Recomeçar escrita por Carol Bandeira


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Esta é minha primeira fic de Harry Potter. Não costumo ler muitas estórias dos fãs, mas fiquei com vontade de testar uma...

Essa aqui é um universo alternativo, onde meus personagens favoritos ainda convivem com Harry. Está ambientada no aniversário de Harry, após a batalha de Hogwarts. Como será que Harry se sente após tudo o que passou?

Espero que gostem!



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Harry Potter era um jovem de 17 anos, magricela, de cabelos escuros e bagunçados. Muitas pessoas diriam que seus olhos muito verdes eram o seu traço mais marcante, mas no mundo de Harry, sua cicatriz em formato de raio era o que mais se sobressaia. O menino que sobreviveu já estava acostumado com a sensação que causava nas pessoas quando essas reparavam na herança maldita que o famigerado Lorde das Trevas deixara. Ele era famoso desde que Voldemort o havia marcado por igual e depois desaparecido da terra. Mas não era pela cicatriz que as pessoas o cercavam hoje e não o deixavam seguir seu caminho.

Isto porque, há pouco mais de dois meses, Harry Potter derrotara de vez Lord Voldemort, restaurando a paz no mundo bruxo. A Batalha de Hogwarts, como ficou conhecido aquele dia, havia deixado para trás suas fatalidades de ambos os lados. Muitos alunos que ficaram para lutar e outros bons bruxos partiram dessa para uma melhor.

Assim que conseguiu se separar da multidão que clamava por uma história ou por autógrafos, Harry quase correu até o limite do vilarejo para vestir a Capa da Invisibilidade. Ele praguejara por não ter posto a capa logo que saiu d’a Toca, mas ele queria uma caminhada tranquila pelo vilarejo. Como a maioria dos vizinhos era trouxa, ele não pensou encontrar tantos bruxos, mas ao que parece aqueles doidos estavam acampando para ter notícias dele.

O garoto correu e só despiu a capa quando passou pela cerca que divisava o terreno dos Weasley dos demais. Sorrindo, Harry guardou a capa na mochila e ficou um tempo a admirar aquela casa a qual ele tanto gostava. O motivo para sua caminhada no fim da tarde foi a superlotação da mesma. Todos os Weasleys se encontravam ali para comemorar o aniversário de 18 anos de Harry. E, apesar de amar aquela família como se fosse a dele, Harry não podia deixar de se sentir um tanto triste ao presenciar cenas como a Sra. Weasley passando as mãos pelos cabelos de Percy, ou então o Sr. Weasley cantar junto com os gêmeos o hino de seu time de quadribol favorito. Em dias como aquele, Harry sentia certa inveja da relação amorosa que aquela família tinha, o que o fazia se sentir muito mal. Afinal tanto o pai quanto a mãe de Rony sempre o lembravam de como Harry era também filho deles, mas era muito difícil controlar sentimentos quando a memória mais recente que ele tinha dos pais era a deles como fantasmas.

—E aí, Harry, beleza?

O jovem se virou ao ouvir aquele cumprimento conhecido, e observou a família Lupin se aproximar. O garoto foi arrancado de sua melancolia ao ver seu antigo professor se aproximar, os braços na cintura da mulher, Tonks, enquanto a última carregava em seus braços seu pequeno bebê, Teddy. Harry não os via desde a batalha, pois Tonks ficara seriamente machucada, o que fez com que Lupin dividisse seu tempo entre vigília a esposa e tomar conta de seu pequeno.

—Tonks, Lupin, que bom que vieram! - o garoto cumprimentou o casal, abraçando os adultos e parando para ver o afilhado pela primeira vez. Harry nunca estivera perto de um bebê em sua vida, mas lembrava que Jorge uma vez dissera que recém-nascidos tinham cara de joelho. Teddy, no entanto, já estava com três meses e seus finos cabelos estavam em um tom identico de seu pai. O bebê parecia bem grande, e lembrava um tanto a Tonks, ainda mais quando seus cabelos adquiriram o mesmo tom que o de Harry após Teddy observar Harry.

—Teddy, esse aqui é o seu padrinho, Harry- Tonks falou a seu filho, que imediatamente procurou a mãe com os olhos e deu um grande sorriso.

—Ele é lindo, Tonks!

