Konoha World escrita por Ariane Munhoz


Capítulo 6
Desafiando a lógica


Notas iniciais do capítulo

Vocês já se lembraram de odiar o Danzo hoje? Não? Vou dar motivos! :D

Quero deixar um agradecimento especial à minha pequena lua, Yue-chan, pela linda recomendação! Obrigada, nenê!



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Um dia, disseram a Shikamaru que ele seria um nada. E, de fato, não se importava com isso.

Mas havia um professor que acreditava nele com todas as forças na escola pública onde estudava. E esse professor o desafiou a ler um livro com as regras do xadrez e desafiá-lo para uma partida.

Shikamaru achou problemático, mas quando Asuma-sensei lhe disse que o livraria de todos os trabalhos escolares de aritmética daquele ano se fizesse aquilo, topou na hora!

Vou ler esse livro até esta noite e te desafio amanhã mesmo, dissera.

Asuma, que acreditava ter nas mãos um jovem gênio, apenas o incentivou a seguir em frente com aquilo.

No dia seguinte, Shikamaru o derrotou em uma partida com 40 segundos¹. Na sua época de colégio, Asuma fora campeão do Japão de Xadrez por sua escola.

− Essa partida era um teste de QI camuflado. – dissera-lhe Asuma, e também a seus pais. Um QI de mais de 200. – Eu consegui uma vaga para você no melhor colégio de Tokyo. Você só precisa ser membro do time de xadrez.

Shikamaru não se importava com essas coisas, mas sabia a vida simples que os pais levavam. Viu naquela oportunidade uma chance de tirá-los daquela vida, de ser alguém que os orgulhasse, mesmo que de fato nunca tivesse se importado muito com essas coisas e achasse até mesmo problemático demais.

Mas seguiu em frente.

Foi para o tal colégio onde conheceu Shino e Naruto.

E foi aí que sua vida mudou.

Pois, até então, sempre havia sido sozinho.

Mas finalmente, Shikamaru tinha amigos.

Amigos por quem ele seria capaz de fazer qualquer coisa.

X

Shikamaru havia deixado Sai guiar o cavalo. Não porque confiasse nele, mas apenas porque não fazia ideia de como aquele bicho funcionava fora dos tabuleiros de xadrez. Seu olhar seguia desconfiado, enquanto ele tentava se equilibrar em cima do animal.

− É melhor se segurar em mim se não quiser cair, pois logo começaremos a trotar. – Sai abriu um daqueles sorrisos falsos e irritantes que incomodavam Shikamaru.

− Estou bem. – rebateu, ao que Sai deu de ombros.

− Você é quem sabe.

Shikamaru estalou a língua no céu da boca, almejando por um cigarro naquele momento.

− Não confio em você. – disse ele. – Em nenhum de vocês.

− É mesmo? – Sai permaneceu sorrindo. – Segure-se. – avisou.

Shikamaru não teve tempo de dizer nada, sequer de gritar. Sai esporeou o cavalo, e o Nara precisou agarrar sua cintura para não cair quando o alazão se pôs a correr, mais do que depressa.

Mentalmente, o xingou de todos os nomes possíveis. Mas não se soltou de sua cintura, pois o medo de cair era maior que qualquer coisa. Maldito mundo medieval! Que situação mais problemática!

X

− Você e sua irmã não estiveram sempre presas no alto daquela torre. – Konohomaru decidiu quebrar o silêncio, enquanto se segurava na cintura de Hanabi. Ele sabia cavalgar, o avô possuía uma fazenda enorme, mas preferia fingir que não. E Hanabi o deixou segurar-se de bom grado em sua cintura. Afinal, ela não queria que o membro mais valioso daquela empreitada sofresse alguma lesão.

− Não. – Hanabi confirmou. – Antes disso, éramos princesas do reino de Konoha, como minha nanã disse. – Hanabi encolheu os ombros, não querendo dar muita trela para assuntos que pudessem divergir as histórias.

− Como acabaram ali?

