Strawberries escrita por Lady


Capítulo 1
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Notas iniciais do capítulo

Hey!

Eu estou super nervosa e insegura com essa fic. Nunca teria postado absolutamente nada em sã consciência se não tivesse perdido uma aposta (não que eu me arrependa de ter apostado, dessa vez, por mais que eu tenha perdido, valeu a pena)

É apenas uma coisinha escrita de última hora, inteiramente pelo celular e durante uma viagem de ônibus, então perdoem qualquer bobagem e qualquer erro, assim que estiver com meu notebook em mãos irei revisar certinho (ou excluir de vez, já que eu teria apenas que postar a história, mas ninguém disse nada sobre mantê-la).

Ah, e sim, é um plot bem comum e devem existir várias fics sobre esse tema (inclusive, a Junebug tem uma que é uma gracinha). Essa aqui é meio que inspirada por umas conversas muito profundas e aleatórias sobre morangos que tive com alguns amigos e em diversas coisinhas que li no twitter.



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— Onde ele está? – Perguntou de uma forma tão brusca que Austin derrubou as ataduras que carregava.

Nico sabia que não deveria ter entrado daquele jeito na enfermaria. Ele estava agitado o suficiente para acabar utilizando seus poderes de forma inconsciente, o que nunca era uma boa ideia em um ambiente daqueles.

 Mas era sobre Will, o que justificava parcialmente tudo isso.

— Ele saiu agora pouco – Austin respondeu, enquanto se abaixava para pegar as ataduras. O rapaz parecia um pouco abalado, mas não demonstrou nenhum traço de surpresa ao ver Nico por ali – Acho que ele deve ter ido para os campos de morangos.

Talvez tenha agradecido Austin com um breve aceno de cabeça, mas Nico saiu do local antes que isso pudesse ter sido notado.

Não era muito surpreendente que Will tivesse ido para os campos de morangos depois do que acontecera.  Aquele era um lugar relativamente distante e isolado, além de um dos mais bonitos do acampamento.

Enquanto meio caminhava meio corria até o lugar, relembrava a chegada do paciente que Will perdera naquela manhã. Era um menino pequeno, que chegara ao entardecer com roupas esfarrapadas e diversos ferimentos, vindo de um lugar completamente desconhecido e fugindo de algo, ou de alguém. Chamava-se Raphael e deveria ter, no máximo, dez anos. Ele definitivamente era um semideus, mas não foi reclamado assim que entrou no Acampamento.

O menino não carregava nenhum tipo de arma consigo e só o fato de ter conseguido chegar ao acampamento já podia ser considerado um milagre.

Mas apenas um milagre não seria o suficiente, não quando se é um semideus.

Raphael fez com que Nico se lembrasse de si mesmo. Viu nos olhos cansados do menino a mesma sombra que mostrava que ele vira coisas que não deveria ter visto, que tivera que lidar com mais coisas do que seria saudável.

Mas também viu a tênue esperança de que talvez tivesse encontrado um lugar melhor e isso o lembrou do menino que chegara acompanhado da irmã anos atrás.

Por isso, mesmo sentindo que a criança provavelmente não sobreviveria, ele ajudou Will a socorrê-lo e enquanto o filho de Apolo entoava hinos a seu pai e tentava administrar néctar e ambrosia ao garoto ferido, Nico fazia uma oração silenciosa para seu próprio pai, pedindo para que ao menos aquela vida condenada fosse bem recebida no Mundo Inferior.

Com o sol começando a despontar por trás das nuvens cinzentas, quebrando a monotonia do céu cinza-chumbo com feixes róseos e dourados e incidindo em raios delicados sobre os morangos ali plantados e nas copas das poucas árvores solitárias, o lugar parecia um jardim da Renascença, um pano de fundo bastante agradável e ligeiramente melancólico para representações angelicais.

Will, parado em meio aos pés de morangos, olhava para o céu. Seus cabelos pareciam um halo dourado de luz em forma de cachinhos. Uma obra de arte em carne e osso, esculpido em sangue e marfim.

A cena daria uma pintura perfeita, pensou Nico, mas até as melhores pinturas poderiam ser queimadas.

Ele se aproximou com cuidado. Will parecia tão perdido e tinha uma postura tão derrotada que ele tinha medo de assustar o rapaz.

— Wil – começou ele, ao parar do lado do rapaz que continuava encarando o céu – Você fez tudo o que podia fazer.

Will o encarou. Todo o peso do mundo parecia estar contido em seus olhos.

