Você é uma idiota Granger - HOLIDAY escrita por Mione Malfoy, QG Dramione


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Esa fic foi escrita para o Desafio Holiday do QGDramione e postada originalmente no Spirit.
Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/758279/chapter/1

Estava nevando quando acordei.

Levantei da cama sem vontade e fui tomar um banho quente. A temperatura da água fazia eu sentir meus poros se abrindo, minha pele acordando, viva.

Ouvi um barulho no quarto e soube que ele havia acordado. Comecei a me perguntar porque eu continuava fazendo aquilo. Porque continuava deixando que ele entrasse na minha vida daquela forma. Porque raios eu nunca conseguia dizer não.

‒ Tá tudo bem aí Granger?

Ouvi duas batidinhas na porta do banheiro e dominei a vontade que eu tive de gritar. Eu estava irada. Com ele por continuar aparecendo mesmo depois de todas as vezes que o mandei embora, e comigo por nunca conseguir ser forte o suficiente para bater a porta na cara dele de uma vez por todas e acabar com aquela loucura.

‒ Começou cedo hoje. Normalmente você só começa a me odiar depois do café da manhã.

Não consegui mais resistir. Saí do chuveiro enrolada na toalha e abri a porta.

‒ O que é que você ainda está fazendo aqui?

‒ Calma ‒ disse levantando as mãos como quem se rende ‒ O que que deu em você hoje?

‒ Hoje não é um bom dia Malfoy ‒ gritei cutucando-lhe o tórax nu ‒ Você não deveria ter vindo aqui ontem e não deveria estar aqui agora.

‒ Claro, pra você é sempre mais simples apenas me expulsar da sua casa ‒ ele se afastou e começou a se vestir ‒ Eu queria saber quando você vai deixar de ser hipócrita e criar coragem pra contar aos seus preciosos amigos o que rola entre a gente.

Bufei com raiva. Por Merlin porque ele não só calava a boca e ia embora? Bati o pé no chão e fui abrir a porta do quarto.

‒ Vá embora agora, Malfoy. ‒ disse pontuando cada palavra, mal contendo a raiva.

‒ Quer saber Granger? Eu vou. E não vou mais voltar. Cansei de ser tratado como brinquedo. Agora eu vejo que você não é melhor do que eu. A bruxa boa e compassiva, exemplo de conduta que todos pensam que você é, nada mais é do que uma cretina que não tem coragem de demonstrar os próprios sentimentos por medo de perder os amiguinhos idiotas. Aliás, idiota eu de achar que conseguiria passar o feriado ao seu lado, numa boa.

Ele saiu do quarto com raiva e eu o segui até as escadas, ele desceu vestindo a camisa, pegou o casaco no encosto do sofá, me encarou uma última vez e caminhou na direção da porta. Eu não o vi, apenas ouvi a porta batendo com força. Senti minha raiva se tornar frustração.

Porque ele resolveu vir aqui justo hoje?

Entrei no quarto a passos lentos. Olhei para a cama e não consegui evitar as lembranças da noite passada.

Porque esse maldito mexe tanto comigo?

Olhei em volta e vi o calendário pendurado perto da penteadeira, 24 de dezembro, véspera de natal.

Dois anos atrás

Eu entrei no bar ainda sem saber exatamente porque eu havia ido até ali. Era véspera de natal e eu deveria estar n’A Toca para comemorar com meus amigos. Mas não seria adequado não é? Não quando eu e Rony havíamos terminado nosso noivado um mês antes.

Eu tinha sido convidada pela sra. Weasley para passar o natal com eles, Harry estaria lá e o pequeno Teddy também. Todos os Weasleys estariam reunidos e eu não me encaixava mais ali.

Tenho certeza de que o plano de Molly era me convencer a reatar o noivado com Ron e muito provavelmente ele também tentaria me convencer que eu só tinha ficado nervosa com o casamento e por isso tinha dado pra trás. Mas a verdade é que, quanto mais o casamento se aproximava, mais eu pensava na escolha que estava fazendo. Eu realmente queria aquilo? Eu realmente gostava muito do Ronald, eu o amava. Mas esse amor era suficiente para durar a vida toda? Eu o amava o suficiente para ser sua mulher?

