O Ar Que Ela Respira escrita por Alyssa


Capítulo 6
Quinto ou Inesperado


Notas iniciais do capítulo

Ainda não está revisado, mas queria vos deixar o capítulo antes de sair. Espero que gostem e se o fizerem, não se esqueçam de comentar por favor ♥



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Quando Scorpius e Lily finalmente abandonaram a pista de dança, a madrugada já ia avançada. Ele ainda podia sentir os contornos belos do seu corpo pressionado contra o seu, como se desde sempre ela houvesse sido feita para pertencer ali mesmo, entre os seus braços e a um toque das suas mãos. Era um pensamento perturbador — demasiado — principalmente para quem se gabara da sua racionalidade e astúcia a vida toda.

Afinal, Scorpius fora um Slytherin nato. Pertencera àquela casa de uma forma tão natural e indiscutível como o fato do céu ser azul ou a grama verde. Orgulhava-se em possuir as suas melhores características e ao contrário dos Gryffindors, todos eles impulsivos e imprevisíveis, preferindo a emoção à lógica, Scorpius nunca fora dado a pensamentos que não soubesse controlar.

Como se isso não bastasse, ele estava a ser lentamente consumido pela chama do desejo. O que era inconcebível porque Lily nem fazia o seu tipo usual: nunca tivera um interesse particular por ruivas e sempre preferira mulheres mais voluptuosas. Lily era o oposto de tudo isto, com curvas delicadas e pele cálida, como uma boneca de porcelana.

A única explicação lógica, imaginava ele, era que Merlin era demasiado cruel. Ou, quem sabe, talvez apenas tivesse um péssimo sentido de humor, porque não era normal ser Lily o recetáculo de toda aquela loucura. Lily, a mesma Lily que era a irmã caçula do seu melhor amigo. Lily, que não tinha um pingo de sangue bruxo a correr-lhe nas veias.

Mas, talvez, talvez fosse só o álcool a atuar como um afrodisíaco. E, pensando bem, já passara um bom par de meses desde a última vez que estivera com uma mulher, tão consumido que andara pelo trabalho no ministério. Não era como se ela fosse especial. Era apenas uma mulher bonita e a exalar tanta feminilidade que quase o deixava tonto e ele um cara aparentemente abstémio. Praguejou mentalmente, prometendo dedicar-se menos ao trabalho.

Ele não devia continuar a entreter esses pensamentos de qualquer modo, já que era óbvio que jamais poderia rolar algo entre os dois. Por mais que quisesse conhecer o sabor dela ou saber como era tê-la debaixo de si, ele era cavalheiro demais para sequer cogitar usar Lily por uma noite quando ela já estava tão magoada com o mundo mágico — esse tanto ele tinha compreendido através dos seus comentários mordazes — e não era como se fosse possível se desenrolar uma relação entre eles apenas para que pudesse saciar aquele desejo irracional.

Observou Lily enrolar os cabelos ruivos em volta dos dedos, para depois prendê-los num coque malfeito no topo da cabeça enquanto abria caminho por entre a multidão. A meio caminho, lançou um olhar suave por cima do ombro, certificando-se de que Scorpius ainda a seguia, tão inocente que nem parecia a mesma garota que alimentara as danças indecentes nas últimas horas.

Não conseguia perceber como ela parecia imune àquela sensualidade inerente nem como não percebia o turbilhão de sentimentos contraditórios de Scorpius, mas era melhor assim, decidiu.  Seria muito mais difícil manter as coisas a um nível inofensivo se ela demonstrasse interesse.

Bem, mesmo que ela mostrasse, o Malfoy nunca o faria. Por Merlin, ele tinha um assento no Wizengamont, que não só era o parlamento como também o supremo tribunal da magia. Se ele não soubesse fingir ou, no mínimo, fazer um pequeno bluff, ele nunca teria chegado àquele estatuto. Durante os seus anos de treino em que servira como advogado de defesa ou acusação aprendera como era importante manter as suas emoções bem escondidas para que o julgamento tivesse o desfecho que pretendia. Esconder o que sentia com Lily ao lado disso seria fácil demais.

Sem que percebesse, ela abrandara o passo, para que pudesse estar ao seu lado enquanto falava.

