Somebody's Love escrita por deemoonyy


Capítulo 1
Capítulo Único




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Ali, em meio ao silêncio de sua nova casa, em um lugar distante de todo o caos da vida de agente federal e sem ninguém que pudesse por em risco a vida de seu filho, ponderou sobre suas decisões. Talvez tivesse se precipitado sobre seu regente. Suspirou.

Não, ele havia tomado a decisão certa. Sabia o quão complicado seria para ela assumir a liderança de uma equipe que já não era mais a sua em um país que já não morava mais, mas tinha que ser ela.

Sorriu melancólico ao recordar de quando Emily pedira demissão para não ajudar a tirá-lo de seu cargo. Até então duvidava dela, mas a partir dali passou a admirá-la.

De alguma forma indicá-la para substituí-lo ajudaria a não deixá-la esquecê-lo. 

Tinha total conhecimento de seus sentimentos por sua ex-subordinada, entretanto cada um tinha seus próprios demônios, fadá-la aos seus seria totalmente egoísta. Já bastava Jack sofrendo por sua causa.

Fora retirado de seus devaneios por batidas na porta. Se deslocara calmamente e sorrira internamente ao ver que o agente designado para sua proteção carregava um pacote recém chego pelo correio.

—Obrigado. - fora a única palavra pronunciada entre eles. Com o pacote em mãos, Hotch retornou para o sofá e o abriu rapidamente.

Dave havia encontrado um modo de mantê-lo informado. Uma vez ao mês Aaron recebia um livro e dentro dele uma carta. Sem remetentes, tampouco destinatário. Só percebera sua origem pela caligrafia do amigo.

Todavia essa não era como as outras. Seu nome centralizado na parte superior da folha o fez respirar profundamente. Ao decorrer da carta Rossi detalhava sobre o acidente da equipe, sequestro de Emily e morte de Peter Lewis e Stephen Walker. Suspirou aliviado com a morte de seu maior medo, entretanto a preocupação tomou-lhe ao lembrar de como Prentiss ficara há cinco anos, após ser sequestrada por Ian, e de como deveria estar agora. Da última vez ele lá para ajudá-la.

A frustração recaiu sobre ele. Sentiu-se totalmente impotente e culpado. Se não tivesse a nomeado a seu cargo, nada disso teria acontecido a ela.

Precisava vê-la, certificar-se de que estava realmente bem. Não sabia ao certo como iria fazê-lo, mas iria vê-la.

                          -

A campainha tocava incessantemente. Por mais que não estivesse dormindo, Emily amaldiçoou mentalmente o ser que a tirara de suas cobertas às três e quinze da manhã.

Surpreendeu-se ao olhar pelo olho mágico. Teve a breve sensação de sentir seu coração parar por alguns segundos. De todas as possibilidades existentes, ele era a última que passou-lhe pela cabeça. Abriu a porta rapidamente e nada conseguira falar.

—Desculpe o horário. Fiquei sabendo do que acontecera e... - As palavras saiam tão rápido que Prentiss mal conseguia entendê-las. - Esse era o horário menos arriscado e eu precisava saber como você estava.

O silêncio o fez questionar-se se aquela havia sido uma boa ideia e sentiu-se um completo idiota por aparecer ali sem ao menos uma boa explicação. Surpreendeu-se ao sentir os braços da mulher envolvê-lo.

—Achei que nunca mais o veria. -a morena confessou baixo, tão baixo que ele perguntou-se se não havia alucinado aquelas palavras.

—Pensava o mesmo. - ele hesitou, mas a apertou contra si.

Levou longos minutos, mas ela se desvencilhou dele, puxando-o para dentro de seu apartamento e fechando a porta.

—Como está Jack? - Prentiss o guiou até o sofá, sentando-se a sua frente. Estava tão animada quanto uma criança ao receber a visita de seu tio favorito.

—Está bem. Sofreu bastante com a entrada no programa, mas agora já se habituou bem a nova vida. - um quase sorriso surgiu em seus lábios.

—E quando pretende voltar? Estou preparada para devolver seu cargo. - mordeu o lábio, sorrindo ansiosa.

—Sobre isto... - suspirou.

Durante meses se questionou sobre o que faria caso a equipe conseguisse capturar Peter. Tinha tudo em mente, entretanto mudara de ideia no último instante.

—Eu não vou voltar. - o sorriso de Emily morrera aos poucos, não conseguia entender a decisão do mais velho. Sabia o quão importante era o trabalho para ele e era nítido que a equipe não era a mesma sem ele, que ela não era a mesma sem ele.

—O quê? Mas... - suspirou - Porque?

—Jack. Ele não tem culpa pelas minhas decisões e eu não posso mais arriscar a vida do meu filho. Perdi Haley por causa do trabalho, não posso perder ele também. - segurou as mãos dela e sorriu - Além do mais, a equipe já tem a chefe perfeita e eu posso sair tranquilo.

Apesar de ter entendido o lado de Hotch, era inevitável não se sentir triste.

—Mas eu não vim conversar sobre as minhas escolhas. - observou o rosto cansado da morena - Como você está?

—Fisicamente bem, psicologicamente melhorando. - sorriu de lado - Mas eu sempre me recupero.

—Vai voltar com as psicanálises? - notou que ainda segurava-lhe as mãos e sorriu. Era estranho, mas estava confortável.

—Não. - negou e suspirou - Meu terapeuta favorito me abandonou, então... - sorriu e ele a acompanhou.