Todas essas dúvidas foram me fazendo perceber que por mais que meu amor por ele fosse verdadeiro, não era o amor de uma mulher. Eu o via como um amigo, um parceiro, companheiro, mas não como o homem com quem eu queria passar o resto da vida.

Com esses pensamentos todos me rondando eu sentei-me em uma mesa afastada e comecei a beber. O que nunca foi do meu feitio aliás. Eu percebia os olhares das pessoas no bar e sabia que elas me reconheciam. Hermione Granger, a grande bruxa do Trio de Ouro. Braço direito de Harry Potter na campanha que derrotou o bruxo das trevas mais poderoso de todos os tempos.

Aquilo começava a me deixar enjoada. Talvez fosse o efeito de todas as doses de Whisky de Fogo também, mas quem se importa? Paguei a conta e saí do bar, pronta pra ir pra casa e terminar minha bebedeira no meu confortável sofá.

Estava me afastando do bar, meio aos tropeços e acabei por esbarrar em alguém que prontamente me segurou para que eu não caísse.

‒ Me desculpe. Eu estou um pouco tonta.

‒ Dá pra perceber Granger. O que você tem e o que faz por aqui?

Aquela voz era absurdamente familiar. Senti uma onda de raiva e a adrenalina fez meu sangue pulsar. Olhei para seu rosto.

‒ Malfoy! Me solte. ‒ disse enquanto começava a me debater.

‒ Calma aí! Você vai acabar caindo e se machucando sua imprestável.

Ele foi me soltando devagar, mas meu equilíbrio não estava lá muito confiável então eu acabei por cair sentada no chão. Ele não conseguiu se conter e começou a achar graça, rindo feito uma hiena da minha situação. Parei pra pensar no quão ridícula era aquela cena e também não consegui esconder as risadas.

Ele ofereceu a mão para me ajudar a levantar e eu aceitei.

‒ Isso tudo é muito... ‒ falei ainda entre risos

‒ Ridículo? Engraçado?

‒ Improvável! Quero dizer, quais as chances?

‒ Porque? – ambos ainda rindo.

‒ Hermione Granger sai de um bar e tropeça em Draco Malfoy. E você... você age como um cavalheiro e me ajuda a levantar.

Ele então parou de rir e me encarou meio em dúvida.

‒ Eu tive um bom tempo pra repensar algumas das minhas atitudes enquanto estava em Azkaban. Eu sei que é difícil de acreditar nisso, dado o nosso histórico, mas eu me arrependo de ter te tratado tão mal Hermione. É tão difícil assim acreditar que eu mudei?

Parei de rir e então, acho que pela primeira vez, realmente fitei as íris cinzentas. Ele não tinha mais aquele nojo no olhar, aquela raiva, nenhuma daquelas emoções que me faziam ter ódio dele. Até mesmo o tom de voz quando falava comigo havia mudado. Era possível que alguém mudasse tanto?

‒ Desculpe Malfoy. Foi realmente grosseiro da minha parte. De qualquer forma, obrigada pela ajuda. Agora preciso ir para casa, eu não estou muito bem.

‒ De maneira nenhuma eu vou te deixar andando sozinha por aí. Onde estão o cenoura e o ocludo?

A simples menção de Rony e Harry foi o suficiente para me fazer lembrar de toda a bagunça que eu havia causado e eu não pude mais me conter. Comecei a chorar compulsivamente.

‒ Hey Granger. O que é isso? O que aconteceu? Desculpa, eu falei algo errado? ‒ ele se aproximou de mim e me abraçou, meio incerto sobre o que fazer.

‒ Não precisa se preocupar comigo. Eu só preciso ir pra casa. ‒ me afastei dele e comecei a procurar minha varinha.

‒ Eu já disse que não vou te deixar ir pra casa sozinha Granger. Ainda mais agora.

‒ Eu não vou andando. Eu vou aparatar. ‒ disse enquanto puxava a varinha das vestes como se fosse um troféu.

‒ Nesse estado? Não. Eu levo você em casa.

Me afastei dele e entrei em um beco, ele me seguia preocupado, caminhei aos tropeços para verificar se não tinha ninguém por perto, mas acabei tropeçando e caindo mais uma vez.

‒ Eu disse Granger, você não está na melhor das condições. Eu levo você.