— Acho que vou para casa. — Comentou, com um pequeno sorrisinho. — Obrigada pela noite. E desculpa ter-te julgado. Afinal, não és tão mau.

Scorpius abanou a cabeça, colocando as mãos nos bolsos dos jeans.

— Isso não é a reação que costumo a ter com as pessoas. — respondeu descrente, e Lily deu uma risada. — Mas tudo bem Potter. Tu também não eras o que pensava.

Lily olhou-o cautelosamente, subitamente parando no lugar com o celular entre as mãos. Scorpius viu-se obrigado a parar também e olhou a pequena figura à sua frente com o sobrolho franzido.

— Como você pensava que eu era? Que tinha corninhos vermelhos e uma cauda?

Embora não estivesse muito familiarizado com seres sobrenaturais trouxas, o Malfoy tinha conhecimento de criaturas mágicas bastante semelhantes ao que ela descrevia, para saber que ela se referia ao diabo.

— Não. Mas mais alegre e melhor dançarina do que uma irmã do Albus deveria ser.

Era apenas meia verdade. Por alguma razão, mesmo sendo a irmã caçula do melhor amigo, Scorpius nunca se interrogara ou sequer se preocupara em perguntar sobre ela. Sabia que não tinha magia, o que era uma infelicidade, e que a família se preocupava constantemente com ela. Sabia também que era alvo de piadas, pois perdera a conta da quantidade de vezes que vira Albus furioso e sem a possibilidade de fazer algo acerca disso porque estava em Hogwarts. Mas sempre o deixara tratar desses assuntos, sem se intrometer, porque não tinha vontade de cuidar de alguém… diferente. Suponha que quase a imaginara como alguém que fosse menos capaz ou menos inteligente.

Tinha vergonha de admitir que estava tão absurdamente errado.

A crueza das suas palavras desarmava-o e ela tinha um fogo dentro de si que ele não esperara ver. Chegou a pensar que ia olhar para uma boneca quebrada e frágil naquela noite, contudo Lily era tudo menos isso. Com surpresa, percebeu que a magia não lhe fazia falta. Se qualquer coisa, Lily não a tinha porque caso contrário seria um furacão, imparável e destrutivo.

— Boa resposta. — Riu, e começou a andar novamente. — Tu e o Al tem uma lábia incrível. 

— Ossos do ofício.

 — Suponho que sim.

Ela deu de ombros. Finalmente atravessaram a porta de saída e o contraste com o interior foi imediato. A música imediatamente desapareceu, como se alguém tivesse desligado a coluna naquele momento, e um zumbido incomodativo instalou-se nos ouvidos. Estava fresco no exterior, mas não o suficiente para sentir frio. Pelo menos, não ainda.

— E posso saber o que você de mim?

— Oh, o normal, tu sabes — Lily fez um gesto de descaso com a mão. — Que eras um bruxo empertigado e com a mania que é melhor que todos.

Como afirmara antes, brutalmente honesta.

— E agora?

— Hum… que és relativamente decente para um bruxo.

Ele revirou os olhos. Devia ser a primeira vez que estava a ser insultado por ser quem era e não por causa da sua família.

— Obrigado, suponho.

Ela riu.

— Não fiques tão ofendido, já ouvi muito pior do que isso.

Saíra-lhe de uma forma tão natural, que Scorpius não tinha a certeza se ela se tinha apercebido do que tinha dito. Sentiu a garganta apertar-se com força e forçou-se a engolir o caroço que ali se formara. Pelo que teria ela passado? Sentiu uma súbita onda de náusea invadi-lo. Como podia ter sido tão cego à dor de outro? Aquilo não era certo. Não bastava ele não participar do abuso, ele tinha de ser ativamente contra. Sentia-a tão culpado quanto todos os outros.

Felizmente, Lily poupou-o de responder. Ela estava com o celular encostado ao ouvido e com o cenho franzido.

— Marcel não me atende, — explicou. — Suponho que vá ter de ir sozinha. Não que ele vá ficar feliz de não ter esperado por ele.

— Marcel é o garoto que estava com vocês no início?

— Esse mesmo. A gente vive junto.

