O Amor Está no Ar escrita por Haruyuki


Capítulo 2
~ Victor Nikiforov ~




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Victor Nikiforov é um russo que atualmente mora em Detroit e trabalha em uma empresa russa de moda. Ele e seus primos Mila Babicheva e Georgi Popovich são estilistas populares que moram e trabalham em Detroit.
Recentemente a marca deles, especializada em roupas de inverno, foi convidada para vários desfiles de moda e Mila decidiu adquirir as primeiras passagens deles via uma agência de turismo. Mas quando chega no aeroporto, nota que há um erro na passagem. Em pânico, ele corre para a loja da companhia aérea, rezando para que dê tudo certo.
Mas ele nunca ia imaginar que um anjo asiático o atenderia e não só refez sua passagem sem cobrar nada, como também o auxiliou no check-in, no embarque e até na entrada do avião. Definitivamente um anjo tímido, e super-competente que encantou seu coração.
Victor nota que terá de viajar de 2 em 2 semanas para diferentes cidades, viajando nas segundas-feiras e voltando aos domingos. E na terceira e quarta vez, tem certeza que Yuuri está interessado por ele também.
Yuuri. Tímido, competente, educado, gentil, honesto e alguém merecedor do prêmio de Melhor Pessoa Para Ser Amigo. Mas não é isso que Victor quer que eles sejam.
Mas...
~x~
"Ai meu deus!" Mila diz, depois que Victor a abraça animado com o que ela acabara de dizer.
"Que foi?" Ele pergunta, surpreso.
"Eu vi um filhote poodle marrom super fofo nos braços de um homem agora a pouco." Ela diz, passando pelo portão de desembarque e olhando em volta, procurando pelo homem e o cachorro. "Ah, que pena. O homem também era fofo sorrindo, mas desfez o sorriso quando nos viu se abraçando. Que estranho."

