Broken escrita por misskekebs


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

já está quase acabando espero que estejam gostando.



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As férias na ilha haviam terminado. Os últimos dias de verão ainda permaneciam quentes demais em Atenas.

Stiles tinha o estranho pressentimento de que algo catastrófico estava para acontecer. Podia sentir no ar. Esforçou-se para controlar o mau humor e a contrariedade quando entrou nos aposentos de tia Alexandra.

A irmã de seu pai tinha retornado das férias havia três dias e desde que chegara não dera sossego ao sobrinho com perguntas insolentes sobre o paradeiro de Malia.

— Não tenho notícias dela há semanas! Pensei que estivesse aqui para me receber! Ela não atende o celular, e isso é muito estranho! Se os pais dela sabem onde ela está, não querem dizer! Não posso imaginar a razão de tanto segredo! Se alguém sabe algo sobre o que se passa, é você Stiles! Sei o quanto são chegados e sempre serão, apesar de você ter se casado com uma garota que não passa de uma caipira de olho na sua fortuna!

Assim que vislumbrou a tia acomodada na cadeira de balanço, Stiles nem esperou para despejar a indignação que sentia:

— Se disser mais uma palavra chingando minha mulher ou eu souber que a está tratando com desprezo, serei obrigado a esquecer o respeito que lhe devo e pedir que deixe minha casa!

Era preciso dar um basta naquela situação, pensou Stiles. E, imediatamente, abandonou o quarto.

Só depois de desabafar o que era necessário sentiu os músculos relaxarem e a pulsação voltar ao normal.

Resolveu procurar por Lydia e, não a encontrando, chamou pela governanta para obter informações de onde estava sua esposa.

Stiles não admitiria a verdade nem para o melhor amigo, mas sempre que acontecia de não a encontrar por perto o mesmo sentimento doloroso que tivera no dia em que encontrara o bilhete pedindo o divórcio retornava, deixando-o furioso.

E após uma reunião de negócios desgastante pela manhã, que exigira sua presença, ainda ouvira mais alguns comentários de tia Alexandra. O que mais faltava?

E ele não era tolo a ponto de não saber somar dois mais dois! Desde que a tia retornara da Suíça, o comportamento de Lydia sofrerá ligeira mudança. Ela parecia se posicionar num estado de autodefesa, inclusive com ele. E isso o aborrecia. E nos momentos das refeições, onde geralmente todos estavam reunidos, Lydia ficava calada o tempo inteiro.

Por um instante lembrou-se que esse era exatamente o comportamento de Lydia no período que antecedeu a fuga e o pedido de divórcio. Não era preciso ser um gênio para desconfiar que tia Alexandra tivesse muito a ver com isso!

Agora era o momento de esclarecer o que se passava naquela casa!

Ninguém ofenderia sua esposa enquanto ele tivesse uma gota de sangue nas veias!

A governanta atendeu ao chamado e informou-lhe que sua esposa se encontrava no jardim.

Suspirou aliviado, censurando-se mentalmente por duvidar de Lydia e desconfiar que pudesse quebrar a promessa de permanecer com ele.

Quem diria que um homem tão autoconfiante como ele, que acreditava poder controlar todas as situações em sua vida, pudesse se tornar tão vulnerável? Com certeza, Lydia era seu calcanhar-de-aquiles, admitiu para si mesmo.

Lydia estava repousando numa espreguiçadeira. Mantinha os olhos fechados e uma revista aberta abandonada no colo.

Ele a achou tão linda que ficou por alguns minutos em silêncio, apenas observando e mantendo uma pequena distância. Ela usava um vestido de verão num tom creme muito claro que destacava o bronzeado que adquirira na ilha. O tecido macio moldava-se aos seios fartos e evidenciava a cintura delgada.

Bastava um olhar para desejá-la. E agora não era um momento apropriado. Por isso, aproximou-se para acordá-la. Mas não foi preciso. A simples presença dele alertou-a:

— Ah! Já chegou? Ótimo! — exclamou Lydia, e, sentando-se, abriu espaço para que ele se acomodasse também. — Quero lhe mostrar uma novidade — ela falou entusiasmada, assim que o marido se sentou. E pegando a revista mostrou-lhe projetos modernos para o quarto do bebê. — São perfeitos, não acha? Será que devo ligar e solicitar um representante?

— Claro que sim! — exclamou Stiles, feliz por ver a esposa sorrir como não via há alguns dias. — Podemos analisá-los mais tarde, Lydia. Agora quero ter uma conversa séria com você e preciso que me diga a verdade.

