Queen of Darkness — Interativa escrita por Khaleesi


Capítulo 5
Seus pensamentos estavam piores que filmes pornôs da Sasha Grey


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaa meus amores ♥ eu falo que vou demorar de postar e acaba tendo capítulo novo quase todo dia, né? Nossa, preciso parar com isso.
Esse capítulo está cheio de revelações, frustrações, intrigas e pegas ♥ sim, pessoas vão se pegar muito nesse capitulo e.e ok, sem spoiler.
Eu me inspirei em Teen Wolf numa parte do cap, peço que não se importem. Espero que gostem desse daqui, o maior capítulo até agora, me desculpem se ficar cansativo.
Amei as fichas que recebi até agora, continuem mandando ♥ em breve o personagem de todo mundo vai aparecer.
Nesse capítulo vocês vão conhecer a bitchy da Ordem kasjndkja sem mais delongas, vos deixo com o cap.
Beijão, vejo vcs nas notas finais!



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A noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão.
(Mário Quintana)

Swish Swish — Katy Perry

*Stamford, 31 de maio, 9:15AM PoV Aliyah Szlachta

Há dois dias, Aliyah havia ido à biblioteca junto com Khris para que descobrissem seu poder. Dominador da psicometria, Khristopher e ela agora andavam pelo hall de entrada.

— Bem, de acordo com o cristal, você pode ver acontecimentos ao tocar em certos objetos — riu ao lembrar da cena na cozinha — ou pessoas.

— Sim — a acompanhou no riso. — No dia que eu cheguei, quando toquei em você, eu vi uma coisa... — Ele parou de andar, começando a olhar para a menina morena. — Estava tudo meio embaçado, mas parecia frio, obscuro.

— É claro — Liah sorriu, dando de ombros —. Eu sou a rainha da escuridão, já era de se esperar.

— Não, era diferente. Como se... não viesse de você, entende? — A intensidade na fala de Khris realmente a assustava. E também a deixava curiosa.

— Bem, se não vinha de mim, de quem viria?

— Não acha que está exigindo demais para um novato? — O garoto riu. — Eu ainda não consigo ver as coisas claramente, mas eu senti perigo.

— Sem ofensas, mas não acho que preciso ter medo aqui no castelo. Tudo é muito seguro. Até demais.

Khris ficou quieto por um tempo, apenas olhando para ela. Aliyah se sentia um tanto intimidada. O olhar do garoto, por algum motivo, a deixava sem graça. Virou a cabeça para o lado, tentando fugir daquela situação embaraçosa. Pigarreou, fazendo com que Khristopher voltasse a andar.

— O que há de errado com você? — Perguntou, na lata.

Aliyah arregalou os olhos.

—Comigo? Oras... nada! Você é quem fica me olhando como se... — Procurou palavras, mas não achou nada que se encaixasse em sua frase. Corou, inconscientemente.

— Como se eu estivesse interessado em você? — Sorriu, parando novamente. Liah não soube o que responder. — Não, não estou.

Ok, aquilo tinha sido um mega tapa em seu rosto.

— Como você ousa falar uma coisa dessa? Eu nunca, em hipótese alguma, achei que você estava afim de mim — a garota cruzou os braços, estressada.

— Então não há o que se preocupar — disse Khristopher, voltando a andar.

Idiota, pensou consigo mesma. Será que não era atraente o suficiente? Foi isso que o menino quis dizer?

— Você é bonita, é claro — falou Khris, como se pudesse ler sua mente. — Porém não faz meu tipo.

Aliyah revirou os olhos.

— Podemos encerrar esse assunto? Não é como se você fizesse meu tipo — tentou rebater, o que arrancou mais risadas do menino.

— Não? E quem faz seu tipo?

Sem saber muito o que responder, soltou a primeira coisa que veio em sua cabeça. A parte triste foi que alguns segundos depois ela se arrependeria.

— Daemon faz.

— Eu faço? — O imtzäki apareceu atrás deles, de repente.

Aliyah abriu a boca, sem saber o que falar, e simplesmente saiu correndo. Literalmente.

— É, parece que alguém aqui acabou de passar vergonha — soltou Khristopher, aos risos.

Daemon balançou a cabeça para os lados, evitando rir, mas um sorriso acabou escapando.

~ * ~

Após pagar o que ela chamaria de “maior mico de toda sua vida” (retirando a vez que caiu na lata de lixo da escola), Aliyah sentou-se com Bianca e Daria na sala de televisão. A ruiva folheava uma revista qualquer, enquanto Bia lia pela trigésima vez Romeu e Julieta. De repente, subiu na mesa de centro e pigarreou, posicionando um de seus pés à frente do outro, como se fosse clamar um discurso.