Seus olhos se perderam um pouco na paisagem adiante. Hinata seguia mais à frente com Naruto. Não sabia o que a irmã poderia estar contando a ele, mas se manteria o mais neutra possível. Mesmo que aquele garoto irritante despertasse um pouco de sua curiosidade a respeito do outro mundo. Mundo o qual nunca sequer visitara, mas que sua irmã sim.

− Digamos que não seguimos a lei ditada por quem decidiu controlar o lugar. – Hanabi o olhou por cima do ombro por um momento.

− Sei bem como é. – Konohomaru deu uma risada seca. – Meu avô vive me ditando regras sobre o que devo ou não fazer.

− E não gosta de segui-las?

Konohomaru apenas sorriu de canto, apertando mais as mãos sobre a cintura de Hanabi quando o cavalo passou a trotar.

− Meu problema não é com as regras, mas com o molde que ele quer que eu siga. – confessou. – Não quero ser apenas um peão na mão dele.

− Ou um boneco sem vontade. – Hanabi deixou escapar. Por algum motivo, as palavras incomodaram Konohomaru. – Segure-se, vamos correr.

Ele sequer teve tempo de questionar, inclinando o corpo para frente, mais próximo ao dela enquanto Hanabi esporeou seu cavalo. Ela sabia bem que aquele garoto não era uma pessoa comum.

X

− Me conte mais sobre você. – Shino pediu. – Ficou calado o tempo todo.

− Feh! Por que eu deveria confraternizar com você?! – Kiba disse, enquanto ajeitava as rédeas do cavalo. – Sequer te conheço!

Shino apenas abriu um sorriso de canto, ajeitando os óculos escuros sobre a ponte do nariz.

− Estou curioso a respeito desse selvagem. Apenas isso.

− Não tem nada para contar! – Kiba o olhou de canto, incomodado. Por que aquele cara lhe parecia tão familiar? E agitava algo dentro dele...

Ficaram assim, em silêncio, enquanto o cavalo começou a trotar, aumentando a velocidade aos poucos. Kiba ia conversando com o animal, como se ele pudesse compreendê-lo.

Shino sorriu. Pois o namorado agia da mesma forma.

X

− Já fazia muito tempo que estavam presas no alto daquela torre, Hinata-chan? Posso te chamar assim? – Naruto perguntou, não querendo soas invasivo demais. Pois não sabia até que ponto a IA havia sido programada para lhes darem informações.

− Não sei precisar em anos. – ela respondeu como ele imaginava. Pois a noção de tempo e espaço era completamente diferente para eles. – Mas sei que faz muito tempo.

− Sinto muito por seu pai e por seu reino. – Naruto parecia verdadeiro em suas palavras. Será que realmente acreditava naquilo mesmo seguindo a ideia de que tudo era um jogo? – Farei o possível para chegarmos ao topo da montanha e libertarmos vocês.

− Agradeço por isso, nobre cavaleiro. – Hinata sorriu por baixo do manto que usava. Ainda lembrava-se do calor das mãos dele. Ainda lembrava-se da sensação da dança. Tudo tão familiar... ele se lembraria dela? Quantas mulheres já não deveriam ter cruzado sua vida desde aquele momento?

− Sinto que de alguma forma... isso deveria ser assim. – disse com simplicidade. – Então sou eu quem te agradeço por ter cruzado minha vida.

Hinata nada disse. Apenas esporeou o cavalo. Que sensação engraçada ela aquela na boca de seu estômago. Como se mil borboletas dançassem dentro dele.

X

− Encontrou algum sinal do meu neto? – Hiruzen perguntou impaciente para Danzo, que continuava digitando algo no computador.

− Estou procurando, senhor. – disse ele. – Não se preocupe com isso, deve ter sido apenas um erro do sistema.

− Um erro do sistema! – bradou ele, os braços para o alto. – Konohomaru não está sendo encontrado! Nenhum de seus amigos também! O chip de rastreio deveria fazer isso, Danzo!

Hiruzen estava incomodado, como se algum sentido formigasse dentro de sua mente, apitando para o perigo.

