“...a priori seu projeto é inspirador e significativo, no entanto, devido ao orçamento previsto...” Vitória releu o e-mail mais duas vezes antes de, com um suspiro resignado, aceitar que não podia mudar o que estava escrito apenas com sua força de vontade. Olhando para o relógio ela não conseguiu conter o gemido de angustia, era hora de ser uma adulta responsável e seguir sua rotina matinal.

Ela nunca desejou tanto ser assaltada, assim não sentiria culpa em pegar todo o dinheiro do assaltante e pagar pelo menos umas das incontáveis contas que se acumulavam rapidamente no balcão da cozinha, apesar de suas expectativas a caminhada foi tranquila o que permitiu que ela divagasse.

Como principal fonte de renda da casa cabia a Vitória pagar a maior parte das contas, claro que tinha suas vantagens, por exemplo uma menor carga de trabalhos domésticos (principalmente porque seu trabalho fora de casa usava 12 das 24 horas do dia) e poder dormir em qualquer lugar vago assim que chegasse do trabalho (normalmente o tapete mas também o sofá e mais raramente o balcão da cozinha).

Agora sem seu financiamento os lucros caíram 25% e já não haveria o bastante para todas as contas... mesmo que Vitória reduzisse seus gastos particulares (Helena E Elizabeth ficariam felizes em saber que ela estava parando de beber), faltaria dinheiro para uma ou duas contas, em outras situações ela poderia pedir ajuda as garotas mas a crise afetara a todas e ela sentia que Elizabeth não aguentaria mais uma má noticia desse tipo, ela já estava apresentando sinais de exaustão por causa de todas as horas extras que ela estava pegando para conseguir pagar sua parte...

Verdade seja dita, todas estavam meio pra baixo no apartamento, Vick queria poder fazer algo para anima-las mas promessas vazias de que tudo iria ficar bem não era o estilo de nenhuma delas... olhando ao redor em busca de inspiração ela encontrou uma plantinha a venda, um limoeiro pequeno e na promoção, ela não deveria gastar com supérfluos mas... era uma plantinha cativante e seus frutos poderiam ser uteis quando sua falta de vitamina C voltasse, a última coisa que podiam gastar era com remédios.

Sorrindo ela comprou a planta, não como promessa mas como esperança de tempos melhores e voltou para casa.