Operação Jardim Secreto escrita por Lura


Capítulo 21
Inverso em Versos




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Em uma era distante, em um mundo diferente, existia uma porção de terra vasta e produtiva, que foi dividida para acomodar cinco reinos.

Cada um desses reinos, era composto de um povo provindo de um canto diferente do mundo. Tinham raças diferentes, culturas diferentes, costumes diferentes. Todavia, em comum, possuíam o fato de terem fugido das mazelas da guerra, e o desejo de se estabelecerem em uma local de paz.

Assim, tornaram-se aliados os reinos do Sul, Leste, Oeste, Norte e Central, e para reafirmar a aliança, arranjavam casamentos a cada nova geração de monarcas que lhes nasciam. 

Pelos séculos, seguiram cúmplices, até que os interesses finalmente passaram a divergir. 

O Reino Sul tornou-se o mais forte economicamente, com terras inteiramente produtivas em alimentos e minérios, propícias à criação de uma gama satisfatória de animais. Graças a prosperidade, seu poderio militar cresceu exponencialmente, tornando-o o reino mais poderoso naquela área .

Os outros reinos também prosperaram, cada qual a sua maneira, sempre dependentes uns dos outros para suprir aquilo que lhes faltava.

Porém, em determinada época, o Reino Central passou a decair. A praga consumiu as plantações e a peste levou muitos de seus habitantes. Com a baixa na população, não havia mão de obra o suficiente para plantar, colher ou minerar. Também não havia como manter um exército forte, tampouco um comércio promissor. 

Apesar de todos os infortúnios, a sorte parecia sorrir ao reino, visto que nas alianças dos casamentos arranjados, seria a vez do príncipe do Reino Sul, jovem muito promissor, tomar como esposa a jovem princesa do Reino Central. Uma aliança que poderia salvá-lo.

Entretanto, não agradou ao Rei do Sul entregar ao seu herdeiro uma noiva de um reino falido. Os outros reinos, vendo nisso a oportunidade de se tornarem mais fortes em detrimento do povo caído, ofereceram suas princesas em casamento ao príncipe, argumentando que não valia a pena dispensar esforços em reerguer um reino tão devastado. Seria desperdício. O príncipe só precisaria escolher, e todos acatariam a decisão.

Assim, uma nova aliança foi formada, e o Reino Central definitivamente abandonado. Sem saída para o mar e possibilidade de pedir socorro a outras nações sem passar pelo território de seus antigos aliados, foi condenado à ruína, com seu povo definhando em fome, e seus monarcas sem opções para mudar a triste situação.

Mas eles não deixariam por isso mesmo.

A princesa do reino central, antes prometida do príncipe do Sul, jurou que os outros reinos também cairiam em desgraça.

Podia ser apenas uma menina, mas era grande em poder nas artes místicas. Assim recorreu à magia das trevas para amaldiçoar as outras princesas, pretendentes do príncipe, transformando-as em frágeis flores que adornariam os imensos jardins do Palácio Central. Após, cercou o local com um extenso e perigoso labirinto vegetal, praticamente impossibilitando qualquer tentativa de resgate.

Sem suas herdeiras para oferecer ao príncipe promissor, os reinos tornaram a cair em discórdia, quebrando uma aliança de gerações em nova disputa.

Para restaurar ao menos parte da harmonia, restava ao pequeno herdeiro do Reino do Sul, a missão de enfrentar o labirinto e fazer a escolha de tomar uma das princesas como sua esposa e fazer de sua respectiva nação uma aliada, condenando as restantes a viver como flores pelo restante de suas vidas, aceitando por consequência a inimizade com suas terras natais.  

Mas havia outra possibilidade, ele sabia. Perigosa, também sabia.

Derrotar a astuta bruxa libertaria todas as princesas e acabaria com as discórdias entre os reinos vizinhos.

No fim, enfrentaria um caminho de muitas escolhas. 

Mas o fato de que precisaria inevitavelmente escolher, não significava que não poderia receber ajuda em suas decisões.

...

Adrien estava congelado atrás da densa cortina negra que separava o palco dos bastidores, enquanto uma breve animação introdutória da peça que apresentariam era transmitida ao público presente. Sabia que seu momento de entrar em cena estava se aproximando, o que o deixava particularmente aterrorizado. Afinal, tinha ouvido falar, mas não sabia realmente a dimensão do público que enfrentariam naquela noite.

Os adolescentes que trabalhariam na peça tinham sido confinados em camarins improvisados atrás do palco ainda durante a tarde, antes da abertura ao público. Isso porque, tendo o Jardin d’Eau acesso unilateral, não teriam como passar de forma discreta por todos os espectadores, uma vez que chegassem ao local.

Assim, não tinham visto pessoalmente a quantidade de pessoas presentes. Sequer a decoração do local ativada, em toda a sua glória.

Apenas ouviram falar pelo pai de Mylène que o público era impressionante para uma peça amadora. 

