We'll make the great escape escrita por Szin


Capítulo 1
Throw it away


Notas iniciais do capítulo

E ai gentinha? bem... eu acho que isso é bem vindo ne?
Eu tive essa ideiazinha vendo uma comedia qualquer num canal qualquer
ah e claro, ouvindo "The Great Escpae" dos "Boys Like Girls" a banda é de 2009 e eu curti mt a musica.
Bem, espero que gostem.



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 - Você não se vai cortar Annabeth – Thália Grace estava irritada.

Eu sei disso porque bem, tenho anos de experiência com ela.

2 anos e 4 meses para ser exata.

— Eu não estou me cortando – eu me defendi, sentada no gramado olhando para as árvores. Era o meu lugar preferido da faculdade inteira. O gramado. Meu gramado.

— A gente está falando nisso há mais de 2 meses! – ela reclamou de novo.

Eu não ia julgar ela. Eu estaria também.

— Você quer que eu fale com sua mãe? – ela estava deitada na mesma posição que eu. Um fone de ouvido estava sobre o seu ouvido direito enquanto ao seu lado um pacote de doritos estava aberto.

Thália Grace adorava doritos, mais que qualquer outro ser humano no planeta inteiro.

Eu olhei para ela. Tal como eu, ela vestia uma roupa fresca devido ao clima quente. Muito quente para um dia de verão. O céu estava azul sem vestígios de nuvens, uma gostosa brisa fresca soprava de leve e eu só queria um banho frio nesse momento.

Isso aqui era o inferno dos Estados Unidos de tão quente que era.

Eu ainda nem podia acreditar que estava em Miami. Mesmo passado tanto tempo.

E olha que doeu na pele ter minha mãe gritando comigo por querer fazer faculdade num sitio tão longe. Para vocês entenderam melhor vão no google maps e chequem a distância de Atlanta para a Flórida.  É longe. Muito longe.

E isso para mim era ótimo.

10 horas de carro.

689 milhas. 1108 quilómetros.  Uma distância de segurança ótima.

Quando eu acabei o ensino médio tudo o que queria era sair de lá.

Foi mais ou menos assim…

 

— Ei você vai fazer faculdade onde? – essa era a pergunta que mais me perguntavam

— Flórida talvez - era a minha resposta. Estava decidido e escrito por Virgem Maria.

— Ah mas isso é muito longe! – 90% das pessoas me falavam isso. E tudo o que eu respondia era: Graças a Deus.

 

 

E foi Graças a ele mesmo. Demorou, mas foi. 3 meses implorando para a minha mãe me deixar ir. 3 meses fazendo birra e greve de fome!

Tá nem foi tanto assim. Acho.

— Sua mãe é tão… coisada – eu escutei ela mastigando mais uma mão cheia de doritos.

Eu ri. Ela era mesmo.

— Se ela mal deixou eu vir para aqui que fica 9 horas de carro, então imagina o que é saber que a filha quer atravessar o país para ir ver um concerto. – eu justifiquei. Não que eu estivesse defendo ela, eu tinha 20 anos poxa!

— Você tem 20 anos Annabeth! – ela pontuou.

Viu?

Por dentro eu estava como Thália. Nós andávamos a planear isso hà meses desde que vimos aquela noticia no Twitter. Foi como se Deus estivesse abrindo uma porta para o paraíso com passagem grátis e tudo.

Mas nem ele consegue ir contra uma mãe galinha.

Ele pode mover montanhas, continentes e mares que Athena Chase, minha doce mãe, não arreda o pé de jeito nenhum. E sim, eu estou te desafiando ser divino que olha por mim aí em cima.

— Eu vou falar com ela, juro que vou – Thália Grace repetia pela milésima vez olhando para o céu – Ela não pense que vai me estragar os planos.

Mas ela já estragou miga.

Eu me sentei, me espreguiçando todinha. Tinha virado rotina vir para o gramado depois das aulas. Eu mal conseguia aguentar o calor das salas da universidade.

Mas sua faculdade não tem ar condicionado?

Tem, mas a faculdade não quer liga-lo porque, segundo eles, “ainda não está suficientemente quente para a direção deixar ligar”. Thália tinha razão. Eles devem estar esperando a gente derreter para ligar aquele troço de uma vez.

