Ambiente Hostil escrita por Heringer II


Capítulo 3
Equipe Dividida


Notas iniciais do capítulo

Espero que não tenham apertado em nenhum esquilo.

Também espero que gostem do capítulo. ^^



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Os cinco astronautas se equipavam enquanto a Eagle os levava para o planeta.

— Neve, você já pegou todos os dispositivos necessários? — perguntou Thierry.

— Afirmativo, senhor Jones. — Kayla respondeu.

— Ótimo. Se preparem, estamos perto de entrar na atmosfera do exoplaneta.

O brilho da estrela Kepler-22 diminuia enquanto os membros da equipe já podiam ver alguns detalhes da superfície do planeta.

— É muito lindo. — disse Susan, maravilhada com a paisagem que via.

— Dá até inveja não ter um desses no sistema solar. — Antony comentou.

A nave se aproximava lentamente do Kepler-22b. Ao chegar perto do planeta, a Eagle começa a acelerar, aumentando tanto sua velocidade que impressiona Thierry, que estava nos controles.

— Thierry! O que está acontecendo? — Tom perguntou, desesperado.

— Eu não sei! A nave está acelerando rápido demais, não consigo controlar.

— É a gravidade do planeta! — disse Kayla. — Estamos sendo puxados pela força gravitacional do Kepler-22b!

— O que faremos agora? — perguntou Susan.

— A queda vai ser feia. — Thierry disse. — Todos para a sala de segurança, imediatamente!

Os cinco astronautas se dirigem até uma sala que ficava do outro lado da Eagle. Um local que se assemelhava muito a um abrigo anti-bombas. Era um local com uma área  de aproximadamente 14m². O interior e o exterior eram revestidos com zircônio. A sala de emergência podia resistir a a altíssimas e baixíssimas temperaturas, forte impacto, imensa força de pressão e ainda tinha um suprimento de oxigênio. Caso apenas a sala ficasse vagando sozinha pelo espaço, por exemplo, quem estivesse dentro dela poderia ainda sobreviver por umas duas horas. Haviam também reservatórios de comida e água. Naquele momento, dentro da sala, a equipe do Dr. Griffin se protegia da iminente colisão da Eagle com o imenso planeta.

De fato, não foi uma queda bonita. Quando pousou à uma velocidade assustadora no solo do exoplaneta, vários estilhaços da nave foram espalhados por todos os lados. A cabine onde os astronautas estavam a princípio não passava de um monte de escombros agora. A única coisa intacta na Eagle agora era a sala de emergência.

— Pelo barulho, acho que chegamos. — disse Antony.

Kayla abriu a porta da sala e todos saíram. A primeira coisa que viram foram os destroços da Eagle por todo o local, depois, contemplaram a linda vista de Kepler-22b.

— Uau! É incrível! — disse Tom, maravilhado.

O planeta Kepler-22b era basicamente formado por duas coisas: pedra e água. Pequenas e médias ilhas rochosas se destacavam no meio daquele imenso oceano que refletia a cor verde da atmosfera do exoplaneta. 

— Não vi nada que aparenta estar vivo ainda. Onde estão as plantas? — Susan questionou.

— Talvez no fundo desse mar. — disse Antony.

Kayla se aproximou da beira do oceano, esperando ver alguma espécie de peixe alienígena quando olhasse para a água.

— Está vendo algum ser vivo, Neve? — perguntou Tom.

— Estou.

Todos se espantaram e foram correndo para ver. Que espécie de animal aquático extraterrestre estava ali?

— Não estou vendo nada. — Tom reclamou. — Onde estão esses seres vivos?

— Bem ali. — Kayla apontou com o dedo.

— Algas?

— É, algas. Algas são plantas. Plantas são seres vivos. Me desculpem se esperavam achar algum homenzinho verde com olhos gigantes.

Thierry se afasta e volta a admirar a bela vista do planeta. No céu verde, era possível enxergar uma lua enfeitando a paisagem. Mais à frente de onde os astronautas estavam, existiam formações rochosas ainda maiores. Em outras palavras, montanhas.