O Sr. Ramprèle se encarregara de fazer os testes do aplicativo em tempo real com a plateia, antes que a peça fosse oficialmente iniciada, a fim de explicar-lhes com um pequeno número de mímica a maneira que deveriam usar o programa para votação na peça interativa.

É claro que a apresentação foi um sucesso e rendeu boas gargalhadas do público, que ocasionalmente era instigado a optar qual seria a próxima imitação, às vezes tendo que fazer escolhas absurdas como “o mímico deverá imitar uma galinha dançando sapateado” ou “o mímico deverá mostrar como uma cobra usaria um abridor de latas”. As alternativas vencedoras foram exibidas após a contabilização dos votos para o público em seus smartphones e em um telão lateral, enquanto o ator foi informado sobre elas pelo ponto eletrônico que utilizava, assim como aconteceria com os adolescentes que apresentariam a peça dali a pouco.

O pai de Mylène retornou radiante aos bastidores, tanto por sua apresentação ter sido bem recebida, quanto pela quantidade de espectadores, o que aumentava a chance de sucesso da campanha em prol da preservação do jardim.

Mesmo Max - que decidira não participar da peça, mas permanecer na staff, trabalhando no aplicativo e com a equipe de efeitos especiais - apareceu logo depois com um relatório, dizendo que o número de pessoas que haviam votado no teste ultrapassou a casa dos milhões. Claro, sabiam que a maioria daquelas pessoas não estavam presentes no evento, mas acompanhavam o espetáculo por streaming, alternativa implementada para a arrecadação de doações on-line.

As notícias eram maravilhosas, mas também constituíam o motivo de Adrien estar completamente apavorado. Talvez aterrorizado. Estava acostumado com o público, verdade, mas não como ator, onde um erro de fala poderia arruinar todo o espetáculo e, junto, a possibilidade de salvar o jardim.

Ele tentava se acalmar, dizendo que não poderia estragar tudo agora, pois aquela era a última chance de preservar as memórias do Sr. Chevalier. Ele não queria pensar em como ficaria o velho jardineiro, caso falhassem. E também havia Marinette. A garota certamente o odiaria se fosse o motivo do fracasso do teatro.

Enquanto se perdia em seus surtos de motivação e auto miseração, o vídeo animado  introdutório se desenrolava, resumindo o conteúdo publicado na HQ de Nathaniel e detalhando aos espectadores os motivos que levaram a bruxa a enfeitiçar as princesas que o príncipe deveria resgatar. A pequena animação havia sido uma jogada inteligente, não apenas para atrair a atenção do público, mas também para diminuir o tempo em cena que os adolescentes precisariam passar explicando a história.

Posteriormente, como no teatro interativo apresentado no festival, Alix foi a primeira a subir ao palco e dar continuidade à breve história contada momentos antes no telão. 

O modelo loiro observou a colega de sala pelas brechas na cortina, sem condições psicológicas de assimilar o excelente empenho que estava tendo, uma vez que estava entrando em pânico por saber que logo seria sua vez. Graças aos Céus nem Natalie, nem seu pai, estavam por perto, a primeira se contentando a permanecer com o resto da equipe e, o segundo, sequer comparecendo no evento. Caso contrário, seria repreendido por estar tão aflito em uma apresentação quando praticamente crescera acostumado à fama e à vida pública. Não que eles pudessem entender metade do que ele estava sentindo, claro.

 - Quase sua vez - o timbre feminino trêmulo chamou sua atenção.

Adrien virou-se para se deparar com uma Marinette completamente pálida, fato constatável mesmo com a pouca luz ambiente .

— Você parece aterrorizado - continuou a garota.

O loiro estranhou o fato dela ter lhe dirigido a palavra espontaneamente, quando havia passado os últimos dias evitando-o, mas concluiu que provavelmente estivesse tão apavorada com a iminência de atuar em frente de milhares de pessoas que não tinha forças ou condições mentais de manter suas inibições.

— Você também - observou.

A aspirante a estilista torceu a barra do vestido de forma nervosa, o ato de aflição despertando algo no modelo. Mesmo que estivesse claramente em pânico, a postura assustada de Marinette também era adorável e completamente contrastante com seu visual, que deveria ser sério e sombrio. Sério e sombrio sim, mas de forma alguma feio.

— Você está incrível - elogiou, em tom admirado o suficiente para que ela corasse, mas baixo o bastante para passar despercebido pelo ouvido dos demais. Embora incrível não fosse exatamente o termo que queria usar. “Linda” seria mais adequado.

Sentindo as bochechas esquentarem, a adolescente seguiu brincando com a saia do vestido de veludo negro, a qual era longa e completamente bordada em linhas e rendas prateadas, assim como o corpete. O decote ombro a ombro adicionava elegância à criação e exibia pele o suficiente para que os cabelos negros não se confundissem visualmente ao traje de mesma cor.

A capa negra fora descartada, também na intenção de destacar os cabelos da garota, mas as mangas bufantes, igualmente adornadas com os bordados e rendas prateados, conferiam o necessário drama à produção.