Ela ergueu os imensos olhos verdes, preocupada com a seriedade que ele demonstrava.

Stiles repousou as mãos nos ombros roliços e perguntou:

— Por acaso tia Alexandra disse ou fez algo que a aborreceu? Percebo que desde a chegada dela você ficou diferente. E eu sei que ela costuma ter uma língua afiada. E se isso aconteceu, vou pedir que ela se mude daqui.

Lydia baixou o olhar e ficou pensativa.

Ela estava ali, relaxando e distraindo-se com os planos para a reforma do berçário, justamente para esquecer a última ofensa de Alexandra: “Então conseguiu engravidar? Deve estar feliz por assegurar sua posição como esposa de um dos homens mais ricos da Grécia! Se eu fosse você, não faria planos a longo prazo. Conheço bem meu sobrinho. Não vai durar muito e logo você fará parte do passado para ele!”

Mas como ela poderia dizer-lhe que a tia a odiava e não perdia a mínima oportunidade para atormentá-la? Afinal, fora ela quem o criara! Mal ou bem, o via como seu próprio filho.

Não poderia ocasionar essa separação entre eles. E como Alexandra se sentiria, sendo expulsa da casa onde vivera tantos anos?

Ainda que desejasse ver Alexandra bem longe dela, não poderia fazer isso.

Por fim, Lydia respondeu:

— Não desejo que você a expulse daqui. Isso a destruiria. Não deve nem mesmo pensar numa coisa dessas! Eu só estou um pouco desapontada com ela — afirmou Lydia, encolhendo os ombros para demonstrar que não se importava. — E, lendo nas entrelinhas, sei que Alexandra gostaria que você se casasse com Malia. Por isso está tão zangada. Dê-lhe algum tempo e ela irá superar.

Foi o mais longe que Lydia pôde chegar. E se a referência a Malia pudesse magoá-lo por não tê-la desposado por causa da esterilidade, não podia fazer mais nada.

Stiles balançou a cabeça. Sabia desde criança que aquele era o desejo da tia. Provavelmente, considerava Lydia uma intrusa.

— Ela chega a lhe insultar com palavras e dizer que não é bem-vinda?

— Não — negou Lydia, sentindo-se mal por ter de mentir. Mas, se dissesse a verdade, magoaria a ambos. E, se ele a expulsasse, aquilo pesaria na própria consciência dela. O preço era muito alto.

E também já havia passado da hora em que Lydia deveria se impor e impedir que Alexandra Stilinski a fizesse sentir-se desvalorizada.

Procurando usar um tom de voz isento de ressentimento, ela procurou acalmar o marido:

— Tia Alexandra é uma pessoa de difícil convivência e se recusa a me aceitar como parte da família. Mas acredito que as coisas mudarão assim que o bebê nascer. Ela acabará se acostumando.

— Acredita mesmo que isso acontecerá? — duvidou o marido.

Lydia assentiu com a cabeça, mas desviou o olhar.

Ele percebeu que ela não estava tão confiante como dizia. Uma das coisas que admirava nela era a transparência. Disfarçar as emoções não era assim tão fácil para Lydia.

Stiles ergueu-se. Os ombros tensos estavam evidentes por baixo do paletó azul-marinho. A esposa estava escondendo algo desagradável e se recusava a revelar.

Procurando ser paciente e aguardar os acontecimentos, ele apanhou a revista que ela havia posto de lado e então falou:

— Vamos almoçar e depois daremos uma espiada nos detalhes das propagandas. Então decidiremos o que fazer.

Lydia achou que as palavras de Stiles soavam frias e distantes. Será que estaria pensando em Malia e preocupado com a ausência dela?

Dizendo a si mesma que teria de acostumar-se a viver por muito tempo ainda fingindo ignorar a verdade e aceitando o fato de ser a “segunda” na vida dele, ela levantou-se e o acompanhou.

Assim que acordou, Lydia afastou os lençóis para um lado da cama. Embora estivesse nua, o calor ainda era insuportável.

A julgar pela penumbra do quarto, já deveria estar anoitecendo. O silêncio era total. Stiles, provavelmente, estaria no escritório, concentrado na papelada que precisava-organizar. Era uma maneira de aproveitar o tempo, porque logo após o almoço ela queixou-se de um súbito cansaço e recolheu-se ao quarto.

Ficou espantada por ter dormido a tarde inteira. Teria o sono servido como uma válvula de escape?