Na superfície das rochas existia uma espécie de lodo. Ao ver isso, Thierry concluiu que as rochas deveriam ficar submersas em alguma período do planeta. Olhou para o topo das montanhas e viu que não havia lodo por lá. Decidiu então que o mais seguro era ficar em locais de grande altitude.

— Acho melhor começarmos a exploração.

— Eu ouvi direito, Thierry? — Tom questionou. — Nossa nave está destruída, não temos como voltar para casa, e sua preocupação é com essa maldita exploração?

— Eu entendo seu receio, Sr. Johnson, mas fomos mandados aqui para coletar dados. E nós vamos coletar dados.

— Se não pudermos voltar à Terra esses dados não servirão de nada.

— E se voltarmos para a Terra de mãos vazias, tudo o que passamos não servirá de nada.

— Thierry tem razão. — Kayla entrou no diálogo. — Com ou sem nave, estamos aqui para um propósito. É nossa obrigação cumprir a missão que nos foi dada.

— Mas precisamos voltar para casa. — disse Antony.  — Tom também tem razão nessa história.

— Nós vamos voltar, Antony, assim que fizermos o que nos foi mandado.

— Vamos voltar, Neve? Como? Se esqueceu que estamos sem nave?

— Ok, ok. Vamos parar com essa discussão. — Susan interveio na conversa. — Ambos os lados têm razão. Precisamos voltar, mas também precisamos cumprir nossa missão. O que temos que fazer é descobrir qual das duas coisas vamos dar prioridade neste momento.

— Lógico que precisamos resolver o problema do nosso transporte. — disse Tom. — Nós temos que dar um jeito de retornar. Estamos a 600 anos-luz de casa!

— Mas também não podemos descuidar da missão, quanto antes acabarmos, mais rápido retornaremos. — disse Thierry.

— Então vamos dar prioridade às duas  coisas. — Susan disse. — Thierry e Kayla, vocês são os mais inteligentes, portanto, são os melhores para ficarem e descobrirem uma forma de voltar para casa. — Olhou para os escombros. — Boa sorte.

— Ela tem razão, Neve, é melhor começarmos agora.

— Quanto a vocês — Susan continuou. —, Tom e Antony, são os que mais sabem usar os dispositivos que temos. Vocês cuidarão da coleta de dados.

— Tudo bem para você? — Antony perguntou para Tom.

— Ok. Mas espera um pouco, e o que você vai fazer, Susan?

— Eu já dividi os trabalhos para a equipe, não preciso fazer mais nada.

— Nada disso, espertinha. — disse Thierry. — Você vai com Antony e Tom. Nos reuniremos novamente em duas horas neste local.

Todos assentiram. Thierry entrega a cada integrante um comunicador.

*

Quando Tom, Antony e Susan saíram em um barco improvisado feito com alguns destroços da Eagle, Kayla e Thierry começaram a vasculhar os escombros da nave na esperança de encontrar qualquer coisa que os possibilitasse de voltar para a Terra.

A superfície da Eagle estava carbonizada devido o atrito com a atmosfera de Kepler-22b, os controles de comando se encontravam todos inoperantes, a cabine estava toda destruída e as turbinas estavam aos pedaços depois da queda.

— Acho que vamos ter más notícias para dar à outra equipe. — disse Kayla.

— Não podemos desistir agora! Deve haver algo que nos ajude a retornar.

— Mas o quê? Toda a nave está incapacitada. A única coisa intacta é a sala de emergência. A menos que ela viaje à uma velocidade muito superior à da luz, estamos presos aqui.

Thierry parou por um segundo.

— O dispositivo SIDRA!

— O quê? — perguntou Kayla, confusa.

— O dispositivo SIDRA que estava na nave. Se conseguirmos acioná-lo, poderemos nos teletransportar de volta para a Terra.

— Mas os controles que o ativavam estão todos danificados!

— Só precisamos arrumar um jeito de ativá-los manualmente!

— É muito perigoso, Thierry!

— Perigoso? Por quê?

