O vermelho de Copenhague escrita por Letícia Matias


Capítulo 29
Vinte e nove


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Tudo bem com vocês? Eu espero que sim!!
Então, sei que hoje não é o dia combinado de postar, mas como está tudo mmeio bagunçado. Decidi postar este capítulo hoje.
Não sei se vocês estarão preparados para ele, mas... here it is!!
Espero do fundo do coração que gostem.



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Com ambas as mãos em seu peito, o empurrei hesitante.

– O que...

– Desculpe. - Jullian disse virando-se para frente. Ele olhava para seu colo. - Claramente estou fora de mim.

Estávamos ambos com a respiração ofegante. Observei com um pouco de decepção Jullian colocar a chave na ignição e girar. O carro ligou e, com ambas as mãos no volante, ele começou a dirigir e deixamos a farmácia para trás. Eu estava atônita, minha cabeça girava, meus lábios formigavam e ainda sentiam a pressão e o toque dos lábios de Jullian, macios e quentes. Por um momento, quis que a cidadezinha litorânea fosse maior, que tivéssemos alguns quilômetros a percorrer na companhia um do outro. Assim, talvez, poderíamos conversar sobre o que tinha acontecido. Mas aquilo era um erro, um impulso. E estava bem claro para ambos de nós.

Dentro de cinco minutos, Jullian estacionou o carro em frente à casa. Todas as janelas estavam fechadas e não tinha vestígios de luz. O silêncio dentro do veículo era palpável. Eu cutucava um pequeno pedaço de pele no canto do polegar. Doía, mas aquilo estava me mantendo segura de que estava sã, acordada e no mundo real. Aquilo não fora um sonho. Eu estava mesmo vivenciando tudo aquilo.

– Talvez devêssemos entrar. - sugeri quebrando o silêncio.

– Sim. - pelo canto do olho pude o observar enquanto este permanecia imóvel com ambas as mãos ainda no volante, mesmo que o carro já estivesse desligado.

Eu não suportava mais toda aquela tensão. Ele parecia arrependido e exausto e vê-lo de tal maneira, me frustrou ainda mais. Senti novamente uma súbita vontade de chorar, uma iminente chateação.

– Sinto muito, Jullian. Sua noite parece ter sido um saco.

Ele uniu as sobrancelhas espessas. Uma luz pálida que vinha do poste acima de onde o carro estava estacionado iluminava seu semblante. Jullian olhou para mim; parecia confuso e surpreso. Seu nariz não sangrava mais e nem tinha vestígios de sangue graças ao antisséptico.

Não suportando olhá-lo mais nenhum segundo, abri a porta do carro e saí. Bati a porta com o máximo de cuidado que pude me permitir e entrei dentro de casa. Surpreendentemente, eles não trancavam as portas. A confiança que ninguém tentaria um assalto era grande.

Subi os degraus da escada o mais silenciosamente possível e também o mais depressa que consegui. A casa estava completamente silenciosa. Tudo o que conseguia ouvir eram os meus passos sorrateiros e minha respiração ofegante.

Entrei no quarto e fechei a porta. Não cheguei a trancá-la. Sentia-me elétrica por causa do beijo e decepcionada pela noite ter acabado em uma espécie de arrependimento. O modo como Jullian dissera que ele claramente estava fora dele fora um pouco ofensivo. Ou então eu estava sensível demais naqueles últimos dias. Tudo estava indo bem, até que aquele maluco chegou perto de mim no clube e fez a noite toda desmoronar.

Eu estava andando de um lado para o outro no meio do quarto, as luzes apagadas. A janela do quarto estava fechada e ainda assim podia ouvir o barulho do mar. Havia uma lua no céu que brilhava intensamente.

A porta do quarto se abriu. Jullian entrou e a fechou rapidamente atrás de si. Eu estava visivelmente agitada. Olhei-o com desconfiança e indignação.

– O que foi? - perguntei esforçando-me para sussurrar. Minha voz estava trêmula. - É melhor ir dormir antes que faça outra coisa da qual se arrependa.

