Coletânea - Ones SasuSaku escrita por Pan Alban


Capítulo 3
3 - South Carolina


Notas iniciais do capítulo

Essa aqui também é inspirada em uma música do Harry Styles, Carolina. E também dedicada à lindona da Mrs. Fox ;)

Boa leitura!



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“Como eu diria a ela que ela é tudo em quem penso?”

 

As bandas de garagem eram comuns naquela época na antiga Califórnia, nas férias de verão, então, era quando os jovens deixavam seus cadernos e os sonhos dos pais para sonharem com um futuro de rockstar tocando os maiores sucessos do rock na casa de quem tinha uma bateria.

E a nossa história começa exatamente no primeiro dia de verão, na garagem de um baterista amador com seus amigos prontos para o primeiro ensaio da banda de um show que jamais fariam.

— Acho melhor a gente dar uma pausa — Chouji, o roliço amigo tecladista era sempre o primeiro a propor uma pausa, pegando seu pacote de batatinhas e sentando em um das caixas de madeira que serviam de banco para os meninos.

Shikamaru, o baixista, foi o único a não reclamar e sentou ao lado do amigo mostrando seu apoio. Naruto, o vocalista, e Kiba, o guitarrista, esganiçavam suas potentes vozes agudas protestando e querendo voltar ao calor da música, mesmo que o sol já atingisse seu ápice naquela tarde e o calor do chão de cimento já não fosse o suficiente. Entretanto, um deles, o dono da bateria e da garagem, não defendeu Chouji, mas mostrou sua posição a favor de um descanso se levantando de sua banqueta, esticando os braços, estralando o pescoço e andando até o lado de fora somente para sentir um pouco de brisa.

De um lado ele viu as crianças pequenas da vizinha andando em círculos com bicicletas e garotas em seus biquínis indo em direção à praia duas quadras dali. Demorou um pouco seu olhar ali, até sentir os amigos ao seu lado olhando para a mesma direção e distribuindo gracejos às meninas risonhas.

Do outro lado chegava um carro na casa de sua velha e rabugenta vizinha, e aquilo não chamaria sua atenção normalmente se um dos ocupantes do carro não saísse correndo do carro e abraçasse a velha Tsunade, não, isso também não chamaria sua atenção. Mas havia aqueles cabelos coloridos, um ponto tão distinto que ele se lembraria de ser a primeira coisa a ver quando a conheceu.

— Carolina do Sul — ela respondeu quando Kiba perguntou de onde ela vinha. Os meninos fizeram piadas e ela riu delicada, sem se afetar com a falta de tato dos garotos daquela idade tratando uma garota nova na cidade.

Ela estava ali, sentada em um dos caixotes no mesmo dia em que chegara. Apareceu na porta da garagem dizendo que “Misunderstood” era a sua música, e perguntou se podia assistir o ensaio. Alguns um pouco tímidos, outros mais empolgada para se mostrar para ela, em seus tempos foram relaxando enquanto a menina nova batia palmas, balançava a cabeça, ritmava com os pés e cantava as que sabia.

O baterista não era o único que pouco falou com ela, mas era um dos únicos que tinha mais dificuldade em fingir que não a olhava a todo tempo. O short não tão curto, a camiseta folgada e os tênis no pé denunciavam que ela não era da costa oeste.

— Meu nome é Naruto, estes são Shikamaru, Chouji, Kiba e Sasuke.

— Podem me chamar de Sakura. — ela deu de ombros quando eles ainda a chamavam de Carolina — Vocês mandam bem. — disse quando a noite se aproximava e a avó a gritava para que ela voltasse para jantar.

— Volte amanhã, Sakura! — Kiba gritou e ela acenou.

— Ela é bonita — Naruto repetiu a afirmativa pela sexta vez. E não havia quem discordasse.

Sasuke, porém, naquele dia mesmo podia colocar mais adjetivos sobre a sua nova vizinha. E ela voltaria no outro dia, e em todos eles depois.

“Maluca” foi um dos adjetivos dado à ela no primeiro fim de semana. Sakura havia pego amizade fácil com os meninos que tocavam na casa ao lado, e ela já chegava aos ensaios como se fosse íntima dos donos, mesmo nunca tendo trocado uma palavra com Sasuke ou sua família.

— Fiquei sabendo que vai ter uma festa na praia hoje a noite. Vamos? — ela perguntou empolgada olhando para os dois que ela sabia que iriam apoiá-la.

— Dos Hyuuga? — Naruto, surpreendente para ela, arregalou os olhos como se aquilo fosse inconcebível. — Vai sonhando.