— Talvez se eu conseguir convencer minha mãe ela me deixe pegar voo de avião até lá. Assim a gente se encontra. – eu encolhi os ombros meio positiva.

Mesmo que esse não fosse o jeito que eu queria.

— Ah não! Nada disso! – ela se sentou também me olhando – loira essa é a viagem! Se você não for com a gente então não serve de nada!

— Você está levando isso muito a peito Thals – eu tive a ousadia de rir.

— Annabeth, docinho me escute. – ela respirou fundo e me olhou como se o destino do mundo estivesse em minhas mãos. Eu me senti um Jedi nesse momento. Ou talvez o Harry Potter – Essa daqui é a viagem das nossas vidas. – eu achava uma gracinha quando ela começava gesticulando com as mãos -  Ela vai ficar tipo, para sempre! Vamos tirar fotos e mostrar aos nossos filhos e depois eles vão querer imitar a gente! – e dramática… muito, mas muito dramática - e depois quando formos velhas e idosas e partilhamos um quarto no lar da terceira idade a gente vai jogar na cara das outras velhas o quanto sortudas fomos por assistir ao regresso da banda mais foda do mundo!

— Nossa, não planeou mais nada não? – eu estava rindo igual a uma louca.

— Ainda não sei onde a gente vai casar ainda mas eu estou trabalhando nisso – ela arqueou a sobrancelha e olhou para o céu como se estivesse pensado.

Ou pensando mesmo eu não sei.

Thália Grace era um poço de imprevisibilidade e mistério.

E me fazia rir… muito mesmo.

Eu me deitei de novo e suspirei no gramado. A verdade é que… eu queria mesmo fazer essa viagem, mesmo tendo motivos para não o fazer.

— Eu queria mesmo que você fosse, pelo menos o Percy não iria sozinho – a ela falou com cuidado. Acho que ela ainda achava eu guardava rancor com Percy Jackson.

O que não era completamente mentira.

Mas ele era amigo de Nico Di’ Angelo e primo de Thália. E eu não queria me meter no meio.

— Você já contou pro Nico que não vou? – eu tentei desviar o assunto. Era o que sempre acontecia quando alguém mencionava aquele-que-não-deve-ser-nomeado comigo por perto.

— Eu vou contar hoje, eu ainda tinha esperança que você fosse mas... não quero me meter entre você e sua mãe – ela murmurou. Ela queria tanto isso quanto eu. Ou até mais.

— Ei, eu vou convencer a minha mãe a ir de avião. A gente se encontra lá. – eu prometi. Mesmo sabendo que isso tinha altas chances de não cumprir – E você vai se divertir.

— Não será a mesma coisa.

— Eu não quero que você fique assim por minha causa – eu dei um sorriso. Não era falso mas… eu não estava propriamente feliz com isso – E você vai me mandar foto todos os dias dos lugares que for… prometido?

Ela olhou para mim e sorriu – Prometido.

***

Eu estava no meu quartinho deitada na minha cama. A janela do dormitório estava aberta enquanto a ventoinha elétrica estava no criado mudo, apontada para mim. Os fones estavam enfiados na minha orelha enquanto as minhas mãos folheavam as páginas de Sherlock Holmes que Nico havia me dado há meses.

E eu admito que procrastinei um pouco na leitura desse filme. Eu estava quase, quase chegando na página 97 quando eu sinto alguém me tocando. Uma menina baixa e magra me olhava sorridente enquanto prendia o seu cabelo escuro (nem negro nem castanho) num coque bem desarrumado.

Ironia né? Desarrumado nem condizia em nada com Mayara.

Ela era minha colega de quarto e um ano mais nova que eu. Ela foi a primeira pessoa que conheci quando me mudei para cá e entrei na faculdade. Ao inicio foi difícil. A mania que ela tinha de arrumar tudo do seu jeito e forma era um tanto frustrante. Mas éramos colegas de quarto e precisavamos nos resolver.

A condição foi: eu desarrumava o menos possível e ela arrumava o menos possível também. Um 50-50 para nós duas.

— Que passa May? – eu perguntei notando que uma mala grande estava sobre a sua cama.

