Segredos de Auradon - OneShots escrita por Alessa Beckett Castle


Capítulo 2
Três Meses Depois


Notas iniciais do capítulo

Essa OneShot é um detalhe que com certeza vai esclarecer alguns pontos.

Já aviso que ela é muito importante para entender o passado... E o futuro.

Espero que gostem!



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      Faz três meses desde que Hades atacou Auradon Prep. Também faz três meses que o grupo mais admirado da escola se sentia incompleto, o que surpreendeu a todos daquele círculo de amigos. Mas, o mais afetado deles era Herkie, fato irônico, já que ele não deveria ter recordações de nada relacionado ao evento.

      - Herkie, descreve essa pessoa de novo, por favor. – Lonnie pediu ao rapaz.

      - Ela possui cabelos pretos e olhos vermelhos. Parece com Hadie, mas é uma garota. – Ele detalhou pela enésima vez naquele mês. – Não me olhe assim Ben. Eu não estou louco.

      - Herk, ninguém disse que você é louco. – Evie alegou. – No entanto, nós estamos um pouco preocupados.

      - Você simplesmente está descrevendo uma pessoa que não existe. – Jane apoiou. – Ou que nunca vimos.

      - Vocês só estão repetindo o que me dizem desde que eu acordei naquele hospital. – Herkie rebateu, revoltado. Suspirando, ele decide se levantar. – Eu vou dar uma volta.

      Os doze amigos observam o garoto caminhar cabisbaixo em direção a uma árvore bem familiar, mas que não era a mesma desde o dia após a invasão de Hades. Um suspiro pesado chama a atenção de todos para Haden, que fita a mesa com uma expressão desolada.

      - Eu não sei como nós vamos seguir com isso. – Hadie desabafou. – Dói muito fingir que ela não existe.

      - Eu sei Hade. – Jordan afirma, abraçando o namorado. – Dói em todos nós. Mas é um mal necessário.

      - Eu queria que não fosse. – Jay confessou. – Apesar das brincadeiras, ela é como uma irmã. E ficar negando que ela esteve aqui e mudou muitas coisas é cruel.

      - Sem falar que é injusto. – Doug mencionou. – Tanto para ela como para Herkie. Eu só me pergunto por que ela fez isso.

      - Se Evie decidisse voltar para a Ilha, o que você iria fazer? – Mal indagou, fazendo o rapaz pensar. – E ela fez isso por todos nós. Afinal, Hades usou Haden para invadir a escola, mas ele adquiriu o poder para isso através de Heather.

      - Aliás, como Hade conseguiu usar a varinha de Merlin? – Ben questionou. – Isso vem me incomodando há um tempo. Não é necessário ter magia para isso?

      - Teoricamente, Heath não deveria ter magia. – Aziz observou. – Porém, se ela possui esse dom, Hade deve ter alguma coisa em si.

      - Mas, se ele possui magia em si, Hades não pode voltar de qualquer jeito? – Audrey ressaltou.

      - Não. – Hade assegurou. – Como Heath explicou, Hades nos moldou conforme ele queria. Logo, Heath tem mais magia do que eu possivelmente tenho. Eu sou só uma marionete. – Ele sorriu fracamente. – E ela abriu mão da felicidade dela para eu ter a minha. De novo.

      O grupo de jovens se entreolhou, refletindo no que o herdeiro de Hades acabou de declarar e analisando a injustiça daquilo.

      ----- // -----

      Herkie estava sentado aos pés de uma árvore que, por uma razão que ele não sabia, tinha um significado muito importante para ele. Ele costumava ficar ali quando os pensamentos sobre a garota misteriosa atordoavam demasiadamente sua cabeça.

      - Eu sei que não estou louco. – Ele afirmou para si – Estou falando sozinho, mas não sou louco. – Ele concluiu com uma risada sarcástica. – Por favor, eu só preciso saber quem ela é.

      - Você sabe quem ela é. – Hadie garantiu, sentando-se ao lado do rapaz. – Mas, por alguma razão, não consegue se lembrar.

      - Então ela existe? – Herkie olhou para o amigo, esperançoso. – E você sabe onde eu posso encontrar ela?

      - Eu não faço ideia. – Haden suspirou. – E também não sei se ela iria querer vir para Auradon.