‒ Não preciso da sua ajuda Malfoy

‒ Você parece é estar com medo. Não precisa se preocupar, eu não vou fazer nada. Se eu quisesse te fazer mal eu já teria feito, você não acha?

‒ Está bem, está bem.

Eu realmente havia bebido demais pra alguém que não era acostumada a fazer essas coisas. Draco havia me acompanhado até em casa e por incrível que pudesse parecer ele realmente foi um cavalheiro comigo.

Lembro de termos chegado na minha casa, eu estava tonta e ele me trouxe até o sofá. Ele ia sair em seguida, mas eu corri pro banheiro para vomitar. Ele veio atrás e logo segurou meu cabelo, resmungando coisas como “Você não sabe beber” e “Deveria ter mais cuidado”.

As próximas horas foram um grande borrão. Eu estava meio consciente durante o que se seguiu, mas não lembrava com clareza de absolutamente nada quando acordei de manhã.

Acordei em minha cama, vestida com uma camisola e quando desci vi Draco dormindo no meu sofá. Fiquei meio apavorada a princípio, mas as lembranças da noite anterior finalmente começavam a se encaixar. Lembrei da conversa fora do bar, de ele se oferecer para me trazer em casa, e do meu mal-estar.

Enquanto eu lembrava de tudo, ele acordou sem que eu percebesse.

‒ Bom dia. Se sente melhor?

‒ Ah. Oi Malfoy.

‒ Te assustei? ‒ ele perguntou enquanto esfregava os olhos, ainda com sono.

‒ Não, eu só estava distraída.

‒ Então?

‒ Eu estou bem Malfoy. ‒ disse revirando os olhos e em seguida dando um sorriso ‒ Relaxa.

‒ Desculpe por ter dormido aqui, eu fiquei preocupado. ‒ ele disse se levantando ‒ Você estava realmente bem ruim ontem à noite.

‒ Não se preocupe. ‒ senti meu rosto querendo enrubescer e desviei o olhar para o chão ‒ Me desculpe por ontem, eu acabei bebendo demais.

‒ Você não deveria beber tanto se não está acostumada.

Um pequeno silêncio constrangedor havia se instalado. Era realmente muito estranho estar na sala da minha casa, com Draco Malfoy e ainda por cima vestida apenas com a minha camisola.

Camisola! Por Merlin, como eu havia vestido a camisola?

Olhei para minha roupa e por reflexo cruzei os braços sobre o peito tentando me esconder.

‒ Sabe, não adianta muito tentar se esconder agora Granger. Não tem nada aí que eu não tenha visto ontem.

‒ Seu idiota!

Parti pra cima dele tentando dar um tapa no infeliz, mas ele se defendia com os braços e começou a rir feito o idiota que era.

‒ Relaxa Granger! Eu não fiz nada! Eu só troquei sua roupa e te botei pra dormir.

‒ Você não precisava trocar a minha roupa!

‒ Precisava sim! Você sujou a outra todinha.

Na hora eu congelei. Se aquilo era verdade então eu não tinha onde enfiar a cara. Era o que me faltava né Merlin? Bebi demais, voltei pra casa com ajuda de Draco Malfoy e ainda passei mais vergonha ainda passando mal daquele jeito.

Corri pro banheiro de baixo e vi lá minhas roupas da noite anterior, sujas.

NÃO! Eu me recuso! Eu não era desse jeito.

‒ Primeiro porre né? Me admiro de você não estar com uma ressaca daquelas.

‒ Eu não... ‒ eu não tinha nem ideia do que fazer, eu estava totalmente constrangida e ele ali agindo como se fosse algo super comum e normal.

‒ Pela sua total perda da habilidade de articular uma frase eu percebo que alguém aqui está pirando.

‒ É claro que eu tô pirando! Eu não sou assim! O que diabos deu em mim ontem à noite?

‒ Como eu posso saber? Eu encontrei você saindo do bar. E afinal de contas, o que é que você estava fazendo em um bar na véspera de natal?

‒ Não é da sua conta. ‒ disse cruzando os braços.

‒ Tem razão. De qualquer forma é melhor eu ir embora. Só fiquei porque não achei prudente te deixar sozinha naquele estado.

‒ Você não precisa ir embora agora. Deixa pelo menos eu fazer um café da manhã pra você. Como agradecimento.