 — Fale, anjo, outra vez, pois você brilha. Na glória desta noite, sobre minha cabeça, como um celeste mensageiro alado. Sobre os olhos mortais que, deslumbrados, se voltam para o alto, para olhá-lo, quando ele chega, cavalgando nas nuvens, e vaga sobre o seio desse espaço.

Daria levantou uma sobrancelha, e Aliyah gargalhou alto.

— O que há de errado com essa aí? — A imztäki perguntou, abafando o riso.

— Ah, vamos! Isso é um clássico de Shakespeare! — Falava, enquanto descia da mesa.

— Ela sempre é estranha assim? — Voltou a perguntar, a ruiva.

— Que nada, só de vez em quando — brincou Aliyah.

Daemon entrou no aposento, seguido de outra garota. Ela era alta, tinha cabelos castanhos e lisos, presos num coque, e olhos amarelo-esverdeados. Ainda envergonhada, Liah olhou para baixo, evitando contato direto com seu guardião.

— Meninas, essa é Jade — a mulher sorriu. — Ela é uma imztäki que encontrou sua kiä, a qual virá para a Ordem essa tarde. Jade, essas são Daria, Bianca e Aliyah.

— Oh, essa é a rainha da escuridão? — Falou, com voz de escárnio. — Acho que esperava um pouco mais que uma criança.

Liah levantou uma sobrancelha, enquanto Daria ria.

— Desculpe?

— Força da expressão — riu Jade. Virou-se para Daemon. — Bem, de qualquer forma, Marilyn estará aqui em algumas horas, e ela é um tanto — sorriu, antes que pudesse completar — intensa. Além disso, ela é mais experiente que todas vocês juntas. Portanto, preparem os corações. — Disse, saindo do aposento.

— Eu estou sentindo que essa “Marilyn” — Bianca fez cara de desgosto — vai ser uma baita de uma vagabunda.

— Concordo com a discípula de William Shakespeare — debochou Daria.

— Eu sei que não fui nem um pouco com a cara dessa Jade — Aliyah parecia indiferente.

— Não deveria ser tão dura com ela. Jade é uma pessoa muito legal e brilhante. Não acho que deva se sentir ameaçada só porque ela é bonita — disse Daemon, indo atrás da imtzäki.

— O-oh — riu a ruiva — eu senti isso em mim.

Bianca abafou o riso, em forma de solidariedade.

— Cale a boca, Daria — bufou Aliyah, procurando uma revista qualquer para folhear.

*Oxford, 31 de maio, 11:12AM PoV Marilyn Schwanskymann

Lyn cresceu com seus pais e seus dois irmãos menores. Sempre fora uma menina muito doce e meiga, gentil com todos e muito humilde. Seu amor por ajudar os outros era tanto que ela fazia comerciais de graça como modelo fotográfica para arrecadar fundos para instituições caridosas. Sua mãe sempre fora muito rígida com ela, e sempre teve o nariz muito empinado. Ex-modelo, sua mãe sempre a ensinara à ser “a melhor” em tudo que fazia. Seu pai já era mais tranquilo, político. Sempre a ajudava em todos os seus projetos de caridades e tudo que precisava.

Quando seu pai morreu, Lyn tinha apenas 15 anos. Ela fechou-se em seu próprio mundo, começou a estudar muito e virou uma menina “rebelde”. Caridades e coisas do tipo não faziam mais parte de seu dia-a-dia. Ela virou uma pessoa amarga e fria, totalmente o oposto do que era. Sua relação com sua mãe só piorava a situação, ainda mais quando ela se casou novamente. Pouco depois de completar dezesseis anos, sua mãe teve um filho com seu padrasto, o pequeno Joey. Podemos dizer que este pequeno era a única fonte de alegria de Marilyn, já que seu outro irmão de quatorze anos não dava a mínima para ela. Sua relação com sua mãe piorava cada vez mais, e ela decidiu fugir de casa apenas para se livrar de sua família.

Um dia, ela passeava pelas florestas de Oxford e percebeu que estava sendo seguida. Esperta, se escondeu e esperou até que a pessoa aparecesse. Avistou um homem grande, com olhos bem amarelos e dentes afiados. Um akhlin. O homem saltou sobre ela, mas um lobo grande pulou no homem e a salvou. A partir desse dia, começou a entender mais sobre a Ordem e sobre o elo katzën que havia estabelecido com Jade. Treinou por diversos meses o seu poder antes que sua imtzäki decidisse que ela estava pronta para ir ao castelo, e este dia chegara.