      - Por que não? – Herkie parecia confuso. – Aqui é um lugar bom para viver. É tranquilo, as pessoas são pacíficas. Bom, a maioria. – Ele se corrigiu, fazendo Hade soltar uma risada fraca. – Enfim, por qual razão uma pessoa não iria querer vir para cá?

      - Vamos pensar em uma hipótese. – Haden sugeriu. – E se a vinda dessa garota fosse trazer consequências graves para Auradon?

      - Tipo o quê? Libertar Hades do Submundo? – Herkie desdenhou, mas mudou a postura ao ver a expressão séria de Hadie. – Espera. Isso pode acontecer?

      - Pode. Ou ela pode ser realmente má, e libertar todos os vilões da Ilha, o que tornaria esse lugar um pesadelo sem fim. – Hadie esclareceu, sem acreditar em nada daquilo. – Meu conselho. Por mais que você siga sonhando com ela ou que sua mente o leve a pensar nela, esqueça. Vai por mim, eu sei como dói. Mas é um mal necessário.

      Herkie observou o garoto se afastando cabisbaixo, e começou a refletir em cima do que ele disse. O que o deixou mais confuso ainda. Afinal, Haden queria que ele esquecesse a garota ou não? Ainda perdido em pensamentos, ele caminhou até seu dormitório. Entrando no local, ele viu sua mesa completamente bagunçada, como havia deixado pelos últimos três meses.

      - Porque, por alguma razão, essa bagunça me lembra dela. – Ele murmurou, relembrando de um momento que ele já não tinha certeza se tinha acontecido ou não.

       Flashback On

      - Herk, isso está uma bagunça. – A garota disse, fitando a mesa com papéis espalhados.

      - Eu não tive muito tempo para arrumar. – Ele declarou a abraçando por trás. – Você me ajuda a limpar isso?

      - Eu não sou boa com organizações. – Ela confessou, sorrindo de canto para ele. – Mas eu posso bagunçar um pouco mais.

      - Que assim seja. – Ele a ergueu, colocando-a sobre a mesa, enquanto a beijava apaixonadamente.

      Flashback Off

      Ele olhava para os papéis, um por um, até que um chamou a atenção dele. Estava dobrado em duas partes, e do lado de fora dizia “Minha Alma-Gêmea”. Ele desdobrou a folha, lendo o que estava escrito.

       Ele possui cabelos castanhos claros, olhos azuis-celestes que fazem eu me esquecer de tudo ao meu redor. Ele é a única pessoa que me deixa segura o suficiente para baixar a guarda, porque eu sei que ele não vai me machucar, ou se aproveitar disso. Ele deixa bem claro que não vai desistir de mim, mesmo que eu implore. E, caso ele se esqueça de mim... Isso é impossível. Ele me completa, e isso basta para mim.

P.S.: Eu não sou tão boa com as palavras.

      Herkie não conseguiu fazer outra coisa além de sentar em sua cama e chorar. Ele tinha certeza absoluta de que a garota misteriosa havia escrito aquilo para ele.

      ----- // -----

      - Vamos, Heath. – Anthony chamava a garota.

      - Assim que eu arrancar a pele do Hook. – Ela rosnou para o garoto, enquanto prendia Harry Hook na parede com o gancho do rapaz no pescoço dele. – Diga de novo que eu fiquei boazinha.

      - Ok, ok. – Harry se rendeu. – Você ainda é a Rainha da Crueldade. Agora me solta, por favor.

      - Tudo que eu queria ouvir. – Ela sorriu maleficamente, arremessando Harry ao chão. – Eu vou ficar com o gancho.

      - Cer-certo, Vossa Majestade. – Harry gaguejou, se afastando rapidamente da garota.

      Assim que Harry sumiu de vista, Heather se apoiou contra a parede, sentando-se ao chão.

      - Você está bem? – Anthony indagou.

      - O que você acha? – Ela murmurou. – O beco não para de girar.

      - Venha. – Ele estendeu a mão.

      - E arriscar que alguém me veja assim? – Ela inquiriu. – Não, muito obrigada. Eu espero isso passar e me levanto.

      - Eu não estou pedindo, maninha. – Anthony a ergueu no colo, caminhando até uma porta de porão ali perto. – Caramba, você é leve.

      - Eu devo ficar lisonjeada ou ofendida? – Ela questionou, arqueando a sobrancelha.

      - Você escolhe. – Ele deu de ombros, fechando a porta atrás de si. – Agora vamos.

