Espion Noir escrita por carlotakuy


Capítulo 22
XXII.


Notas iniciais do capítulo

ei, psiu, olha aqui rapidão

estava euzinha organizando uma nova história e pensei "putz, eu podia criar um avatar para meus personagens", e criei um avatar para todos os personagens da outra história.

Mas aí eu pensei, "e se eu fizesse..."

E mesmo que vocês​ não tenham​ entendido nada do que falei até aqui, confiram o final da história que tem uma pequena surpresa pra vocês ♥

[E, por favor, me digam o que acharam!]

Bom capítulo hehe ♥



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— Qual é, você não tem uma comida decente aqui?

Arabella fez uma careta para Alex, sentada à bancada da cozinha e penteando os cabelos. O jovem jazia parado na porta da geladeira avaliando-a acusador.

— Não venha falar de mim garoto como dois hambúrgueres no jantar.

Foi a vez do mesmo lhe retribuir a careta.

— Não faço mais isso!

— Verdade – Arabella apoiou os cotovelos sobre a bancada e observou Alex da cabeça aos pés.

Ele, após um longo e demorado banho entre eles, vestia uma calça larga cinzenta e uma blusa folgada branca que estavam jogadas estrategicamente no fundo do guarda-roupa da garota.

Os cabelos que sempre se encontravam cobertos de gel caiam rebelde em seus olhos e Arabella admirou maravilhada como aquele estilo desleixado combinava tanto com ele. Ainda mais depois daquilo.

— Você realmente mudou muito – sussurrou por fim com um sorriso.

E era verdade.

O Alex ali na sua frente não chegava nem perto do garoto petulante que a recebeu em seu quarto. 

Depois de tantas experiências juntos e tanto convívio Arabella conseguia apontar claramente no que ele havia mudado, como no empenho com os estudos e a forma com que enfrentava as aulas, que a própria garota constatou, tão maçantes de William.

Mas não era só isso.

Ela podia senti-lo mais amadurecido, na forma de falar e agir, no modo como se dedicou a ajudá-la nos serviços em sua casa tanto quanto nas ações do projeto. Alex parecia ter crescido tanto em tão pouco tempo e ela se perguntava a causa disso.

Após as palavras da mesma Alex voltou seus olhos para ela enquanto fechava a porta do eletrodoméstico com um suco de caixa em mãos.

Em passos despreocupados ele rumou até a jovem do lado oposto do balcão e sorriu imitando-a com os cotovelos sobre a superfície.

Mais uma vez ela observou os poucos músculos saltarem e lembrou-se de minutos atrás, quando aqueles mesmos músculos se sobressaíram ao envolve-la em seus braços. Ela respirou fundo retomando o foco.

— Mudei?

Os olhos estavam um no outro e o mais pequeno sorriso de Arabella desencadeou outro no rapaz.

— Sim, você mudou muito.

— Isso é bom ou ruim?

A jovem fez uma expressão pensativa e Alex lhe lançou uma careta, roubando risos da mesma. Por fim ele abriu a caixinha.

— É ótimo.

O garoto sorriu abertamente e Arabella voltou a desembaraçar os longos cabelos, bufando após a terceira descida do pente.

— Ter cabelo longo é um saco.

— Por que não corta?

As palavras do garoto chamaram a atenção de Arabella e ela parou momentaneamente com a pergunta no ar.

Por que não cortava? Quando foi a última vez que cogitou cortar o cabelo? Ele a ajudava tanto no trabalho fazendo-a parecer mais adulta, mas e naquele momento?

A realidade de ter se aproximado de Alex devido a sua missão caiu como concreto sobre seus ombros e seu coração comprimiu-se.

Estava o enganando e sentia agora, depois de saber que era correspondida em seus sentimentos, que o estava traindo.

— Por que eu não corto? – foi tudo que saiu, desviando-se de seus pensamentos.

— Sim. Por que não?

— Não sei...

— Você ficaria bonita de cabelo curto – deu de ombros – quero dizer, não que não seja assim...

Arabella riu.

— Você me acharia bonita?

Alex não precisou pensar e com rapidez assentiu roubando mais um sorriso da garota. Arabella inclinou-se tomando um longo gole do suco nas mãos do rapaz.

— É claro que sim – murmurou o mesmo observando-a.

A jovem saltou do banquinho, contornando o balcão e apertando o mesmo num abraço. Alex também a abraçou e os braços mais longos do garoto a envolveram completamente. 

O singelo calor que os envolvia naquele momento parecia a confirmação corporal de um sonho.

Arabella não era uma alucinação e ele podia senti-la vívida em seus braços, encaixando o rosto em seu peito.

Alex era tão real para a garota que a fazia sentir-se envolta em uma bolha utópica.

Utopia que tão logo desmoronaria.

 

•••

 

O resto do dia foi ameno.

Arabella e Alex engataram em um desafio de culinária para o almoço e após muitas brincadeiras e risos, se contentaram com arroz e ovo frito.

Conversaram animados sobre temas diversos também, com Alex comentando entusiasmado sobre as atualizações dos jogos que eles jogaram durante a semana e Arabella complementando-o, entre uma lavagem de prato e outro.

Enquanto o ouvia e lavava a louça, Arabella não conseguiu não o observar.

Seu olhar analítico de espiã o esquadrilhou e notou os ombros levemente curvados, as mãos nervosas e o excessivo piscar de seus olhos. Alex estava de guarda baixa e agitado, uma presa fácil. 

E ela sentia que se o atacasse, de novo, não sobraria um só pedaço dele.

Com o pensamento ela mordiscou os próprios lábios, sorrindo sozinha. Ainda podia senti-lo deslizar por seu corpo com a pele suada e pegando fogo.

