Ambiente Hostil escrita por Heringer II


Capítulo 1
Ir Além


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desta nova história. ^^



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17 de outubro de 1962

Tragédia no mundo da ciência. O Dr. Dave Relf, um dos cientistas mais brilhantes dessa época, foi encontrado morto em seu apartamento. O corpo do cientista apresentava uma perfuração por bala na parte de trás de seu pescoço. Apesar de testemunhas dizerem ter visto um homem entrar no apartamento de Dave pouco depois de ouvirem o disparo, a polícia não encontrou nenhuma pista sobre a identidade do assassino. Alguns acreditam que Dave Relf teria sido morto por soldados soviéticos, pois segundo informantes íntimos do cientista, ele estaria trabalhando em um projeto bélico que, segundo ele, tornaria os Estados Unidos líder na corrida armamentista. A URSS nega que algum de seus soldados tenham qualquer envolvimento com o crime. Coincidência ou não, todos os seus manuscritos desapareceram misteriosamente.

7 de março de 2009

É impressionante ver a maneira como a exploração espacial vem evoluindo com o passar dos anos. A NASA está prestes a lançar em órbita sua nova sonda espacial: a Kepler. Seria esse o primeiro passo para a descoberta de novas formas de vida?

Neste dia, visitando a agência espacial juntamente com seus colegas de classe, está o jovem Bernard Griffin, um garoto prodígio. Quem o olha, não dá muito pelo pobre rapaz. Seu rosto cheio de acne, seu enorme aparelho dentário e seus óculos de grau que mais parecem duas lupas. Uma representação viva do estereótipo de nerd. Mas, por trás de toda essa "camada externa" esconde-se uma mente brilhante.

Todos os funcionários da NASA se impressionaram ao ver aquele jovem de 17 anos em uma turma da universidade de Harvard. Um deles até perguntou o docente da turma se Bernard era algum filho seu, que teve de trazê-lo por não poder deixá-lo em casa.

— Filho meu? — retrucou o docente. — Quem dera! Bernard Griffin é um dos alunos mais aplicados da minha turma!

— Sério? — perguntou o funcionário. — Mas é tão jovem, acredito que não tenha nem 18 anos ainda.

— Tem 17.

— Um jovem de 17 anos estudando Astronomia na NASA?

— Acredite. Bernard é um dos nossos orgulhos.

Outro funcionário foi falar com o docente. Pediu que levasse a turma para a sala ao lado, onde poderiam acompanhar o lançamento da sonda espacial Kepler.

— Um dos principais objetivos da sonda Kepler é estudar quantos e quais são os planetas que habitam uma zona de Goldilocks. — explicou o docente para a turma, enquanto esperavam o lançamento.

— Uma dúvida, professor.  — disse um dos alunos, levantando a mão. — O que seria uma zona de Goldilocks?

— Boa pergunta. Bernard, poderia explicar para a turma?

Bernard se levanta, desajeitadamente, vira para a turma e explica.

— Uma zona de Goldilocks trata-se de uma região habitável em que um planeta se localiza. Ela se situa em uma distância específica de uma estrela. Ou seja, um planeta que está numa zona de Goldilocks não está nem muito perto de uma estrela, de forma que não fique muito quente, nem está muito longe dela, de forma que não fique muito frio. Um exemplo de planeta que está em uma zona dessas é o próprio planeta Terra.

— Ou seja, um planeta que está na zona de Goldilocks apresenta as condições de temperatura ideias para o surgimento de vida. — Obrigado, Bernard.

Bernard volta ao seu lugar. No fundo, um dos alunos cochichava para o colega ao lado: "puxa saco do professor".

— Muito bem, pessoal! — disse o docente. — Está na hora.

Enquanto os cientistas da NASA lançavam a sonda Kepler ao espaço,  Bernard e seus colegas assistiam tudo em um telão na sala ao lado.

— Contemplem, pessoal. Estamos dando mais um passo em busca do conhecimento. — disse o docente.

"É um milagre", Bernard pensou. "Um milagre celeste".