— Se acionarmos manualmente o SIDRA não teremos garantia de qual lugar ele irá nos teletransportar exatamente. E se ele nos deixar vagando pelo espaço sideral? Morreríamos em segundos! Se vamos mesmo usar o SIDRA, o melhor seria usar algum veículo de transporte. A questão é... Qual?

Thierry passa um tempo olhando para a sala de emergência que estava ali, intacta. Kayla percebe o olhar dele para a sala no meio dos escombros.

— Thierry... Não me diga que você está pensando em...

— É como diz o ditado, Neve, para bons entendedores, meia palavra basta.

— Isso é loucura, Thierry!

— Kayla, essa sala tem um suprimento de ar que permite passarmos até duas horas vagando no vácuo do espaço. Mesmo que a gente fique vagando por aí, não morreremos.

— Não nas primeiras duas horas. Mas e depois? E quando o oxigênio acabar?

— Só precisamos garantir que a sala seja teletransportada para a Terra.

— Mas e se ela não for teletransportada para a Terra?

— Então, é só garantir que sejamos teletransportados para algum local próximo às estações especiais do nosso planeta. Os satélites vão perceber nossa presença. Duas horas são mais do que o suficiente para nos resgatarem.

— Eu não sei, Thierry...

— Neve, é a única esperança que temos. Quer mesmo descartá-la?

Kayla olha para Thierry, ainda receosa.

— Sabe que não será fácil, não sabe?

— Chegar aqui também não foi.

*

Em outra ilha rochosa, estavam Susan, Tom e Antony coletando os dados. Susan analisou que o ar do planeta não era tóxico, nem apresentava radiação nociva. Entretanto, os três tinham dificuldades para caminhar, correr e escalar. O planeta Kepler-22b ultrapassa o dobro do tamanho da Terra, logo, sua força gravitacional é bem maior do que aquela que eles estavam acostumados. O esforço que eles faziam para levantar a perna e dar um simples passo em Kepler-22b era maior do que o esforço que faziam para realizar a mesma ação na Terra.

— Espero que Thierry e Kayla consigam arrumar um jeito de nos tirar desse inferno. — resmungou Tom.

— Se preocupe apenas com o dever que lhe foi passado, Tom. — disse Susan. — E aliás, este exoplaneta não tem nada de inferno! Pelo contrário, ele é lindo.

— Cala a boca, Susan!

— Ah, qual é, Tom! — disse Antony. — Precisa ser tão arrogante arrogante assim até aqui? 

— Ah, fica na sua, Pequeno Antony.

Tom começa a analisar a água do oceano que os cercava.

— Pelo visto essa água tem níveis de salinidade semelhante aos dos oceanos terrestres.

— Algum sinal de vida? — perguntou Susan.

— Tirando as incríveis algas descobertas por Kayla, nenhuma.

Após alguns minutos salvando os dados que recebia da análise, Tom percebe um estranho sinal em seu radar.

— Mas que diabos...

— Qual o problema, Tom? — Antony perguntou.

— Tem algo se mexendo a noroeste.

— O que seria?

— Como vou saber? Mas pela velocidade que se movimenta, com certeza não é uma alga.

— Vamos lá olhar. — Susan sugeriu.

— Eu vou. Vocês ficam aqui. — retrucou Tom.

— E o que vamos fazer aqui?

— Continue salvando dados da pesquisa. — disse Tom, entregando o radar para Susan e se retirando logo em seguida.

*

Thierry e Kayla retiraram o dispositivo SIDRA do meio dos destroços da Eagle.

— Só tem mais um problema, Thierry.

— Qual?

— Como vamos conseguir energia para ligar o dispositivo? O gerador da nave também foi destruído na colisão.

— Sabe de onde vem toda a luz deste planeta?

— Claro que eu sei! É da estrela Kepler-22.

— Uma estrela muito semelhante ao nosso Sol.

— Diga logo onde você quer chegar,  Thierry.

— Energia solar.

— Energia solar?

— Energia solar.

— Deixa eu ver se entendi. Você quer usar que este planeta recebe de sua estrela para alimentar o dispositivo SIDRA?