Para vocês terem noção eu sentia nojo de mim mesma olhando para o lado de Mayara. Era um quarto pequeno. Duas camas em cada ponta, dois closets e uma porta no meio. Havias uma secretária umas prateleiras mas no geral, pouca coisa. O lado esquerdo pertencia  a Mayara. Estava resumido a livros, posters das excelentes bandas que ela escutava e algumas figurinhas que decoravam as prateleiras. Sua secretária era a mais arrumada da história das secretárias arrumadas. Era gostoso de ver como ela colocava as folhas usadas no lugar das folhas usadas e as canetas e lápis no potinho personalizado de Doctor Who que ela tinha no canto superior direito.

Tanto o lado de Mayara como ela própria era o oposto da minha pessoa.

Havia camisetas na cadeira e organização do meu closet era inexistente. A minha secretária estava cheia de folhas rabiscadas com desenhos inacabados de edifícios que um dia eu sonhava construir. As canetas estavam onde tinha a sorte de as colocar. Algumas no potinho, outras no parapeito da janela, e algumas nas gavetas que Mayara evitava abrir de tanta confusão que havia.

Eu mesma era uma confusão

— Eu vou na cafetaria, precisa de alguma coisa? – a voz dela era fininha mas adorável do mesmo jeito.

— Não eu estou bem – eu sorri para ela. Era quase impossível não o fazer. Eu apontei para a mala dela em cima da cama – Você sempre vai passar as férias em casa dos seus pais?

Ela seguiu o meu dedo com o olhar e sorriu. – Ah… sim eu vou. – ela encolheu os ombros -Sinto saudades de casa… bem, então eu vou indo lá tá?

Eu assenti voltando a me concentrar no livro em minhas mãos. Mas nem durou 10 minutos que a porta já estava abrindo de novo. E olha que eu podia imaginar todo o mundo menos aquela pessoa entrando em meu quarto.

— Você não vai? – Percy Jackson se postou na minha frente indignado. Eu tive que piscar 3 vezes seguidas para me certificar que era ele bem ali na minha frente.  Ele vestia uma camiseta branca que condizia com suas jeans escuras rasgadas em todo o lugar.

Eu estava quase sendo grossa para ele.

— O que você quer? – objetivo cumprido. Eu larguei o meu livro e o olhei sem paciência. – Esse é meu quarto.

— Há uns tempos você não reclamava que eu entrasse no seu quarto – ele sorriu de lado olhando para mim cruzando os braços.

Há uns tempos eu julguei que você gostava de mim também, e olha só!

— O que você quer Percy? – eu me acomodei em minha cama o olhando.

E há uns tempos eu estaria me preocupando como estaria meu aspeto perante ele mas olha lá como estamos agora…

— Porque você não vai? – aqueles olhos verdes desgraçados me encararam e a sua sobrancelha arqueou.  Pela amor de Deus só vai embora logo.

— Eu não vou e pronto – eu respondi afastando meus cabelos do rosto.

Ele fixou o olhar em mim me deixando desconfortável. Ele suspirou, se sentando na cama de Mayara ainda me olhando fixamente. Tanto quanto das outras vezes.

— É por causa de mim? – ele perguntou travando o maxilar. Os seus cotovelos se apoiavam nos joelhos enquanto as suas costas se inclinavam ligeiramente para a frente.

— Não é por causa de você – eu desviei os olhos sussurrando. Por muito que eu quisesse, tinha vezes que eu não conseguia responder tão friamente quanto eu queria. Mesmo tendo os meus motivos.

— Então é pelo quê?

— Minha mãe não me deixa – eu respondi, me levantando e arrumando o livro na prateleira em cima da mesa – Se você vai ou não, isso não me importa.

Pelo menos não tanto.

Eu ouvi ele se levantando e o olhei. Já fazia um ano inteiro e ele não mudara uma única vez. Os olhos continuavam tão verdes quanto os da primeira semana de aulas. Os cabelos negros pareciam o lado direito do meu quarto de tão bagunçados e desarrumados que estavam. E o sorriso… continuava o mesmo.

O mesmo que magoou você né?

Exato consciência. Esse mesmo sorriso.

— Então não importo para você é? – as palavras soaram arrastadas da sua garganta e ele me olhou como se tivesse arrancado um órgão de dentro dele.

Importa… mas não do mesmo jeito que antes.

— Percy – ele me cansava. Sério. Desgraça de garoto – o que você quer?