Depois de um bate papo agradável no café da manhã, Draco foi embora, mas aquela não seria a última vez que a gente ia se ver. Mesmo as coisas tendo sido bem tranquilas, eu não planejava vê-lo de novo. Mas por algum acaso do destino nós continuávamos a nos encontrar sem querer pelos cantos.

Uma vez foi quando eu saía do Ministério da Magia depois do ano novo, na vez seguinte nos encontramos na Floreios e Borrões, na vez seguinte no Gringotes e em mais uma infinidade de lugares, fosse na Londres bruxa ou trouxa.

O fato é que vez sim, vez não, eu acabava esbarrando com ele e sempre que isso acontecia, nós acabávamos sentando em algum lugar pra conversar, ou tomar um café.

E não demorou muito pra que ele começasse a me levar pra beber.

Com a desculpa de me ensinar a conhecer meu limite, ele me levava pra sair quase todas as noites, sempre num bar diferente, e sempre me acompanhando até em casa depois. Tudo parecia caminhar para o que seria uma bela amizade e um provável namoro.

Mas nem tudo o que parece é, não é mesmo?

Meus encontros casuais com Draco não passaram despercebidos e um belo dia, ele me acompanhava até em casa depois de mais uma ida no bar quando topamos com Harry e Ronald me esperando no portão.

Eu não via Rony há meses, desde o dia em que havia terminado o noivado, e por consequência eu havia me afastado do Harry. Nos falávamos apenas por telefone, mesmo com ele insistindo em querer me ver.

Eu sabia que por mais que ele dissesse que me entendia e respeitava minha decisão, Ron era o melhor amigo dele. Tudo o que eu mais queria era distância e tempo pra por minha cabeça no lugar.

E ali estavam eles, completamente perplexos, olhando de mim para o Draco como se alguém fosse pegar fogo.

‒ Err... Oi Harry. Oi Ronald.

‒ Oi? É só isso? Oi? ‒ Rony que estava pouco atrás de Harry simplesmente marchou em minha direção, furioso.

‒ Ron, calma. ‒ disse Harry, visivelmente com raiva, puxando o amigo pelo braço ‒ Tenho certeza que a Hermione tem uma ótima explicação pra gente.

‒ Explicação de quê? Ela não tem que dar satisfação da vida dela pra vocês. ‒ Draco se interpôs entre mim e os meus dois amigos furiosos.

‒ Não se meta nisso Malfoy.

‒ E deixar você e o cenoura crucificarem a Granger? Não mesmo, Potter.

‒ Chega! ‒ gritei irritada chamando a atenção dos três ‒ Vocês dois, isso é jeito de vir falar comigo? Vocês estão me tratando como se eu tivesse cometido um crime.

Eu apontava o dedo de um para o outro indignada.

‒ Mione, nós...

‒ Não vem com “Mione” não. – interrompi ‒ Vocês dois não tem direito de agir dessa maneira comigo Harry.

‒ Será que ao menos a gente pode conversar ‒ deu uma encarada no loiro que ainda agia como parede para nos afastar ‒ a sós.

Percebendo as intenções de Harry, Draco imediatamente virou-se pra mim, procurando apoio.

Eu sabia que ele ficaria chateado se eu o mandasse embora agora. Mas se eu não o mandasse embora, Harry e Ronald não iriam querer conversar, e eu por mais que odiasse admitir, sentia falta dos dois. Se eu tinha a chance de resolver as coisas com meus melhores amigos eu deveria tentar não é? Como eu faria pra agradar os dois lados?

‒ Draco, me espera lá dentro. Eu vou conversar com os dois.

Rony fez menção de reclamar, mas Harry pôs o braço a sua frente e balançou a cabeça dando a entender que era melhor ele ficar quieto. Draco também não ficou feliz, mas entrou na casa e tentou disfarçar, mas eu sabia que ele iria ficar espiando da janela.

Olhei os dois e apontei para a varanda onde havia uma pequena mesa de vidro e cadeiras de vime. Rony passou a frente, indo sentar-se, seguido por Harry e por mim.

‒ Então ‒ comecei ‒ o que é que vocês vieram fazer aqui?

‒ Quer dizer que agora ele é “Draco” e vocês andam pra cima e pra baixo não é? ‒ o ruivo estava visivelmente vermelho de raiva.

‒ Rony...

