n a p u r a m a n h ã b r a n c a — V

Pela primeira vez depois de anos, Rantarou coloca seus pés no aeroporto de Tóquio. Tudo parece diferente quando ele se vê ali, mas ao mesmo tempo, como deveria ser.

Após pegar suas malas, sua mão vai de encontro ao celular dentro do bolso do casaco que está vestindo. O aparelho rapidamente liga quando ele pressiona o botão; e, sem perder mais tempo, ele procura Kaede em sua lista de contatos e a envia uma mensagem.

Eu já estou aqui. Onde nos encontramos? É o que Rantarou digita.

A resposta vem rápido, mas como uma ligação. No momento em que ele atende, a voz de Kaede soa através de seu ouvido. “Caramba, por quê você não me ligou? Nós finalmente temos a chance de conversar, sabe.”

Rantarou pisca os olhos. Kaede está certa, pois uma vez que os dois estiveram se comunicando durante todo esse tempo por mensagens, ele deveria ter pensado que ela talvez preferisse ouvir sua voz de novo. “Desculpa por isso.”

“Está tudo bem, para falar a verdade.” Kaede suspira, corando um pouco do outro lado. Afinal, ela de fato sente falta de sua voz. “Sobre o lugar, eu estava pensando sobre a Academia Topo da Esperança. O que você acha?”

Isso soa velho quando Rantarou para para pensar sobre isso. Entretanto, de alguma forma a ideia parece combinar com a ocasião, então ele concorda com aquilo.

Quando a ligação termina, ele se apressa para a saída do aeroporto e chama por um táxi.

❄ ❄ ❄

Leva um tempo a Rantarou encontrar a construção do lugar onde um dia ele estudou. Quando as memórias invadem sua cabeça, se sente nostálgico. Infelizmente, ele não manteve contato com seus colegas de classe depois da graduação, mas lembrar de todos é bom.

Kaede foi sua única exceção.

Depois de pagar o motorista, ele deixa o veículo e se encontra com ela. Ela, Kaede, que está vestindo um longo casaco rosa, está sorrindo em sua direção. Quando Rantarou se aproxima dela, se surpreende quando a mulher o abraça.

É o suficiente para ele se sentir em casa.

Rantarou reciproca a ação, envolvendo Kaede de forma apertada. “Estou atrasado?”

“Não muito.” Ela ri. “Você está no horário.”

Realmente é diferente vê-la ali. Até aquele momento, Rantarou só conseguia assisti-la algumas vezes na televisão por causa de suas performances de piano, e sempre com o risco de não conseguir uma dependendo do lugar onde estava. Por isso, tudo aquilo se torna algo grande para ele; tanto que ele choraria se possível.

Quando se separam, a estação fria com que se sinta congelando. Quando Kaede nota isso, ela diz, “Nós deveríamos ir para casa, Rantarou. Você está cansado, não é?”

 “Bom, eu acho que sim.” Ele sorri com nervosismo. Uma vez que não consegue esconder nada dela, é melhor apenas dizer a verdade.

Dessa forma, ela o ajuda com as malas, carregando uma delas. E, logo, eles vão em direção à casa de Kaede.

❄ ❄ ❄

Quando Rantarou entre no local, ele tira suas botas cobertas de neve e as deixa na entrada, se espelhando nos movimentos de Kaede, que faz o mesmo. A casa tem uma atmosfera confortável, e ele sorri ao pensar nisso.

“Posso guardar seu casaco?” Kaede pergunta, tirando o dela. “Eu espero que você consiga se sentir em casa aqui.”

No momento em que ele a entrega a peça de roupa, Kaede pendura os dois casacos em um suporte próximo à televisão. Um pouco longe de onde está, em outro quarto, Rantarou consegue ver o piano que Kaede usa para praticar e criar composições de sua autoria.

E isso apenas parece certo.

“Ei, você está com fome, Rantarou? Eu estou pensando em preparar um pouco de chocolate quente para a gente, se você não se importa.” Kaede sorri, indo à cozinha.

“Seria bom. Me deixe te ajudar.” Rantarou vai atrás dela.

E assim, entre conversas sobre memórias da Academia Topo da Esperança que foram invocadas naquele encontro, seus trabalhos atuais e novas experiências, ambos são capazes de terminar de preparar a bebida, uma vez que é simples fazê-la. Eles se sentam no sofá da sala logo depois e prova o chocolate.

“Uau, está delicioso,” Kaede elogia, sentindo suas mãos se esquentando. “Eu nunca teria pensado em colocar canela para realçar o sabor.”

“Os temperos realmente ajudam a melhorar o sabor de qualquer coisa,” Rantarou coloca como nota.

“Parece verídico.” Ela confirma com a cabeça, e então uma questão sai de sua boca, “Ei, você pretende ficar no Japão para o Natal, Rantarou?”

“Eu estava pensando sobre isso,” ele confessa. Uma expressão determinada cruza seu rosto depois de alguns segundos. “Mas eu irei. Esse seria o nosso primeiro Natal juntos, né? Nós precisamos fazer isso acontecer.”

Visto que o trabalho de Rantarou é todo sobre viagens, e as performances de Kaede a levam a países distantes, sempre é difícil para eles se encontrarem daquela forma.

Contudo, isso não é um problema; a distância é complicada, de fato, mas enquanto eles tiverem sentimentos um pelo outro, e que eles continuam quentinhos como uma caneca de chocolate quente, tudo ficaria bem. Rantarou não está preocupado com isso.

“Certo, então vamos decorar a casa amanhã, tá?” O coração de Kaede se preenche com sentimentos brilhantes e expectativas sobre o grande fim de ano.

Devido a seu entusiasmo, Rantarou não consegue não rir. “Como você preferir, Kaede.”