Faces do Amor escrita por San Costa


Capítulo 19
A fuga dos três malditos




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Lynnda

É realmente uma pena que nem tudo na vida saía como planejamos, que nem tudo que sonhamos e desejamos se realize e que as pessoas que amamos às vezes nos traiam de forma irreparável.  E o pior é esta ansiedade estranha que ronda meu coração, como se algo extremamente ruim estivesse prestes a acontecer... Como uma sombra rondando o limiar de nossas vidas, indiferente ao nosso sofrimento, às nossas dores e nossas paixões.

Mas o que esperar de uma existência tão peculiar como a nossa? Onde lobisomens, vampiros e imortais coexistem numa trégua frágil e perigosa? Eu ainda não consegui me decidir sobre a imortalidade, não é uma decisão fácil e implica em diversos pormenores que a maioria das pessoas nem pensa ou se importa; afinal, quem poderia viver para sempre... Ou amar para sempre?

Ever me decepcionou ao extremo hoje, ele ocultou a transformação de Damen e junto de Alec transformaram nossa paz em pó; agora, Leah e Johan estão com o bando de lobos tentando argumentar sobre meu irmão. Eu me irrito de pensar como alguém tão antigo quanto Ever não foi capaz de pesar as conseqüências de seus atos, ele e Alec literalmente atiraram um tonel de gasolina no centro de uma casa em chamas e o fogo apenas aumentou ao invés de diminuir.

Sem contar Damen... Que garoto tolo. Ele abdicou de tanta coisa, tanta coisa que ainda não viveu e sentiu como um ser humano... Agora está fadado a viver como um morto-vivo e se alimentar de sangue pelo resto da eternidade. Mas há algo a mais... Existe uma estranha sombra de tensão, uma obscuridade nas almas de Ever, Alec e Damen que eu detectei graças aos dons imortais que estão despertando em mim... Há algo de errado na alma deles, como um buraco vazio, um nada corrosivo... Como se houvesse algo muito grave a ser ocultado de nós... A ser mantido em segredo.

Mas por quanto tempo os segredos podem ser mantidos? Para os humanos é mais fácil, algumas pessoas levam certos segredos para o túmulo, mas e quanto a nós, imortais, que jamais pereceremos... Conseguiremos manter segredo por tanto tempo ou por tempo indefinido?

Ensopada e com frio eu entrei na casa no momento exato em que Marcya a deixava, eu não olhei para ela e muito menos para Alec, corri para o quarto e me tranquei nele... Sentei-me no beiral da janela e  fiquei olhando a chuva que ameaçava desabar novamente, os céus escuros pareciam não se importar com o nosso sofrimento e esperava ansioso por atirar mais tristeza em forma de chuva sobre a floresta escura. Um momento depois, notei quando Ever e Alec deixaram a casa com urgência e sentindo uma angustia crescente em meu coração, eu decidi descer e segui-los para ver até onde toda esta loucura me levaria.

No jardim, ouvi o ronco de trovões e relâmpagos cruzavam os céus, mas, por mais estranho que parecesse, eu olhei para cima e dei de cara com uma lua cheia avermelhada e sinistra me encarando sobre uma brecha nas nuvens raivosas... Não compreendi o significado disto, mas sabia que não era bom. Quando me enfiei na floresta seguindo o rastro de luminosidade deixada pelas auras de Alec e Ever eu senti que alguma coisa estava terrivelmente errada por ali... As árvores estavam com medo.

Caminhei durante um longo tempo seguindo-os até notar que eles haviam parado, tudo estava estranhamente silencioso e uma garoa fina tomava conta do mundo, me movi o mais silenciosamente possível tentando não despertar a atenção para mim, Alec tinha ouvidos aguçados e eu me surpreendi por ele ainda não ter me achado. Andei mais alguns passos e ouvi vozes e um rosnado assustador, então um som alto como o de árvores se fragmentando chagou até mim... Temendo o que veria eu surgi detrás de algumas folhagens para uma pequena clareira na mata e a visão que tive congelou o sangue em minhas veias.

Ever

Eu senti uma raiva desmedida crescer dentro de mim, ao ver Damen com o rapaz morto nos braços eu percebi que nossa situação saiu totalmente do controle e agora estávamos à mercê de um problema gigantesco: Damen matara um humano em terras quileutes.