‒ Não. Nem começa. Eu vim aqui porque Harry e eu sentimos sua falta. Porque você se isolou depois que terminou comigo e não fala mais com Harry ou Gina. Ninguém sabia nada de você. Aí a gente começa a ter notícias de que viram você andando em bares com ninguém menos que Draco Malfoy. Eu esperava que fosse apenas um boato. A Hermione que eu conheci não faria essas coisas.

‒ Que coisas Ronald? Andar em bares ou sair com Draco Malfoy?

‒ Os dois.

Rony e eu estávamos nos encarando cheios de fúria, Harry percebeu que se continuasse daquela forma ninguém chegaria a lugar algum.

‒ Mione, não é isso. A gente só estava preocupado com você. Sabe, Rony tem razão, você nos abandonou. Porque?

Respirei fundo, a consciência pesando, era tão difícil falar disso.

‒ Olha, Harry. Me desculpe por isso. Não era minha intenção, eu não queria que vocês se sentissem abandonados. Eu só não podia ficar perto de vocês depois de ter acontecido o que aconteceu.

‒ Você quer dizer você ter me abandonado praticamente no altar?

‒ Rony, não foi assim que aconteceu.

‒ Faltava um mês Hermione. UM MÊS! ‒ ele disse levantando-se com lágrimas nos olhos.

‒ Acredite em mim Ron, eu nunca quis magoar você. Eu tomei a decisão certa, para nós dois.

‒ Eu amava você Hermione, ainda amo.

‒ Eu também amo você Rony, mas não da maneira que você quer. ‒ coloquei minha mão eu seu rosto, para secar as lágrimas ‒ Você e Harry são meus melhores amigos, e eu sei que é difícil, mas eu gostaria que tudo voltasse ao normal entre nós. Só não vejo como isso pode acontecer agora. ‒ olhei para Harry ‒ Eu sinto sua falta, da Gina também, sinto falta de todos os Weasleys, mas não posso ainda. Só quando tudo puder voltar a ser como antes.

‒ Tudo bem Mione. Mas por favor, não suma ok? Todos se preocupam com você, e mesmo sabendo que as coisas estão complicadas agora, todos nós sentimos realmente a sua falta.

‒ Como você acha que as coisas vão voltar ao normal? – Rony colocou a mão dele sobre a minha que ainda estava em seu rosto

‒ Quando você perceber que eu fiz o que fiz, justamente para que isso fosse possível. Viva sua vida Ronald, você vai encontrar uma mulher que te ame da maneira que você merece, você vai ver.

‒ Eu não acredito nisso, mas eu não tenho escolha não é? Você já decidiu que não quer nada comigo. Acho que é melhor irmos embora Harry.

Harry acenou com a cabeça e Ron ainda segurando minha mão me encarou apreensivo.

‒ Eu posso pelo menos ganhar um abraço?

‒ Claro que sim.

Ele soltou minha mão e me envolveu pela cintura e eu coloquei meus braços em volta do seu pescoço. Senti ele cheirar meu cabelo e apertar o abraço, então me ergueu um pouco no ar, para que ficássemos do mesmo tamanho.

‒ Eu te amo Mi, você faz falta. ‒ sussurrou ele em meu ouvido e em seguida deu um beijo na minha bochecha me descendo novamente pro chão.

Harry esperou que ele me soltasse para também me abraçar.

‒ Fica longe do Malfoy ok? O cara sempre foi um idiota contigo, você faria bem em se lembrar disso.

Os dois se afastaram, procurando um lugar para aparatar e foram embora. Draco imediatamente abriu a porta vindo em meu encontro.

‒ Você não voltou com aquele idiota não né?

‒ Sério Malfoy? ‒ perguntei incrédula.

‒ Eu vi ele te abraçando com aquelas mãos cheias de dedos, todo meloso sussurrando no seu ouvido. Me diz que você não caiu no papinho desse babaca vai.

‒ O único babaca aqui é você seu idiota. Eu não falo com meus amigos há meses, sua presença aqui poderia ter piorado tudo! ‒ disse apontando o dedo para ele furiosa ‒ Aí você ainda me vem com essa? O que é que você tem a ver com isso? Aliás, qual o seu problema? Não era você que tinha mudado? Era outro Malfoy? Eu só estou vendo mais do mesmo.