Ele deu um suspiro penteando os seus cabelos negros. Ele havia cortado essa semana para a viagem. E irritava o fato de eu me apegar a esses mínimos detalhes.

Não baixe a guarda – eu conseguia ouvir as colunas das revistas femininas chutando na minha mente. Eu precisava adotar as novas regras da Dua Lipa. 

Vaique resultava.

— Vem com a gente – a voz soou meiga. Mais do que gostaria. A sua expressão suavizou e ele deu mais um passo. – Vai ser uma ótimo fuga disso aqui.


Throw it away
Forget yesterday
We'll make the great escape
We won't hear a word they say
they don't know us anyway

Seria…

— Mas minha mãe não deixa Percy – eu encolhi os ombros. Eu estava precisando de uma fuga mesmo. Uma fuga das boas.  – E sendo que é ela que me paga a faculdade, acho que fica difícil eu contrariar ela.

Ele revirou os olhos e sorriu de lado.

Não faça isso.

— Até parece que é a primeira vez que você desobedece sua mãe – ele riu cruzando os braços. Acho que havíamos batido o nosso recorde de intimidade depois daquilo.  – Você tem 20 anos o que ela vai fazer?

Eu já me esquecia que eu havia partilhado minha vida com ele. Que arrependimento Annabeth Chase.

— Eu sei que você quer ir.

Verdade. Quero mesmo.

— E sei que estou conseguindo convencer você.

Pois está… e isso está me deixando put-… irritada.

— Como me convenceu que gostava de mim? – eu dei um sorriso ironicamente falso para ele, o fazendo suspirar. Eu não conseguia evitar, era quase automático em mim.
A verdade é que esse cara aqui, para além de lindo e maravilhoso, é a coisa mais insuportável do mundo.

E por muito que eu  nan quisesse, eu sou obrigada a vê-lo todos os dias.

— Eu gostava você de verdade e você sabe disso – ele me olhou num tom rudemente sério. O seu maxilar travou e os pulmões voltaram a encher de ar numa respiração profunda.

Eu sei gente, eu sei… às vezes eu vou longe demais.

— Mas também namorava e isso eu não sabia – eu rebati. Era o quê? A quinquagésima vez que a gente tinha esse dialogo? Andava por aí. Ele desviou o olhar do meu, visivelmente irritado.

Sim, eu era insuportável e não me orgulhava disso. Mas há coisas que marcam e torna-se impossível esquecer delas. Ainda mais quando uma dessas coisas era Percy Jackson.

— Eu vou parar – eu baixei o rosto envergonhada. Eu estava atingindo um limite que não queria estar atingindo. Por muito difícil que fosse, eu precisava me desligar disso.

— É melhor – e acontecia o que sempre acontecia quando eu atingia Percy Jackson. Ele me olhava friamente com uma expressão irritada. A mãos viajavam pelos bolsos da calçace ele respirava fundo duas ou três vezes desviando o olhar por uns segundos antes de retornar ao meu. Era sempre assim.  Desde sempre.

Você podia ter feito diferente…

— Por isso que você deveria vir – ele falou ao fim de uns segundos me encarando – eu não odeio você e por muito que você sinta o que você está sentindo, eu acredito que seria uma boa maneira para a gente ficar bem…

— Ficar bem?

— Porque não? – ele me olhou com um sorriso de lado – Antes de tudo éramos amigos não éramos? E eu não quero que fique sempre um clima estranho entre a gente sempre que a gente se encontra… é tão difícil assim ficar comigo durante 3 dias? 49 horas de carro?

— Eu já disse que o problema não é você Percy – eu respondi o mais normal que pude.

— Então vem – ele insistiu me olhando com expectativa.

As vezes eu me esquecia o quanto persistente aquele menino era.

— E como eu faço com minha mãe?

— Ué, mente – ele olhou para mim num tom óbvio quase ofensivo – Sua mãe te controla pelo GPS? É so dizer que tá aqui quando, na verdade, você está com a gente.

— E se ela descobrir?

— Eu não vou deixar que isso aconteça – ele prometeu se postando na minha frente. Eu tive subir o meu rosto para olhar nos seus olhos de tão alto que ele era. Sério.  – Nada vai acontecer com você comigo por perto sim?

Eu dei um sorriso.

Bem jogado.

A minha mão tocou no seu peito o afastando.