− E além disso... além disso aquelas irmãs Hyuuga. O último sinal foi deles indo naquela direção, não é? Algo pode ter acontecido.

− O jogo é seguro, Hiruzen. – garantiu Danzo. – Foi para isso que o projetamos, não é?

− Quero que você mande os guardiões atrás dele, Danzo. Mande-nos atrás de meu neto e de seus amigos! Quero que os tirem de lá. Não quero que um massacre como  o que aconteceu em Westworld aconteça aqui no meu parque.

Danzo estalou a língua no céu da boca. Sempre que Hiruzen usava o pronome meu, ele se lembrava que não era nada além de um empregado ali.

− Farei isso em breve. – disse Danzo. – Apenas para deixá-lo tranquilizado. Mas vai estregar o jogo para ele.

− Antes o jogo que sua vida. – rebateu com certa seriedade. – Vou aguardar notícias.

Danzo observou-o afastar-se. Pois sabia exatamente para onde Hinata e Hanabi iriam. E talvez resolvesse dificultar um pouco as coisas

− Obrigado por facilitar as coisas para mim, Konohomaru. – Ele abriu um sorriso sombrio e cheio de dentes. Reprogramando alguns dos anfitriões.

Pois um dia, Konoha World seria seu. Ele só apressaria um pouquinho as coisas.

X

O cavalo de Kiba grunhiu um pouco mais alto e ele estreitou os olhos.

− O que foi? – Shino perguntou, ao notar a mudança no temperamento do selvagem.

− Tem algo de errado. – disse ele, apressando o cavalo para se alinhar com a líder. Os outros, que perceberam imediatamente a mudança da formação que seguia com Hinata na frente, Kiba na retaguarda, e Hanabi e Sai nas laterais, alinharam-se também.

− O que aconteceu? – Hinata perguntou imediatamente para Kiba.

− Kuromaru está nervoso. – disse, a respeito do próprio cavalo. – Acho que tem alguém se aproximando. Preciso parar para ter certeza, mas não sei se é uma boa ideia.

Hinata mordiscou o lábio inferior.

− Acha que são muitos?

Naruto inclinou o rosto para o lado.

− Ele tem como saber?

− Confiamos em sua intuição. Ele nunca erra. – Hanabi se adiantou.

− Pode olhar ao redor, Sai-kun? – Hinata pediu.

− Posso. Mas o molenga aqui vai ter que assumir as rédeas. – disse, a respeito de Shikamaru.

− N-não sei cavalgar! – Shikamaru bradou.

− Me viu fazendo isso o tempo inteiro. Se estiverem ao nosso encalço e você não se prontificar em cavalgar no meu lugar, podem nos pegar em uma armadilha e a culpa será todinha sua por ser uma galinhazinha covarde.

− Oras, seu...!

− Não é difícil, Shika! – Konohomaru garantiu. – Basta guiar a rédea e não puxar demais ou o cavalo vai empinar. Você consegue!

− Então você sabe cavalgar, bonitinho? – Hanabi provocou.

− E-eu não! – Konohomaru gaguejou. – Apenas prestei muita atenção em você!

− Até demais. – provocou novamente, deixando-o corado como um pimentão, enquanto os cavalos seguiam um trote leve.

− Você consegue, Shikamaru. – Shino o tranquilizou. Shikamaru engoliu em seco.

− Que problemático! – disse, incomodado. – Teremos que trocar de posição?

Sai fez uma negativa.

− Segure as rédeas. – Entregou a ele. – Isso, cole o corpo mais no meu. Preciso de espaço. Assim.

Os garotos começaram a dar risadinhas.

− Vai sair da seca, ein Shika! – Naruto foi o primeiro a provocar.

− Finalmente vai matar o que tá te matando, Shikamaru! – Konohomaru prosseguiu.

Sai apenas sorriu de canto.

− Voltem às formações, garotos, isso não é para menores de idade. – Piscou para Konohomaru, que corou.

− E-ei! Eu já tenho 19 anos!

Todos gargalharam, dizendo que ele era um bebê. Os cavalos voltaram a trotar, no mesmo momento em que aves de tinta se desprenderam do pergaminho onde Sai desenhava.