Assentiu com a cabeça. Ela não parecia ser o tipo de pessoa que recebia amor pela metade e Scorpius claramente a vira incentivar a sair com o outro garoto. Colegas de casa então? De qualquer maneira decidiu perguntar:

— Namorados?

Ela riu, claramente divertida com o pensamento.

— De jeito nenhum — afirmou, ainda com um toque de humor na voz. — Mas já fomos.

Scorpius levantou as sobrancelhas de surpresa, incitando-a a continuar.

— Oh, éramos muito novos e estávamos a nos descobrir. Na verdade, nem conta como namoro. De qualquer maneira foi nessa altura que Marcel descobriu que era gay. — Ela tinha um sorriso carinhoso no rosto. — E eu tenho muito orgulho de ter estado ao lado dele e o apoiado para ele ser quem é de verdade. Todos merecem isso.

Ele assentiu com a cabeça, de pleno acordo.

— Ele tem muita sorte de ter uma amiga como tu.

Ela abanou a cabeça, com o olhar perdido num grupo de amigos que bebiam diretamente da garrafa debaixo de uma lanterna de luz.

— Não. Eu é que tenho sorte de o ter. — Desviou os olhos daquele grupo para que pudesse o encarar. — De alguma forma, as nossas histórias são um bocado idênticas, sabes? Só buscávamos aceitação para sermos quem somos de verdade. Ainda bem que o aprendemos a ser independentemente dos outros. O que não torna as coisas mais fáceis, por vezes.

— Lamento.

E ele o fazia, de verdade. Ela riu, com certeza para quebrar o ambiente pesado que se instalava entre eles.

— Por que raios estamos a falar disto? Devo ter passado o meu nível de tolerância ao álcool porque juro que costumo a ser bem mais alegre.

Mais alegre do que ela fora toda a noite? Scorpius duvidava que alguém pudesse se divertir mais do que ela. Mas não disse nada, limitando-se a vê-la escrever no celular.

— Penso que é isso por hoje, Scorpius Malfoy. Diverti-me muito. Pode ser que nos voltemos a ver mais uma vez.

Isso era uma despedida? Porque era certo como o inferno que ele não ia deixar ir sozinha para casa a meio da noite. Infelizmente, era um mundo perigoso, principalmente para quem era mulher, e independentemente do que ela decidisse pensar sobre ele, o loiro tinha valores. E ele jamais deixaria uma mulher indefesa, não quando poderia fazer algo acerca disso.

— Não esperas que te deixe ir sozinha para casa, não é?

Viu a surpresa atravessar-lhe o olhar, claramente não prevendo a sua reação. Mudou o peso de uma perna para a outra, desconfortável.

— Eu vou chamar um Uber ou assim, não há necessidade…

— Não.

Lily dobrou os braços à frente do corpo, zangada. Percebeu que ela não gostava de ser contrariada ou que exercessem qualquer tipo de autoridade sobre ela, mas que Merlin o levasse se ela achava que ele ia ceder só porque estava a fazer uma carranca feia. Ele já lidara com toda a espécie de criminosos em tribunal e o quê, ela esperava que ele ia ficar com medo dela? Por favor.

Ele suspirou, passando a mão pelos fios pálidos que se tinham colado à testa com o suor.

— O Albus me mataria se soubesse que te aconteceu alguma porque te deixei ir para casa sozinha. Na verdade, acho que ele me mataria mesmo que não acontecesse nada.

Intensificou a carranca, mas viu que ela estava a considerar as palavras dele. Bom.

— Odeio que ele se meta onde não foi chamado — resmungou e começou a andar. — Afinal, vens ou não?

Suprimiu a vontade de sorrir, achando que ela já estava chateada o suficiente. E se era verdade o que se dizia sobre o temperamento das ruivas, ele não queria lhe dar mais razões para levar um tapa.

— Vives muito longe?

Não. — Disse enfaticamente, levantando as mãos na direção do céu. — Por isso é que acho absurdo ter de ter uma babysitter.

Desta vez teve de rir, mas disfarçou com uma tosse quando ela lhe lançou um olhar irado.

— Não sou um babysitter. Mas o mundo é um lugar perigoso por vezes e se eu posso fazer algo a respeito disso então o farei. Não me importa que fiques zangada.