‒ Mione, pera lá. ‒ disse ele na defensiva

‒ Não me chama de Mione! ‒ gritei ‒ Vá embora Malfoy! Agora!

‒ Não! ‒ ele disse cruzando os braços e estufando o peito na minha frente ‒ Eu não vou embora desse jeito. Dez minutos atrás você estava me chamando de Draco e agora isso? Pensei que já tínhamos passado dessa fase de ficar nos chamando pelos sobrenomes.

‒ Dez minutos atrás eu não tinha percebido como você é idiota. De que é que adianta você me chamar de Hermione e continuar sendo um estúpido com meus amigos?

‒ Eu tava te defendendo!

‒ Eu não precisava ser defendida! Eles são meus amigos!

‒ E eu não sou. É isso que ce tá querendo me dizer?

‒ Não!

A pequena discussão de repente se tornou silêncio e eu me arrependi imediatamente do que havia dito. Pensei em me desculpar, mas antes mesmo que eu dissesse alguma coisa, Draco se aproximou de mim.

‒ Ótimo! Porque não é a sua amizade que eu quero.

Dizendo isso ele me puxou para perto e me beijou, e eu imediatamente correspondi. O beijo era bom, e pra falar a verdade, era algo que eu já queria fazer há algum tempo. Ele tinha gosto de whisky e menta, e com seu corpo tão perto do meu, eu conseguia sentir o cheiro amadeirado do seu perfume.

O beijo não cessou, pelo contrário, parecia que não era suficiente, então nós continuamos e só nos soltamos quando o ar se fez necessário. Mas nem isso fez com que parássemos. Ele queria mais, eu queria mais, e o que era pra ser um beijo virou muito mais.

Ele me ergueu pela cintura e eu coloquei as pernas em volta dele. Subimos a escada aos beijos, já nos livrando de algumas peças de roupa e indo direto para o meu quarto.

Naquela noite eu me deixei levar. Eu queria aquilo há semanas, só não conseguia admitir para mim mesma. Ele foi simplesmente perfeito e eu experimentei sensações novas e absolutamente incríveis. Eu estava em total e completo êxtase.

Na manhã seguinte quando acordei, eu estava sozinha. Olhei em volta e não vi nem sinal de Draco, nem uma única peça de roupa. Nada.

Levantei da cama meio em desespero. Eu havia dormido com Malfoy, tinha sido maravilhoso e agora ele tinha me deixado sozinha e ido embora. Eu não conseguia acreditar nisso. Vesti um moletom grande e desci as escadas correndo.

‒ Onde vai com tanta pressa? ‒ ouvi a voz dele soando da cozinha no segundo em que eu chegava na porta.

‒ Ah pelo amor de Merlin homem, quer me matar do coração?

‒ Assustada porque não prestou atenção que eu estava aqui, ou porque eu não estava na cama?

‒ Vá a merda Malfoy. ‒ disse atirando a primeira coisa que consegui colocar a mão.

‒ Calma. Assim você vai me fazer queimar o café da manhã.

— Você é um idiota!

— Anda, senta. Eu já vou servir.

Sentei-me meio à contragosto na mesa da cozinha e Draco e eu tomamos um café da manhã bem tranquilo. Logo em seguida ele subiu para se arrumar pra voltar para casa.

Enquanto ele estava no banho eu comecei a pensar em todas as implicações do que tinha acontecido.

O que aconteceria quando Harry e Rony descobrissem isso? Eles já não estavam bem comigo, mas com a conversa de ontem eu realmente tinha esperanças de que as coisas poderiam voltar ao normal.

Aliás, afinal o que exatamente eu tinha com Draco?

Ninguém havia dito nada sobre o que era isso. Era só algo casual? Era um namoro? Amizade colorida?

E mesmo que fosse, eu não podia. Tinha que pôr um ponto final nisso, e eu ia fazer agora.

Draco estava saindo do chuveiro já quase todo vestido e enxugando o cabelo na toalha, ele tinha um sorriso no rosto que quase me fez desistir.

‒ Draco. O que aconteceu ontem à noite. Isso não pode se repetir. ‒ o sorriso se desfez e ele começou a me olhar incrédulo ‒ Nós somos completamente diferentes! Você já me fez muito mal antes e eu sinceramente fui uma idiota de achar que podíamos ser amigos. Existe muita mágoa em nosso passado. Sua família me fez muito mal, e não só a mim, mas aos meus amigos também e...

