O treinamento parecia ser uma chave, uma saída e forma dela não perder o controle. Não para cometer uma loucura, mas para não dar motivo.

Soava besta, ser culpada de um incidente envolvendo sua falta de paciência quando em suas escolhas durante uma missão mostravam o contrário, mostravam que Éloy Shepard era o soldado e espectro mais paciente e sábio que se teve nos últimos anos.

O saco de bancadas dava dó em quem o observasse, era o segundo que estava prestes a cair e derrapar no chão da nave, era o segundo que estava sofrendo a raiva descontada de Éloy e segundo a ser a coisa que ela não reprimia seus sentimentos.

Era sempre “Comandante Shepard, você poderia fazer isso? É de extrema urgência” ou “Shepard, não cometa os menos erros, sua insubordinação pode não levá-la longe”. Ela queria gritar o foda-se, queria dar o basta e deixar o assunto morto, rejeitar a receita e a jornada do herói que ela estava seguindo.

O elmo dela, sua arma e nem mesmo nada a definiria quando ela explodisse e morresse no vácuo do espaço, de novo.

Talvez ela vivesse só novamente... Talvez ela não teria alguém segurando sua mão no final da sua jornada, ela sentia sua raiva se misturar em um tornado junto do vácuo, do vazio, do buraco negro que era sua angústia.

Será que ela era a única humana sentindo isso? Era um pergunta estupida e egoísta, ela estava viva enquanto milhares morriam em nome da honra.

O que Javik tinha lhe dito nunca ecoou tanto na cabeça dela. Honra era apenas o vácuo de milhões, o vazio.

Era um privilégio Shepard estar viva, lutar tanto como nunca lutou, estar ao lado dos seus melhores, dos seus companheiros e os tendo lutando ao seu lado, de ter eles aturando não apenas uma líder, mas uma que escondia as próprias fraquezas e descontava na porra de um saco de pancadas.

Mas com toda aquela raiva, a fraqueza tinha que se manifestar e em lágrimas, essas lhe cobriram a visão e se manifestaram para que parasse, que mostrasse que estava em seu limite.

Éloy Shepard tinham um limite. Ela estava com medo, medo de perder, medo de morrer, de todos morrerem, mas ela estava quase se torna do uma deusa, a endeusavam, tanto inimigos como aliados, achavam que nem mesmo o espaço era páreo para fazê-la parar.

“SHEPARD!”

Uma voz gritou atrás de si e ela não largou, continuava a socar e as lágrimas desciam e desciam, a raiva e a angústia transbordavam dela.

Aquele garotinho... Aquele pobre garotinho.

“Éloy...” Garrus sussurrou a puxando pela cintura e ela ainda se debateu, mas foi tão inútil com a força do turian atrás de si que ela apertou suas garras e engoliu o choro.

Ela tinha que engolir o choro e com isso, gemeu e controlou o grito da angústia.

“Chega, as suas mãos...” Sua voz rouca sussurrou, o tom turian e único que Garrus tinha.

As mãos dela estavam sem a luvas, sem fitas, apenas a pele escura dela e o sangue se mostrando, o sangue dela.

“Chega de lutar... Você ainda vai destruir a si mesma”

“Você não vê, Garrus? Eu já fiz isso... Um caminho sem volta”

“Eu digo do seu treino” Brincou e Éloy deu uma risada, fungando e sentindo a respiração em seu cabelo “Eu não sei como você aguenta, mas a admiro por isso” Confessou e dessa vez, virada para ele, ele repousou sua testa contra a dela “Cheia de raiva, é assim como você se sente?”

“Pior... Eu me sinto pior”