Jon estava dormindo em seus aposentos reais, quando acordou de madrugada sentindo o forte frio que não era muito comum no verão. Colocou seu casaco e resolveu ir dá uma olhada na filha que dormia nos aposentos ao lado do seu. Ainda estava meio zonzo do sonho. Não lembrava muito, mas sabia que no sonho tinha muita neve.

—Algum problema, Vossa graça?- perguntou o guarda que estava perto da sua porta, ele se colocou em posição de defesa.

—Não há problema nenhum, apenas vou ver minha filha. Continuem em posição.- disse Jon seguindo até o quarto da menina.

Rhaella dormia profundamente aparentemente, só aparentemente, pois sua voz pegou Jon de surpresa:

—Papai?

—Sim?

—A mamãe está nos esperando além da Muralha!

Jon sentiu um arrepio e pareceu que o frio aumentou. Tinha prometido para si mesmo que não voltaria para o lugar onde antes ficava a antiga Muralha. No lugar em que haviam reconstruído uma nova, não tão grande como a antiga, mas que tinha ajudados nos meses da batalha pela alvorada.  Não queria pensar nisso e nem falar sobre aquele assunto que sua filha havia começado. Também não queria falar sobre Daenerys com a filha no momento.

—Do que está falando, filha? Você sabe que falar sobre...- as lágrimas começaram a querer vim aos olhos, piscou para tentar as afastar, não iria chorar, não na frente da garotinha dele- Ainda a amo demais.

—Não fique triste, papai. - disse Rhaela pegando em sua bochecha com sua mão pequena e fina- Ela está além da Muralha esperando pela gente.

O gesto que era para ser tranquilizador o deixou mais agitado, pensativo.

Ele lembrou de um tipo de sonho que Daenerys teve e que lhe contou durante a viagem de barco que eles fizeram juntos, na primeira vez em que ficaram sozinhos e próximos, quando deram uma chance ao amor deles. No sonho ela se encontrava com o filho que nunca chegou a conhecer e com Drogo. Eles estavam em uma cabana além da Muralha e esperavam por ela. Além da Muralha foi o lugar em que Daenerys sumiu após confrontar diretamente o rei da noite.  Devido a isso Jon entendeu o sonho como uma metáfora.

Tanto o dela como o que a filha teve. Se viu pensando ainda mais no passado. Frio, sempre que pensava no passado associava ao frio.

Após o confronto épico de dragão contra dragão na neve foram achados os corpos de ambos os dragões, mas nem sinal de Daenerys ou do rei da noite. Daenerys voou para longe, pois não queria que o exercito se ferisse, e para necessário por causa do plano que tinha  para encurralar o rei da noite em uma armadilha. Em nenhum momento Jon pensou que ela não fosse voltar. Que talvez não pretendesse voltar, se isso significasse trazer a primavera no lugar do longo inverno. Em nenhum momento pensou nisso, nem quando ela disse que confiava totalmente nele para cuidar de Rhaella, que tinha apenas alguns dias.

Seus pensamentos foram interrompidos por Rhaella puxando a sua roupa. Querendo a sua atenção.

—Papai, o senhor está bem?

—Estou, apenas estou muito cansado. Vamos todos voltar a dormir.

—Papai, o senhor também sonha com ela?

—Sonho, mas não enquanto durmo, sonho com ela enquanto estou acordado. -dizem que quando a pessoa ama ela sonha acordado e Jon sabia que isso era verdade, as vezes se pegava pensando, mais que pensando era mais como se sonhasse com os seus momentos com Daenerys- Com o sorriso dela.

A menina lhe abraçou. Um pouco de calor em meio ao frio. Jon pensou que se sonhasse com Daenerys pedindo para que fosse a encontrar além da Muralha era provável que fosse, mesmo sabendo que era apenas um sonho. Mas em seus sonhos tinha neve, sempre tinha apenas neve. O que seria provavelmente a única coisa que acharia além da muralha. Ficou um pouco mais pensando sobre isso.