— Você realmente é uma boa entendedora.

— Thierry, usar energia solar para alimentar por completo um aparelho desses vai demorar muito. Além disso, como vamos usar a energia da estrela?

— Bom, temos a ideia. Só precisamos achar um jeito de colocá-la em prática.

*

Tom foi até o local de onde havia recebido o sinal. Parou na beira do oceano e ficou esperando para ver se encontrava o tal alienígena. Curiosamente, tudo o que via era lodo e... algas.

Olhou para trás, onde havia uma montanha. Percebeu que havia uma espécie de buraco feito aos pés dela, ficou curioso e se dirigiu até lá. Ao chegar perto do buraco, notou que dentro dele havia alguns objetos misteriosos. Eram ovos. Os ovos em questão eram do tamanho dos de avestruzes, mas não eram lisos e brancos. A superfície deles era áspera e possuíam manchas. Ao analisar melhor, Tom viu que essas manchas tinham propriedades fosforescentes.

Foi então que o astronauta se tocou. "Estou diante de uma prova irrefutável de que existe vida fora da Terra", pensou.

Sem que Tom percebesse, uma criatura começa a sair do oceano e sobe na ilha rochosa. A criatura não apresenta nenhuma dificuldade em sair do meio aquático para a terra firme, o que indica que ele tinha características de anfíbio. Seus pés davam passadas suaves e lentas que não provocavam nenhum barulho, o que fez a criatura se aproximar de Tom sem que este percebesse.

Após analisar a vítima, a criatura dá um pulo, caindo por cima de Tom, imobilizando-o.

O ataque foi tão repentino, que tudo que Tom pensava em fazer no momento era gritar. Sua adrenalina subiu a níveis estrondosos. O astronauta começou a se debater para tentar se livrar do monstro alienígena, mas o aumento do seu peso provocado pela gravidade do Kepler-22b só fazia atrapalhar na luta contra aquela criatura nativa, que naturalmente já estava acostumada a viver sob aquela força gravitacional.

O medo e o desespero nem sequer permitiram a Tom olhar direito o rosto do alienígena, mas de uma coisa tinha certeza: ele tinha sangue frio e instintos violentos, além de enormes dentes afiados; dentes estes que morderam seu rosto com uma brutalidade que Tom jamais vira antes. A criatura alienígena rasga metade da face de Tom, enquanto este ainda tentava, com suas últimas forças, se livrar do ataque.

A criatura continua imobilizando sua presa. Suas mãos tinham enormes garras que arranhavam profundamente a pele de Tom.

Como um ataque final, o predador usa mais uma vez seus dentes afiados para perfurar o estômago do astronauta, que usa suas últimas forças para dar um grito tão forte que se faz ouvir do outro lado da ilha, onde Antony e Susan estavam.

— Ouviu isso? — perguntou Antony para sua amiga.

— Ouvi. — Susan respondeu. — É o Tom!

Os dois correram para onde Tom havia ido. Ao chegarem lá, viram uma cena aterrorizante.

O corpo de Tom estava totalmente desfigurado. Metade do seu rosto e sua barriga estavam abertos. A cena fez Antony vomitar. Susan teve que se sentar e respirar fundo para não desmaiar. Pegou seu comunicador.

— Thierry, está na escuta? — perguntou Susan.

— Afirmativo.

— Aconteceu algo terrível.

— O que aconteceu? — Thierry podia notar o desespero na voz de Susan. Ela demora para responder. — Susan, o que houve aí!? - perguntou gritando.

— É o Tom... ele está... ele está...

— O que houve com ele?

— Ele está morto.

A notícia veio como uma bomba nos ouvidos de Thierry.

— O que aconteceu, Thierry? — perguntou Kayla, notando a expressão no rosto do amigo.

Perto do corpo de Tom, havia um rastro de sangue deixado pela coisa que o matou.

O sangue manchava de vermelho a beira do oceano verde.


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Notas finais do capítulo

Eita...

Espero que tenham gostado. ^^ ♡



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