Jessica

Liberdade. Era o que eu achava que iria sentir ao completar meus dezoito anos, porém tudo o que senti foi o peso das palavras dos nossos vizinhos por ainda não ter me casado. Minha mãe vivia dizendo que se continuássemos com o comportamento que tínhamos perto dos homens, morreríamos solteiras. O que ela não entende é, não quero me casar sem amor. 

Minha irmã mais velha sofre pelo mesmo mal que eu, Tess sempre quis encontrar um homem que a olhasse de uma maneira única, mas parece que os homens de nossa pequena cidade resolveram virar trogloditas de um dia para o outro.  

— Jessica querida desça, o Sr. Gray tem notícias para nós. – gritou-me mamãe do andar debaixo. 

— Já irei mamãe. – Respondi pegando meu broche e prendendo minha franja. 

Assim que desci, vi minhas irmãs sentadas no sofá olhando para nosso pai calmamente, mamãe estava inquieta como sempre. 

— Bom já que a Jess finalmente decidiu se juntar a nós, nos diga logo papai porque essa carta és tão importante? – Olívia já não se continha mais. 

— Bom, pelo o que a carta diz, nossos vizinhos que partiram para Austrália faleceram em um trágico acidente de carruagem enquanto locomoviam-se da capital Camberra até New South Wales. – Todas nós ficamos atônitas, eu conhecia os BlackMont desde que me entendo por gente e por Deus eles faleceram assim, tão de repente?! – Calma meninas, apenas o Sr. e Sra. BlackMont estavam na carruagem com o irmão da Sra., os meninos estavam em uma aula. 

— Oh que susto o senhor causou em nós! 

Mamãe tirou a mão do peito e suspirou feliz, como ela conseguia ficar feliz com algo tão trágico?  

— Mas o que será deles a partir de agora? – Tess perguntou com a testa franzida. 

— Eles e o primo virão morar na mansão dos BlackMont até se casarem. 

Papai sorriu cansado e eu juro que vi mamãe ficar mais animada, o que ela está tramando? 

— E quais são as idades dos meninos BlackMont? – estava demorando muito para que ela viesse com essas perguntas. 

— O primogênito tem 23, o caçula 19 e o primo deles apenas 16. 

— Tão jovens! – exclamou Olivia, por ser a caçula ela não se recordava tanto assim deles, diferente de mim e de Teresa.  

— Homens não sentem tanto a falta dos pais querida, não se preocupe. 

Onde estão os sentimentos de minha mãe? Em um momento assim, onde eles ficaram desamparados tão de repente e ao mesmo tempo. 

— Bom, mais alguma coisa papai? – falei para primeira vez fazendo todos me olharem. 

— Bom, nosso primo Damon Lockwood vira nos visitar por alguns meses. 

Bufei de tédio, o homem não sabia fazer nada direito, deixava tudo o que segurava cair, era distraído e sempre ficava em cima de uma de nós querendo saber o que fazíamos. Seu principal alvo era a Liv. Toda vez que ele vinha, não saia de perto dela. 

— Papai tem como o senhor pedir para que ele se mantenha afastado de mim? Ele é muito estranho. –  Implorou minha jovem irmã com um olhar suplicante. 

— Olívia não fale essas coisas dele, um rapaz gentil e bondoso como ele é muito difícil. Achar homens assim é complicado minha filha, às vezes temos que comprometer nossa felicidade para que não sejamos faladas. 

Tentou mamãe novamente e quase ri. 

— Não irei casar sem amor! – disse por fim convicta e sorri, um grande mal das mulheres dessa família era a vontade de ir em busca de um amor verdadeiro, mamãe era assim antes de se casar com papai, ambos se gostavam, entretanto não era o amor que existia e sim o simples gostar, mas mesmo apenas se gostando eles se casaram e vivem até hoje juntos, eles aprenderam a conviver com o gostar que havia em seus corações, se acostumaram na verdade. 

Mas sempre há uma esperança para o amor, mesmo que não tenha dado certo com meus pais.  

— Os BlackMont chegam amanhã pela tarde e o Damon chega durante a noite.  

Papai disse saindo da sala e deixando tanto mamãe quanto eu e as meninas sem reação. Amanhã? Tão cedo. 

— Vou começar a preparar as coisas para um jantar espetacular. 

Dito isso ela saiu porta afora chamando pelas criadas e proferindo ordens. 

— Parece que uma de nós se casará em breve. – brincou Liv, nos fazendo rir.  

— Ou as três. – Tessa entrou na brincadeira e rimos ainda mais. 

Parece que temos pretendentes de longe!