Filhos de Aço escrita por arc4dex


Capítulo 2
Bunker




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— Esse é o seu esconderijo!?

— Sim. E é muito melhor por dentro.

— Olha isso! Da para a irmandade utilizar esse local -

— Negativo. Só é um esconderijo por que poucos sabem - Eu desci a Alferez do meu colo - Se a irmandade quiser, pode até utilizar o heliporto.

— Mas, isso é contra às regras...

— Eu sei. E é por isso que você vai dizer que eu te levei para uma casa simples que eu utilizo de esconderijo.

Fomos até a porta de aço na entrada do esconderijo. Ela estava trancada com dois grandes cadeados aparentemente velhos que continham uma senha de 5 dígitos cada um.

— Ninguém está aqui dentro... Isso é bom.

— Por que está trancado de maneira tão simples? - Sasha pergunta se afastando para não ver a senha.

— Para não chamar a atenção.

Após destrancar entramos no bunker.

Era uma pequena sala escura com pouca mobilha. Tinha um local onde ficava um antigo arsenal, rodeado por grades, que agora estava vazio e uma mesa com um computador desligado. Ao fundo, havia um elevador.

A Alfere não disse nada. Aparentemente, sabe que havia alguma coisa a mais dentro daquele lugar.

Fecho a porta atrás de mim e fixo duas vigas de aço para tranca-la. Em seguida, coloco minha mochila em cima da mesa e retiro minha armadura num canto próximo ao elevador. Era certo de que ele não iria aguentar o peso que ela tinha.

Sasha apenas observava cansada. Eu apanhei a mochila, ela entrou comigo no elevador e descemos até o subsolo. Quando as portas do elevador abriram, Sasha se depara com vários lêisers por todo um corredor. Olho para ela e a vejo visivelmente assustada.

— Aqui aparenta ser muito seguro... – Ela diz

— Aham... Vira de costas. Você não pode ver isso.

Ela obedece. Saindo alguns passos do elevador, próximo ao alcance dos lasers, havia um piso falso que podia ser removido. Em baixo dele, um painel com seis botões de cores vermelhas. A combinação era simples. Se fosse desenha-la, ela formaria um 77. Imediatamente, os feixes de luz somem e as luzes acendem. Coloco o piso no lugar e convido a Alferes a entrar.

No final do corredor, a esquerda, dava a uma sala espaçosa. Aproximadamente dez metros quadrados. No centro, uma mesa para oito pessoas. A esquerda, havia uma mesa de trabalho, dois baús de aço e uma mesa com um grande equipamento de rádio. Na parede da frente, varias prateleiras e na parede da entrada do corredor, fogão pia e vários pratos sujos. Uma cozinha perfeitamente montada. Ao lado da entrada, um computador em perfeito funcionamento e algumas caixas com tranqueiras em cima de uma mesa.

— Uau... – Sasha diz atrás de mim.

— Calma que fica melhor – digo apontando para uma abertura na parede a direita.

Caminhamos até entrar no que eu chamava de “a caverna”. O local era baixo, húmido, escuro e barulhento. Sabendo que Sasha iria perguntar, eu já me adiantei fazendo um sinal para ela me seguir e saímos dali por uma porta de aço do mais à esquerda da entrada.

— Ali fica um purificador de agua. Bem lá no fundo da caverna, fica um pequeno lago. – Digo enquanto fecho a porta. – O lugar era extremamente sujo e tinha lixo radioativo. Demoramos muito tempo para limpar e montar aquela engenhoca.

— Incrível! – Ela diz animada. – Eu achava que todos vocês eram um bando de caipiras burros.

Eu ri. A alferes só esboça um sorriso.

— Tem muita coisa que a irmandade não sabe sobre essa cidade.

A nova sala em que estávamos era iluminada e fresca. Com direito a ventiladores de teto. Haviam cinco beliches na extremidade da frente e cinco armários de aço na extremidade oposta. Na parede da esquerda, ficavam os banheiros com duchas e privadas. Tudo herança de duzentos anos atrás.

— Parece muito com o lugar onde eu ficava antes de embarcar na Prydwen.

Eu caminho até eu armário que era o mais próximo do banheiro

— Pode deixar suas coisas nesse armário perto de você e pegar a cama da frente de seu armário. Ele está vazio. Você tem alguma coisa para –

— Isso está errado Cavaleiro Ronnan. – Sasha me encara com raiva.

