Os Filhos do Olimpo escrita por Tah Stark


Capítulo 5
Capítulo 5: Logan Black – Vamos brincar de cobra cega?


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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Estávamos todos entrando na caverna. E estávamos todos cagando de medo. Maya e Aísha seguravam a mão uma da outra, a loira tremia. Pelo canto do olho vi Maya sussurra algo no ouvido dela e solta-la. A nossa frente a cobra enorme dormia enrolada. Atrás dela tinha um cofre que era obviamente nosso objetivo.
— Talvez podemos abri-lo sem acorda-la. – sussurrei. As duas olharam para mim. – Eu?
— Filho de Hermes. – Maya sorriu irônica – Tem mais chances de não morrer..
Quase bufei mas tinha que fazer silêncio. Peguei minha espada e deixei na minha mão. Dei o primeiro passo. Graças a Zeus isso era uma caverna e não um porão com piso rangendo. Mas, tinha várias pedrinhas no chão que parecia ter o objetivo de derrubar o trouxa que tentasse pegar a chave. Respirei fundo e comecei a andar tentando fazer o mínimo de barulho possível. Graças ao meu pai, eu sabia exatamente o lugar mais seguro para pisar e até entendi porque Maya falou que eu tinha mais chances. Eu realmente acreditei que a gente ia se livrar dessa. Eu estava tão perto e não fiz um barulho sequer. Mas então quando eu estava em frente a cobra ela acordou. Simples assim. E claro eu estava olhando diretamente para ela. Eu nunca agradeci tanto por uma cabeça ter dois olhos. Sério.
Os dois olhos amarelos brilhantes da cobra me encaravam e eu não conseguia desviar o olhar. Ah, claro, eles paralisavam. E o monstro se arrastava em minha direção, suas presas enormes escorrendo um líquido também amarelo. Eu já sentia hálito quente dela ardendo em minha pela. Tinha certeza que era minha hora de partir. Ela abriu a boca e do nada eu senti um impacto me jogar para o lado, e uma ardência no meu pulso. Quando consegui me situar, Maya estava aonde eu tinha estado um segundo antes. Os olhos dela estavam abertos mais não parecia estar paralisada. Nem parecia enxergar na verdade.
— Logan, fique longe e nos guie. – ela pediu. Olhei para o outro lado e vi Aísha cuidando da outra cabeça da cobra, de olhos fechados. Disparava flechas mas era em vão já que não sabia onde – Tirei as lentes então só enxergo vultos. Você tem que ser nossos olhos.
Tentei me focar. Como eu iria guiar as duas ao mesmo tempo? Decidir começar por Aísha que estava com a cobra mais perto. Apesar de ser péssimo em arco e flecha, comecei a dar as direções que ela devia atirar e finalmente a loira atingiu o olho da cobra. Que surpresa quando ele se restaurou dois segundos depois. Mandei Aísha continuar na mesma direção e voltei para Maya, que tinha a vantagem de enxergar vultos. Ela estava acertando a cobra no couro que era extremamente duro. Não fazia sentido, o ponto fraco era os olhos. A não ser que...
— Aísha, você pode atirar duas flechas ao mesmo tempo? – perguntei.
Tudo começava a girar, me sentia suando frio e zonzo. Mas consegui ouvir Aísha falar de longe um sim. Apertei os olhos e voltei a abrir tentando focar minha visão.
— Maya, se afaste. Isso, agora você corre para direita e dê volta na cobra e Aísha vai para esquerda. – elas o fizeram e eu mandei parar quando cada uma estava em frente da cabeça oposta da cobra. – Aísha prepare o arco. Um pouco mais para cima, mais a direita, isso. Maya, fique pronta para fura os olhos da cobra. Abaixe a espada. – minha visão escureceu – Ataquem no três. 1, 2... 3.
E tudo apagou.
...
“Acho que eu consegui limpar o sangue dele.” Uma voz distante falou.
“Não sei como ele sobreviveu ao veneno.” Comentou outra voz.
“Foi um arranhão. Mas eu tive que fazer um corte maior e deixar ele sangrar ou o veneno ia se espalhar. Eu já estanquei e dei o néctar mas ele perdeu muito sangue.” Respondeu “Se ele sobreviver a gente vai ter que leva-lo num hospital mortal. Vai precisar de uma transfusão ou não irá durar muito tempo.”
Consegui abrir os olhos. Maya estava debruçada sobre mim e sua mão estava na minha testa.
— Está frio. – comentou e percebeu que eu acordei – Como você está?
— Detonado. – minha voz quase não saiu.
Ela assentiu e olhou para o lado.
— Conseguiu abrir? – perguntou.
A voz de Aísha respondeu.
— Não. Eu não faço ideia de que senha colocar. Já tentei tudo. Pi, séculos importantes, datas...
Eu não tinha ideia do que ela estava falando mas consegui murmurar.
— 9387.
Nem eu sabia porque esses números. Maya franziu a testa e depois sorriu.
— Claro. – deu uma risada amarga – Tente 9387.
Ouvi o barulhos de teclas e então um bip distante. A última coisa que ouvi antes de apagar novamente foi Aísha xingando e a palavra “Vazio” se repetindo.
...
Quando acordei novamente, invés de Maya havia um teto branco, uma infeliz troca de cenário. Olhei para o lado e vi uma bolsa de sangue quase vazia.