Faltavam alguns minutos para que se livrasse, finalmente, de sua casa. Teria uma nova vida, com novas pessoas. O carro que Jade prometera arranjar para buscá-la havia chegado, um Cadillac XTS. Dentro dele, sua melhor amiga.

— Da próxima vez que me fizer esperar tanto, irei arrancar os seus olhos.

Jade riu.

— Entre logo, a Ordem lhe espera.

Marilyn abriu a porta do carro e entrou, pondo o cinto. A imtzäki começou a acelerar, saindo de vez daquele local.

— Olhe, peço-lhe que tenha paciência com os Cavaleiros. Nem todos tiveram o preparo que você teve. E bem, ainda são inexperientes.

— Nem todos tiveram uma boa guardiã como eu — riu Lyn. — Você sabe que paciência não é um problema para mim, porém também sabe que eu não dou a mínima para eles.

— Não precisa ser tão egocêntrica.

— Quem decide isso sou eu, não acha? Cuide de você mesma, Jade. Tentar minha “irmã mais velha” está antigo.

A imtzäki decidiu que não deveria discutir com Marilyn. Afinal, ela sempre vencia de qualquer maneira.

*Stamford, 31 de maio, 12:23PM PoV Aliyah Szlachta

A porta do hall de entrada abriu suavemente, e duas figuras apareceram. Uma, Aliyah já conhecia. Era Jade, a imztäki que fizera Daemon ser rude com ela. A outra, deveria ser a nova Cavaleira. A recém-chegada era magra, porém tinha um corpo escultural que obviamente estava chamando muita atenção, ainda mais com o vestido azul claro que usava. Era baixa, ainda assim mais alta que Aliyah. Seu rosto era fino e delicado, e sua pele branca como a neve. Sua boca fina estava munida de um batom bem vermelho, e ela chupava um pirulito. Suas bochechas eram naturalmente rosadas. Ela passava uma imagem de garota boazinha, com seu sorriso brilhante e seus dentes perfeitos. Mas Liah sabia que por trás daquela pinta toda de menina legal, havia algo errado.

A menina tirou os óculos escuros, revelando olhos lindíssimos. Eles eram negros, delicadamente puxados para o lado, uma coisa meio egípcia. Seus cabelos eram delicados e elegantes, longos e ruivos, um ruivo claro, bem brilhante.

Todos estavam encantados com a beleza da menina, até mesmo Aliyah. Daemon não parava de olhar para o sorriso dela, o que tirou a kiä totalmente do sério.

— Olá, meu nome é Marilyn, como já devem saber — disse, tirando o pirulito da boca.

Daria foi a primeira a se apresentar.

— Daria. Essa é Bianca — apontou para a morena, que fazia uma cara azeda.

— Olá — disse Marilyn, passando direto sobre eles, parando em Daemon. — E você, bonitinho? Como se chama?

— Daemon — o imtzäki pegou na mão dela e depositou um beijo. Aliyah podia esmagar os dois nesse exato momento. A pior parte é que Daemon havia olhado para ela antes de fazer isso, então sabia muito bem que ela estaria prestando atenção.

— Khristopher — o menino apressou em dizer.

— Prazer em lhe conhecer. Vocês todos, na verdade. — A menina virou-se para Liah. — Aliyah, não é? — A morena ficou em silêncio, simplesmente negou respondê-la. Percebendo que iria ser ignorada, mudou de assunto. — E então, Daemon, pode me mostrar aonde vou ficar?

— Com prazer — o homem começou a subir as escadas, seguido de Marilyn e Jade.

Khris riu e olhou para Aliyah.

— E parece que seu dia só melhora.

Pequenas fagulhas negras se formavam ao redor de Liah, a deixando com uma aura sombria. O lugar ficou um tanto frio, até que Bianca se aproximou dela.

— Ei, olha o que você está fazendo — disse, assustada.

Aliyah se deu conta que estava sendo realmente puxada pelo lado obscuro que havia em si. Porque agira daquele jeito? Nunca em toda a sua vida havia sido tão impaciente. Nos últimos dias aquilo tudo só piorava.

— Ahn, desculpe — disse, indo em direção ao seu quarto. Parou, subitamente. — Alguém viu Clair?

— Cozinha — Lílian se pronunciou pela primeira vez em alguns minutos. — Ah, falando nisso, o almoço está pronto.

~ * ~

Após terem que esperar Marilyn tomar banho e terminar de se arrumar, sentaram para finalmente comer. Bianca havia sentado entre Aliyah e Lilian, e o mais distante possível da nova Cavaleira. Khris, ao contrário de Bia e Liah, havia escolhido um assento ao seu lado, juntamente à Daemon. Daria e Clair conversavam sobre um imztäki qualquer, enquanto os dois meninos tentavam puxar papo com Marilyn, que falava de todo assunto com eles. Aliyah tinha de admitir, ela era realmente muito inteligente.