— Precisa de convite — Shikamaru deu de ombros como se só aquele fato tornasse indiscutível.

Mas ea não era como as pessoas dali, e Sasuke teve certeza daquilo naquele primeiro sábado, quando os olhos verdes dela passaram em cada um e o sorriso ia aumentando. Ele girava uma baqueta nos dedos quando ela disse a sua ideia, ninguém ouviu quando a baqueta caiu no chão da garagem com a surpresa da proposta, pois todos se uniram num sonoro coro:

— Tá maluca?

E naquela noite eles invadiam a primeira de muitas festas. Sasuke a olhava dançar por cima de seu copo de cerveja, reparou que os outros meninos da banda também a olhavam, prontos para protegê-la se alguém fosse babaca com ela. Não havia se passado uma semana e ela já ocupava um lugar no grupo.

— Ela é uma boa menina — Chouji disse apontando para Sakura entre as pessoas desconhecidas para ela.

Sasuke virou o copo e não disse nada, mas ele concordaria mais tarde, depois de acordar no meio da noite deitado no colo dela dentro de um carro desconhecido.

— É o carro do meu avô — ela sussurrou com o rosto bem acima do seu — Você está melhor? — e havia riso na voz embriagada dela.

Sasuke se levantou assustado e esfregou os olhos, ela segurava o riso ao seu lado.

— Shiiu — ela tocou os próprios lábios debilmente — se minha avó descobre a gente aqui… — e passou o dedo pelo pescoço ainda rindo.

Sasuke se lembrava de ter passado muito mal naquela noite, mas ainda assim não conseguia parar de rir quando ela não parava um minuto sequer até todo o álcool daquela noite parar de fazer efeito. No outro dia ele e os outros garotos estava em pedaços enquanto ela continuava encantadora e travessa como se nada tivesse acontecido.

A partir daquele dia eles saberiam que poderiam contar com ela se bebessem demais para cuidar deles, pois mesmo que ela também se divertisse tanto quanto eles, ela sempre seria incrivelmente mais resistente.

Mas aquela primeira festa, aquele primeiro porre, seria uma das lembranças mais marcantes de Sasuke. Foi a primeira vez que tiveram uma conversa, meio sem sentido e em partes perdidas na memória bêbada, e o rosto dela tão próximo ao seu seria protagonista das primeiras fantasias com a sua vizinha.

— Sua mãe falou que eu podia entrar.

Aquela frase ele ouviria muitas vezes, mas a primeira vez que a ouviu também seria inesquecível.

— Aah, desculpa!

Ela abriu a porta de seu quarto e o pegou somente com a toalha enrolada na cintura e outra e outra secando os cabelos pretos. Sasuke não teve reação quando ela abriu, e também não teve quando ela bateu a porta depois de gritar.  Ele riu, um pouco encabulado, mas no fundo achando graça das reações dela.

devidamente vestido, ele abriu a porta de seu quarto e a encontrou sentada no corredor com o rosto vermelho percebendo a presença dele.

Ela entrou em seu quarto e ele não saia como e o que falar com ela, nem ao menos entendia o que ela fazia ali, só conseguia observá-la andando pelo quarto olhando para tudo e parando em seu violão. Ela sentou na cama sem convite, mas ele não se importou, e dedilhou as cordas de nylon sem saber mesmo tocar.

— Vocês não ensaiam em dia de chuva? — ela perguntou depois de um tempo e ele sentou na cadeira de sua mesa de estudo. Sasuke negou com a cabeça — Uma pena. Eu ia pedir que tocassem algo diferente, hoje.

Ele ia perguntar o que ela queria ouvir de diferente, mas nem tempo para isso teve, pois o violão já estava sendo oferecido para ele e um sorriso gigantesco e inegável despontou no rosto dela. Naquela tarde chuvosa, a primeira de muitas, ele tocou a música diferente que ela queria ouvir, e depois outras. A ouviu cantar desafinado, e a viu ficar encantada quando deixou sua vergonha de lado e também cantou.

— Sasuke, você… — ela coçou o braço e olhou para o chão. Ele sentiu um frio na barriga, esperando o que ela diria, e o que eio não o desapontou, muito pelo contrário — Você me faz lembrar de casa.

— Não gosto de praia, só vim porque você chamou. — Shikamaru resmungou deitado em sua toalha embaixo do guarda-sol pronto para tirar um cochilo.

— Francamente! — ela bufou indignada e Sasuke foi pego no flagra sorrindo — Venha, você vai tirar uma foto minha então.