      - Onde você está me levando? – Ela demandou receosa.

      - Em algum lugar onde você possa descansar. – Anthony alegou. – Há quanto tempo você não come direito?

      - Defina “direito”. – Heather fitou o rapaz, confusa.

      - Algo que seu corpo não rejeite. – O garoto arriscou.

      - Faz quanto tempo que eu voltei de Auradon? – Ela interpelou, alarmando Anthony.

      - Vamos raciocinar. – Ele pediu, colocando-a no sofá do Castelo da Barganha, segurando a ponte do nariz em seguida. – Você não come apropriadamente há três meses?

      - Bom... – Ela refletiu. – Uma vez eu achei uma cesta com alimentos que não estavam tão estragados. Mas isso foi uma semana depois que eu voltei para esse fim de mundo.

      - Você diz uma cesta como aquela ali que eu trouxe hoje de manhã? – Anthony indicou a cesta em cima da mesa.

      Heather se voltou para o local que o amigo mostrou, onde tinha uma cesta com frutas e croissants de chocolate, acompanhados de uma carta.

      - Haden enviou isso, não foi? – Ela questionou, suspirando.

      - Sim. – Anthony respondeu. – E eu acho que você deveria ler.

      Ela foi até a cesta onde estava a carta com a caligrafia desenhada do irmão, pegando a folha e uma maçã da cesta.

      Heath,

      Já faz três meses desde que você foi embora. E fingir que você não existe dói demais maninha. Tanto para mim, como para todos daquele nosso grupo gigante. Nada mais é como era antes. Por favor, reconsidere e volte para cá. Eu não sei qual é o seu medo, mas todos nós sentimos a sua falta. Até mesmo Mal. Essa cesta é porque eu ainda lembro como é ruim comer restos estragados. E, uma vez que você teve alimentos Auradonianos, voltar para a comida podre é arriscado. E também porque eu te amo. Se não for voltar, ao menos responda. Deixe-nos saber que você está bem e quantas vezes você arrancou a pele de um dos Gastões.

      Abraços, Hade.

      Heather não percebeu quando havia começado a chorar, até ver os pingos caindo na carta.

      - Anthony. – Ela respirou fundo, se virando para o amigo. – Será que eu fiz a coisa certa?

      - Isso só você pode dizer. – Ele replicou. – Você está ficando pálida.

      - Droga. – Ela reclamou, correndo para o banheiro.

      - Olha, se você vai passar mal a cada vez que come, devia cuidar mais o que vai escolher. – O rapaz gritou.

      - Eu sei disso, Tremaine. – Ela reclamou, voltando para a sala. – Eu só preciso saber por que nada para no meu estômago, volta e meia tudo gira e está me dando uma súbita vontade de comer lasanha.

      - Lasanha? – Anthony olhou espantado para ela. – Senta aí e vamos raciocinar de novo. – Ele ordenou, fazendo a garota a sua frente se sentar no sofá. – Desde quando você tem sentido estes sintomas?

      - Bom... – Heather hesitou. – Náusea e tontura acontecem desde que Hades começou a controlar minha mente... – Ela observou o amigo suspirar com a constatação. – Agora a parte da lasanha é de agora.

      - Está bem. – Anthony assentiu. – O quão “próxima” você era da sua alma-gêmea?

      - Precisamos mesmo falar sob... – Ela começou a reclamar, mas parou ao ver o olhar determinado de Anthony. – Ok. Digamos... “Biologicamente” próximos.

      - Você diz... – Anthony ponderou, estremecendo com a imagem em sua mente. – Bom... Talvez eu saiba o que está acontecendo com você. Eu só não sei se você vai gostar. – Ele observou o olhar confuso de Heather, se questionando como ela podia não perceber. – Eu vou responder com uma pergunta. Qual a consequência de “fazer amor”?

      ----- // -----

      Herkie acordou subitamente no meio da madrugada. Ele havia tido um sonho muito estranho. Novamente envolvia a garota misteriosa que todos diziam que era fruto da imaginação dele. Mas, com ela, estava uma criança. Um menino. O garoto tinha os traços do rosto iguais aos dele, e o cabelo era ondulado, como o dele, mas mesclado entre castanho claro e preto. E os olhos... Eram um tom de vermelho encantador. Ele certamente iria a loucura se não encontrasse essa garota o mais cedo possível.