‒ Para. ‒ ele me interrompeu calmo ‒ Você é completamente previsível. Eu sabia que quando o dia amanhecesse você ia procurar mil desculpas pra me mandar embora e dizer que o que aconteceu ontem foi um erro. Mas olha só Hermione. Não foi. Eu sei que você queria isso, eu sei que você gostou. Não precisa ficar preocupada em admitir. Nós dois queríamos isso.

‒ Draco...

‒ Não. Me deixa terminar. ‒ ele vestiu a camisa e se aproximou de mim, me puxando pelo queixo. ‒ Você sabe que eu mudei, conhece melhor do que ninguém, esse novo Draco que eu sou, mas você tem medo de se envolver comigo por causa dos seus amiguinhos. Tem medo do que eles possam pensar ou fazer. Você é covarde Hermione. Mas não vai ser sua covardia que vai me fazer desistir.

Dizendo isso ele me beijou, um beijo longo e doce, pra logo em seguida me soltar e se afastar. Ele saiu do quarto e eu o segui, descendo as escadas logo atrás dele.

‒ Eu vou sair agora. Mas eu vou voltar. Você é minha Granger, quanto antes aceitar isso melhor.

Abriu a porta e saiu, me deixando sem palavras e sem ação.

Olhei no espelho. Eu estava lembrando de tudo isso e não percebi que chorava. Aquilo tudo tinha começado há dois anos e eu não conseguia parar. Minha vida tinha virado de cabeça pra baixo por causa dele.

Eu tinha sim, meu emprego, minha casa e pouco a pouco estava voltando a falar com meus amigos. Mas era só ele aparecer na minha porta e parecia que nada mais existia. Ele simplesmente marchava porta a dentro e eu era incapaz de dizer não. Tudo pra na manhã seguinte eu o expulsar de novo.

Mas ele não desistia. Ele sempre voltava.

Lembrei do que ele havia dito há menos de uma hora

“Eu vou. E não vou mais voltar. ”.

E se ele cumprisse com a promessa? Era o que eu queria, não é? Que ele fosse embora e não voltasse mais. Que me deixasse viver minha vida em paz.

“ [...] não tem coragem de demonstrar os próprios sentimentos [...] “.

Eu era mesmo covarde? Eu nem sequer sabia o que eu sentia por ele. Ou sabia e não queria admitir?

“ [...] idiota eu de achar que conseguiria passar o feriado ao seu lado [...] “.

Era a primeira vez em dois anos que os Weasleys me convidavam para o natal. Rony depois de um tempo havia entendido que o que eu fizera tinha sido melhor pra nós dois e tentava seguir sua vida. Ele estava saindo com uma moça do Ministério e parecia que as coisas estavam indo bem.

Gina tinha sido a primeira a me tratar normalmente depois de tudo e agora tudo parecia ter voltado ao normal, entre mim e Harry e entre mim e os Weasleys.

Seria um natal especial pra mim depois de toda a confusão e todos os problemas e mal entendidos.

Mesmo assim, desde a noite anterior, quando Draco havia mais uma vez aparecido na minha porta e invadido minha vida, tudo o que eu conseguia pensar, era naquela véspera de natal, dois anos atrás, quando tudo começou.

Sequei as lágrimas e troquei de roupa. Eu não sabia exatamente onde ir, mas assim mesmo eu saí. Fiquei andando a esmo por horas, que mais pareciam dias. Eu andava nas ruas sem destino e acabei por parar bem em frente ao mesmo bar de dois anos atrás.

Baixei a cabeça, triste com as lembranças, e exatamente por isso acabei tropeçando em alguém.

‒ Me desculpe, eu não...

‒ O que faz aqui Granger?

Ergui os olhos apenas para constatar o que eu já sabia, afinal eu conhecia e muito bem aquela voz.

‒ Eu estava procurando você.

‒ Como sabia que eu ia estar aqui?

‒ Eu não sabia, eu na verdade estou andando há horas. Eu não tinha como encontrar você. Mas eu precisava tentar.

‒ Para quê?

‒ Para conversar.

‒ Nós não temos mais nada sobre o que falar.