Finalmente, na cabeça, sustentando o penteado parcialmente preso e as mechas disformes e tranças que caiam sobre os ombros da mestiça, havia uma coroa prateada, esculpida em padrões de estrelas e flores, enriquecida com pedras brancas e negras. A meia lua no centro da testa, foi mantida como na coroa original.

— Obrigada - respondeu de forma tímida, embora também estivesse orgulhosa. Tinha adorado produzir seu figurino em conjunto com Gabriel Agreste, e estava satisfeita que várias de suas ideias foram utilizadas no traje, uma vez que decidiram onde eles queriam chegar. 

Ainda se lembrava, com um pouco de vergonha, que inicialmente o estilista descartava às sugestões que considerava desinteressantes com pouca delicadeza e muita sinceridade, incluindo sua pretensão inicial de fazer um traje um pouco mais colorido, adicionando vermelho e roxo, a fim de retirar a imponência que ela sabia não ter como sustentar como uma bruxa poderosa.

— Você é tão sombria como uma boneca de porcelana, e tão medonha quanto um bebê fazendo birra. Verdade que roupa nenhuma vai mudar isso, mas ainda temos a responsabilidade de mostrar com o seu figurino que pode ser tão sombria e poderosa quanto uma bruxa deve ser — disse ele, em um de seus encontros, ressaltando o quanto a sua aparência e personalidade eram distantes daquilo que precisaria representar. 

Foi então que Marinette se lembrou de bonecas japonesas que vira certa vez na internet, cujos olhos grandes e feições angelicais ainda assombravam sua memória, e Gabriel aprovou sua inspiração. Dali em diante, conseguiram conciliar suas ideias na bela criação que usava agora.

 - Você também está incrível - tratou de acrescentar, sentindo o sentimento de satisfação desvanecer com a tensão do momento. - Como se houvesse jeito de não estar - quis completar, mas manteve o pensamento para si.

De fato, Gabriel havia sido muito feliz na ideia de trocar a cor do sobretudo de Adrien de preto para vermelho, com padrões em ouro envelhecido. Ele certamente se destacaria no palco escuro, sem mencionar que o escarlate contrastava lindamente com o dourado dos cabelos. As calças negras e botas completavam a produção muito bem, e a coroa dourada adornada com pedras rubras quase tornavam crível que ele se tratava de um príncipe de verdade. Não era excessivamente exuberante, quase se perdia nos fios claros, o que apenas acentuava o ar elegante do rapaz.

— Bom, tivemos uma boa estilista - afirmou, uma nota de presunção perceptível em seu tom.

Marinette tornou a corar, mas novamente a vergonha deu lugar à tensão do momento. De onde estavam, podiam tanto visualizar quanto ouvir Alix perfeitamente, e ela sabia que a fala dela, e de alguns outros personagens que representavam os seres mágicos do jardim, estava para acabar, o que significava que Adrien logo entraria. E então seria a vez dela.

— Onde eu estava com a cabeça, eu não posso fazer isso! - cedendo à pressão, esganiçou aos sussurros, permitindo-se agachar com as mãos na cabeça.

Adrien ficou surpreso com a ação da garota, sentindo-se tão compadecido quanto aliviado. Compadecido porque sabia exatamente o que ela estava sentindo, e aliviado por não ser o único entrando em pânico. Assim, não pensou duas vezes antes de se agachar ao lado dela.

— Você vai se sair bem! - garantiu. - Mari, se você não puder fazer isso, ninguém mais pode - contou, o apelido da garota deslizando naturalmente para fora de sua boca agora que se acostumara com ele. - Olha onde nós chegamos por sua causa. Graças a você nós temos a chance de restaurar o Jardim e ajudar o Sr. Chevalier - lembrou.

A menina retirou levemente as mãos dos cabelos e o encarou, os olhos chorosos. Tentando se recompor, pigarreou.

— Bem, a ideia do festival não foi minha, você sabe. E foram Ladybug e Chat Noir que impulsionaram a campanha, então… - tentou isentar-se.

— Mas foi você que deu a ideia da campanha à Alya. E se você não tivesse pesquisado jardins para ajudar nossa turma, nem teríamos conhecido o Sr. Chevalier para começar - recordou. - Foi porque encontrou o Jardin d’Eau que teve a ideia do teatro interativo, que salvou nossa turma no festival, fez o maior sucesso e deu origem a tudo isso - continuou. - Mesmo que tenhamos passados por situações horríveis no caminho - ressaltou, lembrando-se do terrível episódio dos cartazes espalhados pelo colégio e também do bullying que a garota sofrera depois.

Marinette sorriu, singelamente, embora as bochechas ainda estivessem tingidas de vermelho por descobrir que Adrien pensava tudo aquilo dela. E pela primeira vez, sequer se ressentiu ou se lembrar da divulgação da troca de mensagens referentes à “Operação Jardim Secreto”. Mesmo que ela tivesse percebido com a ajuda de Chat Noir que não era culpa dele, não pôde evitar sentir-se ressentida por um longo tempo. Mas bem, o sentimento não estava mais ali, é isso a alegrou. Era libertador.

