O vermelho de Copenhague escrita por Letícia Matias


Capítulo 1
UM


Notas iniciais do capítulo

Olá! Seja bem vindo (a) a esta história. Espero fazer você rir, se emocionar e ter empatia para com os personagens ❤
Neste primeiro capítulo da história, apresento vocês a nossa narradora, vulgo W.C (Não, não é banheiro) vocês descobrirão o nome dela.
Espero muito que gostem. Faz um bom tempo que não posto nada no Nyah. O comentário de vocês é de extrema importância para que eu possa continuar motivada a escrever. Escrever é a coisa mais maravilhosa pra mim e estou muito animada com essa história.
Sem mais delongas, aqui está o capítulo 1.



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"O acaso tem seus sortilégios, a necessidade não. Para que um amor seja inesquecível, é preciso que os acasos se encontrem nele desde o primeiro instante(...)
A insustentável leveza do ser,  Milan Kundera.

 

 

 

 

"Mãe, estou escrevendo, como prometi que faria.
Aqui se passa das oito da manhã agora e está um vento gelado. O sol está muito fraco. Por alguns poucos minutos ele sai detrás das nuvens densas e grandes e aquece um pouco o corpo, mas quando você acha que a temperatura pode subir ou que o calor solar pode ficar por um pouco mais de tempo, ele se esconde novamente e tudo o que resta é o vento gelado contra o rosto.

Não se preocupe. Estou bem agasalhada. É apenas diferente do calor incessante da Califórnia. Estou te mandando uma foto que tirei faz pouquíssimos minutos para te provar que estou agasalhada! Não estou mentindo. Me sinto uma boneca de pano pesada e ambulante.

Aqui é tudo muito impressionante e colorido! Você iria gostar, eu acho. As casinhas são coladas uma nas outras, exatamente como você as viu nas fotos que procuramos no Google. Mandarei algumas fotos por e-mail para o Fergus. É sério, só estou lhe escrevendo esta carta pois você insistiu. É muito difícil e velho ter que fazer isso. Vai demorar dias até chegar em suas mãos. Mas tudo bem.

E, respondendo à sua pergunta: eu começo meu estágio na semana que vem e não, não será em um hospital. Na verdade, não há muitas vagas a serem preenchidas nos hospitais daqui e então uma parcela pequena dos intercambistas teve a sorte de ir trabalhar no hospital. Fui convocada para cuidar de um senhor de idade que ainda não sei nada sobre ou sobre a família, a não ser que moram aqui. A faculdade me disse que estarão me mandando um e-mail (pois vivemos no século vinte e um agora, tudo bem?) para falar sobre a família e meu trabalho na casa deles. Não sei se é a escola que vai me mandar o e-mail com as informações ou a própria família.

Desculpe, não tenho muito o que contar. É frustrante para mim também. Achei que teria mais o que dizer. Mas estou aqui há apenas cinco dias e é tudo muito confuso. E acredite se quiser, aqui eles falam dinamarquês! Eu não sabia que eles tinham um idioma próprio. Acho que as aulas de geografia na escola não foram tão boas afinal. É um idioma esquisito e não aprendi nada até agora. A comida é boa. Comi uma espécie de pão com carne e batata e lembrei de papai na hora. Ele iria comer até morrer. Não lembro o nome, antes que me pergunte. Mas vou tentar descobrir.

Diga a Fergus para checar o e-mail dele para que vocês vejam as fotos que vou mandar e que amo ele e o papai. Também amo você. Estou com saudade e me sinto sozinha e perdida. Ah! Eu tenho um quarto só para mim aqui na faculdade. Mas eu não ficarei muito nele dentro de alguns dias.

Mando notícias (por e-mail!)
Com amor,
Wendy.

Parei de escrever e tampei a caneta rosa enquanto olhava para o barco no canal Nyhavn. Era o famoso canal que podemos ver nas fotos quando você procura algo sobre a Dinamarca. Lembrava muito os canais de Amsterdã - onde eu nunca havia ido pois o mais longe que tinha ido antes de ir para Copenhage, tinha sido Nova York.