Ou não.

— Que foi? – ele perguntou confuso enquanto aquela maldita sobrancelha direita se arqueava.

— Espaço pessoal obrigada – eu reclamei virando costas para ele – agora pode ir embora?

— Annabeth porque v-

— Vai embora, eu vou pensar ok? Vai embora e me deixa pensar no que vou fazer – eu só queria ver ele longe.

Ele me deixava confusa. Uma hora me larga outra já se aproxima.

Só deixa de ser assim garoto!

— Você promete que vai pensar? – ele repetiu atrás de mim. Eu ouvi os seus pés dando um passo mas não me movi. Eu só queria mantê-lo longe… o mais possível.

Vocês lembram daquela seriézinha da Disney? A nova escola do Imperador?

Então, eu só conseguia imaginar duas criaturas em cada ombro.

De um lado: Caramba Annabeth, você é adulta, ultrapasse isso!

EU SEI!

Do outro: Isso mesmo, afasta ele, ele te fez sofrer.

EU SEI!

… entendem meu dilema. Eu não consigo me decidir quando o assunto é Percy Jackson. Pior, eu não consigo fazer nada com ele metido no meio. Que coisa!

— Vai pensar né? – ele repetiu de novo dessa vez mais meigo ainda. Desgraça. – Por favor, diz que vai pensar.

— Eu já disse sim não já? – resmunguei, pegando o meu celular e o fone, voltando a me sentar sobre a cama. Ele sorriu para mim. Era um dos sorrisos da minha antiga lista de sorrisos preferidos de Percy Jackson. Era um dos primeiros aliás. Eu suspirei deslizando a tela do celular enquanto olhava para ele que não arredava o pé dali.

— Vai ficar aí? – eu estava perdendo a paciência já. Desgraçado.

— Pensa com cuidadinho sim? – ele deu um sorriso sapeca e caminhou até à porta, não sem antes me chamar uma ultima vez. – Annabeth?

— Que foi agora Percy? – eu estava pronta para atirar uma almofada nele agora mesmo.

— Você fica linda quando está irritada.

Tá, foi de vez. Meu travesseiro já voou na direção dele sem qualquer aviso prévio. Ele riu saindo porta fora me deixando ainda mais irritada. E pior… ainda mais confusa.

Desgraçado!

 

***

— Você vai! – eu só vi Thália Grace saltar do banco do jardim para cima de mim. Nico Di’ Angelo sorria enquanto Thália se mantinha abraçada a mim ainda sorridente.

— De verdade loira? – ele perguntou para mim.

— Eu vou, de verdade mesmo – Eu senti Thália me largar no mesmo instante. Os olhos azuis se fixaram em mim e a sobrancelha direita arqueou do mesmo jeito que uma certa pessoa.

— Pera aí, sua mãe deixou? – ela estava tão confusa quanto Nico – Que volta você lhe deu para ela deixar você ir?

— Não dei volta nenhuma – eu encolhi os ombros com um sorriso sincero. Eu estava feliz. – Eu vou mentir. Digo a ela que não vou e se ela ligar eu digo que estou no quarto, ou fazendo qualquer coisa.

— Uau – Nico me olhou surpreso. Um sorriso de lado cresceu nos seus lábios frios dando uma piscadinha para mim – é a primeira vez que vejo você mentir para a sua mãe.

— É a primeira e ultima – eu pontuei séria – Eu sou uma boa menina sim?

— Finalmente nossa má influência está fazendo efeito – Thália sorriu para mim e eu me senti a pessoa mais feliz no mundo. Mais feliz do que alguma fez me senti. – Agora, so falta dar a novidade ao Percy e esperar que sexta chegue.

— Sexta? Mas a escola não termina nesse dia? – eu perguntei confusa.

Ela olhou para mim e sorriu vitoriosa.

— Precisamente docinho – os seus olhos se desviaram para Nico enquanto procurava algo na sua mala – Onde está o Percy? A gente precisa rever o itinerário… - os dedos retiram um enorme papel desdobrável da bolsa da frente.

Eu estava chocada. O que se passa com essas pessoas e o Google Maps?

— Não era mais fácil ver isso na internet? – Nico perguntou a olhando estranhamente. Ele estava do mesmo jeito que eu… confuso. Thália nos olhou ofendida. Eu quase senti seus olhos perfurarem a minha alma.