Ela ponderou ao lembrar-se de como havia saído furiosa da sala de almoço.

Stiles tinha se comportado o tempo todo distante e perdido em pensamentos. Lydia fizera uma tentativa de conciliação com Alexandra e lhe passara a revista, solicitando uma opinião. A mulher, porém, nem mesmo se dignou a folheá-la:

— Não tenho o hábito de ler durante as refeições. E, além disso, minha opinião é dispensável. Tenho certeza de que o gosto refinado do meu sobrinho é o suficiente.

E, sem importar-se com a indelicadeza, devolveu-lhe a revista.

Lydia sentiu o sangue ferver e para evitar um confronto inventou a desculpa de não estar se sentindo bem.

Precisava sair dali o mais rápido possível. O ambiente estava insuportável!

Ao pôr os pés no piso, assim que se levantou, notou que a leve enxaqueca que sentia agora estava acompanhada de uma forte dor na coluna. Ignorou o mal-estar e seguiu para o banheiro. Uma ducha faria bem. E, depois de refrescar-se, escolheria um vestido bem confortável para vestir.

Em seguida, procuraria por Stiles. E se ele ainda estivesse com todo aquele mau humor, pretendia distraí-lo. Ele sempre lhe dissera que bastava o sorriso dela para afastar-lhe as preocupações.

Será que Malia também tinha esse poder?

Ou as conversas entre eles se concentravam apenas na paixão que sentiam um pelo outro? E a possibilidade de se casarem não mais existia porque o próprio Stiles revelara que os filhos viriam em primeiro lugar. O forte senso de dever que ele possuía o fizera descartar-se dos planos originais que ambos teriam feito. Fora a parte do “sexo” que entre Lydia e Stiles funcionava perfeitamente. É claro que ele deveria ocultar dela esse detalhe, concluiu Lydia.

Furiosa com os próprios e angustiantes pensamentos, ela abriu a porta do armário de roupas e pegou a primeira peça que viu: um vestido de seda na cor pêssego que Stiles achava que combinava com os olhos dela.

Será que ele estava começando a amá-la de verdade? Não tinha como ter certeza disso, porque ele havia proposto fazer tudo o que ela desejasse para manter o casamento, pelo bem da criança.

E também, Lydia precisava entender o sacrifício dele em deixar Malia e a paixão entre eles para trás. A reação de tristeza era esperada. Ainda era cedo para que o esquecimento acontecesse.

E Stiles agira com sensatez para que o filho não sofresse as conseqüências de um lar desfeito. Até aventara a possibilidade de querer mais filhos.

Prometendo a si mesma ter mais paciência, escovou os cabelos até senti-los macios, aplicou um mínimo de maquiagem no rosto e saiu para procurar pelo marido.

Stiles não estava no estúdio. Nem em outra parte qualquer da casa. Parecia ter sumido!

O silêncio absoluto tornava o ambiente tão estranho como se uma tormenta estivesse a ponto de acontecer. Lydia sentiu um suor gelado escorrer pela testa e a dor na coluna intensificar-se. Devia ter dormido mal, pensou.

Quando encontrasse Stiles, iria sugerir que jantassem fora naquela noite. Precisava sair um pouco e ficar sozinha com ele, longe da desagradável companhia da tia, que a fazia sentir-se diminuída.

Contudo…

Fugir do problema não significava a solução. E esse não era seu estilo. Pelo menos, não costumava ser. Só tomara uma decisão dessas quando a convivência com Alexandra ficara insustentável por conta das constantes críticas de que ela não servia para esposa do rico e charmoso sobrinho. E, fora a atitude da tia, ainda havia o veneno destilado por Malia na noite da festa.

Mas já era tempo de enfrentar a situação, de uma vez por todas. E, decidida, seguiu para o hall principal, onde ficavam os aposentos de Alexandra.

Estava determinada a propor uma trégua para a idosa mulher. Iria sugerir que tentassem ser amigas, e, se isso não fosse possível, pelo menos o respeito deveria prevalecer.

Enquanto descia a escadaria, sentiu uma pontada forte na parte inferior do abdome. As pernas estavam estranhamente pesadas, impedindo-a de acelerar o passo.

Quando finalmente chegou ao andar térreo, vislumbrou por um dos vidros da imensa porta da entrada principal que Stiles estava entrando pelo portão lateral, vestido com camiseta e jeans. Provavelmente voltava de uma caminhada pelos arredores, como apreciava fazer.