Victor, de repente, se sente incomodado com isso.
"Como ele era?" Ele pergunta, mordendo o lábio.
"Asiático, cabelos negros, óculos..." Mila começa, mas se interrompe quando Victor arregala os olhos.
"Merda." Ele diz, olhando em volta, procurando por Yuuri.
Em vão.
"Mila, ele é Yuuri, o rapaz que eu te falei." Victor diz, procurando por ele pelo check-in e pela loja.
"Victor?" Phichit diz, olhando em volta. "Onde está Yuuri?"
"Ele não está aqui?" Victor pergunta, chateado. "Essa não."
"O que aconteceu?" Phichit pergunta, olhando dele para Mila.
"Eu acho que o que aconteceu é que ele deve pensar que eu sou namorada desse idiota ai." Mila diz, apontando para Victor. "Mas eu sou apenas a prima dele."
"Oh, merda." Phichit diz, pegando seu telefone. "Espero que ele atenda."
Quando Phichit balança a cabeça e volta a ligar novamente.
"Ei, Mari. Yuuri está em casa?" Ele pergunta e então solta um suspiro, aliviado. "Ele está bem? Não chega a ser um ataque de pânico, chega?"
Victor se assusta ao escutar isso.
"Ele disse isso? Não, eu não sei o que aconteceu e isso é algo que apenas ele pode refletir, sozinho." Phichit continua a conversar, não deixando de olhar para Victor. "Tudo bem. Eu tentarei conversar com ele amanhã. Ok. Tchau."
Ele desliga o telefone e olha para Victor.
"Ele está em casa, mas se isolou da família dele." Phichit diz, e se senta na cadeira, ligando o computador dele. "Yuuri é uma pessoa maravilhosa, mas também carrega um enorme peso chamado ansiedade. E uma autoestima muito baixa. Muito mesmo. Sabe quantos amigos ele possui? Cinco."
Phichit ergue a mão aberta e começa a dobrar os dedos, contando.
"Eu, Leo, o namorado de Leo, Yuuko e o marido dela." Phichit explica. "Victor, vocês se conhecem há  quase 3 meses, sendo que só tiveram três momentos para conversarem entre si, algo muito limitado porque você teve que viajar e Yuuri trabalhar. Eu aconselho a você ir para casa e descansar. Eu irei tentar conversar com Yuuri e explicar a situação amanhã."
"Amanhã?" Mila, que apenas prestava a atenção na conversa para o tailandês, que afirma para ela.
"Amanhã."
~x~
Dias depois, Victor recebe a seguinte mensagem de Mila.
'Ele é tão fofo! Eu já contei para ele tudo sobre você. Me agradeça depois. - M'
'O que quis dizer com contou tudo para ele sobre mim? - V'
'Mwahahaha - M'
'Miiiiiiiiilaaaaaa!!! - V’'
'O amor está no ar. - G'
Victor lê a mensagem de Georgi. E relê. E de novo. E se vê dando risada.
"Realmente, o amor está no ar."
~x~
No dia da última viagem de Victor, ele não encontra Yuuri, apenas Phichit. E quando o avião já está prestes à partir e os comissários dando as instruções de segurança, o som é interrompido. De repente, pela janela, Victor percebe que uma escada se aproxima e alguém sobe correndo. De repente, um dos pilotos surge.
"Senhor Victor Nikiforov?" Ele pergunta, procurando pelos passageiros.
"Sim?" Victor pergunta, destravando o cinto de segurança e se levantando.
"Isso é para o senhor. Deve ser muito importante, para interromper o início do processo de decolagem." Ele diz, estendendo uma carta para ele.
Embaraçado, ele pega a carta e se sentando. Olhando para o envelope, ele o abre e retira o papel branco dobrado, o abrindo.
...
Victor,
Eu espero ter coragem de falar para você o conteúdo desta carta, ou se não conseguir, ter o suficiente para entregar ela para você. Eu acho que cometi um erro domingo e se você não quiser ter mais nada comigo, eu compreendo. Mas se ainda houver um pingo de esperança, eu quero abraçar ela junto com você.
Eu sou muito tímido e não tenho muita experiência nisso, mas gostaria de aprender ao seu lado a ser um melhor amigo/namorado. Ninguém além de você é capaz de fazer meu coração bater forte, minha mente sonhar acordado e meu corpo... err...
Se isso significa que eu gosto mesmo de você, mesmo tendo estado com você apenas quatro vezes durante os dois meses que eu te conheço, então eu quero isso. Eu quero gostar você. E eu quero estar sempre ao seu lado. É pedir demais? Estou sendo egoísta demais por desejar isso? Minha mente insiste que sim. Minha mente diz que você nunca iria gostar de mim, me desejar. Que eu não sou bom o suficiente para você. Mas minha psicóloga, minha família e meus amigos insistem que não, já que falo bastante sobre você para eles.
Naquele domingo, eu ia te revelar a surpresa. Mas talvez eu devesse esperar para uma próxima vez. Eu sei que você vai adorar porque vai conhecer algo muito importante para mim. Minha comida favorita.
Mila me contou muita coisa sobre você, e acho injusto que você só saiba o que te contei mês passado, então aí está.
Meu nome é Yuuri Katsuki, tenho 24 anos e nasci em Hasetsu no Japão, onde fiquei até os 15 anos. Desde pequeno eu tenho um metabolismo fraco, o que me faz ganhar peso facilmente e sofri muito bullying na escola por causa disso. Eu disse que gosto de balé e patinação artística, mas na verdade eu pratico balé desde os quatro anos de idade e competi no gelo pelo meu país, ganhando algumas medalhas. Aos 15 anos, fui convidado a treinar nos Estados Unidos e vim para Detroit, sozinho. Me formei no ensino médio e ingressei a Universidade. Mas por causa dos meus nervos, eu não consegui competir mais e passei a patinar apenas para passar o tempo. Mudei meu curso e passei a ensinar crianças a patinar. Foi então que um cara idiota decidiu que 'alguém como eu' deveria namorar ele e todo o santo dia ele estava na entrada, me esperando.  - Curiosamente, ele foi o responsável pelo erro na sua passagem e foi demitido. - E todo santo dia eu o rejeitava. Mas minha mente muitas vezes dizia que eu estava sendo um tolo em regeitar ele e tudo o mais. Mas tudo acabou quando uma garota passou a ser namorada dele. Celestino, meu atual chefe, era amigo de um dos professores e foi convidado a assistir uma das aulas dele em que eu era aluno. Segundo ele, foi nesse momento que Celestino passou a me observar. Ele decidiu me contratar como temporário para trabalhar no aeroporto, e em menos de um mês, passei a trabalhar em tempo integral. Ele estava surpreso ao ver que eu era educado, inteligente e gentil perante aos clientes e conseguia trabalhar em diversas posições ao mesmo tempo.
Isso foi há 4 anos atrás. Hoje, além de trabalhar no aeroporto, sou o instrutor dos novos funcionários, os ensinando sobre como trabalhar e como tratar os clientes. Hoje também muitos colegas de outras cidades americanas se comunicam comigo para me pedirem ajuda, que eu respondo com prazer. Conheci Phichit e Yuuko na Universidade. E Leo só quando comecei a trabalhar. Quando descobri que ele é colega de quarto de Phichit, fiquei bastante surpreso.
No fim do ano passado, formalizei a papelada para trazer minha família para cá, já que os negócios estavam muito ruim em Hasetsu. Minha família tinha uma pousada com fontes naturais, mas teve que vender. Uma pena, porque elas eram divinas. Agora eles tem uma pousada simples, mas popular por causa da comida que minha mãe prepara.