5 de dezembro de 2011

Após mais de dois anos de constante exploração, a sonda Kepler fez uma de suas maiores descobertas até então: o primeiro exoplaneta* descoberto que orbita uma zona habitável de uma estrela com características semelhantes ao nosso Sol.

O planeta em questão é o Kepler-22b. Orbita a estrela de Classe-G Kepler-22 e possui um raio duas vezes maior que o da Terra. Sua aparência foi até comparada com a do planeta Namekusei, da animação japonesa Dragon Ball Z.

A imensa probabilidade de que tal planeta possa abrigar vida fez com que essa descoberta chamasse a atenção de diversos cientistas do planeta. Se o explorassem, os astrônomos poderiam, hipoteticamente, enfim conhecer vida inteligente fora do nosso mundo azul. Só existe um problema: a distância. O Kepler-22b encontra-se a mais de 600 anos-luz da Terra. Ou seja, se conseguíssemos viajar na velocidade da luz, que é de 299.792.458 metros por segundo, iríamos demorar mais de 600 anos para chegar lá. A Voyager 1, a nave espacial mais rápida inventada até agora, transita numa velocidade de 77.300 metros por segundo. Muito pouco, se comparada à velocidade da luz.

18 de abril de 2045

Bernard Griffin estava em uma reunião com outros cientistas do ramo astronômico. Ele estava apresentando um novo projeto que, segundo ele, revolucionaria as viagens interestelares.

— O nosso universo é gigantesco. — disse Bernard, iniciando seu discurso. — Existem inúmeras coisas a serem descobertas fora do nosso sistema solar; quem sabe, até mesmo, vida inteligente que não a nossa. Explorar tais lugares daria ao nosso conhecimento humano uma dose maior de informações. Porém, a distância é um grande problema que precisamos enfrentar. Se quiséssemos ir até o centro da Via Láctea, por exemplo, demoraríamos 26 anos, isso se viajássemos na velocidade da luz, algo ainda impossível.

Um dos presentes levantou a mão.

— Diga.

— Dr. Griffin, uma dúvida. O que é aquilo? — disse, apontando para uma tela na parede ao lado de Bernard, que mostrava o planeta Marte.

— Isso? É Marte, ora!

— Eu sei que é o planeta Marte, Bernard! Mas por que colocou imagens dele ali?

— Essas imagens estão sendo transmitidas da minha sonda que mandei especialmente para filmar o planeta.

— Mas por que quer tanto imagens de Marte, se desde que a exploração desse planeta começou, temos terabytes de fotos e vídeos dele?

— Aí é que vem a parte mais interessante. Com a tecnologia que tínhamos até agora, o tempo mínimo de viagem ao planeta Marte era de 150 dias. E se eu dissesse que agora podemos ir até lá num tempo máximo de dois minutos?

Todos olharam sem credibilidade para Bernard.

— Dr. Griffin, isso é praticamente impossível. — disse um dos cientistas. — A Terra fica a uma distância muito grande de Marte para chegarmos lá em tão pouco tempo.

— Vocês acham mesmo? Então, olhem isso.

Bernard pega uma pedra que havia guardado. Era uma pedra simples e qualquer, que ele pegou na rua quando ia para a reunião.

— Dr. Griffin, isso é apenas uma pedra.

— Exatamente. Agora, observem.

Bernard posiciona a pedra e aciona um botão. Uma forte luz sai de um aparelho instalado no teto. A luz se concentra na pedra e depois de um tempo, faz ela desaparecer. Todos olham maravilhados.

— Querem saber onde está a pedra? Olhem na tela.

Depois de um tempo, eles vêem a sonda emitir uma luz semelhante à que eles tinham acabado de ver. A mesma pedra está agora orbitando o planeta Marte.

— Isso é incrível, Dr. Griffin! — elogiou um dos cientistas. — Mas afinal, o que é isso?

— Isso, meus amigos, é o que eu chamo de SIDRA.

— E o que significa SIDRA?