Peguei o copo de isopor com café quente dentro e levantei-me da cadeira de ferro preta. Eu estivera sentada naquele pequeno bistrô com mesinhas na rua por aproximadamente uma hora. Tinha a alça grossa da câmera pendurada ao redor do meu pescoço. Apesar do sol não estar nem de longe forte, usava um óculos de sol com lentes vermelhas e armação prateada. O sobretudo de algodão amarelo parecia combinar com várias das casinhas dali.

Deixei a mesinha redonda, preta e de ferro para trás e continuei minha caminhada que fora interrompida pelo meu estômago roncando de maneira incessante. Eu não pude reclamar de parar para comer uma deliciosa torta com nozes caramelizadas e bebericar o café com leite.

A faculdade onde eu estudava desde o começo da semana ficava bem no centro da cidade. Ela era um prédio de arquitetura gótica amarronzado com um gramado extenso em sua fachada. Era o oposto da faculdade onde eu estudava em Los Angeles - que era um prédio com paredes de vidro e estacionamento para carros em sua fachada. Ali era tudo diferente. As casinhas estilo holandesas dava um charme inigualável à cidade. Eu não compreendia quase nada do que eles falavam, pois, me enganara ao achar que todos saberiam inglês. Eu estava sobrando. Estava em um país totalmente diferente do meu, onde falavam um idioma que eu não conhecia absolutamente nada. Era assustador e eu estava tentando não imaginar como pediria para ir ao banheiro, ou, se me perdesse, como pediria ajuda.

O sol havia se escondido de vez atrás das densas nuvens e o clima parecia ficar mais gelado a cada minuto que se passava. Era começo de março e ainda estava muito frio, mesmo que a primavera se aproximasse.

Parei em frente a uma banca de frutas coloridas e observei as plaquinhas feitas de papelão com os preços. Decidi comprar uma maçã verde, bananas, blueberries e alguns cachos de uva. Eu me ocupava muito em comer frutas desde que minha avó dissera que meu avô havia falecido pois não comia frutas. Eu sabia que era mentira, mas na época em que ela me contara, eu tinha quatro anos, então não dá para julgar uma criança por acreditar em tal coisa. Por mais que eu soubesse que vovô Johnny tivesse morrido por causa de um ataque cardíaco, ainda tinha o hábito de comer frutas. Suspeitava que vovó sentia um prazer secreto ao me ver fazendo isso durante toda a tarde depois do almoço. Já sentia saudade dela.

Paguei as frutas com dez euros e caminhei com o saco de papelão com as frutas dentro, a câmera pendurada em meu pescoço apontando para frente e a bolsa vermelha transversal começando a cansar meu ombro esquerdo.

A caminhada até o ponto de ônibus foi pequena e logo o transporte público azul apareceu pegando eu e mais alguns passageiros. Dei-me conta de que havia esquecido o nome da parada onde deveria descer. Sentei-me e olhei em volta. O ônibus estava quase vazio e havia muita gente velha. Parecia injusto julgar, mas nenhum deles parecia ter tido a preocupação de aprender inglês e eu não fazia a mínima ideia de como perguntar onde era o ponto mais próximo da faculdade.

A minha única solução fora esperar e olhar pela janela a cidade se tornando um pouco menos colorida enquando adentramos nos pontos não turísticos da cidade. Eu desci uma parada depois de ver a estrutura da faculdade ficando para trás e andei por quase cinco minutos até que pudesse voltar a ver o extenso gramado da instituição esperando por mim com uma cor de um verde não muito convidativo por causa do clima.

Enquanto andava na calçada, um homem barrigudo e baixo que parecia ter saído daquele videoclipe da Britney Spears onde ela está sendo assediada por paparazzis me olhou e disse:

Hej! Har du marihuana der med dig?

Eu apenas franzi o cenho em primeiro instante e sorri logo depois, para o caso de ele ter me dito um bom dia ou ter elogiado algo em mim. Depois de um tempo fui descobrir que na verdade ele havia me perguntado se eu tinha maconha.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam desse primeiro capítulo? Espero que eu os tenha feito rir um pouquinho.
Grande beijo e até o próximo capítulo - na quarta-feira (é o dia que tentarei postar novamente).
Por favor, se gostaram, não deixem de me dizer ♡
Um beijo.
Lê.



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