— Marilyn — chamou-a, o que ninguém nunca esperaria. A mesa inteira fez silêncio.

— Sim?

— Esquecemos de lhe levar ao cristal, após a refeição iremos identificar o seu poder — disse, colocando comida na boca.

— Bem, eu não acho que eu vá precisar.

— Como não? Todos precisamos. Não quer saber o que vai dominar no futuro? — Jade, que acabara de chegar na sala de jantar, riu ao ouvir a fala de Aliyah.

— Não seja ingênua, garota. Marilyn já domina seu poder, já tem certo controle sob ele, diferente de vocês.

Lyn olhou para sua imtzäki levantando a mão, e alguns pratos começaram a levitar.

Aliyah se espantou. A menina realmente sabia dominar seu poder.

— O que é isso?

Lyn revirou os olhos.

— Sério que logo você é a rainha da escuridão? Uma pessoa lerda assim não serviria nem para liderar alguém, quanto mais ter um poder tão perigoso que aposto que você não sabe usar.

O segundo tapa na cara do dia.

— Como é que é? — Liah se levantou de vez da cadeira.

— Isso vai ser interessante — murmurou Khris.

— Você acaba de chegar aqui e já acha que pode roubar meu imtzäki, passar de boazinha para meus amigos e ainda criticar meu poder e a minha capacidade de dominá-lo? Não se atreva! — Os olhos da menina morena fulminavam de raiva, e cuspiu aquelas palavras com tanto ódio que ninguém na mesa se pronunciou de forma alta e clara.

— Ela não deveria ter falado nada, Marilyn vai massacrá-la — riu baixo, Jade. Bianca revirou os olhos.

A ruiva olhava para Aliyah como se fosse um animal a ser estudado. Sua voz era calma.

— Não só acho que posso sim lhe criticar como já estou o fazendo. Não preciso de seu imtzäki, se ele sentou ao meu lado hoje é porque ele prefere a minha companhia, não a sua. E nunca, de forma alguma fale comigo nesse tom novamente. Estamos entendidas?

Aliyah estava desarmada. Haviam acabado os seus argumentos, e ela simplesmente partiu para cima de Marilyn com um punho formado. Antes que Liah pudesse chegar à dois metros de Lyn, a ruiva simplesmente gesticulou com a mão, como se estivesse empurrando alguma coisa. E de fato, estava. A morena estava agora prensada contra a parede, sem conseguir se mover. Se debatia ferozmente na tentativa falha de tentar se livrar do campo de força invisível que a mantinha presa.

A primeira a cair na risada foi Jade. Khris logo depois, seguido de Daria, Lilian e Bianca. O único que manteve a face dura foi Daemon, que olhava com total ar de desaprovação para Aliyah. Poucos segundos depois, Marilyn abaixou a mão.

— Da próxima vez que quiser me bater, vai ter que se esforçar mais um pouquinho.

Liah simplesmente deu as costas e saiu andando, sem falar mais nada. Simplesmente percebeu que não valia a pena estar ali.

~ * ~

Após o desastre que havia sido aquele almoço, Aliyah decidiu sair um pouco do castelo. Estava nos jardins observando algumas flores, quando alguém chegou atrás dela.

— Vá embora — disse ao menos sem olhar quem era.

Khris bufou, andando em direção dela e parando ao seu lado.

— Não me ouviu? — A menina reclamou.

— Ouvi. E é por isso que vou continuar aqui.

Aliyah revirou os olhos. A última coisa que ela queria naquele momento era lição de moral do cara que havia debochado dela o dia inteiro, por isso saiu andando.

— Ei, espere — ele correu até estar ao seu lado novamente — desculpe se fui um completo idiota com você hoje.

— Estou acostumada, pessoas são estúpidas.

Khristopher segurou a cabeça da menina entre as mãos e olhou bem no fundo de seus olhos.

— Não odeie todas as rosas apenas porque uma lhe espetou.

Talvez fosse uma coisa estúpida a se fazer, mas aquele olhar a desconcertava. Inclinou a cabeça para frente e depositou um beijo em Khris. O menino, sem saber exatamente o que fazer, soltou a cabeça dela e levantou uma sobrancelha.

— O que exatamente você está fazendo?

— Droga. Foi inconsciente, me desculpe. Mas é porque você me olha desse jeito que me deixa toda sem graça e... — foi interrompida pelo dedo de Khristopher.

