O vermelho de Copenhague escrita por Letícia Matias


Capítulo 10
Dez


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiii gente!!!! Tudo bem com vocês? Eu super espero que sim.
Nem acredito que chegou a hora de eu postar esse capítulo pra vocês porque olha... eu tava muito ansiosa pra postar ele.
Só alegria!! Hoje é sexta, tô de folga e tem capítulo novo pra vocês ♡♡♡ Espero que gostem!!!



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Depois de Louis pagar a conta, saímos do restaurante e começamos a andar pela rua larga de paralelepípedos cheia de gente, bares, restaurantes e mesinhas dentro e fora dos locais. Tinha tanta mesa que ficava muito difícil saber qual pertencia à qual restaurante, pois todas eram redondas, pretas e iguais. A noite estava maravilhosa. O céu estava preto e ventava bastante.

– Não está com frio? - Louis perguntou enquanto andávamos lado a lado.

– Não, estou bem.

Estava andando e encarando meus pés. Aquela bota iria massacrar meus dedinhos. Eu podia sentir.

– Está a fim de ir no clube? Se não quiser...

– Quero sim. - olhei para seu rosto enquanto assentia. Sorri.

– Tudo bem. Você não é menor de vinte e um anos, certo?

– Não, mas obrigada por perguntar.

Nós rimos e Louis uniu as sobrancelhas.

– Quantos anos você tem, ruiva?

– Vinte e três. E você?

– Vinte e quatro.

– Acho que estamos bem. Não parecemos mais velhos do que isso.

Ele deu de ombros.

– Espero que não mesmo, pois não estou com pressa de parecer que cheguei nos trinta.

– Acho que você estará bem aos trinta.

Louis parou de repente e me olhou. Estávamos no final da larga rua. Do nosso lado direito havia um pequeno restaurante  mexicano. A comida estava cheirando forte. Acima de nós, as luzes amarelas em zigue-zague acesas.

– O que foi? - tirei um cabelo que tinha ido parar no meu rosto por causa do vento.

– Tem um floco de neve no seu cabelo.

Louis deu um passo para frente e tirou algo do meu cabelo. Eu não tinha sentido a neve começar a cair e nem sequer sabia se era verdade. Estava paralisada olhando-o ficar mais próximo de mim.

– Seria muito atrevimento eu te beijar agora? - seu rosto estava muito próximo do meu e inclinado um pouco para o lado direito.

Engoli em seco. Acho que tinha esquecido como se respirava. Pisquei algumas vezes olhando para seu olho. Os seus, ora pairavam sobre minha boca, ora nos meus próprios olhos. Minha voz saiu rouca e baixa.

– Acho que está tudo bem.

Suas mãos grandes e largas seguraram meus braços firmemente e ele me puxou para mais perto, me beijando.

Se estivéssemos em um filme romântico e fantasioso, com certeza um dos meus pés subiria alguns bons centímetros do chão. Ou eu sairia flutuando como um balão. Mas estávamos na Dinamarca, em Copenhague, numa noite de março e nos beijando debaixo de luzes alaranjadas, amarelas, brancas e que deixavam o momento mágico.

Enquanto ele me beijava, uma das minhas mãos foi para a sua nuca e eu comecei a passear meus dedos por seu cabelo perto dali. Quando nos separamos, eu estava ofegante e ele também. Nos olhamos por uma fração de segundo até que ambos começamos a rir.

– Nossa, eu me sinto ótimo! - ele disse olhando para o céu. - Acho que não fica melhor do que isso, ruiva.

– Sabe de uma coisa? Estou começando a achar que você esqueceu meu nome.

Entrelacei meu braço no dele e recomeçamos a andar.

– Mas é claro que não, ruiva. Também conhecida como Wendy!

Ri. Andamos até o quarteirão seguinte por uma calçada com muros pichados enquanto conversávamos. Meu braço entrelaçado no seu. Era estranho e totalmente repentino, mas eu estava me divertindo muito e não me sentia mal sobre o beijo apesar de termos nos conhecido na noite anterior. Aquilo era rápido demais? Acho que sim. Mas, naquele momento, eu me sentia bem.