— Não importa mais - afirmou, convicta. - Eu sei que não foi minha culpa, assim como não foi sua - declarou firme. - Os ataques ainda machucam, mas eu posso seguir em frente - deu de ombros. - Ajudar o Sr. Chevalier é tudo que me interessa agora. Se eu conseguir fazer isso apesar de tudo o que eu passei, sinto que posso fazer qualquer coisa - completou.

Adrien sorriu, brilhantemente. Mesmo que não tivesse culpa direta na divulgação da conversa, nunca deixou de se sentir parcialmente responsável, e sabia que Marinette também se sentia assim, mesmo que não admitisse. Mas agora, sentiu que não havia qualquer rancor entre eles. E a sensação de liberdade também o aliviou.

— Além do mais, não acho que teria conseguido ajudar o Sr. Chevalier sem você - continuou ela. - Sabe, ver que eu não era a única pessoa querendo ajudá-lo me motivou a continuar - revelou.

O sorriso do rapaz se tornou mais sereno. 

— Conseguiria sim - afirmou. - Porque sempre foi a sua natureza ajudar os outros. Eu apenas fui influenciado pela sua determinação - emendou, lembrando-se da conversa sobre a folha e o vento que tivera recentemente com o velho jardineiro.

Marinette pensou em retrucar, mas uma terceira voz se antecipou, cortando seus pensamentos.

— Isso se chama solidariedade - Senhorita Bustier alegou, ajoelhando-se entre eles e abraçando-os, cada um com um braço. - A vontade de ajudar o próximo é contagiante. É por isso que o ato bondoso de uma pessoa, pode desencadear grandes coisas - explicou. - E a coragem de dois adolescentes podem mudar a vida de alguém - sussurou, desviando o olhar para o outra ponta da cortina. 

Os dois alunos acompanharam seu olhar, avistando Sr. Chevalier, que  assistia a peça por outra brecha, com a diretora e outros membros da Staff. Apesar de toda a sua rabugice, também fizera questão de estar ali, nos bastidores, apoiando as “crianças” que estavam fazendo tanto por ele. E como muitas vezes, desde que começaram a visitá-lo, ele parecia realmente feliz. 

Habitualmente, ele disfarçaria tal fato com seu comportamento ranzinza, mas ali, talvez contagiado pela magia do teatro, seus olhos brilhavam como os de uma criança na manhã de natal. Maurice dissera em particular aos dois, mais cedo antes de entrarem camarins, que não via o velho jardineiro tão alegre desde que era menino, e os agradeceu por isso. E o fato, em si, tornara-se mais importante para Adrien e Marinette que todo o resto.

— E como os dois adolescentes corajosos a que me referi são vocês, eu preciso que façam mais um esforço para se recompor e enfrentar o público lá fora - disse de forma amável, levantando-se. - Está chegando a hora - concluiu.

O momento havia sido reconfortante. Adrien sentiu a sensibilidade voltar as suas pernas e percebeu que já não estava aterrorizado como antes. Assim, levantou-se primeiro, oferecendo a mão à Marinette, que aceitou o gesto e, com o apoio, ergueu-se em seguida. Os dois permaneceram com as mãos unidas e os olhares conectados por alguns segundos, até que o pigarrear condescendente de Srta. Bustier os trouxe de volta, alertando-os que precisavam ir.

— Nós vamos conseguir - disse Adrien, pressionando a mão da garota.

— Vamos - Marinette reiterou, pressionando de volta, antes que o contato fosse finalmente rompido.

Os três caminharam de volta até onde estavam concentrados o restante da equipe, ignorando os olhares maliciosos lançados pelos colegas de classe.

Os últimos preparativos com os microfones e o ponto eletrônico foram feitos, enquanto Alix concluía sua parte, abrindo a deixa para que Adrien entrasse em cena. Ele foi, tão logo a garota desapareceu do palco com seu vestido verde esvoaçante, e Marinette o assistiu hipnotizada por alguns segundos, até lembrar-se que seria a próxima.

Verdade que estava consideravelmente mais calma, mas ainda concentrou-se nos exercícios de respiração, para relaxar o próprio corpo. As cenas vividas momentos antes - especialmente o toque de Adrien em suas mãos - ainda eram frescas em sua memória, e ela não sabia até onde isso estava ajudando ou atrapalhando.

Mas bem, isso era assunto para outra hora. Bruxa Lótus precisava entrar em cena naquele instante.

...

O teatro seguia bem, para alívio dos atores amadores, que imaginavam que a equipe nos bastidores compartilhava do mesmo sentimento. O aplicativo aparentava estar funcionando, e as instruções vinham pelo ponto com antecedência, não atrapalhando a fluidez da história.

Ainda havia certa tensão, obviamente, uma vez que precisavam se concentrar em desenvolver a peça de acordo com as escolhas do público. Mas bem, eles tinham se preparado para aquilo. Se preparado muito. E o esforço estava gerando bons frutos.