Antes que ele alcançasse a porta, ela apressou-se em entrar nos aposentos de Alexandra, sem que Stiles a visse.

A conversa que desejava ter com a tia dele precisava ser particular.

Franziu o cenho ao ouvir que o telefone sobre a mesinha rosa tocava incessantemente. Provavelmente a anciã não estaria por ali. Caso contrário, já o teria atendido. Decidiu que falaria com ela em outra oportunidade. Porém, quando virou as costas para sair, resolveu voltar para atender ao telefone. Podia tratar-se de algo importante.

— Malia! — ela surpreendeu-se assim que reconheceu a voz.

— Preciso falar com Stiles! Onde ele está?

A grega parecia histérica. Lydia sentiu o coração acelerar-se e a respiração ficar ofegante.

— Posso lhe dar o recado, se quiser — Lydia ofereceu, a contragosto. Será que Stiles já tinha lhe dito que iria manter o casamento e por isso a mulher parecia tão desvairada?

Após uma série de palavras ditas em grego com tamanha fúria que Lydia julgou tratar-se de implicâncias, Malia despejou, em um tom indignado:

— Liguei para Alexandra esta tarde e ela me contou que você estava grávida. Não se lembra do que lhe falei naquela noite? No momento em que der à luz essa criança, seu casamento estará acabado! Eu a avisei, não foi?

Lydia ficou sem palavras e sentiu que o sangue sumia de sua face. Será que Stiles colocaria o amor por Malia em primeiro lugar? Não podia ser verdade! Ela não permitiria que aquilo acontecesse!

Percebendo que Stiles acabava de se aproximar, ela passou-lhe o fone e encostou-se na parede para evitar cair, por conta das pernas trêmulas.

— De onde está ligando, Malia? Está em Atenas?

Lydia percebeu a tensão no corpo de Stiles enquanto aguardava a informação do outro lado da linha.

— Estarei aí em 15 minutos. Mas primeiro quero que me prometa que não fará nada disso. Está bem?

Lydia sentia o coração acelerar-se cada vez mais. Tentava entender o que estava acontecendo. Malia o chamava e, como sempre, ele abandonava tudo para sair às pressas e encontrar-se com ela. Vê-lo fazer isso era como levar um soco na boca do estômago!

As pontadas dolorosas na região pélvica se intensificaram. Será que havia algo errado com o precioso bebê? Poderia estar a ponto de perdê-lo? Não! Isso não poderia acontecer! Ela precisava de ajuda!

Lydia abriu a boca para alertar Stiles da possibilidade de estar tendo um princípio de aborto, mas calou-se quando ele comunicou:

— Preciso ir. Não me espere para o jantar.

Não poderia deixar que ele se fosse. A situação poderia ser grave. Por isso correu até a porta antes que ele a fechasse:

— Não vá, Stiles. Preciso de você! — foi só o que ela conseguiu dizer, da maneira como estava assustada. Ele tinha que atendê-la, em primeiro lugar!

Ele a olhou como se não estivesse realmente enxergando:

— Não posso esperar. Preciso ir correndo. Ela está ameaçando… — Ele recolheu as palavras antes de pronunciá-las. Depois afirmou: — Um dia desses eu lhe contarei o que acontece, mas agora não há tempo para isso. Sinto muito, mas tenho de ir.

Quer dizer que quando Malia o chamava ele não tinha tempo para a própria esposa?, ela refletiu furiosa. E, então, ameaçou:

— Se me abandonar agora eu juro que tomarei a outra alternativa que mencionou. Pedirei o divórcio! — E ela falava sério, mesmo sentindo os joelhos bambearem.

Enquanto havia esperanças de serem felizes juntos, ela se dispusera a fazer o possível para ser uma boa esposa e aguardar que ele se esquecesse da outra. Porém, não pretendia ficar em segundo plano para o resto da vida. E assisti-lo correr para os braços da amante no momento em que ela o chamasse era mais do que poderia suportar.

— Você me conhece, Lydia. Não sou homem de aceitar ultimatos. Fiz uma promessa e não pretendo quebrá-la.

O tom de frieza na voz dele a irritou mais do que ela poderia imaginar.

E, para piorar, antes de sair ele parou na soleira da porta e olhando-a por cima do ombro, finalizou:

— Se é capaz de fazer ameaças tão infantis, nosso casamento não pode ser levado tão a sério, não é mesmo? Pense nisso. Conversaremos mais tarde.

Lydia sentiu uma tontura e a vista começar a escurecer bem no instante em que o via sair da sala.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima.



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