Paramos em frente à um estabelecimento onde uma fila de gente ainda esperava para entrar. Tinha um segurança rechoncudo e careca na porta. Estava revistando o pessoal. O muro do local era cinza e com palavras pichadas. Parecia ser muito grande e eu tinha suspeitas que havia mais de um andar, pois tinha algumas janelas de vidro fumê fechadas mais acima, uma do lado da outra em fila.

***

O lugar era largo e enorme. Facilmente deveria ter pouco mais de mil pessoas. Não tinha uma estrutura muito bonita. Parecia muito com alguma balada feita em algum lugar mais pobre de Nova York. As paredes eram de concreto, havia um globo grande e espelhado girando e dependurado no teto. Holofotes coloridos giravam e refletiam no globo. Havia muita gente! O andar de cima era uma espécie de camarote e tinha bastante gente olhando lá para baixo e conversando.

– Vamos pegar algo para beber! - Louis falou no meu ouvido.

Assenti. Ele segurou minha mão e saímos atravessando aquela multidão de gente suada e exaltada por causa da música e da bebida. Surpreendi-me com a música que estava tocando. Eu sempre ouvia Hey Ya nos casamentos das irmãs do papai que haviam casado um pouco velhas e acima do peso. Essa música tocara em todos eles e sempre teve a noiva acima do peso dançando loucamente. Eu gostava muito daquela música. Descobri que aquele clube tocava do pop, ao rock clássico. Era uma mistura boa de músicas atuais às antigonas.

Quando chegamos ao balcão, Louis lutou para ser atendido pelo barman. A quantidade de pessoas ali era insana. Conseguimos pegar uma garrafa de cerveja gelada para cada.

– Você dança? - Louis perguntou em pé à minha frente. Eu estava sentada em um banquinho alto em frente ao balcão do bar.

Balancei a cabeça em negativa.

– Eu sei me mexer. É diferente de dançar. - dei de ombros. Apontei para cima. - Essa música não é para dançar. É pra... dançar no lugar, entende?

Era Say Something do Justin Timberlake.

– Não entendi. Você vai ter que demonstrar.

Comecei a me mexer sem sair do lugar, permanecendo sentada. Apenas mexia os ombros e os braços.  A garrafa era meu microfone enquanto eu cantava a música. Louis estava sorrindo e levou a sua garrafa de cerveja até a boca.

– Você também tem que cantar! -apontei para ele.

– Eu não sei essa. Não sou muito fã do Timberlake como cantor.

Continuei a cantar a música junto com as caixas de som estridentes. Não cantei até ela terminar, pois estava sedenta demais. Terminei a garrafa de cerveja em alguns minutos a mais. Louis pegou outra para mim e eu prometi a mim mesma que aquela seria a última e meu limite.

Eu não queria ultrapassar limites impostos por mim mesma e não queria deixar de me divertir. Todo o meu mau humor e chateação pela manhã daquele sábado haviam se dissipado e eu estava feliz por isso. Estava feliz por ter beijado Louis - apesar de ser muito cedo. Eu só me sentia muito bem e satisfeita.

Quase enlouqueci quando começou a tocar Do I Wanna Know da Arctic Monkeys. Louis e eu estávamos na pista de dança neste momento. Meus braços estavam ao redor do seu pescoço e nós dois cantávamos em plenos pulmões àquela música que nos fazia idolatrar o rock alternativo e música indie.

Louis sorria para mim enquanto cantava. Seus braços estavam ao redor da minha cintura. Seu rosto ora atingia uma cor amarela, outra azul, outra de um vermelho diabólico e ainda outra, verde. Os holofotes giravam loucamente pelo clube lotado de pessoas.

Eu não queria que aquela noite acabasse apesar de me sentir rouca e exaltada. Meus pés nem doíam. Acho que estavam anestesiados.

Talvez por coragem provocada por algum teor de álcool no sangue, eu beijei Louis pela segunda vez naquela noite. Seus lábios carnudos estavam gelados nos meus, mas o hálito era quente. Sentia meu corpo quente e quase febril. Meu coração batia em meus ouvidos.

