Broken escrita por misskekebs


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo pessoal enjoy :)



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Lydia levou a mão ao peito de modo instintivo, como se pudesse, assim, acalmar o coração.

Por que agora que estava “tudo acabado” ele se preocupava em saber a verdade? Será que precisava expor-lhe os sentimentos feridos e ter que lhe suportar o desprezo ou, quem sabe, a piedade?

Lydia uniu as sobrancelhas e o olhou com indecisão.

Talvez, se despejasse o que guardava com mágoa, aliviasse o coração para sempre.

— E então, Lydia? Diga-me, por que pediu o divórcio na primeira vez?

Ela engoliu a saliva e desviou o olhar.

Stiles sabia o quanto seria cruel ouvir que as suspeitas iniciais dele estavam corretas. Porém, estava determinado a ouvir a verdade, por mais que o ferisse. Então, insistiu:

— Quando sugeri um novo começo em nosso relacionamento, após saber da gravidez, eu não quis ouvir os motivos que tinha para me abandonar. E estava errado em pensar que com o tempo as mágoas se dissipariam. Estava tão desesperado em mantê-la ao meu lado e fazê-la feliz que não raciocinei com clareza. — E, após dar uma pausa para respirar, continuou: — O fato de pedir o divórcio outra vez significa que as razões que a motivaram a primeira vez ainda permanecem. Então, me diga. É pelo dinheiro? Eu preciso saber!

Lydia botou as mãos no colo e, demonstrando o nervosismo que sentia, apertou as palmas, uma na outra.

Como ele podia pensar que ela queria sua fortuna? Ela não precisava ouvir semelhante desacato!

Indignada, ergueu-se.

Stiles fez o mesmo, e enlaçando-a pela cintura falou, de forma gentil:

— Por favor, Lydia. Livre-me dessa tortura e me conte o que a levou a querer separar-se de mim.

Ela ergueu os olhos verdes e, comum ligeiro tremor nos lábios, começou a falar:

— Logo que nos casamos Malia me disse por que você me escolheu para esposa.

— E…?

— Que eu era o alvo perfeito: quadris largos e tão pobre que não ofereceria perigo para enfrentá-lo no fórum, quando vocês executassem o plano que tinham em mente.

— Oh, meu amor!

— Não fale assim! — protestou ela, desvencilhando-se do abraço. Lágrimas abundantes começaram a inundar seu rosto.

Com um movimento rápido, ele tornou a enlaçar-lhe a cintura e a puxou de volta para junto dele.

— Malia lhe disse mais coisas? — ele perguntou, em dúvida.

— Muitas mais! — exclamou ela, enfurecida ao perceber que ele não acreditava nela. — Também falou que estão loucamente apaixonados um pelo outro. Mas não podiam se casar porque ela não tinha condições de lhe dar o herdeiro de que você necessitava para transferir os negócios e a fortuna.

Lydia agora quase gritava, no auge do desabafo.

— E então — prosseguiu ela —, o fato de eu ter surgido em sua vida foi muito conveniente: uma mulher de uma família pobre, provavelmente fértil e suficientemente tola para aceitar o fato de um homem rico como você lhe propor casamento apenas por amor! — E, afastando algumas lágrimas com as pontas dos dedos, prosseguiu: — Malia disse que se você conseguisse me engravidar, nosso casamento estaria com os dias contados. Seria só esperar a criança nascer para poder requerer a custódia do filho, se livrar de mim e, finalmente, ficar com a mulher que realmente amava!

De repente, ela sentiu-se atordoada e as pernas bambearam. Stiles a segurou firme e auxiliou-a a sentar-se outra vez. Depois se acomodou ao lado dela, permanecendo com um dos braços enlaçando o ombro direito da esposa. Lydia sentiu-se segura com o amparo do corpo forte do marido. Podia sentir o perfume da loção de barba inebriá-la.

— Quando aconteceu essa conversa? — ele quis saber.

— O que importa agora? — respondeu ela contrariada. Para que ele precisava saber de maiores detalhes? Por que não aceitava simplesmente o fato de que ela já sabia da verdade? Seria mais sensato começar logo com a sórdida negociação envolvendo dinheiro para que ela aceitasse entregar-lhe a criança logo que nascesse.

Notando que ele a olhava de maneira curiosa, aguardando pela resposta, decidiu responder:

— Foi na festa que promoveu para me apresentar como sua esposa.