Uau, essa carta está bastante longa. Como acho que não há mais nada que precise falar, eu estou encerrando aqui pedindo desculpas novamente e desejando poder continuar podendo me encontrar com você.

Como sei que você deve estar lendo essa carta no avião, eu desejo uma ótima viagem para você, Victor. Espero poder te ver logo.

Yuuri

...

"Phichit, cadê a carta que estava no meu carro?"

"Ohhh! Eu entreguei para Victor!"

"VOCÊ O QUÊ?!"

~x~

Ignorando os avisos de Mila e Georgi, Victor retorna para Detroit 3 dias depois de embarcar. Ele vai perder o desfile, mas Yuuri é muito mais importante para ele.

Mas ninguém o preparou quando, no balcão da loja, Yuuri atendia uma passageira. O problema é que diferentemente das outras vezes, Yuuri agora está sem os óculos e com os cabelos negros deslizados para trás, com uns quatro fios teimosos caindo na testa dele.

Ele se aproxima, sem que o japonês o perceba.

"Eu li sua carta." O russo diz, o assustando. "18 vezes durante esses 3 dias. Se quis repetir a idéia de quase atrasar a decolagem e me surpreender com isso, foi bem sucedido."

O que você quis dizer com isso?" O japonês pergunta, de olhos arregalados.

"Eu já estava no avião, e os comissários já estavam dando as instruções quando Phichit surgiu carregando a carta." Victor franze a testa, notando que tem algo de errado com Yuuri e essa história.

Apavorado, Yuuri agarra o rádio e o leva ao rosto.

"Phichit Chulanont. Venha aqui agora." Ele diz, friamente.

Victor morde seu lábio inferior ao vê-lo de frente, com as mãos na cintura, numa pose super sexy.

"Yuuri, qual é o problema?" Phichit diz, sorrindo.

Sorriso esse que desfaz quando ele vê Victor.

"Merda." Ele diz, apavorado.

Victor apenas ergue a sobrancelha, não entendendo ainda o que estava acontecendo.

"Victor acabou de me dizer algo muito curioso." Yuuri começa a falar, andando de um lado para outro. "Ele me contou que o avião em que ele estava dias atrás estava prestes à decolar quando você surgiu em um dos carros de emergência e interrompeu para entregar minha carta? Carta que você pegou do meu carro sem minha autorização? Carta que eu mesmo iria entregar para ele nesse dia, se você não tivesse perdido meus óculos?"

Victor apenas cruza os braços, curioso em como o tailandês ia responder.

"Você ia entregar a carta? Mesmo?" Phichit pergunta, inclinando o rosto para ele.

Yuuri respira fundo e afirma com a cabeça.

"Eu ia." Ele responde, dessa vez para Victor, e repete. "Eu ia."

Phichit o olha, abrindo um largo sorriso.

"E qual é o problema? Não deu na mesma?" Ele pergunta, se aproximando animadamente.

"Na mesma? Um avião cuja decolagem foi atrasada?" Phichit se encolhe ao ouvir a bronca. "Um par de óculos que você se esqueceu onde escondeu? E você tem coragem de perguntar para mim 'Qual é o problema?' como se tudo estivesse realmente bem?"

"Desculpa." Phichit faz bico, abaixando o rosto.