— Eu deveria tê-lo salvado – começou e Nico soube pelo tempo de convivência e pelo tom de sua voz que não deveria interrompê-lo – A única coisa minimamente decente que eu consigo fazer da minha vida é ser um curandeiro e não dou conta de salvar uma vida. O único legado que recebi do meu pai foi esse e eu não consigo fazer com que ele seja útil.

Havia raiva em cada sílaba. Will estava enfurecido com o mundo, consigo mesmo. Havia raiva e desespero.

O filho de Apolo não era uma estrela, um astro-rei brilhante assim como seu pai. Ele era péssimo em tudo aquilo relacionado à música e harmonia, o que não o impedia de cantar de forma bem entusiasta e desafinada suas músicas favoritas, e também não era um mestre em arquearia como alguns de seus irmãos. Ele era um arqueiro razoável o suficiente para sair vivo de algumas lutas e se divertir no Capture a Bandeira, nada além disso.

Mas tinha uma coisa em que Will se sobressaia a ponto de ser julgado como um dos melhores, tanto no Acampamento Meio Sangue quanto na Legião, e que fazia com que ele não se sentisse uma completa decepção como filho do deus do sol.   Will Solace era um curandeiro. Um curandeiro completamente apaixonado pelo que fazia. O que era igualmente ótimo e preocupante.

E, na verdade, é simplesmente esse fato que justifica a “imprudência” do filho de Hades naquela madrugada meio fria.

Então, assim que acordou no meio da noite e, ainda meio sonolento, sentiu que alguém havia partido para o Mundo Inferior, a primeira pessoa em que Nico pensou foi no namorado e em como ele tomaria aquela passagem como sua culpa, mesmo que não houvesse nada que ele pudesse fazer para reverter à situação daquele garoto.

— Ele era tão pequeno, Nico, tão frágil, mas lutou tanto. Eu deveria ter insistido mais, ter feito algumas oferendas pro meu pai, qualquer coisa. Eu. Só. Não. Podia. Deixar. Que. Ele. Morresse e...

O discurso de Will foi cortado por um soluço. Ele se curvou levemente para frente, como se estivesse com dor de estômago, e escondeu o rosto nas mãos.

E Nico deu dois passos para frente e abraçou o namorado, como este tantas vezes fizera consigo em seus momentos de crise.

Porque, por mais que Nico ainda não fosse o maior adepto de contato físico do mundo, Will se sentia bem ao ser tocado. Ele não tentaria confortar ninguém através de abraços se não se sentisse confortado por eles.

E Will agarrou-se a ele como um náufrago se agarra a um bote salva vidas, apoiando sua cabeça em seu ombro e deixando-se chorar. E quanto mais ele chorava, mais Nico tentava acomodá-lo melhor em seus braços, enquanto fazia círculos em suas costas e murmurava frases meio desconexas e meio desesperadas, numa tentativa de acalmar o filho de Apolo.

Nenhum deles saberia dizer quanto tempo passaram ali, abraçados. Naquele instante, eles eram apenas observadores da passagem dos minutos, mas não faziam parte dela.  E não se preocuparam com isso.

Nico deixou que Will chorasse o quanto fosse preciso e Will chorou suficiente para que se acalmasse e deixasse que toda aquela raiva doentia saísse.  E mesmo depois de já não ter mais lágrimas para chorar, continuou ali, apoiado em Nico.

— Ele não iria aguentar Will, eu conseguia sentir isso no momento em que eu o vi – Nico sussurrou, ao ver que o namorado havia se acalmado o suficiente para soltar-se um pouco do abraço – E mesmo assim, você fez tanto por ele que cheguei a achar que as Parcas poderiam mudar de ideia. Não foi culpa sua.

Will o encarou. Os olhos azuis brilhantes e inchados, o nariz vermelho por conta do choro e trilhas molhadas em suas bochechas. Mordeu os lábios e suspirou profundamente.

— Vai ficar tudo bem com ele, não é? Quer dizer, ele não vai fazer nenhuma passagem incompleta, ou ficar perdido nas margens do Estige, certo?

— Vou conversar com meu pai sobre ele, vamos garantir que ele fique num bom lugar no Elísio e que alguém sempre o leve para brincar com Cérbero.

Will o encarou como se ele tivesse perdido a cabeça, mas deu um leve sorriso, e ver que ele estava bem fez com que Nico sentisse que um peso havia saído de seus ombros.

Nico sorriu e Will simplesmente retribuiu o sorriso, ainda que melancólico. E abraçados, apoiados um no outro, eles assistiram ao nascer do Sol sobre os morangos.

As coisas não estavam completamente bem, mas ficariam.


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Notas finais do capítulo

Como eu disse antes, não é nada muito elaborado, mas espero que não tenha ficado tão ruim.



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