—Como foi voltar aos Estados Unidos? - ele precisava perguntar algo, mas precisava trilhar um caminho para fazê-lo.

—Foi bom, apesar de eu não esperar voltar definitivamente. É sempre bom voltar para casa.

—E Mark? - aí estava ela. - Pensei que ele fosse estar aqui...

— Ah, não. Terminamos assim que aceitei voltar. Viajando constantemente é complicado manter um relacionamento.

—J.J e Will conseguiriam... - deu de ombros.

—J.J e Will moravam no mesmo país. - e se amavam, pensou.

Aaron suspirou e nada mais fora dito sobre o assunto, e nem era preciso. Não lhe dizia respeito.

—Preciso ir. - suspirou - só vim me certificar de que estava bem.

—Foi bom revê-lo. - sorriu - E obrigada por confiar em mim para assumir sua equipe.

—Não poderia ter feito escolha melhor. - sorriu e a abraçou. Era um abraço de adeus, como o que deram logo após o casamento de J.J. anos atrás, mas agora com a certeza de que não se veriam mais.

E foi com está certeza que Emily resolveu ultrapassar a barreira. Se afastou o suficiente para conseguir olhá-lo nos olhos e sorriu, logo em seguida capturou seus lábios em um beijo calmo, tentando passar ali tudo aquilo que não conseguia confessar, tudo aquilo que há anos guardava para si.

Agora não haviam mais cargos federais nem relacionamentos frustrados os separando.

Ele levou alguns segundos para conseguir entender o que estava acontecendo. Sempre imaginou que seria ele a tomar a iniciativa, mas talvez ela tivesse se cansado de esperar e soubesse que ele nunca o faria.

O beijo foi cessado aos poucos com protesto de ambos, mas o ar se fazia necessário.

Emily se afastou do moreno e suspirou.

—Desculpa... Eu... - ele tornou a aproximar-se dela, fazendo-a calar-se. Fitou-a nos olhos e sorriu.

—Isso deveria ter acontecido há muito tempo.

                         [...]

Os dedos de Aaron percorriam as costas de Emily enquanto a mesma ressonava aconchegada a ele.

Ali, com o corpo totalmente desnudo, respiração regulada e cabelos bagunçados, parecia tão frágil.

Fragilidade, algo que a agente Prentiss jamais deixara transparecer.

Sorriu tristemente ao fitar o corpo de ambos. No dele, cicatrizes das facadas de Foyet. No dela, a quase imperceptível cicatriz da tatuagem feita por Doyle, que certamente ainda a atormentava, e logo abaixo, aquela que a lembrava de seus segundos morta.

Deixou os pensamentos de lado ao sentir lábios quentes em contato com a pele gélida de seu pescoço. Sorriu ao encontrar olhos castanhos o mirando.

—Um beijo por seus pensamentos - e ela não deu tempo para ele responder, pressionou seus lábios aos dele e afastou-se sorrindo.

—Um é pouco. - deitou-se sobre ela sorrindo e roçou suas bocas. - Terá que me dar ao menos mais três.

—Isso não será um problema. - tornou a juntar suas bocas, agora com intensidade. Enquanto apoiava uma das mãos ao lado dela, a outra desceu por seu corpo, de seus ombros até o final de sua lombar, assim puxando-a para colar seus corpos.

Ela encerrou o beijo prendendo seu lábio inferior entre os lábios e puxando. Sorriram ao olharem-se nos olhos.

Dois outros beijos foram dados na mesma intensidade e finalizados do mesmo modo.

—Seus pensamentos.

—Bem... -ele sorri sacana - Meus pensamentos agora são um tanto quanto indecentes para serem pronunciados em voz alta.

As bochechas de Emily ganharam uma coloração avermelhada enquanto os olhos escureceram e a língua umedeceu os lábios.

Ele queria tomá-la mais uma vez, entretanto o sol que acordava preguiçoso ao lado de fora lembrava-o de que o adeus não poderia mais ser adiado.

—Preciso ir. - sussurrou encostando suas testas.

Fora neste momento que perceberam o quão covarde ambos eram. Não pelo fato dele estar indo embora, mas pelo fato de que aquilo deveria ter acontecido há quase uma década, pelo fato de só terem se entregue por saberem que aquela seria a última vez a se verem, por saberem que daqui algumas horas aquele momento seria mera lembrança.

Ela assentiu e suspirou ao sentir o peso dele deixar seu corpo e o calor que a cobria ser substituído pelo frio do inverno americano. Cobriu seu corpo com o lençol abandonado aos pés da cama e o observou juntar suas roupas e vestir-se.

Aaron sentou-se frente a ela e enlaçou seus dedos.

—Então isso é um adeus? -ela sabia a resposta, mas o questionou mesmo assim.

—Isso é um adeus. - ele afirmou suspirando.

Ela não sabia se despedir. Apesar das constantes mudanças na infância, nunca criou laços suficientes para despedidas. Ele não queria ir, mas era preciso. E foi com um selar de lábios que eles confirmaram que aquela havia sido a primeira e última vez deles.

E, minutos após ele ir embora, ela observou a bagunça deixada no quarto. As cobertas que estavam na cama e as roupas que vestia jogadas pelo chão.

Aquela bagunça seria fácil de organizar, mas e quanto a bagunça deixada nela?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Agradeço por terem lido e peço desculpas pelos erros



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