Shikamaru não quis dizer nada, mas sentiu-se surpreso e extasiado diante daquilo que contradizia a realidade na qual era tão apegado.

X

As aves levantaram voo enquanto Sai fechava os olhos. Shikamaru sentiu-se incomodado.

− Como isso funciona? – Finalmente cedeu, pois o lado lógico conflitava com aquilo.

− Eles são como uma extensão de mim. – disse Sai, enquanto permanecia numa espécie de transe, balbuciando. – Vejo através de seus olhos, e me sinto como uma parte deles. Não posso liberar muitos de uma vez, mas... posso saber o bastante.

Shikamaru sentia-se como se estivesse em outro mundo – o que de fato estava.

− Isso é impossível de onde venho. – murmurou.

− Seu mundo parece chato e tedioso.

− Pintado em tons de cinza.

Pois Shikamaru só conseguia se sentir bem em tons de preto e branco. Em um tabuleiro de xadrez.

− Então vou dar cores ao seu mundo. – Sai respondeu, um sorriso pintando seus lábios, os olhos ainda cerrados. – Acelere.

− O quê?

− Acelere, vamos.

− Tch. Você é problemático!

− Não quer aprender a viver? – Sai tocou sua mão. Shikamaru estreitou os olhos, esporeando o cavalo como o vira fazer antes e este acelerou. Assim como seu coração.

X

Foi quando Sai viu através dos olhos das andorinhas de tinta. Algo que secou sua garganta. Imediatamente, abriu os olhos, apertando as mãos contra as de Shikamaru.

− Acelere.

− Eu não quero morrer!

− Confie em mim. Não podemos perder tempo. – O tom não era mais de troça e Shikamaru entendeu que aquilo era sério. Apenas acelerou mais, sentindo o corpo bem colado ao de Sai enquanto se aproximavam de Hinata. – Estamos sendo seguidos, senhora.

Hinata mordiscou os lábios.

− Quantos?

− Muitos. – Limitou-se a dizer. – Arqueiros inclusos. São os selvagens.

− Droga! – Hinata deu um sinal e os outros se aproximaram.

− O que houve? – Naruto perguntou.

− Estamos em perigo. – Sai limitou-se a dizer. – Eles estão muito próximos. O que faremos?

− Vamos nos separar. Nos encontramos na árvore do observatório. Será menos perigoso assim. – Hinata ordenou.

Naruto, Shikamaru, Shino e Konohomaru se entreolharam.

− Isso faz parte do jogo, caras, não se preocupem. – disse Naruto, querendo tranquiliza-los. – Vamos, Hinata, eu confio em você.

Confie em mim.

Shikamaru sentiu um comichão em sua nuca.

− Mendokuse! Vamos logo, pintor! – disse para Sai, que apenas sorriu.

− É, vamos logo com isso! – Konohomaru sorriu, entrando no espírito aventureiro.

− Eu irei aonde você for. – Shino murmurou para Kiba, que encolheu os ombros.

− É bom estar muito certo disso, cara. – disse com a voz rouca. Shino não deixou de notar o cara em seu linguajar. – Pois é atrás de nós que eles virão. Segure!

Shino segurou. E, enquanto os outros aceleravam, ele freou.

− KIBA! – Hinata gritou. Mas ele apenas acenou para ela. Não deixaria nada acontecer ao humano e chegaria em segurança. Teria que confiar nele.

− Kiba? – Naruto perguntou, enquanto seguiam em frente. Não era aquele o nome do ex-namorado de Shino que havia morrido?

¹ - A partida mais rápida de xadrez do mundo durou esse período de tempo.


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Notas finais do capítulo

Shikamaru gênio da matemática é meu espírito animal! No anime é confirmado que o QI dele é superior a 200! Meu bb muito gênio sim! Esse capítulo teve um foco maior nele, e também outras descobertas. Vamos todos odiar o Danzo, sim ou claro? Espero que estejam gostando, pessoal! Espero vocês nos comentários!



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