‒ Por favor Draco, me escuta tá bem? Se depois de ouvir o que eu tenho a dizer, você quiser ir embora, tudo bem. Mas me escuta.

Ele me encarou em dúvida, pensou um pouco, e então simplesmente segurou meu braço e começou a me puxar.

‒ Onde está me levando?

‒ Você disse que queria conversar. Não vamos fazer isso na rua. Minha casa não é longe daqui.

‒ S-sua casa? Mas e a mansão?

‒ Eu não moro mais na mansão há anos, ninguém mora lá. E não precisa ter medo Granger ‒ ele virou-se e me encarou por um instante com um sorriso cínico nos lábios ‒ Eu só mordo se você quiser.

A casa dele era um apartamento simples, em um prédio que ficava a pouco mais de três quadras do bar onde nos encontramos. Quando entrei eu fiquei surpresa com o lugar, para um solteiro, Draco tinha um apartamento bem organizado, e a decoração era luxuosa, mas sem exageros.

‒ Surpresa Granger?

‒ Um pouco, devo admitir.

‒ Sente-se, eu vou buscar algo pra gente beber. O que você quer?

‒ Quero um whisky de fogo, por favor.

‒ Whisky? ‒ ele me olhou curioso ‒ Tudo bem.

Ele serviu minha dose e em seguida serviu um copo para si. Caminhou até mim e me ofereceu meu copo. Peguei e fiquei encarando a bebida enquanto ele se sentava ao meu lado no sofá. Eu não tinha ideia do que falar, mas sabia que tomar aquilo me daria a coragem que estava me faltando. Virei a dose de um gole só e comecei.

‒ Dois anos atrás você apareceu na minha vida e fez tudo mudar. Eu estava passando por um tempo difícil, e você me ajudou. Não só isso, você fez eu me sentir viva de novo. Mais viva do que jamais eu me senti antes. Nossas conversas, nossos passeios, todo o tempo que passei contigo eram as melhores partes dos meus dias. ‒ ele ergueu uma sobrancelha, como se duvidasse ‒ Eu fui uma idiota, eu sei. Eu sentia falta dos meus amigos e como sempre eu acabei priorizando eles. Eu queria que as coisas voltassem ao normal, e não percebi que nada jamais seria daquele jeito de novo.

‒ Olha só...

‒ Eu ainda não terminei. ‒ ele se mexeu na poltrona, inquieto ‒ Eu demorei a perceber isso. Você fazia parte da minha vida, eles também. Mas eu achava que eram coisas mutuamente exclusivas, que eu jamais poderia ter as duas coisas ao mesmo tempo. E como eu disse antes, eu priorizei eles. Só que eu parei pra perceber que toda minha vida, desde o dia em que cheguei a Hogwarts, girou em torno deles. Eles são meus melhores amigos sim. Mas é a minha vida de qualquer forma. E eu tenho que me priorizar. Fazer aquilo que me deixa feliz. Eu fui convidada para passar o natal com os Weasleys hoje. Mas eu tenho esperanças de que meus planos mudem.

‒ O que é que você quer dizer com tudo isso afinal?

‒ Eu amo você seu idiota! Eu fui estúpida e cega por dois anos, mas hoje quando você saiu e disse que não voltaria mais, eu me senti mal, pior do que jamais me senti antes. Eu percebi que joguei fora dois anos que poderiam ter sido ainda melhores, se não fosse o fato de eu sempre acabar te mandando embora da minha casa, da minha vida. Eu quero você Draco Malfoy, nesse natal e em muitos outros. Eu só espero que não seja tarde demais pra isso.

Meus olhos encontraram as orbes acinzentadas do loiro e logo em seguida pude sentir sua boca na minha. Foi um beijo longo, um beijo quente. Ele me colocou em seu colo e me abraçou forte.

‒ Você é realmente uma idiota Granger, mas eu também amo você.

Ao ouvir essas palavras eu sabia que independente do que meus amigos dissessem, ou fizessem, eu não iria mudar minha decisão. Era ele quem eu queria, e era por ele que eu ia lutar. Aquele seria o primeiro de muitos outros natais juntos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. As autoras e as outras fics do desafio logo estarão no Nyah, então acompanhem o perfil do QGDramione para não perder nenhuma. ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Você é uma idiota Granger - HOLIDAY" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.