—Viu, Dora, vivo dizendo que ele se parece com você- o marido disse carinhosamente

—Nem comece, Remo! - Ela devolveu, mas com um grande sorriso, que foi retribuído de pronto pelo homem. Harry não se lembrava de ver Lupin tão feliz assim. O homem, sempre melancólico, magro e com roupas esfarrapadas, agora adquirira uns quilos a mais e usava roupas que o caiam bem. O que mais chamava a atenção de Harry, entretanto, era a aparência jovial do antigo professor. Lupin agora lembrava o jovem que Harry imaginou que fosse há alguns anos, quando ainda era estudante.

— Você gostaria de segurá-lo, Harry? - Perguntou Tonks

 -Ah, acho melhor não! Nunca segurei um bebê na vida!

—Bobagem! - A auror respondeu- Se até eu consigo segurá-lo sem deixar que um desastre aconteça, imagino que o bruxo que derrotou Voldemort tire isso de letra.

Harry sorriu e assentiu, então Tonks passou com cuidado seu filho para os braços do padrinho, ensinando-o a segurar o pequeno confortavelmente. O bebê encarou Harry e tentou puxar os óculos do garoto do lugar.

—Ei, Teddy, você não precisa de óculos ainda! - Brincou Harry, enquanto Lupin tirava o objeto das mãos do filho.

—Sorte sua que ele não puxou seus cabelos- Tonks comentou, enquanto passava a mão do rosto do filho- vejo estrelas toda vez que ele o faz.

—Como estão as coisas, Harry? - Lupin perguntou.

— Tranquilo, enquanto não saio de casa. Parece que o mundo bruxo inteiro está acampado lá fora.

Harry passara esses últimos meses na casa de Rony, ocupando o quarto dos gêmeos. Fred e Jorge ficaram na casa nas primeiras semanas enquanto se recuperavam da batalha, mas logo voltaram para o Beco Diagonal. Percy, Gui e Carlinhos não ficaram com eles, mas sempre que podiam passavam por ali.

— Acho que vai demorar um pouco até a euforia passar. Da outra vez foi a mesma coisa...

Antes que Lupin pudesse terminar a fala, Teddy começou a chorar no colo do padrinho. Assustado, Harry passou rapidamente o bebe ao pai, que o segurou e embalou, falando baixinho com o pequeno no intuito de fazê-lo sossegar.

—O que foi, Teddy? Sentiu falta do papai é?

Harry achou estranho ver Lupin agir daquela maneira, tão suave enquanto falava com o bebê, mas não teve tempo para pensar mais no assunto, pois o choro atraiu o povo de dentro da casa para a varanda.

O Sr. e a Sra. Weasley apareceram no quintal, e após cumprimentos levaram todos para dentro de casa, já que Teddy devia estar com fome e precisava amamentar. Harry deixou os pais a sós e foi até onde estavam Rony e Gina, entretidos em uma partida de xadrez de bruxo. Pela primeira vez Harry presenciou seu amigo perder uma partida.

—Aha! - Exclamou Gina- Xeque mate! Eu sabia que um dia te destronaria, Rony!

—Não, não vale! Vamos mais uma, melhor de três!

—Do que adianta, Roniquinho? - Jorge apareceu do nada- Se hoje você não consegue prestar atenção em nada?

—É.… não vê a hora da namorada chegar- veio Fred complementar o pensamento do irmão- ou será o medo por finalmente conhecer o sogrão?

Rony amarrou a cara e disse que iria guardar o jogo em seu quarto, enquanto os irmãos e Harry se acomodavam nas cadeiras.

—Ele ainda está nervoso com a visita dos pais da Mione?

—Sim...só quero ver a cara dele quando chegarem. Vai ser impagável!

—Eu e Jorge estamos apostando quem vai envergonhar mais a quem. Se será papai, com toda sua paixão por trouxas, ou Rony, sem noção que ele é!

Rony já havia conhecido os pais de Hermione, mas sempre foram interações muito rápidas. E agora seria a primeira vez que ele se apresentaria como namorado dela, isso após ter passado aquele tempo todo viajando sozinho com ela, enquanto o Sr. e a Sra. Granger nem se lembravam que tinham uma filha.

—Vocês querem deixar o Rony em paz- reclamou Gina- ele já está sofrendo demais por antecipação. Já não está na hora de vocês arranjarem umas namoradas também? - Alfinetou a jovem ruiva, fazendo Harry rir. Não era sempre que alguém conseguia se sobrepor aos gêmeos com suas línguas afiadas.