      - O que faz acordado? – Scarlet demandou sonolenta. – Volte a dormir.

      No entanto, Herkie não conseguiria voltar a dormir. Ele resolveu dar um passeio até a cozinha da escola, onde outra lembrança o atingiu. Ele e a garota misteriosa fazendo alguns croissants de chocolate na madrugada, e dormindo lado a lado escorados na geladeira, para serem flagrados pela Fada Madrinha.

      - O que faz aqui Herkie? – Fada Madrinha questionou ao ver o rapaz em pé no local. – Você sabe que não pode estar fora de seu quarto à noite.

      - Eu sei diretora. – Herkie suspirou, engolindo o nó que se formava em sua garganta. – Eu só estava me sentindo um pouco claustrofóbico no meu dormitório.

      - Você quer conversar sobre isso? – A diretora ofereceu, guiando o jovem até a sala dela. – O que lhe aflige?

      - Você conseguiria procurar por alguém na Ilha se eu lhe descrevesse como ela é? – Herkie pediu. – É que... Eu venho sonhando com essa garota e... Eu sei que ela é real.

      - Você está sonhando com sua alma gêmea Herkie. – Fada Madrinha afirmou. – Vocês ainda vão se conhecer. Questão de tempo.

      - Mas nós já nos conhecemos. – Herkie revelou aflito, puxando o papel que achara em sua mesa de seu bolso. – Veja.

      Fada Madrinha leu atentamente as palavras naquele bilhete, reconhecendo a caligrafia de um bilhete que ela recebera, pedindo para que Herkie não soubesse do que ocorrera no baile, ou que a pessoa envolvida já esteve em Auradon.

      - Dê tempo ao tempo, meu jovem. – Fada Madrinha aconselhou, com um sorriso doce. – Tudo vai acontecer quando tiver que acontecer. Ao invés de tentar descobrir quem ela é, tente desfrutar da maravilha dos sonhos. Vocês vão se encontrar. E será maravilhoso.

      - A senhora... É a única que acredita em mim. Embora eu ache que Haden também. – Herkie confessou, se levantando. – Obrigado, diretora. Desculpe tomar o seu tempo.

      - Imagina meu jovem. Tenha um bom descanso. – Fada Madrinha respondeu.

      Herkie caminhou de volta ao seu dormitório refletindo em cima das palavras da diretora. Ela existe. Ele pensava e uma pontada de esperança crescia em seu peito. Ao entrar em eu quarto, no entanto, algo pareceu errado. A garota em sua cama. Ela o amava, mas ele não a amava. Porém, fazia dois meses que estavam juntos. Ele não podia simplesmente chegar e terminar com ela. Ou podia? Ele não ia se preocupar com isso agora. Ele ia descansar e sonhar com o amor de sua vida e como poderia ser o possível fruto desse amor.

      ----- // -----

      - Não pode ser. – Heather caminhava de um lado a outro, com um croissant de chocolate na mão. Surpreendentemente a ÚNICA coisa que o estômago dela não devolvia. – O que eu faço?

      - Você pode voltar... – Anthony começou a sugerir, mas foi calado pelo fuzilar de olhos da amiga.

      - E arriscar que Hades retorne para Auradon e mate ele de novo? – Heather demandou furiosa. – Eu... Eu não posso. – Ela suspirou, à beira do desespero. – Enquanto eu ficar aqui, ele não pode controlar Hade, nem atingir aos meus amigos. Mas o pior não é isso. – Heather deu uma risada triste ao perceber as consequências de tudo o que ocorrera. – Eu não posso nem mandar essa criança para ser criada pelo pai. O pai dela não vai saber de nada, e pode rejeitar o bebê.

      - Então... Você vai criar essa criança aqui? – Anthony indagou.

      - Eu criei a mim mesma e a Hade aqui. – Heather relembrou. – Eu posso cuidar de um bebê.

      - Você não vai estar sozinha. – Anthony garantiu. – Eu não vou assumir o papel do pai, claro. Mas eu vou ser o tio babão que leva para tomar sorvete e passear no parque.

      Anthony conseguiu exatamente o que ele queria ao fazer o comentário: Fazer Heather rir.


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Notas finais do capítulo

O que me dizem? Alguma ideia? Sugestão? Críticas? Quer me mandar longe? Comente e permita que uma mera autora compreenda a mente de seus leitores.

Até a próxima!



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