— O que foi?

— Eu posso ser só uma cadete, mais ainda sou superior a você. Exijo respostas.

Isso não é bom. Achei que ela iria levar tudo numa boa mas, agora, eu posso acabar entrando em uma terrível enrascada. Eu tenho que manter o controle da situação.

— Relaxa, iremos descansar um pouco, comer e eu explico –

— Porra nem uma! – Ela da alguns passos pra trás sem tirar os olhos de mim. Ela parece estar com medo.

Pensando bem, ela deve ter se tocado que eu levei uma garota que não me conhece para o meio do nada e a tranquei numa prisão a baixo da terra onde ninguém poderá encontra-la. Eu sou muito burro.

— Sasha, você pode não confiar em mim, mas eu passei os últimos três meses trabalhando com o Paladino Danse. Ele é meu amigo e confia em mim. Tanto que agora eu sou parte da Irmandade do aço e você é minha irmã. – Ela suaviza a expressão tensa de seu rosto – Eu não lhe prejudicarei de nem uma forma. Em partes, eu sei o que estou fazendo, ok?

Sasha cerra o punho e o abre algumas vezes antes de concordar com a cabeça. Sem dizer nada, ela caminha até o armário e o abre.

— Eu não tenho outra roupa...

— Era isso que eu ia dizer. Tem varias roupas limpas no armário do meio. De vários tamanhos. Você achará um para você.

Ela abre as duas portas do armário. Haviam varias camisas, camisetas e casacos em uma porta. Na outra, calças, shorts e calçados. Todos limpos e dobrados um em cima do outro.

— Temos uma maquina de lavar roupas no banheiro. – Eu digo enquanto abro a porta para a caverna. - Qualquer coisa, eu estou na cozinha. – Termino sem olhar para ela, fechando a porta atrás de mim.

Saio da caverna, entro na cozinha, respiro fundo e sento em uma cadeira.

Isso foi constrangedor. Não imaginei que ela iria pensar nisso...Tenho que bolar alguma coisa. O que falar, o que agir e fazer.  Mas, por agora...

Caminho até a mesa da “gambiarra”. Nela, já havia as partes desmontadas de um rifle improvisado. Nada da velharia improvisada ao qual os ladrões usam. Todos os componentes eram novinhos.

Basicamente, par se ter uma arma de ferrolho, bastava ter algo para explodir a pólvora de um cartucho e um cano para colocar a munição. Em meu projeto havia cano em aço sem nem um sinal de ferrugem, madeira prensada impecável para ser a base da arma com direito a coronha. Duas molas um ferrolho e mais algumas pecinhas. Com o cuidado necessário, esta arma nunca quebrará.

Estava praticamente concluído. Apenas desmontado. Foram necessários vinte minutos para encaixar e parafusar todas as peças para que fosse montado um rifle de precisão calibre 7,62. Um pouco de óleo e um cinto para dar o toque final.

— O que é isso? – A alferes pergunta atrás de mim.

— Um rifle de ferrolho. – Respondo segurando a arma e virando.

Sasha estava usando um macacão de refúgio com a numeração 658 estampado em amarelo nele e uma sandália acolchoada com a sola feita de pneu.

— E essas coisa funciona? Parece improvisado demais...

— Você irá  testar amanhã. – Digo entregando a arma a ela.

— Mas o capitão[...]

— Falamos disso depois. Agora, preciso de um banho também.

Vou até a pia, encho uma panela com água e a ponho no fogo. Caminho sem olhar para trás deixando Sasha sozinha com o rifle.

Hora do banho

...

 Cerca de dez minutos se passaram. Quando retorno para a cozinha, a agua estava fervendo e Sasha estava debruçada sobre a mesa. A arma estava na sua frente.

— Cansada? – pergunto enquanto caminho até o fogão.

— Na verdade, esse é o jeito que uso para pensar melhor enquanto eu espero algo. – Ela responde erguendo-se e encostando na cadeira.

Sua cara era de sono

— Irei fazer um chá para nós em quanto conversamos. – Apanho um pote de chá no armário ao lado.

— Não se faz chá dessa maneira.

Viro-me para ela com uma clara interrogação no rosto.

— Você não pode deixar agua ferver. Se não, vai queimar a erva e deixar o chá mais amargo. O ponto ideal é quando as bolhas começam a surgir.

