Altruísta escrita por Cirilla


Capítulo 3
Conto III


Notas iniciais do capítulo

Demorei pacas mas finalizei essa belezinha.



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Conto III - Atualmente

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Trinta e quatro anos. Não parece uma boa idade para morrer. Mas, ao menos, não ficarei enrugado. Heh, como se algum dia eu tivesse me importado com isso. O que sempre me importou foram coisas diferentes. Como fazer a felicidade dos meus dois melhores amigos. Sakura estava grávida e quase pronta para entrar em trabalho de parto. Ela não se importava em ter o neném em casa, contudo. Era uma exímia médica e, embora ginecologia e obstetrícia não fosse sua área de trabalho, sabia como fazer um parto. Sim, é claro, ela jamais conseguiria fazer o próprio neném nascer, mas Ino, sua amiga enfermeira, estava em sua casa também. Eu havia chegado de Konoha para visitá-la, assim como visitar Sasuke, e isso acabou sendo o final da minha vida.

Tokyo fazia um frio inacreditável. Assim como uma neve espessa. Sakura não poderia ir mais ao médico, ainda que tivesse de ir. As ruas estavam lotadas de neve, não daria para usar carros ou motos por esse motivo. Faziam dez minutos que sua bolsa havia estourado, e logo Sarada, o fruto do amor entre Sasuke e Sakura, nasceria. Ino, como uma boa amiga, iria fazer o parto. Tudo ocorreria bem, Sakura havia um engenhoso kit de primeiros socorros e uma enfermeira bem renomada ao seu lado. Elas contornariam qualquer falta de materiais com a experiência e sabedoria na área da saúde. Isso não era o meu caso, contudo. Era formado em direito.

— Sasuke não atende o telefone. — Sakura parecia nervosa por não ter o seu marido ao lado.

É compreensível, mas não ajudaria no parto uma reação dessas. Ino tentou ajudar, pedindo que respire fundo e deite na cama. Sakura continuou nervosa, mas obedeceu a amiga enfermeira. Vi que seus olhos pairavam sobre o celular e precisei agir nesse momento.

— Eu vou buscá-lo. 

— Não dá! Tá uma tempestade lá fora. — Ino me disse assim que eu me coloco em frente a porta da casa.

— É um momento importante na vida dos dois. Ele tem que chegar a tempo.

Sei que Sakura superaria o fato do marido não aparecer, mas eu via os olhos lacrimogêneos dela, e isso me feria. E iria ferir Sasuke também, caso ele não chegasse a tempo. Mas, caso eu o buscasse, a situação mudaria. Não esperei resposta de nenhuma das duas, e saio da casa. Realmente, havia uma quantidade incrível de neve. Era difícil andar, já que a neve cobria até perto dos meus joelhos. Dois quilômetros assim era como uma maratona insana para um sedentário como eu. Esfreguei as minhas mãos sem luvas, tentando sem sucesso extinguir o frio de mim.

 

"Sasuke, a bolsa de Sakura estourou. Venha! Se não responder, vou te buscar na porta da empresa, seu maldito."

 

E ele não respondeu. Pelo menos não enquanto haveria tempo para mim. Andei em direção a empresa de Sasuke, quase não suportando a dor e queimação que o frio me trás. Em vinte minutos, não sentia mais os meus pés. Mas continuei andando. Minha visão embaçou e meus lábios se tornaram roxos, mas continuei indo em direção ao Sasuke. A cada segundo passado a minha força diminuia e meu corpo ficava mais letárgico. Até que eu não consegui mais me mexer.

 

***

 

Tinha abrerto meus olhos, sentindo o celular em meus jeans vibrar. Ele estava molhado, mas era um modelo a prova d'água. Mal consegui me mexer, caído no meio da rua. Eram três mensagens de Sasuke. E duas ligações perdidas.

 

"Já estou indo. Não estava na empresa, mas na casa de Itachi, no mesmo quarteirão. Meu celular estava no silencioso, por isso demorei a responder."

 

Tive de sorrir aliviado na hora, feliz que a família estaria unida em um momento crucial. E rir da minha própria desgraça. Eu, Naruto, caído numa rua que nem me lembro mais qual é, no meio de uma tempestade, coberto de neve. E sem sentir os pés e um dos braços. Passei para a próxima mensagem ainda rindo.

 

"Estou na porta. Tranquilize Sakura."

 

Infelizmente seria impossível. Não estava perto dela. Ah, se eu soubesse... Estaria deitado, debaixo dos cobertores, esperando esse maldito chegar.

 

"Naruto, volte! Já estou em casa!"

 

Era uma simples mensagem, mas que demonstrava todo o desespero do meu irmão de alma. Desculpe Sasuke, Sakura. Minha vida inteira fora abdicada para fazê-los felizes, mas quando as lembranças passam todas pela minha memória, sei que não valeu a pena esse final. Por uma atitude idiota e altruísta, irei macular o dia do nascimento de suas filhas com a minha morte. Congelado, no meio da rua. Que patético.

— Eu amo vocês. 

É o que eu digo e escrevo, com minhas últimas forças, em uma mensagem para Sasuke. Desculpem por tudo. E obrigada. Sejam felizes.


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Notas finais do capítulo

Amei escrever esse conto. Sai da minha bolha dos romances água com açúcar fluffy pra fazer essa história. Espero que gostem.



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