— Vocês não entendem nada! Isso aqui é vintage! – ela resmungou para nós desdobrando o mapa que se tornava cada vez maior. Parecia até o Mapa da Terra média do Senhor dos Aneis… ou pior ainda os sete de reinos de Game of Thrones. - Ou vamos ser das antigas ou não vamos de todo!

A certa altura, tudo o que eu conseguia ver à frente era um mapa de metro e meio com rabiscos a marcador.

— Onde aquele cabeça de alga se meteu? A gente combinou estar aqui à 10 minutos. – Thália olhou para o celular já sem paciência.

— Ele deve estar aparecendo aqui não tard-

Nem deu tempo de Nico terminar a frase. Percy Jackson estava descendo a calçada do Jardim na nossa direção. Assim como Nico, ele vestia uma camiseta preta e umas jeans também da mesma cor. Eles haviam combinado. O seu cabelo estava molhado e não, não era por conta do suor.

— Desculpa gente a fila do banheiro estava cheia – Percy tomou o ar novamente respirando fundo – Tive que tomar duche em 5 minutos.

Tadinho. (sintam minha ironia).

Se bem que entendia o sofrimento. Para quem vivia no campus era um pesadelo o horário dos balneários. Então no Verão só piorava, eram filas enormes de pessoas que ansiavam tomar duche de agua fria afim de evitar o calor.

Eu mesma incluída.

— Tá, entendemos você sofreu imenso agora presta atenção - ela esticou de novo o mapa em suas mãos. Havia traços verdes que indicavam os itinerários principais, a azul as autoestradas e algumas marcações a vermelho que julguei ser dos postos de combustível em cada 10 quilómetros.

— Ah cara – Nico tocou na perna de Percy que se sentou sobre o encosto do banco a cima da gente – A Annabeth vai.

Não… não diga isso!

Eu senti Percy olhando para mim enquanto um sorriso de lado dançava em sua boca.

— Sério Annabeth? Que fez você mudar de ideias?

Eu ignorei na mesma continuando a olhar para o mapa.

Thália havia planeado tudo até ao mínimo detalhe.

— A gente ia seguir até ao Estado de Luisiana, são 12 horas se pararmos em Nova Orleans, porém o Percy deu a ideia de ir pela costa até à praia de Panama City e parávamos por ai. Basicamente demoramos duas vezes mais mas… bem, convenhamos que a vista é ótima – Thália deu um sorrisinho orgulhoso enquanto o indicador dedilhava o caminho marcado a marcador azul.  – Podemos fazer algumas paragens, mas acho que conseguimos fazer isso em uma tarde.

— Isso é de boa, chegamos lá pelas 20h, vá! continua vai – Percy tocou no ombro de Thália olhando fixamente para o mapa.

— Já vai! calma apressado!... bem… onde eu ia? – ela voltou a contornar o caminho com indicador, continuando – Depoi,s na manhã seguinte partimos de Panama City e dirigimos até Houston, são 11 horas de caminho mas a Annabeth quer fazer desvio até Nova Orleães então mais uma horinha menos horinha não custa nada.

— Jazz? – interrompeu Nico olhando para mim sugestivo.

— Jazz – eu respondi.

— Como só temos 3 dias de viagem precisamos fazer um esforço e atravessar o Texas numa noite. A gente já fala dos turnos sim?

— Temos de guiar de Houston até o Tucson no Arizona? – Percy piscou três vezes olhando para Thália – A noite inteira? São 16 horas de caminho, só vamos parar ao meio dia do seguinte!

— Se for preciso a gente para em El Paso, na saída do Texas para descansar. Não precisa estar metendo o louco agora sim? A viagem ainda nem começou ainda. – ela suspirou anotando algumas indicações no mapa de papel. – Do Tucson, ou caso El Paso,  caso Percy se arme em diva, vamos partir até Los Angeles e fim chegámos, ficamos por lá e assistimos os 3 dias do Festival de Verão e regressamos.

— Será que dá? – Nico perguntou receoso. São três dias! – Vamos chegar muito em cima da hora.

— É isso ou faltar na quinta também. O Festival começa na tarde de Segunda, se partimos às 10h na sexta conseguimos percorrer tudo e ter tempo de fazer paragens.