— Aaah... Entendi. – respondo com tom  de surpresa. Deixando a água de lado.

Sento-me a mesa de frente para Sasha e puxo o rifle até mim.

— Como essa coisa atira? Não tem nem carregador...

— Apesar das metralhadoras e pistolas feitas da mesma forma terem, esse aqui não tem. Para colocar a munição, você terá que puxar a alavanca desse jeito e colocar a munição manualmente.

— Legal... - Sasha responde com certa admiração. Era evidente que ela pensava que éramos um bando de niandertais.

— Olha Sasha... Você, como minha superior em questão de tempo na irmandade, tem todo direito de ficar irritada com o que estou fazendo. – ela se ajeita na cadeira e cruza os braços – A nossa missão amanhã será de benefício nosso, da irmandade e da comunidade. – Faço uma pausa. Ela ergueu as sobrancelhas e concorda com a cabeça – Eu tenho um amigo, que frequenta esse esconderijo, ele faz parte dos minutemens e precisa de nossa ajuda.

"Mais ao norte daqui, tem uma pequena fazenda. O filho do dono dela se juntou com um grupo de escórias intitulados de “forjadores”. Eles possuem uma fábrica em que aparentemente está em pleno funcionamento. O pai pediu ajuda aos Minutemens mas, meu amigo sabe quando o problema é grande demais. Então, ele pediu a minha ajuda, a uns dois dias atrás, para que um dia, isso abra portas para uma possível aliança."

Quando paro de falar, Sasha permanece de braços cruzados, olhando para baixo, em quanto refletia.

— O que você acha, alferes?

— Eu não sei. Parte de mim insiste que isso é errado. Mas, parte quer fazer isso por ser de maior importância do que matar necróticos.

— Ghouls – Eu retruco – não, não são a mesma coisa – Respondo antes dela.

—  E qual a diferença?

— De onde você veio, com certeza não existe diferença. - Levanto-me e ando até o fogão. - E o pior, aparentemente, ninguém da irmandade deve ter visto um necrótico ainda. - coloco o chá na agua. - Eles são pessoas que foram severamente afetadas pela radiação. Mas que não perderam sua humanidade. Eles possuem até uma cidadezinha chamada Goodneighbor. São bastante legais deis de que não sejam confundidos com ghouls e atirem neles.

— Como assim...? – Sasha diz completamente confusa.

— Apesar de terem  a pele zoada igual a de um ghoul, eles andam como nós, se vestem como nós, são imunes a radiação e tem uma vida ridiculamente longa.

— Tá, mas... O que isso tem a ver? – a falta de a de importância em suas palavras parecia esconder dúvida.

— Eles são cidadãos da Comunidade. – apanho o bule e dois copos. Ando até a mesa e me senti a frente dela dispondo os copos para nós dois. – E como cidadãos, é nosso dever protegê-los, garantir sua segurança e ganhar a confiança deles. Mesmo que pareçam ser aberrações.

Sasha tamboreia os dedos sob a mesa olhando para o “horizonte” ela abre a boca e depois fecha batendo os dentes e os deixando aparente. Claramente estava raciocinando e chegou a uma conclusão.

É sempre bom ler e conhecer os gestos das pessoas.

— Entendi. Você considera a Irmandade como um exército e os Minutemen como força policial. Eles já tem o carisma e a confiança da população. Uma aliança com eles seria um atalho para um estabelecimento mais pacífico de nossas forças aqui. Tenho que admitir. Há muito a conhecer por aqui. Irei colocar isso em meu relatório e cuidar para que o capitão Kells ou Elder Maxson leia-o.

— O que mais você irá colocar nesse relatório?

— Só as verdades... - Ela sorri e toma uma golada do chá.

— Hum...

Fomos deitar por volta das vinte e uma horas. Tínhamos que levantar antes do sol para que minha estratégia pudesse ter êxito.

Sasha se deitou na cama mais distante a minha. Tive conclusões muito precipitadas a respeito dela e talvez de outros alferes. Apesar de serem crianças, eles são soldados. Pensão melhor do que um. Agem melhor do que um. Só precisão de um pouco de experiência prática para que deixem de lado algumas inseguranças e o hábito de obedecerem a ordens. É aí que eu entro.

E o mais importante. Uma criança armada ainda pode matar. Vejo em seus olhos negros que ela tem a coragem para isso. Mas, eu já me equivoquei com ela uma vez.


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