— System of Immediate Disintegration and Reconstruction of Atoms.** Em outras palavras, teletransporte.

— Dr. Griffin, está querendo dizer que conseguiu inventar a tecnologia do teletransporte?

— Não. Eu não a inventei. Todo o crédito está referenciado ao brilhante cientista Dave Relf, eu apenas a desenvolvi.

— Está dizendo que teve acesso aos manuscritos de Dave Relf? Como isso é possível? Achei que eles estavam perdidos.

— De fato, mas digamos que eu tive uma ajudinha para recuperá-los. Continuando, estou há 5 anos trabalhando no SIDRA, e agora que meu trabalho está finalizado, acredito que seja a hora de colocá-lo em prática.

— Só uma pergunta, Bernard. Como funciona a tecnologia do SIDRA?

— Explicando de maneira simples: o SIDRA realiza uma leitura do estado dos átomos que formam a matéria, depois, transmite essa informação para um receptor localizado no espaço para onde eu quero teletransportar. Neste caso que acabei de mostrar, usei a sonda filmando Marte como um receptor. Quando a posição e o estado de cada átomo é transformado em informação, o corpo é desmaterializado e imediatamente reconstruído no local onde o receptor de informações se encontra. É assim que o teletransporte funciona. Minha intenção é usar o SIDRA para levar uma tripulação à uma exploração bem longe.

— E onde seria?

— Kepler-22b. O exoplaneta descoberto em dezembro de 2011. Existem alguns satélites localizados no sistema planetário que orbita a estrela Kepler-22. Se usarmos um desses satélites como receptor, poderemos teletransportar uma nave tripulada até lá. Então, uma viagem que duraria seis séculos deverá demorar apenas algumas horas.

— Mas isso não gastaria muita energia? — perguntou um dos cientistas.

— Seria seguro mandar seres humanos usando essa tecnologia?

— Com relação à energia, — respondeu Bernard. — fiquem tranquilos. Usaremos uma NEUTRY, a fonte de energia mais eficiente da atualidade. E quanto à tripulação, já fiz inúmeros testes, usando o SIDRA para transportar matéria à curtas distâncias. Iniciei usando material inanimado, como uma pedra, por exemplo. Depois, testei em seres vivos, inicialmente plantas. Depois, usei animais como cobaias. Nunca houve nenhum problema com a estrutura física deles. O SIDRA só apresentará perigo se eu desmaterializar um corpo sem enviar a informação para um receptor. Se eu fizer isso, praticamente estarei apagando o corpo da existência. Estaria matando ele, de fato. Mas se tudo for feito com o todo o cuidado necessário, viagens interestelares à longas distâncias serão tão comuns quanto aquelas que vemos na série "Batalhas Galácticas", do meu velho amigo George William.

— E quando pretende iniciar a missão?

— Daqui a dois dias.

— Já sabe quem irá mandar nessa missão?

— Montei uma equipe com alguns soldados que trabalham comigo na minha estação espacial, a Heavely Miracle.

Bernard mostra no telão a lista dos cinco soldado que seriam mandados ao exoplaneta:

• Thierry Jones, 32 anos. Sexo masculino.
• Susan Bryant, 28 anos. Sexo feminino.
• Antony Lee, 22 anos. Sexo masculino.
• Kayla Ross, 27 anos. Sexo feminino.
• Tom Johnson, 31 anos. Sexo masculino.

— Eles ficarão lá por cerca de 32 horas, depois voltarão para a Terra também usando o SIDRA.

Todos aplaudiam de pé a palestra que Bernard acabara de dar. "Bernard Griffin é incrível", todos pensavam.

"Levarei o homem para fora da Via Láctea até o fim desta década!". Bernard estava perto de cumprir a promessa que havia feito cinco anos atrás.


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Notas finais do capítulo

* Exoplaneta: planeta que não orbita o Sol, ou seja, não faz parte do Sistema Solar.

** Sistema de Desintegração e Reconstrução Imediata de Átomos.

Espero que tenham gostado. Até a próxima. O/



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