A Desconhecida escrita por Fofura


Capítulo 1
Claire




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Calma e silenciosa, Claire adentrava os portões daquele lugar sem vida, repleto de túmulos dos entes queridos de centenas de pessoas.

Mesmo sendo num momento em que o céu estava claro, aquele lugar não trazia boas sensações.

Era um lugar triste, sombrio… e sempre lhe causava arrepios. Todas as vezes que Claire visitava, sentia alguém lhe observando, mas nunca via ninguém. Mesmo assim, desconfiada, não deixava de ir todo mês.

Não era uma manhã fria, mas o vento que fazia balançava os cabelos brancos da menina.

Segurando uma rosa branca, Claire procurava pelo túmulo de seu anjo. Seus olhos azuis não demoraram para encontrá-lo.

Frente a frente com ele, repousou a rosa sobre a tampa e juntou as mãos, uma sobre a outra.

De repente, Claire começou a notar que a rosa branca estava escurecendo, e em questão de segundos ela foi tomada pelo preto. Tão perdida naquilo estava que nem percebeu alguém se aproximar.

— Olá…

Claire se assustou e olhou para o lado, onde a voz estava vindo. Deu de cara com uma mulher de cabelos negros e pele pálida, trajando um vestido branco. Para a menina, ela parecia uma pessoa normal, inofensiva. A garota não fazia ideia do porquê ela veio falar consigo, já que não a conhecia.

— Olá.- respondeu Claire forçando um sorriso para camuflar o susto.

Parece que não adiantou muito.

— Te assustei, não foi?

— Não, eu estou bem.- disse a jovem sem jeito. — Você viu isso?

— O que?

— A rosa ficou preta.

— Não, ela ainda está branca.

Claire olhou novamente e realmente a rosa estava branca. A menina franziu o cenho.

— Parente sua?- a estranha apontou para a lápide, mudando de assunto.

— Ah… sim. É minha mãe. Ou era…

— Desconfiei… Se parece com ela.

Claire estranhou.

— Conhecia a minha mãe?

A mulher não respondeu.

— Acha que eles vão para um lugar melhor?- ela generalizou para todos dos defuntos que ali “habitavam”.

— Espero que sim.

Claire não estava preocupada em conversar com uma desconhecida e nem de falar nesses assuntos com a mesma. Sentia falta dos que se foram, seria bom falar com alguém, mesmo que esse alguém tenha até o nome desconhecido por si.

— Eu não acho que todos vão… Bom, depende de que lugar você considera melhor.

— Como assim?

— Você teme a sua morte também?- mais uma vez, a mulher desviou de uma pergunta.

— Não muito… Aprendi a lidar com isso.

— Todos vão um dia, não é?- a mulher deixou escapar um sorriso no canto dos lábios. Claire não percebeu já que conversava olhando para o túmulo da mãe.

— Pois é…

Nada mais se ouviu por longos segundos. A mulher mantinha os olhos na menina. O silêncio foi quebrado pela mesma.

— Também veio visitar alguém?

— Não.- ela disse simplesmente.

Claire suspirou, a saudade apertava seu peito.

— Ela era linda…

— Era mesmo.

— A conhecia?- pela segunda vez, Claire perguntou.

Ela nada disse, porém assentiu lentamente.

— Queria ser sua amiga também.- a estranha acrescentou.

Gentil do jeito que era, Claire aceitou.

— Claro, eu posso ser sim.

A menina estranhou o modo como aquela estranha sorriu, mas não ligou.

— Podia me contar mais sobre a mamãe…

— O que sabe dela?

— Não muito.

— E sabe como ela morreu?

— Não… Ninguém nunca me contou. Não sei por que, mas não queriam que eu soubesse. Você sabe?

— Claire...?

A menina se virou ao ouvir a voz de seu pai.

— Oi pai.

Ele parecia assustado.

— Filha… com quem está falando?

Claire franziu o cenho.

— Como assim? Ela está… aqui do meu lado, pai.

— Claire… não tem ninguém aqui. Não estou vendo ninguém do seu lado.

Claire arregalou os olhos.

— Mas…- assim que olhou de volta pra mulher, quase saltou de susto.

Ela estava sorrindo de um jeito perturbador, com a cabeça caída pro lado e os olhos completamente tomados pelo branco.

A menina deu passos lentos para trás com os olhos vidrados na figura a sua frente.

Quem era aquela desconhecida e o que queria com ela?

— Pai, me diz que está vendo isso.

Ia se afastando devagar e a mulher a sua frente não se mexia.

Claire não ouviu a resposta de seu pai, não ouvia nada, nenhum sinal de que tinha mais alguém ali com ela.

— Pai?- virou-se e não encontrou ninguém e ao olhar pra frente novamente, a figura estava colada nela.

Só o que ecoou foi um grito, mas ninguém estava por perto pra ouvir.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e que o texto tenha causado o que eu gostaria que causasse em vocês kkkk
Fruto de um sonho, não sei se ficou bom, por isso me digam o que acharam, ta? ^^
Abraço de urso :3