The Way Back Home escrita por isnotme


Capítulo 3
The Right One


Notas iniciais do capítulo

Heey! Voltei :)

Tive uma chuva de visualizações e isso muuuito me alegra!
Conto com vocês pra irem me dizendo o que estão achando.

Agora vamos complicar um pouco as coisas, não?



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Milwaukee 

03 de junho de 1983 

Tarde  

 

Hyde não conseguia se concentrar. Trabalhar era uma tarefa impossível quando o rosto de Jackie ficava dançando em sua mente. O que, afinal, aquela noite significou? O que ela pretendia dizer depois daquele "ainda"? É claro que ele não pôde dormir depois de deixá-la no antigo quarto de Eric. É claro que passou a noite em claro, pensando e se revirando em sua cama no porão. E quando amanheceu, ele estava decidido a seguir a correnteza. Talvez até pudesse convidá-la para algo, só pra ter certeza que haveria alguma correnteza.  

Mas é claro que Jackie acordaria sem nenhuma lembrança da noite anterior, constrangida e desconfortável, se desculpando com todos pelo incomodo. E o pior, se desculpando com ele por qualquer bobagem que tivesse feito ou dito.  

Ótimo.  

E ainda assim, ele não conseguia pensar em outra coisa além daquele beijo. 

—Hyde? - Ouviu a voz distante de Ted. - Cara? 

—Quê? 

—Estou te chamando a, tipo, uma hora! - Ted, o secretário de WB estava parado na porta de sala que ele ocupava provisoriamente, com uma expressão indignada.  

—O que você quer? -Hyde perguntou de mau humor. 

—Donna está no telefone. 

—Ah, pode passar.  

Seu telefone tocou duas vezes antes que ele atendesse.  

—Hey Hyde! Como está? - A voz de Donna soou animada do outro lado. 

—Bem, bem. E você, Sra Forman? - Brincou. 

—Oh não! Parece que Kitty vai aparecer a qualquer momento e responder por mim. - Hyde riu. 

—É cara, você é uma senhora agora. E pior, uma senhora Forman. 

—Cala boca, Hyde. Escuta, só liguei para confirmar se você vem para o jantar essa noite? 

—Jantar? - Ele não lembrava de ter combinado nada. 

—É, combinamos de nos reunir para comer e beber as sobras da festa. - Ela explicou. 

—Oh. Legal. 

—O que isso quer dizer, Hyde? - Donna riu. 

—Quem vai?  

—Bem, o de sempre. - Ele precisava de algo mais específico.  

—Você quer dizer Eric, Fez... Kelso? 

—Ah, Kelso não vai conseguir. Ele e Brooke já tinham planos.  

—Quem mais? - Arriscou. 

—O que está havendo, Hyde? - A ruiva perguntou com um tom de suspeita em sua voz. 

—Nada.  

—Hyde? - Ela insistiu.  

O homem limpou a garganta e ganhou algum tempo.  

—Bem, só queria saber se iriamos reunir toda gangue. - Merda! Se arrependeu no mesmo instante que falou. 

—Oh! Você quer saber de Jackie. - Merda! Merda! Merda! 

—Quê? Donna, por favor, não seja ridícula. - Tudo que ele ganhou foi uma gargalhada.  

—Aconteceu alguma coisa entre vocês?  

—O q... Não! - Silêncio. - Espera, ela te falou algo? 

Donna riu mais uma vez e Hyde revirou os olhos. - Donna. - Grunhiu. 

—Tá bom, desculpe! Escuta, Hyde, ela não me disse nada, ok?  

—Perfeito. - Hyde murmurou, em forte tom de deboche.  

—Vem jantar! Conversamos melhor hoje à noite. 

—Eu não quero conversar sobre. 

—Claro! Te vejo mais tarde.  

—Arrgh! Tá bom! 

** 

Chicago 

Noite  

Jackie bebericou o café novamente, já estava em seu tempo de começar a gravar e ela se sentia um tanto nervosa. Uma grande estupidez, já que ela vinha fazendo isso por praticamente um ano.  

Bom, ela sabia que o frio em sua barriga não tinha nada a ver com o programa. Afinal, ela sentia isso desde sábado passado. O casamento. O grande problema é que ela tinha essa estranha sensação que havia feito algo que não deveria. Desde o momento que recebera o convite ela havia sentido, uma espécie de presságio, como um aviso no fundo de sua mente lhe dizendo que ela iria pôr os pés pelas mãos. E o que ela fez com esse presságio? Afogou em champanhe. E saber que Steven a havia acompanhado até a casa dos Formans não ajudava em nada. De fato, só piorava tudo. Será que ela tinha dito algo? Mas o quê? Não havia nada pra dizer, afinal. 

—Jackie, estamos prontos! - Fiona lhe avisou.  

A morena se aprumou e tratou de se concentrar. Jackie dividia a apresentação de um não muito longo programa no meio da tarde com uma apresentadora mais consagrada. Quase sempre sobre moda e tendência, mundos dos famosos e fofocas. Essas coisas. E era bem simples para ela, saía naturalmente, e algumas pessoas adoravam. Ela era divertida, tinha carisma e muito pouca papas na língua. Francamente, Jackie tinha nascido pra televisão.  