Desta vez Alec não perdeu tempo e imobilizou Damen com seu dom anestésico atirando-o de encontro a um grupo de árvores, Damen reagiu rugindo, mas um segundo depois seus olhos raivosos voltaram ao foco e ele conseguiu nos encarar com calma... Neste instante ele percebeu nossos olhares sombrios e o gosto do sangue na própria boca, virou a cabeça lentamente para o lado e observou o rapaz morto.

- Ah, não... – disse ele lamentando-se e ocultando o rosto com as mãos.

- O que aconteceu??? – perguntou Alec com uma voz fria como o gelo.

- Loma me deixou, eu saí atrás dela... Queria dizer que tudo ficaria bem e que eu a amava e acho que encontrei o rapaz na estrada... Acho que o encontrei e não pude controlar a sede...

- Não é um quileutes, é? – Alec perguntou.

- Por sorte não... Mas isso não muda nada – eu respondi – Ele foi morto em terras de La Push.

- Você está morto... – suspirou Alec.

- Ótimo – disse Damen com raiva de repente – Assim ao menos esta agonia que sinto terá fim! Loma me deixou e eu me tornei um assassino, não quero mais continuar assim... Prefiro morrer de uma vez.

- Seu tolo – esbravejou Alec – É muito fácil para você morrer agora... E quanto a nós, eu e Ever, temos que suportar o fardo de sua escolha infeliz? Todos nos culparam por você ter se tornado um vampiro.

- Já não me importo mais... – disse Damen sem emoção.

Então Alec perdeu a calma, com uma raiva assassina ele se atirou sobre Damen prensando-o contra uma arvora alta da floresta, o tronco escuro fragmentou-se em centenas de lascas sob o impacto e eu pude ouvir a voz furiosa de Alec gritando em meio à balburdia.

- Se você quer morrer seu maldito... Eu vou matá-lo por ter nos amaldiçoado.

Eu francamente não me dispus a impedir Alec de matar Damen, mas senti repentinamente a presença de outra pessoa, alguém com uma aura prateada como o brilho das estrelas; subitamente Alec parou de gritar e Damen me encarou com a expressão aterrorizada, os dois vampiros haviam sentido o cheiro dela. Alec apenas baixou a cabeça suspirando.

- Droga... Agora realmente estamos com problemas.

Eu me virei lentamente sentindo meu coração congelar em meu peito, encarei momentaneamente a floresta e lá, do meio dela, surgiu um brilho cintilante desabrochando pelo meio das folhagens fechadas, um segundo depois, Lynnda surgiu na clareira e seu olhar fez-me sentir o homem mais insignificante do mundo.

- Damen? – ela perguntou numa voz falha, a voz que eu amava tanto.

Lynnda correu seu olhar por mim e Alec segurando o irmão e instantaneamente notou o corpo inerte do rapaz que Damen acabara de matar. Seus olhos de um castanho claro e luminoso se abriram em um entendimento de horror, ela deu um passo incerto em nossa direção, mas parou imediatamente.

- Lynnda... – eu chamei preocupado.

- Você o matou? – ela perguntou encarando o irmão.

- Eu não pude me controlar... – choramingou Damen.

E neste mesmo momento para piorar a situação, Alec se enrijeceu e afastou-se de Damen encarando a parte oposta da mata, eu também senti quando ela chegou: Marcya. Deixou a proteção das árvores e a mesma expressão que habitava o rosto de Lynnda a pouco, surgiu no rosto de minha irmã. Seus olhos azuis e faiscantes nos olharam com horror e o corpo do rapaz morto lhe causou repulsa.

- Eu não acredito nisso... Mais um? – ela falou sem pensar.

- Como assim mais um? – perguntou Lynnda enquanto as lágrimas cobriam seu lindo rosto – Damen, quantas pessoas você já matou?

-Eu não conseguia me controlar...  – justificou-se Damen precariamente.

- E o que vocês pretendem fazer agora que não há nenhum mar gelado para enterrar o garoto? – gritou Marcya evocando as nossas lembranças mais recentes – Vão acobertar isso também?

- Marcya – chamou Alec – Damen é irmão de Lynnda, o que espera que façamos? Você irá entregá-lo aos lobos?

- Vejam o que vocês fizeram... – disse Marcya e eu senti toda a mágoa em sua voz.

