loyalty escrita por Litsemeriye


Capítulo 1
Remus não entendeu como até isso ele traiu.


Notas iniciais do capítulo

Sirius sempre me pareceu alguém leal apenas a si próprio.



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Sirius não era leal às tradições familiares.

Ele sabia que tinha todo o potencial dos sonserinos, e aquilo fez seu estômago dar voltas desde o momento em que a carta de Hogwarts chegou até o momento em que o Chapéu Seletor deu seu veredito.

Sabia que a Grifinória o traria problemas. Viu o rosto branco de Narcissa na mesa verde e prata, os olhos arregalados como pratos. Bellatrix também estava lá, com o mesmo sorriso maldoso que tomava seu rosto antes de delatar os primos e irmãs para os adultos, mas aquilo pouco o importou naquele momento.

Ele havia caído em uma Casa que não era Sonserina, e Walburga podia se explodir, porque Sirius estava disposto a fazer tudo exatamente contrário do esperado para o herdeiro da Mui Antiga e Nobre Casa dos Black.

Durante os anos seguintes ele tendeu a deixar seus ideais cada vez mais claros, se misturando com nascidos trouxa e traidores de sangue, tomando partido em questões políticas que não lhe diziam respeito e deixando de lado a etiqueta que os pais se esforçaram tanto para que ele memorizasse.

 

Sirius não era leal à família.

Quando ele fugiu para a casa de James no quinto ano, Sirius não pensou em Regulus. Afinal, seu irmão mais novo já era o filho favorito – sonserino, aluno destaque, educado e passivo. Ele não considerou que agora, o mais novo teria que enfrentar as tempestades de Walburga e Órion sozinho.

Narcissa teve que parar de falar com ele, por ordem de seus pais, e às vezes o rapaz sentia os olhos da prima o seguirem pelos corredores, mas nunca deu importância. Quanto menos envolvimento com os Black, melhor. Sabia que agora seu rosto na parede do Largo Grimmauld no 12 não passava de uma mancha negra, exatamente como Andrômeda e Alphard, e às vezes se pegava pensando se era algum tipo de prazer que Bellatrix tinha em fazer isso. De qualquer forma, agora ele se considerava um Potter.

Sirius nunca olhou para trás depois de fugir. Por isso nunca viu Bella quebrar o quarto quando foi forçada a se tornar Lestrange ou Regulus chorar de madrugada pela imposição da  Marca Negra. Afinal, eles eram Blacks, quanto maior a distância, melhor.

Ele parecia se esquecer às vezes que o sangue que corria em suas veias era o mesmo.

 

Sirius não era leal aos amigos.

Ele havia sido o primeiro a ajudar Peter a conquistar Annalise Noble, mas também foi ele quem se esgueirou e transou com ela na Sala Precisa enquanto Pettigrew esperava pela namorada no Baile de Inverno. Também foi ele quem sabotou o trabalho de Herbologia de Dorcas, fazendo a garota se constranger na frente da turma, pintou o cabelo de Marlene com um tom estranho de verde e subiu as saias de Emmeline durante o café da manhã, no meio do Grande Salão. De novo e de novo, ele traía a confiança que depositavam nele, aproveitando da mínima brecha que aparecesse.

Remus chegou a crer que estava imune a Sirius, quando aconteceu.

Não sabia de onde Black tinha tirado a ideia de que aquilo seria engraçado, porque todas as opções alternativas de desfecho pareciam piores que as outras; Severus estaria morto ou James teria que lutar com ele, e, entre um cervo e um lobisomem, todos já sabiam qual deles não acordaria na manhã seguinte. E agora Snape sabia seu segredo e Lupin estava por um fio de ser exposto, tudo porque Padfoot não sabia identificar limites.

Ele não pediu desculpas, e a situação toda se transformou numa bola de neve que engoliu a cumplicidade e confiança que costumavam existir entre eles.

 

Sirius não era leal à Ordem.