Depois de gravar, ela e a equipe se reuniam para discutir brevemente as pautas do dia seguinte. Mas como era noite de sexta, não havia reunião naquele dia e todos se preparavam para um Happy Hour no Daniel's Pub.  

—Você vem, Jackie? - Fiona, sua supervisora geral e o mais próximo de uma amiga, lhe perguntou.  

—Oh, hoje não. Preciso descansar para a reunião semanal amanhã. 

—Você não deveria se preocupar com isso, já que todos estamos indo para o Daniel's. - A loira respondeu, um tanto animada. 

Fiona era a única mulher ali que realmente gostava de sua companhia e a procurava fora do trabalho. Jackie nunca fora boa no quesito fazer novas amizades. A maioria das pessoas não a entendia muito bem. E geralmente, as mulheres não gostavam muito dela. Mas bem, isso ela podia entender. Por esse motivo, Jackie procurava não recusar muito os convites de loira, que geralmente lhe era uma companhia agradável.  

—É verdade! Mas tive uma semana longa e estou... 

—Ah, Jackie! Cala a boca e vamos. - Diaz as interrompeu enquanto passava. Jackie e Fiona riram. O câmara parecia igualmente animado.  

—É, vamos. Seja o que for você vai se sentir melhor quando estiver lá.  

—Tá bom, tá bom! 

O pub era um lugar tranquilo, reservado e com pouca iluminação. Era perfeito pro pessoal da TV, que se divertia livremente. Não que ela fosse uma celebridade, mas sempre tinha alguém procurando por alguma coisa. Ela sempre se divertia bastante com seus colegas, mas não naquele dia. Fiona tentou sondar algumas vezes, mas não obteve sucesso. A verdade é que Jackie era bem fechada sobre sua vida em Point Place. Sempre que alguém questionava algo ela desconversava. Eram águas passadas. Bom, pelo menos até o maldito casamento no último final de semana. Ela estava bem. Ela estava perfeitamente bem, tirando aquele ocasional sentimento de solidão. No entanto, agora, ali estava ela, com saudade de casa, dos amigos, do porão dos Formans, de Steven. 

Ela saiu da mesa onde estava com os colegas e foi até o balcão. Pediu um Manhattan e sentou-se ali um pouco, longe dos colegas. Sua vida precisava voltar ao normal, urgentemente. 

—Jackie Burkhart? - Ouviu a voz masculina chamar seu nome e se virou levemente. O homem alto e moreno lhe olhava com um sorriso aberto. Cabelo aparado, barba feita, olhos azuis, terno caro, ela fez o check up. Era bonito. - Não lembra de mim? 

—Eu... - Jackie o analisou mais uns segundos. Nada. Ela soltou uma risada tensa. - Desculpe.  

— Andrew Haywood. -  O homem deu de ombros, tranquilo, estendendo uma mão para cumprimentá-la. - Nos conhecemos na última festa de fim de ano do Canal.  

—Oh! - Jackie apertou a mão estendida para ela. O aperto era firme e gentil. - Novo cara da Política? 

—Isso mesmo. Se importa? - Ele fez sinal para sentar-se ao lado dela. 

—Fique à vontade! 

—Obrigado. - Andrew se ajeitou e pediu uma dose dupla de whisky. - Então... Como eu nunca te encontrei outra vez? 

—Bem, você me procurou? Por que eu estava lá. - E Jackie se pegou sorrindo da maneira que ele ria agora, um tanto constrangido. 

—Ok, talvez sim, talvez não. Mas eu começo achar que eu deveria ter procurado melhor. 

A morena riu e deu um pequeno gole na bebida em seguida. - Está gostando do novo emprego? 

—Sim! Posso finalmente falar sobre o que gosto. Fica mais fácil. 

—Fica mesmo, não é? - Ele assentiu. 

—Eu tenho um segredo. - O moreno fez uma pausa dramática e ela o olhou, aguardando. - Eu adoro seu programa.  

— E isso deveria ser um segredo? - Jackie riu, fingindo estar ofendida.  

—Bem, eu sempre fui o cara sério. O cara que fala sobre política, essas coisas. Meio que vai mal para minha reputação. 

—Mas então você gosta de moda, celebridades? - Perguntou e ele sorriu. 

—Na verdade não. - Ambos riram. 

—Então por que você assiste? 

—Bem, acho que eu tenho meio que uma queda por uma das apresentadoras.  

Ele era tão charmoso. Jackie se sentia bem no meio daquele flerte despretensioso. E olhando fundo naqueles límpidos olhos azuis, seu coração pulou uma batida.  

Ela sempre amou olhos azuis.  

** 

Madison 

Noite  

Hyde estava aliviado por Donna não ter mencionado a conversa que tiverem em nenhum momento durante a noite. Ela nem ao menos tinha lhe lançado algum olhar acusador. E por um momento ele achou que estava seguro. Mas quando ele disse que precisava ir embora e Donna se ofereceu para levá-lo até o carro, ele viu que estava ferrado.  