Eu sabia por que Marcya estava tão transtornada, depois de milênios ela pensou que havia encontrado o seu lugar no mundo, um amor e uma família... Agora nós tiramos isso dela quando Damen decidiu ser um vampiro. De fato, ousamos pensar que poderíamos controlar o poder descomunal dos recém-nascidos... Mas falhamos totalmente nesta missão, foi uma tolice crer que Damen poderia se portar como Bella que pulou totalmente o estágio dos recém-nascidos. Agora provavelmente destruímos tudo o que tão lentamente havíamos conquistado.

- A questão é: o que faremos agora? – disse Alec encarando Marcya.

- Vocês não podem manter isso em segredo por mais tempo... Ou será que não perceberam que mentiras apenas pioram a situação.

- Mas Marcya, você tem que concord... – comecei a dizer, mas um sentimento de perigo me fez calar quase que imediatamente.

Alec parou e Damen também, Marcya lentamente caminhou para perto de nós e mesmo Lynnda com seus poderes ainda aflorando pôde sentir: havia vários corpos imensos próximos a nós, nos cercando, fechando o perímetro; eu percebi a aura de poder que eles emanavam antes mesmo de sentir seus corações pulsando. Logo, um uivo ensurdecedor nos atingiu fazendo com que os vampiros cobrissem os ouvidos, eu me posicionei à frente de Lynnda e de Marcya mesmo sabendo que não adiantaria. Estávamos cercados.

- É – eu suspirei por fim – Agora estamos realmente com problemas sérios.

Então, um a um, os lobos deixaram a escuridão das matas e se posicionaram em círculos ao nosso redor, eram imensos e muito mais altos que nós, fortes e ameaçadores e seus pensamentos caíram imediatamente sobre o corpo do rapaz morto e sobre Damen e Alec.

“Foi o recém-nascido” – pensou Leah ignorando por completo o nome de Damen e parecendo esquecer-se que o conhecia.

“Eu sabia que isso traria problemas...” – suspirou Johan.

E todos os lobos continuaram com seus pensamentos raivosos para nós, alguns queriam trucidar os dois vampiros sem qualquer demora, mas então eu percebi quando Seth impôs seu pensamento a todos.

“Essa ordem tem de ser dada pelo Alfa... ele já está aqui... aguardem um momento”.

Então eu soube que estávamos perdidos, pouco depois de Seth ter se pronunciado eu senti um grande poder se aproximando de nós, olhamos todos para uma pequena elevação da floresta e então, lentamente, um lobo maior que todos os lobos surgiu em seu esplendor coberto por uma pelagem castanha, olhou-nos com olhos dourados e cheio de significado e seus pensamentos eram mudos a mim; lá estava o Alfa, o mais poderoso dentre todos os lobos de La Push: Jacob Black.

E ele não gostava nem um pouco de mim... E muito menos de Alec.

O grande lobo avermelhado recuou e desceu a pequena colina margeando por trás das árvores, ouve uma demora enervante e um segundo depois Jacob apareceu em sua forma humana trajando apenas uma calça jeans, os lobos sempre carregavam roupas quando desejavam falar com os humanos, o que pareceu menos mal... Significava que não iriam nos matar sem conversar primeiro.

Jacob, do alto de sua imponência, olhou-nos com uma expressão sombria no rosto... Divisou primeiro Alec segurando Damen e depois eu, Lynnda e Marcya, entretanto, a raiva tomou conta de sua face quando ele viu o rapaz morto no chão.

- Rupert Orson... O filho do velho Orson que tem um pequeno sítio na estrada para Port Angeles... Tinha 14 anos e era quem ajudava o velho cuidar da pequena mercearia com produtos que eles mesmos produziam. Um bom rapaz...

- Jacob... - eu comecei a falar, mas o olhar do Alfa me calou.

- Vocês imortais não são bem vindos dentro de nossa floresta, muito menos você... Volturi. – Jacob disse apontando para Alec e os lobos se aproximaram ainda mais.

 - Damen escolheu esta vida, Jacob... É um direito dele. – disse Alec se defendendo.

- Também era um direito de Rupert viver... – respondeu Jacob, a raiva aumentando – Você conhece as leis de La Push, Volturi... Agora terá de pagar pelo seu erro.

- Jacob – chamou Lynnda empalidecendo no mesmo instante – Por favor, tenha calma, ele é meu irmão...

- Que escolheu o caminho da morte. Eu sinto muito Lynnda, sinto mesmo, mas eu não posso ignorar o que aconteceu aqui e como aconteceu, este rapaz não merecia morrer desta forma... Os lobos existem para proteger a vida humana, os Cullen têm um acordo conosco de jamais ferir um humano em nosso território; a pedido deles nós aceitamos Alec Volturi em nosso meio... E agora me arrependo disso.