Os gêmeos riram e Fred tomou o lugar de Gina em frente ao tabuleiro. A ruiva deu um selinho no namorado e perguntou como foi o passeio dele. Eles ficaram mais um tempo conversando, até a Sra. Weasley aparecer na sala e pedir ajuda dela na cozinha. A esta altura Tonks e Lupin já haviam voltado para a sala e a bruxa se ofereceu para ajudar. A matriarca, querendo que tudo saísse perfeito no jantar de hoje tentou recusar, mas Tonks não queria nem saber. O marido, assim que a mulher foi à cozinha, entregou Teddy a Harry e disse que precisava ir se certificar que Tonks não fizesse um estrago.

Harry ficou parado, segurando o bebê em seu colo meio sem jeito. Uma coisa era ter Teddy no colo com os pais do lado. Outra era ficar sozinho com ele e um bando de jovens que provavelmente sabia o que fazer com um bebe tanto quanto Harry sabia.

—Ah.. vejam só!- George começou- Que bonitinho Harry com o bebê. Já está se preparando para quando nos der um sobrinho, cara?

—Há,há,há!

Harry ficou vermelho com a insinuação, mas Gina não pareceu se importar. Pudera, já estava acostumada com as brincadeiras dos irmãos. Rony, que antes não aprovava em nada quando pensava em Harry namorando a irmã, agora se mostrava mais calmo com a situação. Até conseguiu rir da brincadeira.

—É mais fácil vocês esperarem um sobrinho de Gui e Fleur- Gina respondeu e pegou o pequeno Teddy em seu colo. O bebê parecia não se importar muito de ser passado de mãos em mãos, e logo já mudara a cor dos cabelos dos pretos para os ruivos de Gina.

Ao ver sua namorada ali, sentada na casa de seus pais, com sua família em volta e um bebê -ruivo, ainda por cima- em seu colo, Harry não pode deixar de sorrir. Parecia que fora há tanto tempo, quando ele estava parado naquela mesma casa, decidindo que não mais poderia sonhar com algo tão simples para sua vida... um futuro. Mas ali estava ele, nos braços de Gina, no sorriso de Rony, nos cheiros maravilhosos vindo da cozinha da Sra. Weasley... a batalha que travara contra as artes das trevas fora dura, mas seus resultados se mostravam altamente satisfatórios.

Conforme a hora da festa ia se aproximando os habitantes da Toca iam arrumando o local de acordo com as vontades da Sra. Weasley. Após incontáveis acenos de varinhas e muitos gritos (Gui e Carlinhos ainda não perderam o costume de guerrear com mesas e cadeira) o local estava arrumado e os Gnomos inexistentes. Rony sumira para trocar de roupas novamente e o Sr. Weasley andava para lá e para cá. Provavelmente ele era o bruxo mais animado para aquele evento, já tendo milhões de coisas que gostaria de perguntar aos Granger (apesar de Molly te-lo advertido milhões de vezes para não deixar os pais de Hermione constrangidos com perguntas sobre patinhos de borracha!).

Assim, quando Harry ouviu o barulho inconfundível de motor de carro se aproximando ele não foi o primeiro a sair para cumprimentar os recém-chegados. O Sr. e a Sra. Granger saíram do carro e ficaram admirando o local. A festa fora organizada na varanda, e a árvore e a casa toda tinham sido decoradas com luzes brilhantes ( que até onde o casal podia ver, não estavam ligadas a nada). Uma mesa grande que sustentava um verdadeiro banquete estava situada próxima a entrada da casa, e diversas mesinhas tinham sido espalhadas pelo quintal. Em cima delas um pequeno fogo mágico queimava dentro de um recipiente de vidro.

—Bem vindos! Sejam muito bem vindos!- exclamou a Sra. Weasley- Espero que tenham feito boa viagem, sim?

—Sim, esplendido! - a Sra Granger respondeu- O vilarejo aqui perto é encantador!

Hermione então apresentou os pais aos demais. O Sr. e a Sra. Granger eram  um casal simpático, e embora já estarem familiarizados com magia há uns 7 anos se mostravam incrivelmente surpresos com tudo naquela casa.