Ele sentiu o coração e o estômago ficarem estranhos quando ela o puxou pela mão e deu sua Polaroid nas mãos dele. Ela girava e sorria para ele, pronta para qualquer clique. Diferente das meninas da Califórnia, ela não estava somente de biquíni. Uma camisa verde transparente e um shorts mais curto que o normal mexiam muito mais com a imaginação do rapaz que qualquer outras moça que passasse mais exposta por ali.

Quando ela tirou a roupa para mergulhar no mar ele percebeu ser o único dos amigos que a olhava daquele jeito.

Ela era tão misteriosa, tão diferente que a cabeça monótona dele tinha espasmos de vida quando ela estava por perto.

Então, ele reparou em um detalhe que antes estava escondido dentro da camisa, e provavelmente no meio do decote dela. Um colar, o seu colar de leque que achou ter perdido na última festa que entraram de penetra.

— Isso? — ela apontou para o símbolo preto, vermelho e branco sorrindo ao se aproximar e ver os olhos curiosos dele — Você pediu que eu ficasse com ele. Disse que era importante para você. — Ele não se lembrava daquilo, mas as bochechas rosadas e os olhos desviando para as fotos com o claro propósito de não olhar para ele confirmaram que ele devia mesmo ter feito aquilo — Se quiser... — ela disse no impulso já querendo tirar o colar de seu pescoço, mas as mãos dele pararam nas dela automaticamente, e o rosto dela ficou ainda mais enrubescido.

— Por favor, fique com ele.

E aquele seria o primeiro presente que ele a daria, e ela devolveria o gesto no próximo dia de chuva, entrando no seu quarto e dando uma biografia de um dos maiores bateristas do século para ele.

— Eu tenho um livro para cada situação. Um dia de chuva combina com a história de vida de alguém interessante — ela explicou sentada na cama dele com as pernas cruzadas enquanto folheava o livro que havia levado para ele.

Sasuke estava sentado ao lado dela, menos relaxado do que ela aparentava estar. Os olhos passando pelo perfil do rosto dela enquanto ela se distraia com as páginas com fotografias. Ele ainda não entendia o porquê dela ir ali quando os dois eram os que menos conversavam no grupo, mas ela parecia tão confortável…

Ela podia ser vista como uma igual pelos seus amigos e companheiros de banda, contudo, desde o primeiro dia ele não se sentia do mesmo jeito. Ele soube que havia algo diferente sobre ela quando não parou mais de pensar nela, em querer ficar perto, em dar um jeito de tocá-la e ansiar pelos dias de chuva para tê-la sozinha com ele.

— Então, me conta a sua história. — ele a surpreendeu com o pedido inusitado, mas a surpresa se transformou num sorriso e depois num longo monólogo que ele ouviu sem reclamar.

— … e minha avó sempre diz: Melhor nadar antes de se afogar. — ela imitou a voz da avó e sorriu quando o ouviu rir pela primeira vez. — Então estou nadando, aqui na costa oeste… E acho que não vou embora tão cedo.

E aquilo o aqueceu por dentro, pois ele já sabia que não iria ficar bem se ela fosse para o outro lado do país, para tão longe.

Naquela noite ele começou a escrever uma canção.

— Verdade ou desafio, Sakura? — Kiba estava doido para que isso acontecesse, ao contrário de Sasuke que temia que o desafio a fizesse ficar com algum daqueles caras. Eles eram todos amigos e não pensavam na Sakura daquela maneira, mas ela ainda era uma garota, um linda garota.

Era aniversário de Kiba e eles se reuniram para assistir uns filmes de terror e girar a garrafa para se divertirem com os desafios mais bizarros, mas a presença da nova integrante do grupo havia criado um limite em respeito à ela. Sakura disse para eles não se incomodarem com a presença dela, mas era um acordo mudo que deviam manter as brincadeiras envolvendo nojeira longe dela. Em um círculo, eles se sentaram e giraram a garrafa, todos doidos para desafiarem a novata. Ela estava empolgada, podia-se ver, mas Sasuke sentia-se estranho.

— Hmm, verdade. — ela riu ao resmungo de todos eles.

— Ela não entendeu o propósito da brincadeira — resmungou Naruto, mas isso só a fez rir mais.

— Conto com a criatividade de vocês. Vamos lá!

E todos pareceram frustrados, olhando de um para outro, menos para Sasuke que era o único que estava interessado em ouvir uma verdade sobre ela, algo que nenhum deles soubesse. Naruto se inclinou e cochichou algo para Kia que riu logo em seguida.

— Verdade. É verdade que você ficaria com um de nós?