- Jacob – eu comecei a falar tentando manter a calma – Eu sei que isso foi uma fatalidade, mas entenda que Damen e Alec não fizeram isso com a intenção de prejudicar vocês ou qualquer humano. O que aconteceu foi uma fatalidade.

-De fato, Ever – disse Jacob cuspindo meu nome – Uma fatalidade que cuidaremos para não tornar a acontecer, a vinda de vocês para cá só trouxe desgraça, antes tínhamos que nos preocupar com a sombra crescente de escuridão dos Volturi, mas, agora, também ficamos à mercê dos Imortais cujo grupo e poder são tão grandes quanto o dos vampiros. Sua raça é antiga e presunçosa, Ever, garanto que você sabia o tempo todo que isso estava acontecendo, mas sua indiferença fora tão grande que não impediu o irmão de sua amada de fazer esta besteira.

- Eu sei que você não gosta de mim, Jacob. Mas deixar de me ouvir por ciúmes de Renesmee apenas pioraria as coisas, nesta situação não deveríamos envolver os nossos pessoais.

- Não envolva Renesmee neste assunto Ever, o fato é que não gosto de você, pois não confio nos Imortais... Sei que são seres de grande poder e que se consideram superiores a todos os outros. E confio muito menos nos indivíduos que carregam Volturi no sobrenome.

- Jacob – chamou Alec – Eu tenho vivido de acordo com as leis de La Push, me alimento de sangue animal há algum tempo e jamais voltei a ferir um humano, infelizmente não posso mudar o meu passado ou o peso que ele implica sobre meus ombros, entretanto, considere a possibilidade da escolha de Damen, ele é livre para decidir o que quer... Assim como Bella decidiu ser uma vampira.

- A história de Bella e Edward é totalmente diferente, Volturi. Este vampiro – disse Jacob apontando para Damen – Infringiu as leis de La Push... E pelas leis de La Push ele será punido. Não permitimos que vampiros matem em nosso território, não permitimos que vampiros ceifem a vida de um humano... E, pelo que bem sabemos, este pobre rapaz não foi o único.

- Damen? – chamou Lynnda com a voz fraca – Ele não foi o único?

Mas Damen não respondeu, ele forçou Alec a soltá-lo e caminhou até a frente de todos nós e perante Jacob Black parou, abriu os braços e olhou o líder lobo nos olhos, Damen tinha uma expressão de culpa e amargura no rosto.

- Pode tomar a minha vida, Jacob Black – disse ele – Eu matei todos aquelas pessoas, não fiz isso em sã consciência, mas tomado pela sede de recém-nascido, eu não sou assassino, mas se a minha morte aplacar a fúria dos lobos e o mal que eu causei... Então ela é sua, mas deixa Alec fora disso... A escolha foi minha e apenas minha.

- Não é assim que funciona, Damen – respondeu Jacob – Alec Volturi violou a Lei... Vocês todos violaram, principalmente os imortais que lêem pensamentos, podem não ter ajudado, mas co-auxiliaram nessa empreitada. Mesmo você Marcya, já desconfiava disso, Ever e Alec são mestres em esconder seus pensamentos, mas duvido que Damen tenha conseguido isso... Todos vocês são cúmplices destas mortes e da infelicidade de Loma... Por isso, não atrapalhem ainda mais... Alec e Damen devem pagar por seus erros.

- Eu não posso permitir isso, Jacob. – eu disse em tom de ameaça, apesar de que minha voz saiu cansada e pesarosa pelo que estava prestes a ocorrer.

- Infelizmente, Imortal, você não está em posição de negociatas.

Jacob Black não estava brincando, eu compreendia a fúria que os lobos sentiam, afinal, um humano fora morto em suas terras e outros antes deste... Mas, ainda assim, eu senti uma pontada de mágoa quando vi Johan e Leah entre eles, obviamente eu sabia que eles eram obrigados a seguirem o Alfa, mas, ainda assim, eles conheciam Alec e Damen... Havia convivido e vivido com os dois sob o mesmo teto. Não era traição o que eu senti, mas uma pequena pontada de tristeza.