— Você fala de mais, Aliyah — riu, e ela o acompanhou. — Mas isso te fez sentir melhor?

— Te beijar? — Perguntou. Khris assentiu. — Bem, acho que sim — disse, olhando para baixo. O menino levantou sua cabeça, e olhou em seus olhos novamente.

— Se te deixa melhor, pode fazer mais vezes.

— Não se preocupe, eu sei que eu não faço seu tipo.

— Isso não significa que eu vá lhe negar um beijo de vez em quando.

Aliyah riu.

— Muito altruísta, você.

— Eu faço o que posso — riu. — Agora venha, vamos dar uma volta pela cidade.

~ * ~

Khristopher havia a levado num parque. Havia dito a ela que costumava ir muito ali quando menor, para correr. Os dois andavam calmamente pela grama. O céu estava lindo, e vários pássaros cantavam alegres pelas grandes árvores que os cercavam.

— Eu gosto de vir aqui de vez em quando só para matar a saudade.

Aliyah sorriu. Por trás daquela pessoa dura e sarcástica, Khris era muito gentil. Um carrinho de sorvete passou por eles, e ela fez questão de pegar um.

— Deuses, há quanto tempo eu não tomo um desses.

— Uau — riu o menino.

— Eu sempre tomava sorvete com meu irmão, mas... — ela não terminou, era um tanto doloroso falar sobre sua família.

— Mas?

— No dia do meu aniversário, eu cheguei em casa e meus pais estavam mortos. O Dominic... bem, estava desaparecido — ela olhava para o horizonte, lembrando do momento.

— Oh céus, você é a menina do noticiário — riu Khris. — Desculpe, não deveria ter rido. É que nesse dia, minha mãe me disse quem você era, mas eu havia me esquecido completamente.

— A incendiária assassina? — Riu ela, tristemente.

— Eu sinto muito sobre eles. Não podemos fazer nada pelos seus pais, mas podemos achar seu irmão. Ou tentar, ao menos.

— Obrigada. Você está sendo muito legal comigo essa tarde, totalmente diferente dos últimos dias.

— É que eu gosto de lhe irritar — riu.

— Idiota —a kiä lhe deu um soco fraco no braço. Ia falar alguma coisa, mas aí percebeu que do nada o parque havia ficado vazio. — Khristopher, onde está todo mundo?

O menino girou algumas vezes na procura, antes de olhar para o céu. Nuvens carregadas se formavam, e um vento forte começou a soprar. Como no dia do aniversário de Aliyah.

— Isso não é bom — ela comentou, antes que alguma coisa pulasse sobre Khristopher.

Seu sorvete havia caído no chão, e ela lamentou internamente por isso. O akhlin era um homem alto e forte, de pele morena clara. Seus olhos eram amarelos como ouro, e ele tinha uma cauda. Espere, ele é um escorpião? Pensava consigo mesma, enquanto tentava pensar em como podia ajudar seu amigo.

— Corra, Aliyah! Agora! — Disse Khris, com dificuldade.

Ela não o fez. Não podia simplesmente abandoná-lo ali, e tentou juntar forças para que pudesse usar seus poderes para alguma coisa, mas falhou. Não haviam facas ou objetos afiados por perto, então pegou uma pedra próxima e o atirou em cima do akhlin. A esse momento, Khris já havia sido picado, e estava inconsciente. O animal estava indo em seu encontro, até que uma flecha se encravou em sua cabeça. Olhou para o lado, e lá estava Bianca. Nunca esteve tão grata por ver a citadora de Shakespeare. Daemon também estava com ela.

— O que infernos vocês dois estavam pensando ao sair do castelo sozinhos? — Ele disparou, indo em direção à Khris.

— Nós só estávamos...

— Nunca saia de lá sem avisar a alguém. Se eu e Bianca não estivéssemos seguido vocês, estaria morta agora.

— Espere, você me seguiu? — Disse, indignada. Olhou para a outra Cavaleira, sem acreditar.

— Desculpe, ele meio que me obrigou.

— Isso não importa, Aliyah! Você foi uma completa idiota hoje o dia inteiro, foi rude com os novos Cavaleiros e agora agiu de forma displicente. Por sua culpa, Khristopher podia ter morrido! E você também! — Ele estava com um celular na mão, e ligava para Clair. Olhou para Bianca. — Me ajude a colocá-lo no carro.

Os dois carregaram o garoto inconsciente por alguns metros, até que abriram a porta do Cadillac e o colocaram no banco traseiro.

— Entre, vamos logo — disse Daemon para Aliyah, que assim o fez. Estava enfurecida, mas parte dele tinha razão. Era sua culpa que a vida de Khris corria perigo.