Lydia mantinha a cabeça baixa. Só de se lembrar do fato se sentia enjoada. E falar sobre isso com o homem que era co-autor do diabólico plano fazia com que se sentisse ainda pior.

— Lydia… — Stiles sussurrou, segurando o queixo delicado com a mão que estava livre e forçando-a a encará-lo: — Por que nunca me contou?

— Eu estava em um dos terraços para fugir dos olhares indiscretos dos convidados que me viam como uma caipira atrevida que estava numa festa de gala por engano. Foi quando Malia chegou e me contou todas essas coisas. — Ela interrompeu-se para respirar profundo antes de continuar: — Fiquei tão enfurecida que saí dali com a intenção de encontrar você e fazer Malia dizer tudo aquilo na sua frente. Porém, no caminho, encontrei Allison, que me convenceu a desistir, dizendo que tudo não passava de ciúme de uma mulher despeitada. E, também, se eu insistisse nisso iria envergonhar você na frente dos convidados e fazê-lo pensar que eu não tinha confiança em você. — E, amassando o tecido do vestido com as mãos trêmulas, ela finalizou: — Eu aceitei o conselho de Allison e me calei. Depois me arrependi, mas era tarde demais para esclarecer o assunto!

Stiles ficou tão revoltado que, se não fosse por Lydia estar precisando dele, naquele mesmo instante sairia correndo para trazer Malia diante dela e forçá-la a pedir perdão pelas monstruosas mentiras.

— Nada disso é verdade! — ele apressou-se em dizer. Não poderia ser tarde demais para reparar o dano, pensou com desespero.

— Nada do que ela disse é verdade? — perguntou Lydia com indiferença. — Tia Alexandra nunca perdeu uma oportunidade para dizer que eu não era digna nem de limpar o chão que você pisasse. E da forma que Malia tinha toda a sua atenção quando estava por perto, não era difícil acreditar que tinham um “caso”. — E, abafando um soluço, concluiu: — Quando você propôs um casamento tranqüilo e com harmonia por causa do bebê, achei que fosse por vergonha de mim. Eu posso não ter a educação refinada de alguém da sua classe social, mas tenho amor-próprio!

Stiles meneava a cabeça, profundamente triste.

Como se fosse incapaz de segurar as palavras, até despejar a última gota de mágoa que segurou por tanto tempo, Lydia prosseguiu:

— Na manhã em que resolvi voltar para a Inglaterra e deixei o bilhete pedindo o divórcio, foi porque tive a comprovação das minhas suspeitas. Tinha descido para tomar o desjejum com você, e, sem ter intenção, ouvi que estava falando no celular com Malia. E escutei quando você disse que a amava e estaria com ela em cinco minutos. De que mais eu precisava para ter certeza de que eram amantes e tudo que ela me dissera era verdade? — Lydia olhou nos olhos do marido para enfatizar o que diria a seguir. — Então, resolvi abandoná-lo! Como poderia lhe contar o quanto estava sofrendo por amar um homem que não me amava? Ela quase mordeu a língua ao sentir que lhe escapara dos lábios a confissão de que o amava. Porém, decidiu continuar:

— Então, você me forçou a voltar para Atenas, valendo-se de uma mentira. Depois veio a história de quantos filhos teríamos… Foi quando imaginei que havia decidido colocar Malia em segundo plano e ficar comigo porque eu poderia lhe dar a família que desejava. E, talvez, até pudesse, com o tempo, esquecer da outra e acabar gostando um pouco de mim!

— Um pouco… — Stiles murmurou quase para si mesmo, totalmente atordoado com toda aquela história.

— Não se faça de inocente, Stiles! — exclamou ela com a voz angustiada. — Sei o quanto fui idiota ao implorar que ficasse comigo. E você preferiu ir se encontrar com Malia! E quando mais precisava de você, permaneceu dois dias inteiros ao lado dela!

— Eu nunca vou perdoar a mim mesmo por isso ter ocorrido! Só posso lhe dizer que não sabia o que estava acontecendo com você! — E, antes que ela oferecesse outros argumentos, ele a tomou nos braços e caminhou com ela para o quarto. De passagem, instruiu a governanta para levar um suco de frutas gelado para a suíte master.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, próximo capítulo é o último.



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