Com as lembranças a jovem se sentiu esquentar e respirou fundo, focando-se parcialmente na pequena pilha de pratos a sua frente.

Seus impulsos sexuais pareciam descontrolados depois de Alex. Que tipo de afrodisíaco era ele?

 

•••

 

Ao final da tarde a dupla se aconchegou no largo sofá, deitados um do lado do outro e voltados a televisão, deixando o corpo do garoto encaixar-se no de Arabella.

Juntos assistiram um filme qualquer enquanto comentavam vez ou outra sobre o mesmo.

Num momento de silêncio o coração do rapaz comprimiu-se.

Todo seu corpo pareceu começar a ficar dormente quando um pensamento passou por sua cabeça. O pensamento de que quando saísse dali tudo aquilo evaporaria.

Assim como havia sido no dia da festa.

Em resposta ele apertou a jovem contra si.

Nunca estivera tão próximo, tão correspondido e tão feliz junto de alguém. Arabella realmente sentia o mesmo? Como seria dali pra frente? O que era aquilo que eles tinham?

Eram tantas perguntas. Mas apenas uma saiu.

— O que nós somos agora?

Arabella remexeu-se, ainda de costas para o mesmo, e sentiu o peito doer.

Somos a caça e o caçador.

Ela virou-se para o garoto e ele pôde ver uma sombra nos olhos esverdeados, que logo desapareceu. Arabella estava convicta.

Não mentiria para ele.

Seu laptop sobre o centro apitou quase num sussurro, anunciando uma mensagem, e Arabella travou. Não estava pensando com clareza, com certeza não estava.

Se contasse, o que aconteceria? O que Alex faria? O que o pessoal da sua organização faria?

Ela tinha que agir com cautela. Sempre fora cuidadosa, por que cogitou jogar tudo pelos ares?

Por que, durante aqueles dias, ela estava sendo descuidada?

Quando Arabella olhou o garoto nos olhos, soube a resposta. Era ele. Alex a desestabilizava. As mãos pequenas gelaram e ela soube o que fazer. 

Não permitiria Alex estar em perigo, o protegeria com unhas e dentes. 

E para isso, não o contaria a verdade.

Concluiria sua missão e o livraria de toda suspeita.

Era isso que faria.

— O que acha que somos? – rebateu a pergunta com os olhos dentro dos do garoto.

Alex tentou responder, mas sua boca abria e fechava sem qualquer palavra sair. A garota riu ao notar e tocou suavemente no rosto do mesmo, sentindo o toque macio de sua pele, e se deleitou com a forma informal que agora o tocava.

Estar próxima a ele daquele modo a fazia feliz. Ela não precisava de muito no final.

Alex a trouxe para a realidade. Cavou tão fundo dentro dela e com sua simplicidade e naturalidade, a fez aflorar seu verdadeiro eu.

Não que os papéis que ela interpretou durante a vida não tivessem algo pertencentes a ela. Claro que possuíam. Charlotte não seria Charlotte e Sandy não seria Sandy se a jovem não tivesse doado uma parte sua para essas personagens.

A única e grande diferença era que Arabela parecia nunca ter existido. Ela não doou nada a uma personagem. Ela sempre havia sido Arabella, a partir do momento em que se apresentou a Alex.

— Nós somos Alex e Arabella – ela manifestou-se quase num sussurro – isso não é o suficiente?

Alex expirou o ar sujo de seu pulmão e retribuiu o toque da jovem, acariciando o rosto da mesma. Aqueles olhos esverdeados tão doces, dentro dos dele, o fazia derreter.

— Eu... – sua mão tremeu – sinto como se esse momento fosse evaporar, como se fosse escorrer por entre os meus dedos.

Arabella sorriu e assentiu com cuidado.  Sentia-se da mesma forma.

Com delicadeza tomou a mão que a acariciava para si, beijando-a a palma.

— Eu não vou a lugar algum.

Alex instantaneamente retribuiu o sorriso e a apertou mais forte contra si, num abraço intenso. Ele conseguia sentir o cheiro dela impregnar sua pele, o calor dela entrar em seu corpo e as batidas de seus corações sincronizarem.

Aquilo era gostar de alguém? Aquilo era amor?

Ele afundou o rosto nos cabelos da jovem e teve sua resposta.

Era sim.

 

•••

 

Quando Alex foi embora, depois de muito Arabella insistir para que ele ficasse, o apartamento pareceu estranhamente vazio. 

A jovem organizou sem pressa a bagunça que havia sobrado e sorriu inconsciente durante a ação. Seria assim que ele se sentia quando guardava as coisas no quarto? Como se, nas pequenas coisas, se encontrasse um pedaço dela?

Porque era exatamente assim que ela se sentia em relação a ele.

Ao findar da arrumação ela sentou no sofá e encarou a programação jornalística da televisão até lembrar-se do seu laptop sobre o centro. Ela o tomou nos braços e o abriu, ligando-o. 

A mensagem na tela não podia ser melhor.

Alex Martin – Status: vistoria do aparelho 80% completa, total de 0 resquícios de atividade suspeita.

Depositando o aparelho de lado a mesma comemorou numa desajeitada dancinha. 

Faltava pouco para livrar Alex das amarras de sua organização e ele estaria em segurança.

Faltava pouco.

Ela só não havia pensado ainda que com o final da missão ele também estaria livre dela.

 

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Arabella:

[https://drive.google.com/file/d/1EExpuG1g6Wr1BAZ-Iz_qIPGDLEbPQGVr/view?usp=drivesdk]

 


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Notas finais do capítulo

[pra quem veio correndo olhar o link: isso é só um "desenho", então não se sinta na obrigação de pensar nela assim, ok?]

ps: créditos na imagem, nada foi feito por mim (infelizmente).




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