~ * ~

Khristopher estava deitado em sua cama, enquanto Bianca, Daemon e Jade estavam em volta. Aliyah segurava sua mão, preocupada.

— A única forma de tirar o veneno de dentro dele é se a Marilyn fizer isso. E bem, ela não vai querer ajudar esse menino, pois ele é seu amigo — disse Jade, indiferente. — Você pode tentar pedir desculpas a ela.

— Não.

— Então o garoto morre — tossiu a guardiã.

— Que tipo de vagabunda essa menina é? Prefere deixar alguém morrer sem motivo nenhum apenas por charminho? — Bianca estava furiosa. Havia chegado há apenas dois dias na Ordem, mas já havia percebido como altruísmo tinha que ser uma coisa importante por ali.

Jade levantou uma sobrancelha e olhou para a morena com desgosto.

— Eu acho que vocês ainda não aprenderam que não podem discutir com Marilyn, muito menos reclamar das atitudes dela.

— Desculpe, desde quando ela virou a deusa da Ordem? Ela por acaso é intocável? É algum tipo de ser místico que deve ser respeitado por tudo e por todos, sem que ninguém reclame de nada? Sinto muito, mas isso é patético. E eu me recuso a aceitar tudo que ela faz de cabeça baixa. Aqui todo mundo é igual, não existe isso de melhor que ninguém — Bianca estava em chamas. Não literalmente, é claro (o que seria irônico, dado o seu poder de pirocinese). — Não é porque a Marilyn sabe dominar seu poder melhor que nós, que ela controla esse lugar. Lembre-se que ela teve treinamento por meses antes de chegar aqui, e eu tenho certeza que em algum tempo, qualquer um vai deixar essa menina no chinelo. Então, se eu fosse você, eu iria buscar essa menina agora antes que eu a mate enquanto ela dorme. E quanto mais o tempo passa, menos tempo o Khristopher tem. E se alguma coisa acontecer com ele, pode ter certeza que vocês vão ter travado uma guerra.

Aliyah estava embasbacada. Na verdade, todos ali estavam. Acho que ninguém imaginava que ela tinha esse senso de justiça tão grande dentro de si.

— Droga, onde ela está? — Liah disse.

— Bem aqui — disse a ruiva, adentrando o aposento. — Eu disse que você era inútil, não serviu nem para salvar a vida de seu amigo.

— Você vai ajudá-lo ou não? — Perguntou Bianca, amarga.

— Eu vou manipular o veneno dentro do corpo dele para que saia pelo ferimento. Há duas opções: eu fazer isso certo e ele viver, ou sem querer cometer algum erro e acabar alojando o veneno em seu coração — sorriu a ruiva, de canto. — Vendo que Aliyah estava para pular em seu pescoço, revirou os olhos e acrescentou: — estou brincando, pelo amor de Deus.

Marilyn sentou na cama e levantou a mão. O veneno começou a se mexer dentro do corpo de Khristopher, que começou a tremer. Após alguns minutos que para Liah foram agoniantes, finalmente um líquido amarelo começou a sair pelo buraco causado pela cauda do akhlin. Khristopher tossiu.

— Khris — sorriu Aliyah.

— Quem é você? — Perguntou o menino. Após ver a expressão petrificada no rosto de sua amiga, Khristopher riu. — Estou brincando, boba.

— Idiota — Liah deu novamente um soco de leve no seu braço. — Você me deu um susto hoje, sabia?

— Eu não ia morrer e te deixar sem meu altruísmo — sem os beijos, ele quis dizer. Aliyah entendeu a referência e riu.

— Você precisa descansar — Daemon se pronunciou após bastante tempo em silêncio, e fez menção para que o deixassem sozinho.

Khristopher assentiu com a cabeça e fechou os olhos, virando um pouco para o lado. Todos acabaram por sair do quarto, mas Aliyah continuou ali, imaginando como a tarde com ele havia sido divertida antes do acidente.

*Stamford, 31 de maio, 03:50PM PoV Daemon

Daemon estava sentado na biblioteca lendo um livro qualquer, quando Marilyn chegou.

— Olhe quem eu achei.

Daemon olhou para ela e sorriu.

— Olá — disse, fechando o livro. — Olhe, obrigado por ter salvado o Khristopher, a Aliyah as vezes é tão...

— Descontrolada? Burra? Estúpida? Tola? — Debochou Lyn.

— Teimosa — ele riu, olhando pra baixo.

— É sua namorada?

Daemon olhou para ela, com uma sobrancelha levantada.

— Não, claro que não. Ela é minha kiä e nada mais que isso.