— Certeza? – dessa vez fui eu perguntando.

— Vocês ofendem minha capacidade de planear viagens criaturas – ela resmungou dobrando o mapa sem cuidado algum o guardando na mochila. – Acreditem em mim, a gente vai fazer uma ótima viagem.

Será?

 

***

Durante a semana toda estivemos falando de como iria funcionar o sistema de trocas e como faríamos em cada paragem. Segundo ela, não havia falhas.

Eu passei o dia arrumando minha mala. Mayara me ajudou a dobrar as roupas e me ajudou na escolha das peças que iria levar. Percy falou comigo algumas vezes porém as conversas nem duravam mais de 5 minutos.

Eu não queria adiantar muito assunto.

Na quarta feira Nico Di’Angelo  foi a casa da Tia dele afim de pegar a van. Foi uma correria depois disso.

— A gente vai nisso? – eu perguntei olhando para o veiculo na minha frente no parque de estacionamento da faculdade. Era uma mercedes antiga e pela matricula indicava ser de 67. – Ela é mais velha que a minha mãe Nico!

Percy estava com a mesma cara que eu. Medo.

— Ah não falem da Nancy desse jeito – Nico resmungou quase como se quisesse beijar a van – Ela é da minha tia mas meu pai deu a revisão inteira nela e eu personalizei ela do nosso jeito.

— Até que tá legal – Percy eligiou. Eu tinha que admitir. Estava mesmo. Ela esta completamente grafitada de cima a baixo. Desenhos aleatórios afeitavam a porta e a frase “Road Trop” descorava a capa do pneu sobressalente na frente da van. Nico correu até à porta de trás olhando para a gente – E o melhor ainda é o interior.

Ele deslizou a porta e eu fiquei completamente atónica. Havia um colchão no interior forrado com lençois, cobertores e dois travesseiros. Nico puxou o gavetão do chão olhando para a gente: para a comida e para a as malas. Ainda temos algum espaço livre para o resto, eu mandei retirar os assentos de trás para saber o resto.

— Quantos bancos eram? – Percy foi o primeiro entrar na van examinando cada detalhe que encontrava.

— Ao total eram 9, retirei os 6 de trás e ficam só os da frente para o condutor e alguém que queira ir na frente. – ele deu uma leve pausa mas logo estalou os dedos se lembrando de algo – Ah, esqueci de falar que guardei algumas coisas de cozinha caso quisermos cozinhar. Tem fogão de campismo e uma frigideira aí.

— Nico, a gente vai comprando comida no supermercado – Thália o olhou confusa, porém isso não impediu Nico de sorrir mais ainda.

— Amor, isso é vintage!


A Tarde de Quinta foi a pior, Thália Grace parecia um general do exército quando chegamos no supermercado. Logo depois das aulas tudo o que ela fez foi mandar ordens mal estacionamos o carro de Percy no parquímetro.

Paper bags and plastic hearts
All are belongings in shopping carts
It's goodbye

— Annabeth e Nico vão buscar os carrinhos! – ela ordenou tirando a lista de compras que tinha no bolso dos shorts enquanto colocava seu óculos escuro e uma boina do exercito.  – Vamos lá galera!

— Você Percy trata das bebidas – ela apontou a caneta para ele que rapidamente respondeu com um “Sim senhor capitão”. Eu quase ri.  – Annabeth. Docinho você trata do papel higiénico e daquilo que você-sabe-oquê.

Tampões… sei.

— Nico!

— Sim amor? – Nico era o que estava achando mais piada naquilo tudo. Ver a namorada agindo que nem General das Forças Armadas e não rir era quase impossível.

— Você trata da comida – ela apontou para o corredor do pão e dos biscoitos (ou bolacha mesmo, eu não quero infligir nenhum vocabulário a ninguém).

— E você? – eu tive a ousadia de perguntar. Thália me olhou baixando os óculos enquanto segurava o seu carrinho como se estivesse em uma partida formula 1.

— Eu? Eu vou pegar meus doritos – e tudo o que vi foi Thália Grace, aspirante a general do exercito desaparecer pelo corredor dos snacks e batata frita.

Eu suspirei… estava sendo uma correria doida. Incansável até.