Parei de beijá-lo de repente e disse em seu ouvido que precisava ir ao banheiro. De fato, eu havia ficado apertada. Nós atravessamos a pista novamente. Minha cabeça parecia um pouco pesada. Chegamos até a área do banheiro atrás do extenso bar. A região era escura e tinha apenas duas luzes verdes iluminando ambas as portas pretas de ferro lado a lado que indicavam os banheiros femininos e masculinos.

– Eu espero você aqui. - ele disse.

Assenti. Louis tinha os cabelos desgrenhados e dois botões de sua camisa estavam abertos. Entrei no banheiro feminino. A porta de ferro era pesada ao empurrar e também era pichada com letras verde limão. Talvez fosse o lema do lugar: pichação.

Dentro do banheiro havia três cabines lado a lado. Duas estavam desocupadas e uma fechada. A iluminação era terrível: uma luz neon azul acima do espelho na parede onde a pia ficava.

Encarei meu rosto por um segundo. Eu parecia cansada, como se não dormisse por duas noites. Entrei na cabine aberta e tranquei a porta. Fazer xixi fora um alívio bem vindo. Eu podia ouvir Sweater Weather tocando. O som no banheiro chegava um pouco abafado, mas ainda sim nítido. Músicas nos banheiros desses locais eram estranhamente legais. Era como se você estivesse com a cabeça debaixo d'água.

Meus devaneios sobre a música foram interrompidos ao ouvir duas pessoas transando na cabine ao lado. Franzi o cenho e me assustei com aquilo. Bem, eu já podia esperar aquilo. Era a realidade desses banheiros.

Dei descarga para avisar que tinha mais gente no local, mas aquilo não os impediu. Saí da cabine tentando focar na música ao invés das pessoas dentro da cabine. Em frente ao espelho e à pia eu lavei o rosto com as duas mãos em uma espécie de concha para apanhar a água. Surpreendentemente, havia papel toalha e eu sequei o rosto e a mão. Estava morrendo de calor e meus cabelos estavam úmidos e suados. Decidi prender os fios num coque alto. Eu estava mais esperta e menos fora de mim naquele momento. Respirei fundo e me encaminhei até a porta para sair dali e dar privacidade aos amantes.

Quando abri a porta, fiquei paralisada no mesmo lugar. Uma mulher de cabelos pretos e ondulados estava gritando com alguém, talvez seu namorado. Ela falava em dinamarquês então eu não entendia nada. Assustei-me pois ela jogou a garrafa que tinha na mão contra o homem com quem discutia. Este estava de costas para mim. A garrafa se chocou contra o cara e eu fechei os olhos e virei a cabeça para o outro lado para me proteger. Ouvi as pessoas ao redor exclamando. Quando olhei novamente, meu coração deu um pulo. Reconheci os cabelos levemente ondulados nas pontas e o rosto de Jullian Zarch. Ele pareceu igualmente surpreso ao me ver. Suas sobrancelhas até mesmo se uniram um pouco. Seu rosto não estava machucado, mas sua mão pingava sangue.

– Sua mão! - exclamei apontando para ela.

Jullian desviou seu olhar para sua mão e saiu abrindo espaço entre as pessoas. Elas abriam espaço para não se sujarem. Eu estava pasma. Não tinha visto para onde a menina tinha ido e não sabia para onde ele estava indo. Esperava que para o médico. Jullian estava usando uma calça jeans escura, sapatos sociais e uma camisa muito parecida com a que Louis estava. Era da mesma cor, mas o corte da gola era de um V profundo e as mangas estavam arregaçadas.

Notei a presença de Louis ao meu lado quando este me perguntou se eu tinha me machucado.

– Não, estou bem. - respondi tranquilizando-o. - Mas gostaria de ir embora.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que vocês acharam dessa briguinha baphooo? Kkkkkkkk ai ai eu adoro um barraco.
Me contem aí o que vocês acharam no geral do capítulo !!! E o beijinho do Louis e da Wendy hein? Povinho apressaaaado...
Um enoooorme beijo e até segunda! Ansiosos pro próximo capítulo???
Aaaaah! Tô animada.
Beijos gente. Bom final de semana ♡
Lê.



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