— Bem, então espero que ela não se importe com o que eu vou fazer — disse Marilyn, puxando Daemon para um beijo. Ele, de início, ficou um tanto confuso. Não sabia muito bem se era autorizado a fazer aquilo. Mas se deixou levar pela emoção. Ele a encostou na parede, a beijava com ferocidade até que ela para.

— O que você está fazendo?

— Como assim?

— Suas mãos.

— Elas estão em sua cintura...

— Eu sei. O que eu sou, uma freira? As coloque num lugar útil.

Daemon a puxou para cima, fazendo com que suas pernas cruzassem a cintura dele.

— Assim está melhor?

~ * ~

Todos estavam sentados na sala de televisão, menos Aliyah e Khris, quando Daemon chega. Sua boca está vermelha e com batom borrado, e Marilyn vem logo atrás dele, um tanto descabelada. Daria é a primeira a rir.

— Estou dando graças que nossa rainha não está aqui para ver isso.

— Sério, Daemon? Sério mesmo? — Perguntou Bianca, com certo desgosto.

— Não contem a ela, por favor.

— Vai mentir para sua kiä? — Disse Lilian.

— Uma pequena mentira.

Bianca viu o momento perfeito para citar Shakespeare.

— As pequenas mentiras fazem o grande mentiroso.

Clair olhou para ela.

— Não sei de onde tiras tantas citações — e levanta uma sobrancelha, e Bianca ri.

— Bem, de qualquer forma, ela não precisa saber disso — disse, limpando a boca do resto de batom que sobrara. Afinal, o que os olhos não vêem, o coração não sente, certo?

Errado. Erradíssimo.

*Stamford, 31 de maio, 07:32PM PoV Aliyah Szlachta

Todos haviam se sentado para jantar. Até Khristopher e Aliyah, que passaram boa parte da tarde dentro do quarto. Conversavam e riam, como se não tivesse acontecido nada durante o dia cheio de intrigas. Dessa vez, Khris sentara perto de Liah e Daria, enquanto Daemon e Marilyn conversavam entre si.

— Eu queria agradecer — começou Aliyah, e todos se silenciaram — à Marilyn por ter salvado a vida de Khris. E me desculpar pelo meu comportamento de hoje. Eu não costumo ficar tão irritada com pequenas coisas, mas esse lance todo de rainha das trevas está mexendo comigo. Literalmente.

Lyn levantou uma sobrancelha e olhou para Daemon.

— Um brinde à minha inteligência e perspicácia.

Aliyah preferiu levar aquilo na brincadeira, então brindou, assim como todos.

~ * ~

O jantar havia acabado, inacreditavelmente, sem conflito algum. Aliyah estava saindo do aposento, quando a mão de Daemon segurou seu braço.

— Ei, posso falar com você por um instante? — Ele disse. Liah ainda estava ressentida por tudo que ele havia dito para ela durante o dia, mas assentiu.

Foram para os jardins. O céu estava muito estrelado, e o clima estava agradável. Andavam calmamente, em silêncio. Até que Aliyah, para variar, perdeu a paciência.

— Vai me dizer porque me trouxe aqui ou vamos continuar só andando?

— Tenha calma.

— Não, Daemon. Não tenho calma — disse, parando.

O imtzäki suspirou.

— Você foi muito patética hoje, sabia?

— Se for me dar lição de moral, eu saio daqui agora.

— Não é lição de moral, Aliyah. Tem que entender a responsabilidade que está sob você. Entenda, você é como uma líder na Ordem, e se não começar a se portar como uma, receio que irão querer tomar seu lugar.

— Marilyn vai querer, é o que quer me dizer.

— Não tem tudo a ver com Lyn — ela levantou a sobrancelha quando ele a chamou por um apelido, mas o deixou continuar —, ela só quer alguém com capacidade para o fardo que você está segurando, apenas isso. Olha, você tem essa capacidade, só precisa mostrar isso para as pessoas para que não seja taxada como irritadiça ciumenta.

— Eu sou irritadiça, mas não sou ciumenta.

Daemon gargalhou.

— Não? Como não é ciumenta?

— Não sendo. Eu apenas me preocupo com você, nada mais que isso.

— Bem, então não vai se irritar se eu te contasse uma coisa, não é?

— Eu sei sobre você e a Marilyn.

Daemon arregalou os olhos.

— Sabe?

— Acho que às vezes você se esquece do nosso elo empático. Eu podia ouvir seus pensamentos pervertidos do terceiro andar, e acredite, não foi uma coisa muito boa.

O homem corou.

— Oh. Hum, desculpe — riu. — Eu não sabia que estaria me espionando.

