Psicologia Sincera com Impmon escrita por L R Rodrigues


Capítulo 5
5ª Sessão: Teu passado te condena!


Notas iniciais do capítulo

Que saudade de atualizar essa bagacinha! Doravante os capítulos terão menos de mil palavras, resolvi isso por definitivo.

Tenha uma boa leitura ^^



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Impmon tentava despachar o tédio com seu ioiô vermelho, relaxadamente com os pés sobre a mesa e usando o braço esquerdo como apoio para sua cabeça numa posição confortável de quem pode desfrutar da boa folga das horas vagas. Ele bocejou olhando para a o relógio com o formato da sua cabeça. 

 

Faltavam dois minutinhos para as dez. 

Tacou o dedo no interfone pra falar... ou esbravejar. 

— Tá legal, cansei da espera! Pode vir, Lucas Rodrigo, consultório 666! 

A porta abriu-se num instante e Lucas sentou-se. 

— Até que enfim. - disse ele - Cheguei dois minutos adiantado, então... 

— Nem vem que não tem. - retrucou Impmon, sentando-se melhor - Deve estar pensando: "Oh, como sou o melhor paciente do Dr. Impmon tentarei chegar adiantado para receber sua aprovação, daí ele pode me conceder dois minutos a mais de consulta porque ele é tão generoso". - falou, fingindo um tom amoroso numa voz fina. - Achou isso né? Achou errado otário! 

— Eu sabia que você acordava com o pé esquerdo... mas não sabia que tirava conclusões tão precipitadas. Você pirou? Eu nem ia pedir isso que você falou aí, só ia dizer pra começarmos logo. Como se dois minutos fizesse diferença. - Lucas revirou os olhos - Bora logo. Hoje tô afim de confessar. 

— Aqui não é igreja pra se confessar. - disse Impmon - Mas a psicologia daqui é melhor. A diferença é que com o padre você revela seu problema atual e no consultório fala sobre todos os problemas. 1 a 0 pra nós, psicólogos, grandes profissionais da saúde mental. 

— Tá, talvez você esteja certo... Olha, eu... nunca fui tão certinho como hoje sou. Err... às vezes penso que mereci passar pelo que sei. 

— Tá falando do bullying? 

— Sim. Fiz algo ruim na infância e paguei o preço na adolescência. O tempo me retribuiu em dobro as brincadeiras idiotas que eu fazia. Eu só surfava na onda, me influenciava e fazia também. 

— Isso aí é a famosa Lei do Retorno. Assim como a idade, ela chega pra todo mundo. - disse Impmon, voltando a brincar com seu ioiô - Mas agora é tarde demais pra se arrepender. Você pagou caro porque mereceu mesmo. 

— É... verdade, eu repetia os atos dos outros quando criança. Se todo mundo se divertia, eu podia também. Uma das coisas mais vergonhosas da infância... - disse Lucas, com as mãos no rosto - Já chamei um garoto de baleia e fui punido com um pequeno castigo. Eu fui tudo que hoje mais odeio! 

— Para de se lamentar, idiota. Deixa de ser emo! A vida tem dessas mesmo! Você comete um erro num dia pra arcar com as consequências no amanhã! É assim que a merda funciona, meu chapa! E isso é força de expressão, não sou seu amigo! 

— Resumo da ópera: Meu passado me condena. Daria um bom filme sobre minha vida escolar. 

— Já tem um com esse nome. Na verdade, uma vida tão monótona como a sua não daria nem uma tomada decente. - disse Impmon, debochado. 

— Tá, já entendi. O que eu faço pra superar essa culpa que carrego? 

— Segue com a tua vida e joga esse passado no lixo. Ser uma vítima de bullying depois de ter sido praticante não torna você menos vítima. Você sofreu, óbvio. Mas porque o Universo te devolveu e acredite... ele decide tudo, tudo está pré-determinado. Foi uma lição, um teste para que você se colocasse no lugar das pessoas que você zombou na infância. 

— Você falando de empatia soa bizarro. Mas essa é a verdade. Precisei sentir o bullying na pele para lembrar do passado e ver quanto mal causei. Não foi muito, mas sabe como é... sou auto-destrutivo por natureza e exagero. 

— E você passou do bullying como uma outra pessoa? 

— Sim, mudei bastante. Ficaram sequelas. Porém, sou atualmente uma pessoa bem melhor que antes que enxerga o mundo muito mais ao redor de si do que a partir de si. Já tentou fazer palestras anti-bullying? 

— Acha que tenho pra perder com uma coisa que entra por um ouvido e sai pelo outro? Ninguém aprende nada. - disse Impmon, jogando o ioiô no chão - As pessoas são leigas, alienadas e incorrigíveis. Você é diferente e eu gosto disso, mas não gosto de te aturar como paciente. 

— E eu muito menos aturo você de psicólogo. Mas fazer o quê? Sem dor, sem ganho. Eu sei, essa frase é clichê, mas pertinente. 

— Não é pior do que marombeiros idiotas escreverem "Foco, força e fé" nas redes sociais quando ganham um centímetro de músculo. - declarou Impmon, checando seu smartphone. - Já pode vazar.

— A gente se vê... semana que vem?

— Por que a pergunta? Ainda faltam mais sete sessões pra você me aguentar! Tá querendo largar de mão é? 

— Não, só quis ter certeza. De repente, você pode ter um compromisso...

— O meu compromisso maior é receber visitas nesse maldito consultório e não tenho nada de interessante pra fazer no fim de semana. E você? Ah não, sua vida é ainda menos interessante, deixa pra lá. 

— Obrigado. - disse Lucas com os olhos estreitados, saindo. 

"Esse idiota do Lucas guarda segredos que não quer contar aqui", pensou Impmon, lembrando de ativar a câmera e a escuta instalada no quarto do seu melhor paciente. 


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Notas finais do capítulo

Que segredos serão esses? No próximo capítulo saberemos... ou não.



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