Ele passou a mão pelos cabelos, exasperado. Uma estava pousada em sua cintura e a outra puxou os cabelos loiros e ondulados para trás.

– Está brincando com a minha cara? - se aproximou de mim. Seu tom de voz era baixo, porém firme. - Não me arrependo de porra nenhuma que fiz esta noite. Talvez me arrependa de não ter arrebentando a cara daquele maldito.

Jullian estava ali, bem à minha frente. Seus olhos demonstravam ansiedade. Estávamos sussurrando e falando coisas que não faziam o menor sentido para mim. Por que estávamos discutindo, afinal?

– Eu... não sei mais como esconder isso, como lutar contra esses sentimentos. Eles têm me assombrado.

Meu coração travava uma luta barulhenta em meu peito. Do que diabos ele estava falando?

Balancei a cabeça em negativa, não estava entendendo onde ele queria chegar com tudo aquilo. Prendi a respiração quando, surpresa, o vi colocar um fio rebelde do meu cabelo atrás de minha orelha.

– Do que você está falando? - perguntei.

A porta do quarto se escancarou e a luz foi acesa. Eu pulei, assustada e Jullian olhou na mesma direção que eu. Nigel estava vestido com uma camiseta branca e lisa, uma calça jeans surrada e nos olhava com um olhar ansioso.

– Precisamos ir para o hospital mais próximo. Agora!

A urgência em sua voz fez com que Jullian saísse em disparada do meu quarto. Era óbvio que algo muito sério tinha acontecido ou estava acontecendo. Senti meu coração querendo rasgar meu peito e saí logo em seguida com Nigel e entrei no quarto de Jullian e do sr. Zarch.

A cena com que me deparei me deixou chocada na porta do quarto. Jullian estava em cima da cama, de joelhos e tinha a cabeça do sr. Zarch apoiada em suas mãos. Este encontrava-se desacordado e tinha um rastro de baba pelo rosto. A gritaria a minha volta era surreal. Minha cabeça parecia estar imersa debaixo de uma grande piscina olímpica. Eu tinha de agir! Tinha de fazer alguma coisa. Ouvia Julliam gritar algo - mas não entendia o quê estava gritando. Também ouvia um choro agudo de Betty Berry.

Em choque, vi Nigel segurar os braços de Jullian e tirá-lo de cima da cama onde o sr. Zarch estava. Eu tinha de agir! Por que diabos estava parada? Aproximei-me da cama e peguei a lanterninha em cima do criado mudo. Puxei as pálpebras do sr. Zarch para que pudesse ver ele este tinha algum sinal vital. Senti o pavor crescer quando seus reflexos não responderam à iluminação. Olhei em volta e encontrei um frasco laranja vazio de remédio. Li o nome "Valium" e olhei para o rosto de Nigel. Este soltou Jullian, que pegou o corpo do sr. Zarch da cama e começou a gritar algo para Nigel em dinamarquês.

Observei Jullian sair do quarto carregando o pai inconsciente nos braços.

–  Nigel... - minha voz estava embargada.

Ele veio até mim e segurou meus ombros com firmeza. Seus olhos castanhos fixaram-se nos meus.

– Fique aqui e cuide de Betty Berry. Darei notícias! Por favor, cuide dela. Está me ouvindo, Wendy?

Suas mãos chacoalharam meus ombros urgentemente. Assenti e gaguejei um "sim". Observei Nigel sair em disparada do quarto. Betty Berry ainda chorava desesperada quando veio até mim e passou os braços finos ao meu redor. Tentei abraçá-la da melhor maneira que pude. Eu estava chocada. Aquilo estava mesmo acontecendo?


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Notas finais do capítulo

Eu sei, Eu sei. Eu acho que vocês estão querendo me matar??
Bom, como sempre, Eu quero realmente muuuito saber o que vocês acharam desse capítulo. Um pouco chocante, talvez?
Bem, me contem aí pessoal.
Also, muito obrigada por todo apoio! Vocês são demais ♡♡♡♡♡
Um grande beijo,
Lê.
Até o próximo!



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