Acima de tudo, os jovens alunos da Françoise Dupont estavam se divertindo. Cada personagem dava um show à parte, uma vez que desenvolvidos para que fossem cativantes e especiais, não havendo figura irrelevante entre eles.

Marinette, particularmente, respirava aliviada sempre que podia sair do palco, ocasiões em que, além de se hidratar, dedicava atenção as atuações de seus colegas. 

Ela realmente se divertiu por terem acrescentado certo alívio cômico entre os elfos guerreiros, e terem adicionado a interação de um deles, interpretado por Nino, e da princesa Lírio, vivida por Alya, apenas deixou tudo mais interessante, já que a química deles era inegável.

A participação de Juleka foi outra parte incrível em sua opinião. A roqueira entrara para substituir Sabrina, como sereia, já que esta, sendo filha de um policial e funcionário estatal, não poderia atuar e contrariar as ordens do prefeito. 

No início, tiveram problemas com a timidez e o tom baixo da garota, mas logo o problema foi contornado quando se lembraram que ela integrava de uma banda e agia com muita naturalidade no palco quando se apresentava com ela. 

A solução encontrada? Sua personagem se comunicava apenas por canto, com músicas que confundiam o príncipe a respeito do caminho que deveria seguir. Não era exagero dizer que todos se impressionaram, pois apesar do timbre baixo ao se comunicar, quando cantava Juleka mantinha uma voz muito melodiosa e de grande potência.

Mas apesar de tudo estar seguindo dentro do esperado, ainda havia uma questão que afligia tanto os jovens atores quanto a direção e o resto da equipe: a participação do Sr. Chevalier.

Eles tentavam não se preocupar com isso e se concentrar em desenvolver a peça no momento, consolando-se no fato de terem uma rota resserva caso o jardineiro se recusasse a participar. Entretanto, temiam que a negativa desestabilizasse os atores e arruinasse o fim do teatro.

Marinette e Adrien chegaram a presenciar o início da conversa da equipe com o velho, bem como as recusas enérgicas deste, porém àquela altura, não podiam fazer nada. Apenas confiar que a persuasão da Srta. Bustier, de Maurice e de Jagged Stone fosse o suficiente para convencê-lo. Com esse pensamento, voltaram ao palco para interpretarem o confronto entre final entre a Bruxa Lótus e o Príncipe Aster, mas não sem antes lançarem simultaneamente um olhar suplicante para o jardineiro.

O retorno à vista da plateia, fez com que eles se concentrassem no que havia a frente. Era o clímax da peça. Eles tiveram diálogos, uma luta com magias e espadas até que finalmente chegou o momento em que o príncipe deveria decidir com qual princesa se casaria. 

Os dois adolescentes procederam exatamente conforme os ensaios, satisfeitos com a reação do público, especialmente durante a breve batalha, enriquecida com efeitos de luzes, fumaça, e também com recursos digitais viabilizados pelo telão ao fundo.

Porém, sabia também que havia chegado o momento crucial, em que o jardineiro deveria entrar interpretando um velho sábio, que deveria ajudar o príncipe em sua escolha.

Marinette encontrava-se sentada ao chão, segurada pelos elfos em representação à sua derrota, enquanto e as princesas interpretadas por Rose, Alya e Kagami estavam posicionadas ao redor de Adrien, aguardando sua decisão.

Foi quando foram informados pelo ponto que tudo ocorrera como o planejado. O velho sábio entraria.

A jovem sino-franca quase chorou de alívio enquanto o elfo representado por Nino comunicou ao príncipe que ele poderia pedir conselhos do Velho Sábio que guardava o jardim, e Adrien seguiu sua interpretação decidindo invocá-lo.

E quando Sr. Chevalier entrou no palco,  envolto em uma capa azul ciano e portando um cajado rodeado de Ramos floridos, Marinette sentiu que tinha cumprido sua missão e, mesmo prostrada como estava, relaxou o corpo, sabendo que dali em diante quase não atuaria mais.

— Necessito de seu conselho, ó velho sábio - Adrien proferiu, vivenciando a dúvida que seu personagem deveria estar sentindo. - Como poderei escolher uma das três princesas enfeitiçadas para desposar, sabendo que as preteridas serão condenadas a passar o resto de suas vidas sendo flores do jardim sob o sol, e humanas como deveriam ser sob a lua?

Mesmo sob o capuz do manto, era notável o olhar mal humorado que Sr. Chevalier ostentava, o que fez com que novamente , os envolvidos ficassem temerosos. Afinal, se o velho não tivesse um bom desempenho, a peça seria um fiasco de todo modo. Mas bem, isso seria culpa deles, que decidiram envolvê-lo de última hora.

Entretanto, para alívio de todos, o jardineiro levou a mão até o queixo, como se refletisse sobre a situação.

— Diga rapaz, para que veio a este lugar? - Perguntou, sua voz ecoando por todo o jardim graças ao microfone utilizado.

Dessa vez, Adrien foi quem ficou lívido com a pergunta fora do roteiro. Afinal, Sr. Chevalier deveria apenas apontar a princesa merecedora e eles seguiriam dali.