— Senhor Einstein Junes, você está acordado. – o médico me olhou surpreso. Surpreso estava eu com esse nome. Mas rapidamente reparei que devia agir normalmente – Você perdeu muito sangue, garoto. Suas irmãs estão preocupadas. Vou chama-las mas você ficará a noite em observação. Assim que seus pais chegarem marcaremos uma consulta com um terapeuta. Iremos cuidar de você.
Sorri fracamente e o medico saiu. Em seguida, Aísha e Maya entraram. Maya chorava de soluçar. Eu tenho que me inscrever nessas tais aulas de atuação. Assim que aporta fechou ela parou e enxugou as lágrimas.
— Einstein? – consegui falar – Sério?
— Eu estava sobre pressão. – justificou a morena.
— Você tinha que ver, Logan, Maya se debruçou na bancada que nem no Empire State, sorriu e convenceu todos que nós éramos suas irmãs e você um jovem depressivo. Eles nem lembraram de pedir o número dos nossos pais.
— Depressivo?
— Você tá com os pulsos cortados. Foi o melhor que consegui inventar. – respondeu a garota abrindo a mochila e tirando um par de roupas – Certo, a gente não pode fugir com você usando camisola do hospital.
— Eu não estou entendendo. O que aconteceu?
— Na hora que eu... Salvei sua vida, você ainda sim conseguiu esbarrar seu pulso nas presas de Anfisbena. Então, assim que nos ajudou a matá-la você desmaiou por causa do veneno e eu tive que salvar sua vida de novo, mas deixando você sangrar e por isso tivemos que trazer você aqui antes que você morresse por falta de sangue. – explicou Maya – Basicamente, você escapou da morte 3 vezes em menos de uma hora.
— E a chave? – perguntei.
A expressão das duas se fechou.
— Não estava lá. Foi uma armadilha. – Aísha falou.
— Ainda queriam que eu me ajoelhassem para ele. – resmungou Maya – Acho que você já recebeu sangue suficiente.
Ela estendeu o braço para tirar a agulha do meu e percebi o curativo branco neles. Ela seguiu meu olhar.
— Doadora universal. – respondeu – Ia parecer suspeito a gente não saber seu tipo sanguíneo então eu me ofereci para doar. Ganhei lanche de graça. Vegano.
— Obrigado por salvar minha vida. 3 vezes. – agradeci e então franzi a testa – Você está de óculos.
Ela desviou o olhar, parecia meio corada.
— Vá se vestir, Black.
...
Enquanto eu me vestia tentava dar um sentido para tudo. Zeus disse que mandaria um sinal. Ele disse que não podia nos impedir. Depois nos guiou direto para uma armadilha. Não fazia sentido. Devia ter algo que estávamos deixando escapar.
Tentei refazer nossos passos mentalmente. Hoje de manhã Maya estava ferida. Depois de cuidar dela o sinal apareceu. Seguimos ele por duas quadras até que tivemos que usar nossos pégasos e o... Quase bati com minha cabeça na parede. O grifo de Maya. Todos sabem que os grifos são criaturas de Zeus. E é óbvio que aquele grifo foi quem causou os machucados na garota. Nós seguimos o sinal errado o dia inteiro.
Saí do banheiro, ainda terminando de colocar a camisa.
— Maya, aquele grifo... Ele apareceu ontem a noite, não foi?
A garota revirou os olhos na defensiva.
— Temos coisa mais importantes pra tratar, Black. – resmungou – Ele tava machucado e eu não sou esse monstro que pensam. Satisfeito?
Aísha me olhou curiosa e então arregalou os olhos.
— Os grifos são os “cães de guarda” de Zeus. – sussurrou indignada e olhou para Maya – Tinha alguma coisa com ele, May?
A garota fechou a cara.
— Não me chama de May. – falou fria puxando a mochila e abrindo – A única coisa era a flecha que feriu ele. Eu não sei, pode ainda está aqui. – ela revirou a mochila e xingou – Não parece ter n... – ela puxou algo que não era uma flecha. Era uma chave prata e azul. – Eu sou estúpida. Vocês quase morreram porque eu não percebi o joguinho de Zeus.
— Não é sua culpa. – falou Aísha – A gente precisava ir na caverna. O verdadeiro olhar. Era o que estava escrito na placa. Acho que a flecha só virou a chave quando enfrentamos Anfisbena.
Maya entregou a chave para mim quieta. Antes que pudesse perguntar algo a porta abriu e o medico entrou.
— Você não devia..
Maya levantou e sorriu olhando para ele.
— Está aqui, eu sei. – completou ela – Você já deu alta só que o meu irmão é tão lerdo. Já estamos de saída. Obrigada por tudo.
— De nada. Eu tinha me esquecido da alta. – ele comentou – Hoje as coisas parecem tão confusas.
— Você devia tirar um dia de folga, sabe? – ela virou para trás. – Vamos?
E fugirmos do hospital pela porta da frente.
...
Maya seguia na frente conversando com o doutor enquanto eu e Aísha íamos lado a lado.
— Você lembra quando ela atirou na gente? – perguntou Aísha.
— Lembro. – respondi, entendendo exatamente o que ela queria dizer – Estávamos errados, não é?
— Provavelmente. É impossível que ela não seja...
— Devemos contar para ela?
— Acho que não. Se no fim da missão ela não for reclamada...
— Entendo.
Olhamos para o médico que parecia hipnotizado pela garota. E quem não estaria? Era óbvio. Maya era filha de Afrodite.


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Notas finais do capítulo

9387 = Zeus no teclado do celular. O cara não é nem um pouco narcisista...



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