—Mesmo com tudo o que nossa filha nos conta, as vezes é difícil de acreditar em tudo isso- comentou o Sr. Granger- Nós trouxemos um presente, mas não sei se será útil para vocês.

—Papai, tenho certeza de que o Sr Weasley irá adorar!

Os Granger presentearam os Weasleys com uma boa garrafa de vinho do porto, e um bonito saca-rolhas. O sr Weasley, é claro, adorou a bugiganga trouxa, e ficou entretidíssimo com o sr Granger por mais uma meia hora.

—Papai e seu apreço por coisas que não precisamos- Fred comentou com seu irmão.

—Harry, parabéns!- Hermione veio parabenizar o amigo, e também entregou a ele um presente.

—Obrigado, Mione!- Harry pegou o presente e, junto com Mione, foi guarda-lo dentro da casa e procurar por Rony. Assim que entraram na sala o amigo desceu, e abriu um sorriso ao ver a namorada. Harry tratou de colocar o presente junto com os outros em cima da mesa da cozinha e sair dali, deixando os dois a sós. Os dois não se viam desde que Hermione conseguiu recuperar a memória dos pais, com ajuda de Quim Shackelbolt. Era óbvio que a saudade apertara.

Por fim, com o quintal cheio de gente que ele mais gostava, Harry experimentou uma festa de aniversário descontraída. Até Rony conseguira ficar mais calmo na presença dos sogros, é claro, somente depois do sr Granger ter feito suas ressalvas sobre como ele esperava que sua amada filha fosse tratada.

Apesar de ser uma ocasião feliz e todos estarem ali para celebrar sua vida, Harry em determinado momento sentiu mais uma vez a necessidade de se apartar dos demais.  Como todos se divertiam, ninguém reparou no sumiço do rapaz até a hora em que a sra Weasley achou apropriado corta o bolo. Lupin se voluntariou para achar o menino, e o encontrou próximo ao galpão de ferramentas do sr Weasley, brincando com seu pomo de ouro.

—Você não sabe aonde esta cena me leva, Harry.

Harry olhou para seu ex-professor e sorriu:

—Meu pai?

—Ele mesmo... sempre brincando com o maldito pomo- ele falou, um tom de divertimento na voz. Lupin se apoiou ao lado de Harry- Está tudo bem, Harry?

—Sim, eu só... precisava ficar sozinho um instante...

—Bem... não é de se estranhar...depois de passar tanto tempo isolado, só com seus amigos como companhia... uma multidão dessa pode te deixar nervoso.

—É...

—Não é só isso que te incomoda, não é?

Harry olhou para os fundos d’a Toca e suspirou

—Não... eu não quero parecer ingrato, mas...

—Você sente falta deles, não é? De seus pais.

Harry baixou a cabeça, não querendo responder a seu antigo professor, com medo de sua voz sair embargada. Mesmo assim, Lupin sabia que tinha acertado no ponto.

—Sabe, não há um dia em que não sinto falta de minha mãe. Ela era trouxa, sabe... morreu de uma doença deles... e eu já era adulto, e mesmo assim me senti como um órfão na ocasião. Não é fácil perder um pai, Harry, ainda mais na sua situação. E não é vergonha se sentir assim...ninguém vai te julgar por isso.

Harry olhou para Lupin a seu lado. O homem mais velho agora se levantara e sorria para ele.

— Sabe qual a melhor coisa que podemos fazer por aqueles que já nos deixaram? É lembrar deles com um sorriso no rosto, e viver a vida como se ela fosse um maravilhoso presente. É assim que nós honramos a memória deles.

—Parece algo que Dumbledore diria...

—Sim, mas essa pérola saiu da boca de minha mulher- Lupin sorriu para Harry, apertou o ombro dele, e disse- Direi a Molly que você já vai aparecer. Está no banheiro ou coisa assim. Tome um tempo para se recuperar depois venha. A vida não pode esperar, Harry.

Harry acompanhou Lupin com os olhos. O homem mais velho estava certo. Ele sentia uma falta enorme de seus pais, e provavelmente nunca iria deixar de sentir. Mas também não era justo com ele, e com a memória de Thiago e Lilian, ficar cabisbaixo pelos cantos, quando devia estar comemorando.

Harry suspirou fortemente, levantou-se e foi na direção da qual Lupin viera. Não havia nada no horizonte impedindo a Harry de sonhar com um futuro bom.

Era tempo de recomeçar.


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