Recompondo-se, o loiro improvisou a resposta:

— Para resgatar as princesas, é claro - respondeu com convicção, apesar da surpresa de momentos antes.

— Para salvar as princesas, você diz - Sr. Chevalier repetiu, parecendo ponderar. - Então por que me pergunta qual deve salvar, e quais deve condenar? - continuou fora do roteiro. 

A esse ponto, a diretora já berrava pelo ponto eletrônico que se ativessem ao planejado, e os demais atores apenas permaneciam em choque, Adrien sendo o pior deles. Para seu alívio, o jardineiro continuou:

— Não há mesmo nenhum caminho a tomar, em que a todas possa resgatar? - indagou, e nesse momento Marinette percebeu e admirou a forma com que ele vinha falando em rimas improvisadas. Aparentemente, a veia artística do Sr. Chevalier ia além das esculturas que moldava.

— Bem, a maga Lótus as amaldiçoou - o modelo seguiu improvisando as falas do Príncipe Aster. - Me deixou por opção resgatar apenas uma, o que certamente é melhor que nenhuma - completou.

— Com tal ação, tomará por inimigo dois reinos e por aliada apenas uma nação - o velho continuou seu show. A diretora ainda berrava pelo fone, mas a maioria dos envolvidos admirava sua performance agora. - A maga vence, ainda que derrotada, ao chão. 

Adrien olhou para o velho, desesperado. Estava ficando sem criatividade para prosseguir.

— O que o Velho Sábio quer dizer? - Indagou como Príncipe, buscando real orientação. Ele não sabia o que o Sr. Chevalier pretendia, mas podia dizer que se divertia um pouco com a saia justa que o tinha metido. Talvez não devessem tê-lo envolvido, afinal.

— Melhor seria que voltasse à raiz dessa disputa, então - continuou o velho jardineiro, imerso em seu personagem. - Não começou toda essa tormenta, por da maga Lótus ter recusado a mão?

A realização clicou não cabeça do modelo.

— Sugere que eu me case com a bruxa? - Indagou, e embora sua frase devesse parecer indignada, na verdade estava impregnada por vergonha que transcendia os sentimentos de seu personagem. 

— Como é? - Marinette deixou escapar, surpresa, e a plateia riu de pronto. Não esperava ser envolvida naquela confusão. Não precisava, na verdade. Será que poderia, com sua personagem, improvisar uma síncope e morrer?

— Escolha uma princesa, garanta um amigo, dois inimigos. Escolha a maga e todos estarão contigo - o velho interpretou. - Ela é a única que pode quebrar a maldição, afinal. Os reinos ficarão gratos por receberem suas princesas de volta e todos serão aliados no final. Assim, arrancada a raiz de todo mal - Concluiu.

Marinette e Adrien se entreolharam. Sr. Chevalier deveria estar descontando a irritação a que o submeteram todas as vezes que invadiram a casa dele, não havia outra explicação. E agora os deixara com um grande problema em mãos, para improvisar uma solução em frente a milhares de pessoas. Talvez milhões, se considerassem os espectadores virtuais.

— Eu disse que era contra - a voz da diretora ecoou pelo fone, completamente frustrada. Adrien preferia sinceramente que ela o dissesse o que fazer.

— E quem disse que eu me casaria de bom grado com ele? - a jovem sino-franca também improvisou com sua personagem, uma vez que o loiro parecia petrificado. - Por causa do reino dele, o meu caiu em desgraça - repetiu uma de suas falas.

— Realmente - Sr. Chevalier retomou a interpretação do velho sábio. - Mas mesmo justificado o mal que fez, a derrota está à sua frente - proclamou. - Porém, se unirem forças, talvez possa salvar sua terra e sua gente. Ambos têm escolhas. Sejam prudentes - concluiu.

Mais alguns momentos de tensão seguiram, e  Adrien e Marinette viram-se encurralados, sem saber ao certo como terminar a história. Eles poderiam usar a rota alternativa que tinham planejado para caso algo desse errado com o aplicativo ou o Sr. Chevalier não aceitasse participar. Entretanto, dessa forma, ignorariam a deixa criada pelo personagem do Sábio, deixando o fim do espetáculo sem sentido. 

Não. Ele não havia lhes deixado escolhas. Havia deixado apenas um caminho para que, após aquele discurso, o teatro terminasse de maneira coerente. E céus, a aspirante a estilista não teria acreditado naquela reviravolta ainda que lhe dissessem com antecedência.

Só havia um último problema: e se o modelo e ela não estivessem seguindo a mesma linha de raciocínio? Afinal, sequer podiam se comunicar enquanto estivessem em cena.

De toda forma, decidiu que sua única alternativa para si era esperar. A escolha deveria ser do príncipe, em primeiro lugar, então, só poderia improvisar o que quer que fosse, após a manifestação do personagem.

Os momentos de tensão pareceram intermináveis, mas Adrien finalmente decidiu se mover. E mesmo o elenco que estava em palco olhou com expectativa o momento em que ele se aproximou de Marinette, ainda contida no chão pelos elfos, e lhe estendeu a mão.

