MALANDRA escrita por Bruna Coelho


Capítulo 11
Capítulo 11 - PUXÃO DE ORELHA




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Eu mal tinha pisado em casa depois do final de semana com Ariel e meu pai estava sentado na sala me esperando com um copo de whisky. Pude ver pela sua expressão que ele estava bem bravo... 

— Senta aqui um instante, Clara — ele pediu apontando para a poltrona a sua frente. Eu devia ter feito alguma merda, mas eu não tinha ideia do que poderia ter sido, para mim eu estava indo bem...

— O que foi, pai? — perguntei tentando manter a postura, mas eu estava me tremendo toda. Sentei de frente a ele. Engoli seco. Ele me jogou dois arquivos no colo. 

— Você está gostando desse menino, Clara? — ele começou o interrogatório. Meu pai parecia muito bravo, mas mesmo assim era centrado e equilibrado. 

— O que? Gostando do Ariel? Claro que não! Tipo, ele é um cara legal, mas é que nem todos os outros, nada mais do que isso — respondi. E era a verdade. Eu gostava do Ariel, mas nada fora do comum, nada de diferente perto de várias outras pessoas que fiquei... Eu não queria fugir quando estava com ele, como já aconteceu com caras que fiquei antes, ele era legal, mas da mesma forma eu não queria passar o resto da minha vida com ele. Só era legal estar com ele. E se esse era o motivo dessa intervenção familiar, eu estava de boa... Até me permiti relaxar. 

— Você nunca demorou tanto para conseguir uma informação que fosse na sua vida, nem quando criança. Já fazem quatro meses, Clara, e a única coisa que você fez foi nos apresentar aos pais do garoto. Até sua mãe está mostrando mais progresso que você. Você está esquecendo a sua importância no que a gente faz? — apesar da postura, meu pai estava bem impaciente, ele só não estava gritando porque não era do feitio dele, mas eu estava imaginando que internamente ele estava bem assim, entre berros... querendo me matar. 

— Não tem nada de errado, pai, só está sendo bem mais difícil que das outras vezes, não é culpa minha, eu estou tentando... Mas vou me esforçar mais — neguei voltando a me tremer por dentro. Era tão ruim quanto eu pensava sim... era até pior. E eu não tinha defesa. Meu pai estava 1.000% certo, eu estava atrapalhando mais do que ajudando dessa vez, e geralmente essa era a postura da minha mãe que sempre só quer saber de comprar.

— É bom você se esforçar, Clara. Está aí a atualização dos arquivos que você fez escândalo para conseguir... Espero que sirva de incentivo para você trazer alguma informação útil — ele falou virando um gole do seu whisky puro. 

— Deixa comigo, eu vou conseguir — falei, então o deixei. Peguei a minha mala que deixei para trás e com dificuldade levei ela para o meu quarto. Joguei os arquivos na minha mesa, puxei com toda a força a colcha da minha cama arremessando as minhas almofadas em todas as direções do quarto, conseguindo agarrar uma que veio na minha direção antes que ela pudesse cair no chão.

Então, fui repetir a dose de uma das poucas coisas que me fizeram bem  nos últimos dias. Estendi a colcha sobre o gramado do jardim da frente, joguei a almofada no chão e me deitei. Coloquei uma música bem baixinha e fiquei lá, observando as estrelas. Minha cabeça estava a mil porque meu pai estava certo... Eu não tinha nada. Nenhuma informação. E eu nunca havia demorado tanto para conseguir uma informação. Eu era boa nisso. E agora eu estava atrasando todo o plano... O que estava acontecendo comigo? De repente, um ser humano parou ao meu lado e ficou me encarando de cima com seus olhos castanhos gigantes.

— Não é uma boa noite, Mel — falei um tanto ríspida tentando expulsar a garota, mas como ela não tinha senso nenhum, deitou-se ao meu lado de barriga para baixo e apoio seu queixo nas suas mãos. 

— O que aconteceu? Brigou com Ariel? — ela perguntou tentando ser legal, sei que estava tentando ser legal porque sempre se referia a ele como "meu namorado", mas dessa vez não... Ela não queria me irritar, queria me entender, me ajudar. 