Por alguma razão, as faces de Lily tornaram-se rosadas e ela desviou o rosto para o outro lado da rua, parecendo subitamente interessada na fachada dos edifícios altos ou na corrente lenta de carros que, mesmo de noite, não pareciam dar sinal que iria desaparecer.

Ela não estava preparada para que ele fosse ser tão inflexível. Primeiro, porque se tinham conhecido apenas algumas horas atrás e embora tenham se divertido, não havia nenhuma responsabilidade moral ou social que o obrigasse a acompanhá-la a casa. Em segundo lugar, porque não seria muito benéfico para a reputação dele ser visto com Lily, suponha. Rumores espalhavam-se rápido e frequentemente faziam mais mal do que outra coisa qualquer. Ela sabia que nenhum deles queria ser capa do Profeta Diário com alguma história inusitada sobre um relacionamento inexistente e que lhes faria passar pelo inferno durante semanas, justamente por serem quem eram (imagine-se! Um puro-sangue da família Malfoy e o aborto dos Potter? Um absoluto escândalo!).

Mas… sabia bem ser protegida por alguém que não era a sua família ou Marcel que, afinal de contas, também era família. O que era estúpido porque ela era uma mulher forte e independente e que nunca precisara da atenção de um macho para ser feliz consigo mesmo.

Bem, que fosse. Ser uma mulher forte também era reconhecer as próprias falhas.

Caminharam em silêncio durante vários minutos, Scorpius com as mãos nos bolsos numa atitude que lhe parecia tão habitual e Lily agarrada à corrente da mala. Só quando viraram à direita no final do segundo quarteirão, é que ele decidiu quebrar o silêncio.

— Danças muito bem, a propósito.

Ela sorriu, levantando os olhos do pavimento para o encarar. Era um contraste interessante, o daqueles olhos castanhos escuros com a pele tão clara e com o cabelo fogoso. Lily era atípica, podia se dizer, em todos os aspetos. Até mesmo nas características físicas ela divergia daquelas que uma ruiva normalmente teria, fossem a falta dos olhos claros ou das sardas salpicadas por todo o rosto.

— Convém. — E completou, encolhendo os ombros: — Sou uma bailarina.

Agora que ela o dissera, era muito fácil perceber isso. Estava presente em cada pequeno movimento dela, fosse pela sua postura irrepreensível, perfeita até, pela forma graciosa como se movimentava, como se caminhasse sobre nuvens, ou até mesmo a forma suave com que arqueava os dedos das mãos. Sentiu-se estúpido por não o ter entendido antes.

— Isso explica muito coisa.

— Como o quê?

— O facto de ter parecido tão miserável a dançar ao teu lado. — Mexeu com as mãos num gesto que subentendia que era óbvio. — Sempre pensei que não era ruim, mas Merlin, o meu ego foi completamente arruinado.

Ela riu com gosto, apreciando aquela troca leve de palavras.

— Na verdade não te achei assim tão mau.

— Não? Bom, obrigado por tentares não ferir os meus sentimentos, no entanto penso que foram danificados para sempre.

Lily revirou os olhos, ainda sorrindo, com o dramatismo dele. Viu que Scorpius também sorria.

— Tu aprendes rápido e só me pisaste o pé uma vez. Acredita que o James é horrível. Não é lá muito fraternal, mas fujo sempre antes de ele me pedir uma dança.

Ela tinha um olhar amargo, como se estivesse perdida nalguma memória dolorosa. Para quem tinha os pés magoados por estar constantemente de pontas, ser pisada várias vezes era absoluta tortura. E por mais que amasse o irmão, não era masoquista ao ponto de se submeter àquilo.

— É bom saber que não sou o pior do mundo.

— Dificilmente o serias. Acho que serias um companheiro bastante decente se dançasses mais vezes.

— Isso é um convite, Potter?

Lily sentiu as bochechas arderem de vergonha pela segunda ou terceira vez naquela noite. O que estava ele a dizer? E parecia bem divertido, vendo o quão embraçada ela estava e com a boca aberta pelas palavras que teimavam em não sair.

— O quê? — finalmente conseguiu dizer, embora tenha sido com algo parecido com um guincho. Pigarreou antes de continuar, para a voz não sair tão estridente. — Não, claro que não.

— Era uma brincadeira, Potter. Não precisas de parecer que vais morrer com o pensamento.

