  

—Oh não, querida! Já está escurecendo. E parece que vem chuva.  

—Não tem problema, eu realmente... 

—Você fica essa noite e retorna amanhã, que acha? Que diferença pode haver? 

Era uma ótima pergunta.  

Uma traiçoeira.  

Jackie queria partir, precisava partir, mas negar qualquer coisa para Sra Forman agora parecia muito cruel. Até para ela.  

—Ok, eu fico mais essa noite. - Resolveu, resignada.  

—Ótimo! 

 

Quando a mulher cruzou as portas do hospital, ela viu Steven escorado no El Camino. A ponta do cigarro brilhava na rua escura e ela apertou seu casaco contra o próprio corpo antes de caminhar até ele.  

—Ei. - Ela disse baixo, escorando-se do lado dele.  

—Ei.  

—Você está bem?  

—Yeah...  

—Ele vai ficar bem. – Ela fez pôs a mão sobre ombro dele e apertou de leve.  

Ela tinha esse negócio de querer fazê-lo se sentir bem. Quase como um instinto.  

—Obrigado. – O homem a olhou com os olhos azuis límpidos.  

—Pelo quê?  

—Jackie, eu fiquei realmente apavorado. Mas ter você aqui... Quer dizer, você...  

Steven parou por um momento e Jackie temeu que ele não fosse continuar. Por mais que parecesse que seu coração fosse pular para fora do seu corpo, ela queria muito ouvir como aquilo terminaria. Ela queria ouvir muitas coisas de Steven.  

O homem desviou os olhos dela e limpou a garganta.  

— Você me acalma, me deixa tranquilo. — Ele finalizou, olhando-a fixamente.  

— Você quer dizer zen? — A mulher sorriu meio de lado, mas seu sorriso não o contagiou.  

— Não, cara. Eu quero dizer realmente tranquilo.  

Jackie engoliu seco.  

—Steven... - O nome dele saiu de seus lábios como um sopro de uma risada sem humor.  

— Você vai embora amanhã?  

—Sim, Kitty insistiu.  

—Então você quer comer algo? - Ele perguntou, se afastando do carro e descartando a bituca gasta.  

—Você tem que parar de me alimentar. - Ela riu.  

—Eu pensei que a gente pudesse... Você sabe. - Ele enfiou as mãos nos bolsos da calça e remexeu os ombros.  

Jackie conhecia aqueles gestos.  

Ele estava nervoso. 

Ela também estava.  

—Eu não acho que... 

—Pelos bons tempos?  

Oh deus! Não, Jackie, não! 

—Ok. Pelos bons tempos. 

 

Ela não reconhecia o lugar que eles estavam. Era novo. Eles sentaram de frente um ao outro e fizeram seus pedidos. Aquilo parecia muito com um encontro, quer dizer, era um restaurante e não uma lanchonete qualquer. A comida era boa e a conversa fluía bem. Hyde e ela sempre foram bons de conversar. Bem, talvez nem sempre. Mas certamente depois do namoro e de suas vidas se misturarem tanto.  

Jackie estava nostálgica. Sua pequena estadia em Point Place estava no fim e estar ali com ele dava um tom ainda mais melancólico àquela noite.  

Não fosse pela batida irregular de seu coração, ela estaria bem triste agora.  

—Você se lembra do nosso primeiro encontro? - Ela perguntou meio sem pensar, bebericando o vinho a sua frente.  

—No dia dos veteranos? - Steven confirmou. 

—Sim. - Jackie sorriu com a memória. - Foi um encontro bem descente, considerando tudo.  

Eles riram juntos, misturados num clima leve e alcoólico.  

—Eu menti sobre o nosso beijo. - Ele disse, um pouco mais sério. 

—O que quer dizer?  

—Quando você me perguntou se eu tinha sentido alguma coisa. Eu menti. Eu senti muitas coisas. 

—Bem, isso é novo. Eu senti algo também. - A morena confessou. 

—Sério? - Ele parecia surpreso. 

—Sim, bem, eu era muito nova e fiquei confusa. Eu acho que estava esperando por fogos de artificio ou algo assim. Mas eu senti algo mais... real e acho que me assustou um pouco.  

—Hun! - Hyde soltou uma exclamação que misturava surpresa e divertimento.  

—O quê? 

—Não sei. As coisas podiam ter sido bem diferentes se eu tivesse sido mais honesto.  

—É, nós dois eu acho. - Jackie se deu um momento para acalmar seu coração que batia muito mais rápido. Aquilo ia mal, muito mal. - Está ficando tarde.  

** 

Point Place 

Noite 

 

—Aquela é a sua loja? Está diferente. – A mulher apontou para o outro lado da rua, enquanto eles caminhavam de volta para o El Camino.  

—É, está. Quer dar uma olhada?  

Jackie assentiu e eles caminharam até a loja de discos. Antes de Hyde abrir a porta de vidro, um raio iluminou a rua escura. Ele tinha feito algumas melhorias no local, nada demais. O que mais tinha mudado mesmo era a fachada.  

— Está tudo praticamente como eu lembrava.  

Hyde riu.  

— Na verdade sim. A fachada mudou bastante e mais algumas outras coisas que você não iria perceber de qualquer forma.  

—E seu gravadora está dando certo? 

—Sim! - Ele suspirou. - Quer dizer, está bem difícil conciliar o tempo e cuidar de tudo, mas eu vou arranjando.  

—Que bom! - Ela sorriu, bonita. - Estou realmente feliz por você, Steven.  

Ela andou a passos lentos ao redor, passou os dedos por algumas capas de discos e Steven mantinha seus olhos sobre ela quase o tempo todo. As vezes ela se assustava com o barulho dos trovões. Eles provavelmente deveriam voltar, mas isso era a última coisa que ele desejava.  