—Ouça, Donna. - Ele disse quando saíram pele portão. - Qualquer coisa que ache que tem que me dizer, você não tem.  

A ruiva sorriu.  

— Eu não ia dizer nada.  

—Melhor. - Ele caminhou para o carro. 

—Hyde? - Ao ouvir seu nome ele parou, de costa pra ela. Ele simplesmente não queria ouvir nada. - Você deveria ligar pra ela.  

O homem soltou um longo suspiro. Ligar? Aquilo era a maior besteira que já tinha ouvido.  

—E dizer o que? Donna, não seja louca. - Virou-se para ela. Seus ombros doendo por causa da tensão. 

—Que você a aaaama. - Hyde revirou os olhos e evitou sorrir - Estou falando sério! Eu tenho o número do apartamento dela. Diga, sei lá, que você sente muito. 

—Eu não tenho nada pra me desculpar. 

—Ok. - Ela levantou as mãos em sinal de rendição. - Eu só quero que você seja feliz. 

Hyde prendeu uma risada sarcástica na garganta.  

—Eu estou bem, obrigado. 

—Se você diz. 

Pelo menos era o que ele pensava até uma semana atrás. Ele estava bem. Ele tinha suas obrigações na Grooves, mas as coisas estavam mais fáceis. E ainda administrava a loja em Point Place, que hoje era realmente sua. Ele tinha acabado de comprar seu próprio apartamento em Milwaukee, que no momento estava completamente vazio, mas era muito mais do que ele tinha pensado que teria. E seu projeto de abrir uma gravadora começava a sair do papel – a cena de rock independente da cidade tinha muito potencial. Hyde tinha seus casos aqui e ali, um ou dois telefones certos para noites solitárias. 

Mas se fosse necessário admitir, nenhuma outra mulher tinha lhe deixado tão rendido quanto Jackie. Ela realmente tomou conta da sua vida, com aquele jeito possessivo, ela tinha tomado conta dele. Cuidado dele. E Jackie talvez tivesse sido a garota certa, se ela não o tivesse pressionado tanto e se ele não tivesse fodido com tudo. Se ambos não tivessem sito tão idiotas. Talvez, se...  

E se... E se...  

A cabeça de Hyde fervilhava enquanto ele dirigia de volta para Milwaukee. Uma pequena parte sua queria muito ter pego o número para ligar pra ela. O que ela estaria fazendo agora? Bobagem. Jackie tinha toda uma vida em outro estado. Só por que ela abriu uma janela de esperança em uma noite de bebedeira, não significava que ele tinha uma chance. Ou significava? Ele ao menos queria uma chance? Um arrepio percorreu seu corpo quando o beijo que trocaram invadiu sua mente. Talvez a resposta fosse bem óbvia.  

Ao chegar no seu apartamento e se deparar com o grande espaço vazio, ele sentiu uma pequena sensação de desconforto. Talvez ele ainda não tivesse se adaptado a viver sozinho, fazia apenas alguns dias, ou talvez fosse o espaço vazio e silencioso demais. Ele respirou fundo, está tudo bem repetiu pra si mesmo, foi até a sacada e acendeu um baseado, sentindo-se melhor com a brisa fresca.  

A lembrança daquele terrível dia lhe ocorreu, naquela mesma cidade há uns anos atrás. Quando ele tentou conhecer WB pela primeira vez. A sensação de ter um buraco vazio no lugar de seus pulmões ainda era bem nítida em sua memória. De repente um vislumbre, um flashback de mãos pequenas acariciando seu rosto e um aroma muito específico invadiu sua mente. Os olhos grandes e castanhos lhe diziam que tudo estava bem, que ele não precisava ter medo. E a realização de que Jackie nunca mais estaria ali para lhe acalmar lhe causou uma dor física. Quando seu cigarro foi consumido por completo, Hyde apanhou o telefone. 

— Alô. – A voz de Eric soou através do aparelho.  

— Forman, cara, Donna tá aí?  

— Hyde, você tá legal? – O amigo soou preocupado.  

— Sim, hum, eu só preciso falar com Donna um minuto.  

Então o homem aguardou, ouvindo apenas a estática da linha.  

— Oi Hyde. – Finalmente ele ouviu a voz da ruiva.  

— Existe a possibilidade de você me passar o telefone dela sem me encher o saco?  

— Talvez.  

— Donna, por favor. – Ele cerrou os olhos em cansaço.  

— Brincadeira. Me dê um segundo.  

Antes de discar o número do apartamento de Jackie, o homem repassou pela centésima vez o que tinha planejado dizer. Nada específico, nada de mais. Apenas um convite, e se ela aceitasse, ele saberia. Ele checkou a hora, uma e meia, talvez fosse um pouco tarde, mas ele precisava ligar. Ele não iria ser um covarde justo agora.  

No entanto, conforme ele ia ouvindo os toques sem que ninguém atendesse, toda sua energia ia se esvaindo. E se dar conta que Jackie obviamente não estaria em casa esperando por uma ligação dele lhe deu um choque de realidade. O que ele a estava pensando? Era tarde demais, afinal.  


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Notas finais do capítulo

Eai? Gostaram?
O Ator que faz o Andrew é Robbie Amell



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