Quer dizer, ele tentava, mas a guerra começou a consumi-lo de dentro para fora, cada vez mais cansado de encontrar familiares do outro lado do campo de batalha e corpos de amigos estirados no chão. Ele às vezes se arrepende de ter se comprometido com aquilo e pensa como seria muito mais fácil se tivesse simplesmente feito as malas e saído da Inglaterra enquanto ainda havia tempo.

Com o tempo ele passou a recusar missões pelo simples motivo de ter consciência de que podia fazer aquilo. Não era comprometido como Remus, que estava sabe-se lá quanto tempo infiltrado entre os lobisomens, ou nobre como Lily que tomava a responsabilidade para si das mortes que aconteciam quando uma campanha mal sucedida usava de seu planejamento tático ou corajoso como James, que sempre estava disposto a enfrentar qualquer missão em que fosse requisitado, ou mesmo aceitaria correr riscos como Snape, servindo de agente duplo. Ele era só Sirius.

Mais de uma vez quis deserdar, pegar suas coisas e ir embora.

Quando disseram que havia um traidor n’A Ordem, Sirius tentou se convencer de que as memórias que tinha de falar com pessoas sem rosto em pubs eram fabricações de sua mente um pouco mais que um pouco bêbada. Não conseguiu. O certo seria confessar, mas ele apenas engoliu as palavras, torcendo para que não fosse sua culpa as baixas da última missão.

 

Sirius não era leal às memórias.

Era noite quando Monstro apareceu em seu quarto, na sede d’A Ordem, informando que Mestre Órion e sua esposa tinham falecido, o que significava que a herançaa iria para Regulus, por isso Sirius não entendeu o que o elfo fazia ali e o enxotou do lugar. Na verdade, ele entendia.

Só preferia fingir que não.

 

Sirius era leal a James.

Em toda a vida, a única constância era James Potter, com o cabelo negro desalinhado e olhos castanhos brilhantes. Ele era o irmão que Sirius nunca teve – Regulus não conta, porque ele e um móvel novo tem a mesma presença –, um sangue-puro que não se importava com besteiras como família e status na hora de fazer amigos.

Potter era seu parceiro no crime, como se fossem mentes trabalhando juntas, dois pedaços de um. Não existia vida antes de Hogwarts e James, mas ele esperava que houvesse muita depois.

Prongs foi o único que nunca teve a paciência testada por Sirius. Nunca nenhum segredo seu compartilhado com ele se espalhou, os interesses românticos de James estavam fora de questão para Sirius e o Black até mesmo o ajudava a sabotar encontros de Lily com outros caras, até ela decidir dar uma chance ao melhor amigo.

Tão leal, que foi chamado para ser o padrinho. Ele teve medo de ser o Fiel do Segredo, agradecendo Merlin e Morgana por Peter ter concordado em sê-lo, porém aquele novo pedido era muito mais importante que qualquer outra coisa, e o nascimento de Harry só provou isso, desabrochando um Sirius cuidadoso e atencioso que ninguém pensava existir.

Por isso, quando Dumbledore disse-lhe que Sirius Black era o responsável, as palavras não fizeram sentido para Remus.

Parecia confuso demais que logo agora ele se mostrasse traidor, não porque ele era a pessoal mais confiável do mundo, mas porque era James. Lupin olhava para o dedo mínimo de Peter, sentindo o chão sumir e se questionando como haviam chegado até ali, porque em nenhum momento sua vida pareceu se encaminhar para perder os três melhores amigos – quatro, se ele fosse considerar Lilian – de uma vez só, e, mesmo assim, não fazia sentido.

Toda a vida Sirius só se provara leal a James, e Remus não entendia como até isso ele traiu.


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Notas finais do capítulo

Então, a história só cobre até aquele fatídico Halloween, exatamente por ser o ponto onde Remus vê que Sirius pode ser mais egoísta do que ele pensava. Claro que depois ele meio que prova que se importava sim com os amigos, mas a questão é: Lupin não sabe disso ainda.
Me doeu um pouco escrever, mas foi isso.
Comentários e críticas construtivas são sempre bem vindos ⊙ω⊙



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