— Não é culpa minha. Acho que a pessoa precisa de força de vontade para que os pensamentos dela não vão parar na cabeça da outra. Eu aprendi a me controlar — riu Aliyah. — Deveria fazer o mesmo, seus pensamentos estavam piores que filmes pornôs da Sasha Grey.

— Oh céus, vamos mudar de assunto — gargalhou o imtzäki.

~ * ~

Aliyah estava deitada em sua cama pensando a respeito de seus últimos dias. Ela havia conhecido um esportista que a irritou muito, uma menina que a prensou contra a parede e não no bom sentido, quase morreu e levou muitas lições de moral de seu guardião. Poderia ter sido pior, pensava ela. Tudo bem que o Daemon estar com a Marilyn não é lá uma das melhores coisas do mundo, mas eu supero. Tenho o altruísmo do Khris para isso, riu ela.

Pegou um livro para ler, mas começou a sentir uma forte dor de cabeça. Ótimo, meu dia não pode piorar, pensou, antes de se deitar em sua cama. Optou por dormir, mas mal sabia que aquela má sorte logo seria coisa pequena perto dos acontecimentos que estavam por vir.

*Stamford, 01 de junho, 10:22AM

O doce cheiro de panquecas invadia as narinas de Aliyah. Há poucos minutos, uma bandeja cheia de comida havia sido posta em sua mesinha de cabeceira. Naquela manhã não havia se sentido muito bem, por tal motivo pedira para que seu café da manhã fosse entregue em seu quarto. Ou ela só não queria ver todo o amor que estava ocorrendo entre Daemon e Marilyn. Sorriu ao ver que haviam várias coisas que ela gostava. Clair parecia conhecer a menina com a palma de sua mão. Levantou-se da cama, ainda sonolenta, e abocanhou um pedaço de pão fresco.

Após comer o que restara, levantou-se e decidiu tomar um banho quente. Abriu a torneira e deixou a água quente preencher a grande banheira. Enquanto esperava, ficou se olhando no espelho. Havia passado a noite inteira com fortes dores de cabeça, e sua aparência estava horrível. Seu rosto estava estranhamente mais magro, as olheiras eram profundas e escuras, e sua boca estava seca e um tanto rachada. Bufou, pensando no que poderia ter a deixado dessa maneira. Lembrou do que Khristopher havia falado para ela no dia anterior, trevas a rodeavam. Talvez finalmente aquilo estivesse afetando a sua aparência.

Pronta para despir-se, escutou um barulho atrás de si. Virou-se subitamente, assustada

— Daemon?

Sem resposta. Sentiu um frio passar perto de si, e passou a mão em seu braço. O quarto ficava cada vez mais escuro, e ela via um vulto negro. Virava, desesperada, para todos os cantos, na esperança de encontrar alguém.

— Olá? Quem está aí? — Perguntava, contudo, continuava sem resposta alguma.

O vulto pareceu se aproximar. Ok, Aliyah. Talvez você só esteja alucinando, pensou ela. Pode estar beirando à loucura, e é isso que vai acontecer. Afinal, você vai virar uma psicopata/maníaca/rainha das trevas.

— Amaldiçoada — o vento soprava em seu ouvido.  A voz era dura e cortante, como o fio de uma navalha. E não parava, cada vez ficava mais alto e mais perto, até que o vulto parou em sua frente. Tomou forma, não era apenas uma sombra. Era uma pessoa encapuzada. O manto negro cobria seu corpo todo, sendo impossível identificar seu rosto.

O quarto ficava cada vez mais frio, e ela dava passos para trás na tentativa falha de fugir da pessoa misteriosa em sua frente.

— Quem é você? O que você quer? — Gritava, mas ainda sem resposta. Quando mais se afastava, mais o vulto se aproximava.

O riso ecoou no aposento, e a garota começou a sentir uma dor imensurável em seu abdômen. Quando olhou para baixo, uma lâmina negra se alojava no lado direito de seu flanco. Urrou, caindo de joelhos no chão. A porta de seu quarto se abriu com um estrondo, Daemon, Clair e Lilian estavam ali. Foi a última coisa que viu antes de tudo rodar e ela cair no chão.

 


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Notas finais do capítulo

NÃO ME MATEMMM. Eu sei, eu destruí o shipp AliyahXDaemon de vocês, eu sou uma pessoa cruel. Destruo OTP's, então não se apeguem e.e
Olhem pelo lado bom, a Liah parou de ser uma ciumenta/maníaca auheua parei.
Dêem uma olhadinha nos novos personagens que surgiram no tumblr da fic!
Enfim, até breve! ♥ acho que não vou demorar muito de postar cap novo.