— Lembra? — Jackie levantou um disco dos Beach Boys pra ele.  

— Milwaukee, outubro de 78. – Hyde lembrava perfeitamente. Ele não costumava admitir em voz alta que gostava daquela banda, mas na verdade o grupo era um dos poucos que agradava aos dois.  

— Oh meu deus! – Ela sorriu. — Já fazem cinco anos.  

Cinco anos que eles foram naquele show juntos e depois dormiram em um quarto de hotel na cidade. Apenas os dois.  

— Aquela noite foi perfeita. — A mulher falou baixo, em um suspiro, recolocando o disco em seu lugar original.  

Steven caminhou até o lado dela e procurou um outro álbum da mesma banda na caixa. Em seguida, ele pôs o disco para tocar, em uma faixa específica.  

Darlin soou de maneira limpa na loja vazia.  

Ele viu o corpo da morena ficar levemente tenso e depois se derreter em um sorriso tristonho.  

Steven ouviu os primeiros versos e se sentou no pequeno sofá, perdido em suas próprias memórias. Quando aquela música tocou no show, Hyde disse a ela que ele tinha viajado ao passado e pedido para que Brian Wilson escrevesse aquela canção só pra ela. Jackie chorou um pouco, abraçada a ele. Mais tarde no hotel, eles fizeram amor - como ela costumava dizer - até amanhecer.  

"Oh darlin' 
dream you often my pretty darlin' 
Darlinyou're so fine 
love the way soften my life with your love" 

O barulho da chuva forte abafou os últimos trechos da canção e o homem se virou para ver Jackie.  

Uma lágrima solitária corria pelo seu rosto, silenciosamente.  

— Jackie? — Ele se levantou e deu os poucos passos até ela, correndo as mãos pelos ombros e braços dela. Ele nunca soube lidar com ela chorando. Nem mesmo antes. Nem mesmo quando ele sabia que ela estava apenas sendo dramática. 

—Só estou um pouco cansada, só isso. - Ela sorriu fraco, encolhendo os ombros. 

Jackie podia ser tão frágil às vezes. E Hyde costumava esquecer isso.    

Então ele a puxou pra si e a circulou em seus braços, contra o seu corpo. A mulher o abraçou de volta, com os braços pequenos lhe pressionando. Eles ficaram assim por alguns minutos, estáticos nos braços um do outro. Apenas o movimento das respirações podia ser notado.  

Talvez aquele fosse o momento que ele estava esperando, talvez ele devesse dizer a ela tudo que vinha sentindo nos últimos dias. Nos últimos meses. Dizer que ele ainda a amava. E talvez sempre amaria. Ele tinha pouco tempo antes que ela se casasse.  

Mas seria justo?  

Ela se afastou um pouco e levantou a cabeça para olhá-lo e um milhão de possibilidades cruzaram sua cabeça. Mas tudo se desligou quando ela sorriu.  

—O quê? 

—Não te vi de óculos nenhuma vez. - Ela disse, sobre o barulho da chuva. 

—Ah. - Eles estavam fazendo falta, realmente. - Na pressa eu os deixei em Milwaukee. 

O sorriso dela se ampliou. - Melhor assim.  

—Por que? - A sensação de tê-la tão perto lhe deixava inebriado.  

—Eu gosto de ver seus olhos. Eu sempre gostei.  

Era possível que seu coração batesse tão rápido? 

—Por que? - Ele movimentou seus braços e subiu com as mãos até a nuca dela. Era um movimento involuntário, automático. Algo como um dejavú. Algo que seu próprio corpo reproduzia pela memória.  

—Eu consigo ver você, você de verdade.  

Ele poderia beijá-la?  

E então era quase como na noite do casamento de novo. Há quase um ano atrás, quando Jackie o beijou na calçada e recomeçou aquela loucura na sua cabeça.  

Ele poderia não beijá-la? 

Não, ele não poderia. E assim ele fez. 

O beijo era desesperado, como beber água depois de muito tempo perdido no deserto. Hyde pressionava tão forte o rosto dela contra o seu e Jackie parecia não saber o que fazer com as mãos, subindo e descendo pelos seus ombros e costas. Ele andou uns passos contra ela, empurrando e a encurralando contra o balcão. Uma adrenalina pulsava loucamente em suas veias, eletrizando todo seu corpo. Jackie era sua droga. Feita exatamente para fazê-lo perder a cabeça. E uma vez viciado, você nunca ficava limpo, realmente.  

Mas no momento seguinte ela o empurrou e o homem se afastou um passo.  

—Isso é um erro, Steven. - A morena segurava firme no balcão em suas costas.  

—Não. - Ele queria tomá-la pra si novamente, mas ele apenas se aproximou um passo, parando em frente a ela, sentindo os seios dela contra seu peito conforme ela respirava de forma ofegante.  

—Não? - Jackie tinha os olhos nublados, eles estavam mais escuros e não tão verdes. 

—Não. Eu e você, nunca um erro.  

Era tudo que ele podia dizer antes de beijá-la de novo. Mas diferente desta vez. Muito mais sofrido desta vez. Ela não recuou e o beijou de volta com a mesma carga de emoção e dor.  

O que eles tinham feito deles mesmos? 

Quando o beijo teve seu final, Jackie olhou no fundo dos seus olhos e Hyde soube. Ele a tinha perdido há muito tempo atrás e custaria mais que um beijo para a ter de volta. Então ela deixou a loja como um raio, saindo pela porta em direção a chuva. E deixando um vazio tão grande em seu peito que seria impossível viver sem ela novamente. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Way Back Home" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.