Yuuri se vira, ficando de costas para ele e olha para Victor, abrindo um sorriso e dando uma piscadela para ele e erguendo uma chave de carro, o surpreendendo.

"Katsuki aqui." Ele diz, no rádio. "Celestino, eu estou com dor de cabeça, claramente por causa da ausência dos meus óculos. Phichit vai ficar sozinho na loja hoje e eu vou para casa."

"Você pode ir, Yuuri." Ele recebe a resposta de Celestino e olha para Phichit, acenando para ele.

"Boa sorte." Ele apenas diz, pegando as coisas dele e saindo da loja pelos fundos.

Victor se dirige para a garagem do aeroporto, e espera um pouco por Yuuri, que logo surge de calça jeans preta colada na cintura dele, apertando os quadris dele, uma camisa azul clara de manga comprida e uma jaqueta estranhamente familiar. Ele coloca os óculos no rosto, sorrindo para o russo que faz de tudo para suprimir um longo e doloroso gemido.

"Você está ocupado?" Yuuri pergunta, destravando o carro dele e abrindo a porta para Victor.

"Não, por quê?" O russo pergunta, erguendo a mão e tocando na dele por cima da porta aberta do carro.

"Está tudo bem se eu lhe der a surpresa essa tarde?" O japonês pergunta, entrelaçando seus dedos nos dele e os apertando.

Victor se anima e afirma com a cabeça, ansioso. Yuuri sorri, ao vê-lo entrar no seu carro e fecha a porta, se sentando no seu assento e ligando o carro e o rádio.

"Antes de mais nada, gostaria de pegar mais uma convidada para a surpresa." Yuuri diz, saindo da garagem do aeroporto. "Makkachin."

"Mesmo?" Victor pergunta, abrindo seu famoso sorrido em forma de coração.

"Sim. Eu acho que ela e Vicchan adorariam se conhecer. E se você ainda quiser, nós também podemos ser amigos." Yuuri diz, olhando do para-brisas para ele. "Ou namorados."

"Eu quero namorar você, Yuuri." Victor diz, lambendo os lábios. "Me interessei por você desde quando te vi, meses atrás."

Yuuri volta a olhar para o para-brisas, com um sorriso tímido no rosto. Victor volta a olhar para a jaqueta, notando que é a que ele havia criado pensando nele duas semanas atrás.

"Mila deu essa jaqueta para você?" Ele pergunta, dando risada ao perceber que sua prima teve a mesma idéia que o melhor amigo de Yuuri.

"Sim. Ela disse que é para eu cuidar muito bem dela, porque foi criada especialmente para mim." Ele diz, dando risadas também. "Nem precisava falar. É claro que eu cuidarei de algo feito por você."

...

O resto do passeio foi realizado em silêncio, salvo quando Makkachin decidiu ignorar Victor e pular em cima de Yuuri. Não demora muito, e Yuuri estaciona o carro na entrada de uma pousada chamada Yu-topia Akatsuki. A pousada da família dele. Victor é recebido de braços abertos por Toshiya, Hiroko e Mari, e finalmente conheceu o mini poodle Vicchan. E quando Yuuri finalmente o apresenta ao prato preferido dele, Katsudon, Victor se vê com um largo sorriso no rosto.

...

Quando Victor dá a Yuuri a notícia que o fez abraçar sua prima e causar o mal-entendido, Yuuri se surpreende e o abraça, feliz. Afinal Victor não precisa mais viajar tanto. Dois meses depois, eles oficializam o namoro e Yuuri passa a morar com ele. Dois anos e meio depois, no exato dia do exato mês em que tudo começou, Victor retorna de viagem carregando um largo buquê de rosas vermelhas em uma das mãos e sua mala na outra, entregando o para o japonês e o beijando.

As pessoas aplaudem e Victor se agacha para pegar algo da mala. Bem, isso era o que todo mundo achava. Exceto que o russo apenas ergue as mãos em direção ao japonês, que arregala os olhos e leva as mãos para a boca, ao ver uma caixinha de jóias sendo aberta, revelando um par de alianças douradas.
"Yuuri Katsuki, amor da minha vida. Quer se casar comigo?"
"Sim. É claro que sim. Para sempre, sim."

~ Fim ~


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