— Não, não aconteceu nada com ele... Eu sei lá, você já foi muito, mas muito boa em alguma coisa e dai do nada parou de ser? Como se tivesse algum bloqueio ou se auto boicotando, não sei — contei o que estava me incomodando mantendo a discrição. "Então, Mel, estou aqui para tirar informações sobre a sua família e até agora não consegui nada além da sua amizade". 

— Huuuuuuuuuuuum, talvez seja porque você precisa mudar... Quer dizer, não literalmente, porque você já faz muito isso. Já pensou que talvez você não queira fazer mais isso e por isso tá se boicoitando? Sei lá, tenta achar algo diferente para fazer... Tem muitas coisas na vida que eu queria ter feito e não fiz, uma hora eu devia tentar, você também... vai que a mudança que você está esperando tá ai — aconselhou ela. Se eu não tivesse tão mal, eu iria rir. Que conselho absurdo. Eu A M A V A o que eu fazia. Não existia a possibilidade de eu não querer fazer mais isso... ainda mais por causa deles. Já conheci pessoas bem mais legais na vida e isso não me impediu. O que eu sentia por Ariel, Melissa e Noah não estava me influenciando, eu precisava descobrir o que estava... O que tinha de errado comigo? 

— Não ajudou muito... O que você nunca fez? — fui sincera. 

— Bom, eu tentei, né... Muita coisa louca. Muita coisa boba. Tipo, eu nunca  saltei de paraquedas e nunca dancei uma música lenta com ninguém — ela falou desistindo de me dar conselhos. Acho que ela me conhecia um pouco o suficiente para saber que eu não era do tipo de pessoa que gostava de ficar desabafando e ouvindo conselhos, então não insistiu em falar mais nenhuma das suas besteiras, guardou-as para si.  

— É, você tentou, vem cá, pessoa que nunca dançou uma música lenta  — chamei ela para perto de mim. Melissa ficou bem ali do meu ladinho. Colada em mim. Com a cabeça repousada do meu peito. Eu tive os 30 minutos de paz que eu precisava para criar coragem para voltar a minha vida. Cutuquei ela para nos levantarmos. Então nos despedimos ali no jardim. Eu tinha que arrumar as coisas para o dia seguinte... E dar um jeito de cumprir a missão que eu estava procrastinando. Joguei minha colcha e minha almofada no chão, estava sem paciência para dobrar, e fui para os arquivos. Peguei meus óculos e comecei a desbrava-los. Quando pude ver que a luz do quarto de Mel acendeu, fiz uma pausa para ver o que a garota estava fazendo, sem querer fraguei-a trocando de roupa e corei. Quando ela foi até a janela para fechar a cortina, pode me ver, então eu dei um tchauzinho e lancei um sorriso sem graça. Ela só retribuiu e foi se deitar. Não demorou nem um minuto para a tela do meu celular ascender com a notificação de uma mensagem dela. O conteúdo era nada menos do que:

'Safaaaaada'

'NÃO FOI DESSE JEITO QUE VOCÊ ESTÁ PENSANDO. FOI SEM QUERER!' - respondi imediatamente um tanto nervosa.'

'Se foi sem querer, por que continuou olhando?' 

'aaaaa, me poupe! acredite se quiser'

'Escolho não acreditar. Boa noite, Clara! Nem vou falar para sonhar comigo, pqné, depois do que você viu, eu sei que vai acontecer'

'Vai dormir, Mel, que você já está delirando de sono. Boa noite!'

Depois desse acontecimento, eu não estava mais confiando em mim nessa noite. Tirando Ariel e alguns dos minutos que passei com Melissa, afinal, ela dava um jeito de estragar tudo... O meu dia havia sido um desastre. Era melhor acabar logo com ele... Coloquei meu pijama e me joguei na cama. Pela manhã tudo voltaria ao normal...

 


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Notas finais do capítulo

Está aberta a temporada de cenas fofas de #Clarissa... preparadxs!?



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