— Não é isso. Eu só estou demasiado ocupada e imagino que tu também. Não faria qualquer sentido sairmos, ainda mais para dançar. — Depois afirmou, num sussurro que não esperava que o Malfoy fosse ouvir. — Embora imagine que tempo não me vá faltar…

Ele franziu as sobrancelhas.

— Como assim?

Lily suspirou.

— Eu tive uma audição hoje. É uma coisa bem grande, para uma produção que vai ser apresentada no final da época. É uma ótima oportunidade se queres vir a trabalhar para a companhia. — Voltou a suspirar, claramente desgostosa. — E eu estou bem certa de que fodi a minha chance.

— Não podes tentar novamente no próximo ano?

— Mesmo que uma bailarina não tivesse um número muito limitado de anos para dançar, os meus pais querem que continue os estudos se não entrar para a companhia este ano.

Lily sabia que eles queriam o melhor para si e que era verdade que as chances de ter um futuro como bailarina eram muito, muito escassas e que eles apenas não queriam que ela tivesse um atraso ao começar a sua vida por causa disso. Ela podia sempre continuar a dançar mesmo que trabalhasse noutra coisa, diziam-lhe. Só que ela não podia deixar de se ressentir por eles não a apoiarem. Não totalmente, pelo menos.

— Quando sabes os resultados?

— Segunda.

— Posso ir ver contigo. E mesmo que não tenhas o papel que queres podes te consolar com a ideia de que eu te acho a melhor bailarina que alguma vez vi.

Ele disse-o num tom suave, como se fosse algo natural de se afirmar. Lily ficou estática no meio da calçada, e só depois de dar alguns passos é que Scorpius reparou que ela ficara para trás.

— O que foi?

— Tu nunca nem me viste dançar ballet.

Ele apontou para ela com a mão, um tanto impaciente.

— Olha para ti. É óbvio em cada um dos teus movimentos que és fantástica no que fazes. Acho que nunca tive essa noção só de olhar para alguém.

Ela corou, balbuciando alguma sem qualquer coerência e fechando a distância entre eles para que pudessem continuar a andar.

— E porque virias comigo?

Ele deu de ombros.

— Estou muito interessado em saber se a minha intuição está certa ou não acerca de você.

Esta conversa parecia cada vez mais irreal há medida que o tempo passava. Por isso não pareceu tão despropositado quando Lily lhe disse que caso ela realmente ficasse com o papel que queria, ele a podia ver dançar. Scorpius concordou, brincando sobre como era uma situação de vantagem mútua.

— O meu apertamento fica já aqui — informou-o, delicadamente. Era interessante como o tempo parecera passar tão rápido enquanto falavam e riam embora não fosse uma caminhada tão curta assim. Scorpius tinha sentido de humor e era inteligente, então Lily finalmente conseguia perceber porque o irmão era tão próximo dele.

— Suponho que seja o adeus agora, Potter.

— Lily — corrigiu.

Ele acenou, mas não fez menção de se mexer. Lily levantou uma sobrancelha, indicando que era hora de ele ir, e ele acarretou o recado, coçando a base da nuca embaraçado.

— Até mais.

— Boa noite, Malfoy.

Enquanto o via descer descontraidamente a rua, Lily foi atingida por uma vontade incontrolável. Que porra, pensou, ela ia se arrepender tão amargamente disto! Mas antes que pudesse se arrepender ou esperar que a sanidade voltasse, já ela corria em direção a Scorpius, sentindo o ar frio da noite desferindo golpes fortes contra o seu rosto. Segurou-o pelo pulso assim que o alcançou, impedindo-o de continuar. Ele virou-se, com os olhos arregalados. Compreensível. Se Lily fosse perseguida por uma ruiva descabelada pela rua abaixo, também ficaria chocada.

E, mesmo assim, as palavras simplesmente escaparam-se-lhe da boca, antes que ela pudesse inventar uma qualquer desculpa para o seu comportamento, por mais absurda que fosse.

— Queres dormir cá?

Perdeu o pouco fôlego que ainda tinha.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e que me digam nos comentários o que acham das interacções entre esses dois e o que vai acontecer no próximo capítulo ahha. Beijinhos e até ao próximo!



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