— Liberte as princesas e case-se comigo - atuou -, e eu prometo reparar o erro de meu pai e restaurar o seu reino.

A garota, interpretando a bruxa, olhou por alguns instantes para a mão estendida, mas resolveu falar antes de aceitá-la:

— Primeiro nos casamos. Depois eu liberto as princesas - contrapôs, acreditando que sua personagem, até pouco antes mergulhada em sentimentos de vingança, não cederia tão rápido. - É a garantia que tenho que cumprirá sua palavra - emendou.

— Temos um acordo - o modelo interpretou, tornando a oferecer a mão, é só então a personagem da bruxa aceitou o gesto, sendo também libertada pelos elfos que a continham.

— Excelente! Se desejarem, podem selar o acordo com um beijo, mas não sejam salientes! - O personagem do velho sábio tornou a se manifestar, provocando novos risos na plateia.

Aquilo só podia ser brincadeira.

Novamente, os adolescentes sob os papéis da bruxa e do príncipe viram-se completamente desconcertados e sem saber exatamente o que fazer. Pelo ponto, puderam ouvir a diretora gemer de forma desanimada. Não havia beijo no roteiro, foi algo que decidiram de antemão, por não acrescentar muito à história e em respeito à possibilidade de Alya ser escolhida. Seria estranho, no mínimo, Adrien ter que beijar a namorada do melhor amigo.

— Bom, talvez eu… - Adrien retomou a fala, aproximando-se, no intuito de pegar a mão direita de Marinette. 

Contudo, a adolescente pareceu compreender de modo errado a aproximação, pelo que, em um impulso, levou o indicador ao nariz do loiro e o empurrou para longe.

O modelo levou a mão ao nariz, espantado com a familiaridade do gesto, enquanto a nova onda de risadas da plateia preenchia o ambiente.

Marinette, completamente envergonhada pelo gesto impulsivo, tentou contornar a situação:

— Não seja abusado! - exclamou.

— Eu só queria beijar sua mão! - Adrien defendeu-se como príncipe.

— Poderá beijá-la depois do casamento, até lá, mantenha a distância - pediu, em tom arrogante, os risos dos espectadores se intensificando cada vez mais.

O loiro revirou os olhos.

— Como quiser, my lady - respondeu, com superioridade, dessa vez provocando na jovem sino-franca a sensação de familiaridade.

Bom, era isso. Eles só precisavam encerrar o teatro depois dessa. A questão era: como?

— Bem, se não tenho mais a obrigação de ser escolhida para salvar meu reino - Alya, como princesa Lírio, passou a interpretar, surpreendendo a todos. Aquilo também não estava no roteiro. -, quero dizer que eu não queria isso desde o princípio. Agora eu sou livre pra viver o meu amor no jardim - declarou, antes de caminhar até Nino, que estava ao lado de Marinette e puxá-lo para um beijo acalorado.

O casal, claro, foi ovacionado pelo público, com gritos e assobios.

— O quê? - após se afastar do garoto, Alya retomou a fala, olhando para os companheiros de palco, estupefatos. - Vocês não queriam um beijo?

...

— Nós agradecemos o apoio de todos vocês! - Embora ofegante, Ladybug exclamou animada, contra o microfone, encarando a vasta plateia. Apenas agora, sem as luzes do teatro, era capaz de ter uma noção de quantas pessoas realmente havia ali, e era assustador pensar que ela havia acabado de interpretar em frente a todas elas.

Depois do término inusitado da peça e o retorno do elenco para a clássica reverência de agradecimento, Marinette teve que correr por sua vida para se esquivar dos colegas, da equipe e até mesmo dos repórteres permitidos nos bastidores para procurar um lugar em que pudesse se transformar com discrição. 

Afinal, Ladybug e Chat Noir logo seriam chamados para fazer os agradecimentos e anunciar a próxima parte do festival, e ela também tinha o inconveniente de ter que desmanchar o penteado coberto de fixador e arrumá-lo em suas maria chiquinhas habituais, antes que pudesse pedir que Tikki fizesse sua mágica. Ainda era fresco em sua memória o episódio do Ceifeiro, em que seu cabelo permanecera solto após a transformação, e ela não era imprudente ao ponto de subir ao palco sob o manto de Ladybug, usando o mesmo penteado da bruxa Lótus.

Para sua sorte, o produto utilizado tinha o bônus de não enrijecer completamente os fios como os fixadores comuns (um capricho que conseguiu com Penny e a equipe), então não foi realmente difícil dividir o cabelos e prendê-lo em dois rabos laterais, embora visível a presença de algumas ondas modeladas entre eles.

Não que ela pudesse fazer alguma coisa a respeito. 

Os heróis já haviam sido anunciados e quando ela caiu no palco após ser impulsionada por seu ioiô, Chat Noir já lhe esperava, o olhar mais desconfiado que nunca que apenas ignorou. As desculpas pelo atraso foram breves, mas logo ela tratou de desempenhar a função que tínhamo que fazer em primeiro lugar.