Eu estava caminhando pelo lado corredor dos produtos de limpeza. Eu havia pegado algum protetor, luvas e  gel de banho para quando parássemos nos parques de campismo afim de tomar banho. Peguei os produtos que Thália havia pedido e juntei mais alguns que achei serem necessários.

Desodorante é sempre bom.

E pensos rápidos também.

— Hey – uma voz soou ao meu lado e eu quase saltei de susto se Percy Jackson não me tivesse segurado – Calma.

— Que você quer? – eu perguntei, quando meu coração voltou a bate ao fim de um par de segundos. Ele me olhou divertido e sorriu para mim.

— Você não me responde naquele dia… - ele admitiu baixinho.

— Responder ao quê? – os meus olhos o observaram, porém, quando notei que ele fazia o mesmo me concentrei em qualquer outra coisa. Nesse caso, o seu carrinho. Havia gelo em sacos de lastico, latas de cerveja e alguns refrigerantes.

— O que fez você mudar de ideia? – ele soava gentil. Tão gentil que por leves minutos me arrependi por estar o tratando desse jeito.

Mesmo tendo seus motivos? Sim, mesmo apesar de tudo isso.

— Thália queria que eu fosse, e eu também não queria perder isso. É a nossa viagem – eu justifiquei o mais simpático que consegui. Eu não queria criar um mau ambiente.

Mesmo tendo seus motivos? SIM, SHIU!

— Então, eu não tive nada a ver com isso? – ele perguntou cauteloso.

Eu não consegui evitar sorrir por um segundo tentando me recompor.

— Em parte sim. – eu cortei rispidamente – Mas não quero que pense que amolei com você.

— Annabeth – Percy suspirou alcançando minha mão. Era a primeira vez em meses que eu sentia a mão de Percy Jackson segurando a minha. Ele me olhava serio porém o seu toque se mantinha meigo e suave.

Tal como antes.

— Por favor, pode parar de me tratar desse jeito?

— Você está pedindo o impossível Percy.

— Só por esse fim de semana, não? Annabeth você acha que vai ser legal ouvir você sempre reclamando comigo ou respondendo grosso cada vez que pergunto algo a você?

— Simples, então não pergunte nada. – eu sorri puxando minha mão de volta

Você está sendo infatil Annabeth.

Eu sei.

— Annabeth – ele voltou a pegar na minha mão, dessa vez com mais firmeza. Os olhos deles se mantinham fixos nos meus e o maxilar travou um par de vezes antes de continuar – Se você não quer fazer por mim ao menos faça pela Thalia e o Nico, acha que é legal para eles estar coma gente nessa droga de ambiente?

Suspirei..

Ele tem razão Annabeth

Cala a boca consciência, você devia estar do meu lado!

E estou… do lado da razão.

Diacho!

— Tudo bem… como queira. – eu cedi. Ele sorriu na hora e eu só queria que parasse de o fazer logo. Eu não gostava do que o seu sorriso me fazia. Não depois de tudo.

— Eu fico mais feliz.


But we got one more night
Let's get drunk and drive around
And make peace with this empty town
We can make it right

Eu puxei a minha mão de volta. Ele não reclamou, continuava sorrindo mesmo jeito.

— Eu quero ficar bem você… eu sei que você não acredita mas eu ainda me preocupo com você.

Controla o que fala! Controla o que fala!

— Tudo bem Percy, faça como quiser – eu respondi num suspiro – Agora por favor, não fale comigo como se nada tivesse passado.

Boa menina.

SHIU!

— Eu nunca fiz isso – Percy rispostou do meu lado – eu tentei resolver as coisas com você mesmo-

— Percy por favor! Se você não quer que eu toque no assunto então nao toque você nele – eu não me queria irritar, mesmo ele fazendo os possíveis para isso.

— Annabeth porqu-

— Hey vocês dois! – Thália apareceu na nossa frente empurrando seu carrinho – vocês demoram? A gente precisa pagar isso!

— Thália – eu chamei olhando para a quantidade de pacote de batata frita e doritos que dava para alimentar um bairro – a gente só vai viajar 12 horas lembra?

— Eu sei – ela encolheu os ombros e olhou para mim com se fosse a coisa mais óbvia do mundo – Isso aqui é para 12 horas mesmo. 


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Notas finais do capítulo

Bem atte agr foi isso,
Bjs Liids, eu espero que tu goste, vc e todos os outros ♥



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