Narrado por Edward Cullen. 

Quando eu era criança, meu querido pai dizia que jamais devemos deixar de sonhar. 

E mesmo depois de adulto, nunca deixei de seguir seu conselho.  

Quando Carlisle morreu durante um assalto, eu era só uma criança inocente, que não entendia direito o que tinha acontecido. Foi um dos golpes mais duros que sofri, que me fez ter que amadurecer mais cedo do que deveria, trabalhando para sustentar minha sofrida mãe, Esme, a quem sempre fui muito apegado. 

Não queria que mais pessoas passassem pelo que passei e por isso, ainda adolescente decidi que um dia seria um grande advogado, que defenderia as pessoas de sofrerem injustiças e dores. Mas como precisava sustentar minha família passei a trabalhar como caixa de um supermercado em meu bairro e aos fins de semana, era palhaço de circo, uma das grandes paixões que cultivei por causa de Carlisle, assíduo frequentador do picadeiro porque meu avô, Connor, fora um grande trapezista muitas décadas atrás. 

Meus sonhos começaram a se realizar quando durante uma apresentação no circo conheci Isabella. 

A mulher mais doce e linda que já conheci em toda minha vida. 

Ela estava acompanhada da irmã mais nova, Renesmee, com quem simpatizei quase que imediatamente, passando a ter uma ligação muito bonita de amizade e carinho para com ela. Quando vi Isabella, com aqueles olhos chocolate, pele branca como a neve e aquele sorriso tímido, mas iluminado, soube que minha vida jamais seria a mesma. 

Trocamos algumas palavras e com medo de me perder dela, naquela mesma noite pedi seus contatos para que pudéssemos nos ver de novo. A partir de então nos tornamos grandes amigos, conhecendo um pouco mais um do outro e criando mais e mais afinidades. Bella era arquiteta, criava a irmã com todo amor e carinho e assim como eu, tinha grandes e ousados sonhos. 

Ela parecia só querer amizade, mas sempre quis algo a mais com ela. 

Sempre. 

[...]

Nosso primeiro beijo aconteceu em um parque, durante um passeio levemente romântico. Estava meio nervoso, mas aos poucos as coisas fluíram e foram absurdamente perfeitas. A pedi em namoro no mesmo instante afinal, não podia deixar uma mulher tão especial como Bella escapar. 

Bella e eu namoramos por longos cinco anos e quando Renesmee foi cursar jornalismo em outro estado, decidimos morar juntos. As vezes brigávamos, tínhamos nossos conflitos como qualquer outro casal, mas não era nada grave o bastante para abalar o imenso amor que sentíamos um pelo outro. 

Meses depois, realizei um dos maiores sonhos que possuía ao passar em Direito em uma das melhores universidades do Estado. Me sentia pleno e feliz por aquela grande conquista e sabia que onde quer que estivesse, meu pai também estava feliz por mim. 

Para coroar minha felicidade, soube que Bella estava grávida. 

No começo levei um susto, mas logo veio a euforia e acima de tudo, a alegria por estar finalmente formando minha família. Durante uma consulta do pré natal, tivemos o nosso primeiro baque ao saber que o filho que Bella esperava tinha Síndrome de Down. Tentei ser forte, não demonstrando para Bella o quanto aquela notícia tinha me abalado, pois não queria que ela sofresse mas durante várias noites e por isso, enquanto ela dormia eu chorava. 

Chorava por medo do que meu pequeno estava para enfrentar nesse mundo cruél, cheios de dificuldades mas também, de esperança. 

Em meio a gravidez, continuei trabalhando no mercado, fazendo faculdade e ainda me apresentando no circo para fazer as pessoas sorrirem, uma das missões que tenho certeza que a vida me deu. Apesar da rotina corrida que levava, acompanhei o parto do meu filho de perto e depois de beijar a testinha do meu pequeno grande amor, Bella e eu decidimos que nosso filho se chamaria Gabriel, em referência ao anjo que é o que é para nós dois. 

Prometi aos céus, a meu querido pai e a Bella que protegeria Gabriel e que faria com que ele fosse muito bem criado em uma família feliz e mesmo em meio a tantos percalços da vida, porque sei que essa é talvez, a minha maior missão. 

Os anos se passaram e Bella e eu percebemos que havia chegado a hora de Biel dar seu primeiro voo, indo estudar em uma creche pois nossos trabalhos não nos permitiam passar o dia inteiro ao lado do nosso amor, como desejávamos sem contar que estava na hora dele começar a se socializar com as outras crianças. 

É, meu pai sempre esteve certo. 

Nunca devemos deixar de sonhar. 

E é isso que vou passar para meu filho sempre. 

Vamos deixar Gabriel voar, sabendo que o Down não é nem nunca será maior que nosso amor. E prometo que dedicarei cada um dos meus dias para amar Isabella, cuidar do Biel e fazê-lo imensamente felizes. 

Para sempre.