Os lobos deram um passo a mais, Marcya recuou e ficou ao lado de Alec enquanto Lynnda corria de encontro à Damen, subitamente eu senti o perigo eminente e não pensei duas vezes... Acionei meu poder e parei o tempo instantaneamente. Todo o mundo parou, as folhas que desprendiam-se das árvores ficaram estáticas no ar, ninguém respirava ou se movia; os lobos permaneceram em seus lugares enquanto eu me aproximei do pequeno grupo no centro da clareira, perto deles eu mudei a rotação do tempo para que eles compartilhassem da minha bolha temporal.

Todos me olharam um pouco abalados ao notarem que o mundo estava estático, Lynnda respirou fundo e se assustou, Marcya – a única conhecedora de meu poder – me olhou rápido perguntando:

- E agora?

- Temos que tirar Alec e Damen daqui, os lobos não irão ameaçar vocês duas, imagino que Leah e Johan não guardem ressentimentos por Lynnda ou você.

- Ever, o que está havendo? – Lynnda perguntou assustada.

- Ele controla o tempo... – disse Alec num sussurro – Você é mais poderoso do que eu havia suposto, Ever... Então você é aquele dentre os Imortais que controla o tempo... Um poder extremamente perigoso.

- Não há tempo para explicações, Alec, não se quisermos manter você e Damen vivos. Temos que fugir daqui, vocês ouviram Jacob Black, os lobos não perdoarão os assassinatos cometidos por Damen... Não somos mais bem vindo à La Push.

- Mas para onde vocês vão? – quis saber Marcya.

- Não sabemos ainda... Para muito longe. O suficiente para que os lobos não possam ir, ou desejem se afastar tanto... – disse Alec.

- Eu ferrei tudo... – lamentou-se Damen.

- O que está feito está feito... Temos que correr – eu disse – Manter o tempo parado consome todas as minhas energias, e nós temos que nos afastar muito antes que os lobos encontrem o nosso rastro, eles são tão velozes quanto os vampiros. Temos que ir, agora.

- Espero que algum dia você possa me perdoar – disse Alec beijando minha irmã.

- Tchau, maninha – Damen falou para Lynnda abraçando-a com força, ela então se voltou para mim.

- Mantenha-o em segurança, por favor.

- Eu farei o que for preciso – respondi incerto – Eu realmente sinto muito, Lynnda.

- Apenas se mantenham a salvos, está bem? – ela disse me olhando tristemente.

- Eu a amo, independente do que houve ou de que vir a acontecer... Sempre vou amá-la.

- Amo você também... Seu imortal idiota – respondeu Lynnda saltando para mim e me beijando demoradamente.

- Vamos – eu disse me desprendendo dela.

Alec e Damen saltaram para a floresta e eu me afastei de Lynnda e de minha irmã... Assim que elas ficaram a uma certa distância, meu laço temporal se desfez ao redor delas e as duas entraram no mundo estático que eu agora controlava. Lynnda ainda me olhava com seus olhos brilhantes e inexoravelmente imóveis... Eu farei o que for preciso para permanecer perto dela novamente; após esta última olhada, eu me afastei correndo pela mata enquanto minhas forças eram reduzidas rapidamente pelo esforço de manter o tempo parado.

Lynnda

Num piscar de olhos eles sumiram, eu não sabia quão longe eles haviam conseguido correr ou por quantas horas ou minutos Ever pôde manter o tempo parado, os lobos se mexeram incomodados e surpresos à nossa volta; Jacob olhou para todos os lados e a raiva estampava seu rosto.

- Maldito imortal – ele disse baixinho – Maldito imortal... Malditos sejam os três.

- Jacob – chamou Marcya – Ninguém sabia que isso poderia vir a acontecer.

- Diga isso à família do rapaz morto, Marcya... Quill, Seth, Leah, Jared e Johan... Vão atrás deles e descubram até onde o rastro os levará. Eu preciso levar o corpo de Rupert para os pais deles. Quanto a vocês duas, voltem para a casa de Carlisle, estarão mais segura lá.

Jacob caminhou até o rapaz morto erguendo-o nos braços, os lobos designados a perseguir Ever, Alec e Damen partiram sem demora... Apenas Leah nos lançou um olhar de pesar. Eu senti, momentaneamente, uma raiva lancinante por Jacob Black, mas eu sabia que ele não era o culpado, a aura espiritual dele era dourada como o sol... Uma aura pura, corajosa e incorruptível; ele apenas seguia o código dos Lobos.

 E eu sabia que Damen agora era um assassino e que sua decisão influenciou nossos destinos... Ele levou para o abismo não apenas Alec como também meu Ever e neste momento todos oscilávamos num ínfimo vácuo de medo e esperança.


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