O vermelho de Copenhague escrita por Letícia Matias


Capítulo 19
Dezenove


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Tudo bem com vocês? Espero que sim.
Que friozinho hein. Meu Deus. Particularmente, gosto muito. Mas tá frio demaaaais e eu nem tenho muita roupa de frio kkkkkkk #AceitandoDoações kkkkkkk



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Nós chegamos em Skagen na hora do almoço. Eu estive ocupada a viagem inteira fingindo que estava dormindo, mas, chegou uma hora em que não pude mais fazer isso, já que parecia insano que eu dormiria a viagem toda. Quando faltava uma hora e meia para chegar, Betty me cutucou para ver se eu estava bem. De olhos fechados, tinha ouvido ela comentar com Nigel, o sr. Zarch e Jullian o quanto eu parecia abatida. Nigel e o sr. Zarch concordaram e Jullian permaneceu calado e dirigindo. Pela primeira vez, achei que seu jeito calado era uma boa coisa.

Eu disse para Betty que estava tudo bem e até aceitei metade de um dos lanches naturais que ela havia feito.

– Tem certeza de que está bem, querida? Você não está com uma cara muito boa. - Betty me olhou inquiridoramente.

Nigel, que estava no banco da frente ao lado de Jullian, olhou para trás. O sr. Zarch não o fez apenas por não conseguir, eu tinha certeza disso. Pelo retrovisor vi os olhos azuis de Jullian olhando para mim.

– Estou bem gente, obrigada por perguntarem. Só... Não me sinto muito disposta hoje. Vai passar. - forcei um sorriso.

Eu esperava que eles me deixassem em paz um pouquinho só. Era injusto pensar assim, mas, quando estamos em um humor ruim, falar sobre o que está te incomodando pode apenas piorar tudo. Eu quase consegui entender o jeito de Jullian.

Skagen era uma cidadezinha minúscula com casinhas muito perto da praia. Uma espécie de vila se projetava no local e perto dali, o cheiro da maresia pairava no ar.

Enquanto passávamos pelas ruazinhas, pude ver algumas lojinhas de presentes e mercados. Era tudo muito sofisticado até. A casa dos Zarch era uma das últimas da rua e ficava praticamente ao lado da areia da praia.

Quando Jullian estacionou o carro em frente à casa feita de pedras acinzentadas, foi um alívio. Minhas costas doíam e minha cabeça também. Betty e eu saímos do carro e montamos a cadeira de rodas do sr. Zarch na ruazinha nada movimentada de paralelepípedos. Nigel o tirou de dentro do carro e o colocou sentado.

– O senhor está bem, sr. Zarch?

– Estou, querida. Só com um pouco de dor nas costas.

–  Vamos entrar e eu providenciarei um remédio para o senhor.

Ele concordou com um "sim" que pareceu-me mais um suspiro. Nigel entrou com ele e Betty. Jullian estava atrás do porta malas e já pegava algumas. A minha ainda estava lá dentro e eu fiz menção para pegá-la.

– Eu pego. - ouvi-o dizer.

–  Está tudo bem, eu ajudo.

– Pode entrar e ir cuidar do meu pai. É para isso que está aqui, não é?

Olhei para o rosto de Jullian assim que coloquei as rodinhas da mala contra o concreto. Seus olhos analisavam meu rosto. O encarei com raiva.

– Sabe de uma coisa? Seria ótimo se você não fosse tão estúpido assim o tempo todo. Estou aqui para cuidar do seu pai, sim. Mas se eu quiser levar a minha mala pelo menos eu tenho total direito. Então, Jullian, faça-me um favor e me deixe em paz. Me poupe da sua falta de educação.

Ele parecia um pouco surpreso com a minha explosão, mas eu achei bom. Não estava a fim de aturar o humor ácido dele. Peguei minha mala e saí a arrastando apressadamente. Teria sido uma ótima deixa se a alça não tivesse quebrado, fazendo a mala tombar no chão e a alça ficar na minha mão. Parei e olhei para a mala caída atrás de mim na calçada. Eu nem queria olhar para a cara de Jullian e ver seu provável sorrisinho de satisfação. Fechei os olhos por um instante e respirei fundo algumas vezes. As lágrimas ameaçaram a cair, mas, com esforço, me recompus. Abaixei e peguei a mala com as duas mãos. Arrependi-me por ter trago tanta roupa.

Entrei na casa passando por Betty que estava na porta e parecia ter visto tudo de camarote. Ela me olhou e me deu um sorriso forçado e murcho.

– Nigel, ajude ela a colocar a mala lá em cima no quarto.

***

Fiquei com um quarto que dava para a vista para a praia. Era um quartinho simples com um carpete de madeira velho no chão e um papel de parede branco com algumas flores azul claro. Tinha uma cama de ferro branco forrada com um edredom branco e dois travesseiros. Além disso, uma cômoda branca e um pouco desgastada com um abajur em cima. Para mim estava mais do que ótimo.

– Ei, Wendy.

Olhei para Nigel parado na porta me olhando.

– Sim.

– Se não estiver se sentindo muito bem, descanse um pouco. Eu posso dar conta do senhor...

– Não, estou bem. - forcei um sorriso. - Sério, está tudo bem Nigel. Posso fazer meu trabalho. Vou apenas usar o banheiro e já vou descer para ajudá-los.

Acho que ele não tinha muita certeza disso, mas deu de ombros e me deixou sozinha no quarto. Fui até a janela e admirei a onda da água escura se quebrando. Não parecia que o sol sairia naquele dia. O céu estava cinzento e muito provavelmente continuaria daquele jeito. Não chovia mais, o que já era motivo de comemorar.

Respirei fundo fechando os olhos. Certo Wendy, melhore essa cara de merda. Você veio para trabalhar e o sr. Zarch não merece sua cara de merda.

Com esse pensamento, deixei o quarto, fechando a porta atrás de mim. Me encontrei com Jullian no corredor. Não olhei para seu rosto, mas vi de soslaio que era ele. Passei reto e desci às escadas para o andar debaixo, onde o sr. Zarch esperava por mim com Betty Berry e Nigel.


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Notas finais do capítulo

Eu espero que vocês tenham gostado desse capítulo ainda que esteja curtinho. Melhor o Jullian se cuidar hahahaha a Wendy não tá pra brincadeira não.
Ah, estou enfrentando alguns problemas pra escrever essa semana... minha crise de ansiedade está bem atacada e tô com muitas paranoias. Ai :/ é difícil mas espero que passe logo pois não conseguir escrever direito é muito ruim.
Anyway... espero que tenham gostado e tenham uma ótima terça-feira! Agasalhem-se em people!!!
Beijos e até o próximo.
Lê.



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