 - Eu não seria capaz de expressar o quanto estou feliz por todos vocês terem vindo e contribuído com a luta pelo salvamento do Jardin d’Eau - completou, sua respiração alterada pela correria normalizando gradualmente.

— E pedimos humildemente que continuem nos ajudando, da maneira que puderem - Chat Noir continuou. - Seja divulgando pelas redes sociais, contribuindo com as marcas que estão nos apoiando ou mesmo visitando este lugar, para mostrar para a administração parisiense o quanto ele é importante - discursou. -  Vamos honrar o trabalho e o cuidado que o Sr. Chevalier teve por todos esses anos, mas também assumir a luta e fazer parte da história do Jardin d’Eau - completou, acenando levemente com a cabeça para a parceira, sinalizando que seu discurso havia acabado.

— Bom, acho que já tomamos muito do tempo de vocês - compreendendo a deixa do parceiro, Ladybug continuou. - Vamos parar de enrolar e anunciar a próxima parte da programação, aposto que vocês estão ansiosos por isso tanto quanto nós! - acrescentou animada, vendo que a plateia se dividiu entre gritos de júbilo e de lamento. - Então com vocês…

— É o suficiente joaninha - uma voz que a garota conhecia muito bem a interrompeu, ressoando pelos auto-falantes, embora ela ainda não pudesse ver o interlocutor.

Não demorou muito para que Jagged Stone entrasse no palco, a guitarra inseparável nas costas o microfone numa mão e um tablet aceso na outra. Em seu encalço, vinham Clara Rouxinol e um Sr. Chevalier um tanto constrangido com a atenção que recebia. Ele não parecia se dar tão bem com o público fora do contexto teatral.

— Eu sei que vocês deveriam me anunciar como próxima parte do show, mas acabamos de receber uma ótima notícia e eu gostaria de dá-la enquanto ainda estivessem no palco - falou, misterioso. - Afinal, vocês ajudaram a começar esse movimento - justificou. - É por isso que o Sr. Chevalier, a estrela da noite, está aqui, embora quiséssemos também o restante dos nossos atores mirins, mas alguns deles sumiram repentinamente. Adolescentes - dramatizou sob a risada do público, e o casal de super heróis mal pôde evitar corar por baixo das máscaras, pois sabiam a que adolescentes ele se referia, assim como a repercussão que o suposto sumiço geraria depois. - Mas tudo bem, porque repito, ele foi a estrela da noite, no fim das contas - declarou, dando um tapinha no ombro do velho.

— Certamente - Clara Rouxinol concordou, discursando em seu próprio microfone. - Talvez o senhor pudesse nos dizer como conseguiu atuar improvisadamente em versos tão adoráveis - pediu.

O velho jardineiro pareceu um pouco tenso, mas após olhar para os heróis adolescentes, que também pareciam verdadeiramente curiosos, pôde responder:

— Houve uma época em que eu pertencia ao teatro - revelou. - Isso foi antes do serviço militar, e antes de todo o resto. Atuação em versos era um dos nossos espetáculos e particularmente a coisa que mais me divertia no ramo - resumiu.

— Olha só, homem de muitos talentos! - Jagged elogiou. - Vocês sabiam que ele também é um escultor? - indagou, sendo respondido por uma interjeição surpresa de Clara. - É por isso que agradecemos o apoio de todos, por ajudarem a preservar parte da história e do esforço de uma pessoa tão incrível como esse senhor aqui - agradeceu ao público mais uma vez. - Por isso também que viemos aqui para dar a notícia que falamos antes, o mais rápido possível. Ele merece e vocês também - emendou, vendo que tanto o jardineiro quanto os jovens super heróis mal podiam conter a ansiedade.

— Jagged, vamos acabar com o sofrimento deles - Clara pediu, risonha.

— Claro, claro - o cantor concordou, aos risos. - Que tal se nossos super heróis fizessem as honras? - Pediu, passando-lhes o tablet que vinha segurando.

A dupla de heróis pegou o equipamento, cada um segurando uma extremidade com uma mão, e passou a ler o conteúdo anunciado na tela. Não demorou muito para os olhos de ambos se arregalarem.

— Isto é... - Chat Noir começou, olhando de forma exultante para a parceira.

— A Imobiliária Volkov emitiu uma nota oficial dizendo que está se retirando das negociações com prefeitura pela compra do jardim! - Ladybug praticamente gritou, antes de se jogar contra o parceiro, que a recebeu num abraço e se inclinou para trás, levantando-a do chão.

Porém o gesto não durou muito, e eles mal repararam nos gritos e assobios do público diante da demonstração de afeto antes de correrem em direção ao velho jardineiro e o envolverem, juntos, em outro abraço apertado, não se importando em como deveriam agir naquele momento sob o manto de heróis. 

— Ora, ora - o velho falou, após algum tempo, levantando cada uma de suas mãos para afagar os cabelos de ambos os jovens. - Vocês dois conseguiram, afinal - declarou, suas palavras repletas de significados ocultos que eles ignoraram naquele momento.


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