E o silêncio veio tão pesado para Sasuke quanto uma pedra imenso caindo em seu estômago. Os olhos diretamente nela, o rosto dela se colorindo de vermelho e injetado fúria na direção de Naruto.

— Vocês…

— Só a verdade, Sakura — Naruto cantarolou e Sasuke sentiu-se mal, olhando de Sakura para o melhor amigo.

— Sim. — ela murmurou a contragosto e os meninos gritaram em meio aos risos. E o coração de Sasuke quebrou.

Ele queria ir embora, não queria estar ali e parecer patético. Não queria nem responder Naruto quando a garrafa parou a sua frente e o loiro inistia.

— Tá, desafio — nem queria olhar na direção dela.

Naruto bateu palmas e gargalhou, levantou do chão e pediu a Kiba o violão.

— Te desafio a tocar e cantar a música que você está escrevendo.

Todos o viram empalidecer e Sakura pensou que Sasuke desmaiaria ali mesmo. Em pânico, ele pegou o violão e olhou com ódio para Naruto, não sabia como ele havia descoberto aquilo. Ele colocou o violão no colo e olhou para as coras, incapaz de olhar para a única garota ali. Mas ele alegou não ter a letra ali e somente tocou os acordes, ainda que cantasse mentalmente sobre uma garota que veio da Carolina do Sul e sobre um garoto que se apaixonou por ela.

Ela não falou com ele naquela noite. E era tão ruim.

Entretanto, Sasuke desconhecia que aquela noite eles dariam seu primeiro beijo, e que tudo havia sido planejado pelos amigos.

— Vamos lá, desafio — Sakura respondeu quando a garrafa parou nela e Shikamaru sorriu.

— Escolha um de nós e faça a primeira coisa que vier a sua cabeça.

E sem pensar, sem hesitar, ela se levantou de onde estava e se agachou em frente ao Sasuke, as mãos dela puxaram o rosto dele para cima e o beijou rapidamente enquanto os meninos gritavam no fundo.

— Sucesso! — Sasuke podia ouvir Naruto berrando ao fundo. Ele ainda tentava entender o que havia acontecido enquanto ela voltava correndo para o lugar e tampava o rosto com as mãos.

Todos perceberam que ela não havia aparecido ao ensaio, mas nenhum deles comentou. Sasuke estava agitado, louco para ir até ela e… ele não sabia o que ia fazer. Estava eufórico por dentro, tentando fingir o contrário por fora. Ainda podia sentir a boca dela na sua se concentrasse bem, aquilo estava o deixando louco.

Ele esperava a próxima música que tocaria quando Chouji começou a tocar sua música no teclado.

— Parem com isso. — ele gritou e se atrapalhou ao tentar levantar-se da banqueta e ateu em um dos pratos sem querer. Então Kiba e Naruto começaram a cantar a letra que ele havia composto.

— Qual é, Sasuke. Tá bonitinha. — Naruto segurava uma cópia da música em mãos e voltava a cantar tentando entrar no ritmo certo.

Era estranho ouvi-los cantar aquela música. Era sua, íntima demais. Se sentia nu, exposto para quem quisesse olhar. Mas a coisa ficou pior quando a viu na porta da garagem o olhando enquanto Naruto cantava a última frase a música inacabada.

“Como eu diria a ela que ela é tudo em quem penso?”

— Bom, amigo — Naruto disse ainda no microfone — Acho que ela acabou de descobrir.

As férias de verão haviam acabado, e como era costume na antiga Califórnia, os jovens voltavam a organizar os seus livros e cadernos e começavam a sonhar com as próximas férias, onde iriam voltar a serem rockstars numa garagem.

E a nossa história termina exatamente no último dia de verão, na garagem de um baterista amador com seus amigos prontos para o último ensaio de um show que jamais fariam. Mas essa desilusão não os atingia ainda, pois suas cabeças agora estavam ocupadas com a missão de suas vidas: fazer o maior show para a melhor plateia de garagem.

Ela estava sentada nos caixotes de madeira movendo os pés ao som de suas músicas favoritas, cantando junto ao entusiasmado vocalista e fingindo tocar uma bateria imaginária.

Sasuke não tiraria os olhos dela, sorrindo ao vê-la sorrir para ele. A garota da Carolina do Sul, de tão longe, que apareceu para agitar a vida dele. E ao final daquele show ele ia lhe fazer uma proposta, era um tanto extravagante na opinião dele, mas era assim que eles faziam na Califórnia.


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Notas finais do capítulo

Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=avdsVsqSPCo



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