Sorte ou Azar escrita por Isa imortalizada


Capítulo 14
Capítulo 14




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POV. ALICE 

 

Passava as mãos pelos meus cabelos ajeitando os cachos que caiam em cascata até abaixo da minha cintura, ver minha face angelical no reflexo do espelho me deixava tão animada.

Sempre fui vaidosa, mais não aquele tipo que é viciada em produtos de beleza e tratamentos estéticos, mas sempre gostei de me cuidar, e a minha paixão era o meu cabelo, quando o nosso cabelo esta lindo até a nossa autoestima é elevada e nos sentimos mais fortes.

Minha paixão são os perfumes uma combinação dois elementos químicos que fazem um aroma único e que em contato com a pele se torna seu próprio o seu cheiro característico.

Ajeitei a gravata do uniforme, passei a mão tentando tirar qualquer tipo de sujeira imaginável que pudesse estar ali, peguei a bolsa com o meu uniforme da torcida e desci as escadas, pronta para mais um dia de aula.

—Senhorita Cullen, o carro esta a sua espera – disse um dos seguranças da escolta do meu pai.

—obrigada

Coloquei os meus fones de ouvido e me desliguei do mundo, por todo o percurso até o colégio.

—Licinha, ai que saudades, você já montou a coreografia? – disse minha amiga

—já Maria, passei a maior parte de ontem tentando elaborar algo legal, acho que as meninas iram gostar.

—você viu que algumas meninas estão acima do peso, acho que você deveria tomar alguma atitude, não é legal termos animadoras gordas, seria o fim do nosso time.

—calma independente se está acima do peso, o que conta é a habilidade e o comprometimento, não o número que aparece na balança.

—ai você às vezes é boazinha de mais, mas é verdade o que estão dizendo por ai?

— o que? –perguntei curiosa

— que o seu irmão é o novo professor de ciências políticas? –exclamou animada

— ah isso, as noticias voam por aqui – disse fechando meu armário.

—radio fofoca dos corredores

—é verdade, ele vai começar hoje.

—você que vai se dar super bem né, tenho certeza que você só vai tirar dez, sortuda.

—não é bem assim, eu vou ser avaliada como qualquer outro aluno.

—ta, finge que eu acredito.

Minha segunda aula era de ciências políticas e já estava me preparando psicologicamente para as gracinhas que os alunos fariam por eu ser irmã do professor, Edward sempre foi o meu confidente, os piores anos da minha vida, foi quando ele teve que ir para a faculdade, foi o maior período em que ficamos separados, ele é uma boa pessoa, mais sinto que algo o machucou quando ficou fora.

— olá meu nome é Edward Cullen e sou o novo professor de ciências políticas – ver o meu irmão no seu modo professor era muito engraçado, ele estava serio e concentrado.

—ual, Edward com você eu nem ligaria de ficar de detenção – disse uma menina, que não me recordo o nome e que fazia parte do time da torcida.

—qual o seu nome?

— Kinberly Berini

— Senhorita Berini, guarde suas gracinhas para a senhorita, nas minhas aulas eu exijo respeito e comprometimento com a matéria que irei ministrar.

A sala inteira se calou e alguns olhares se revezavam entre Edward e eu, alguns assustados, outros divertidos e uma Kimberly sem graça e vermelha de vergonha.

E o restante da aula passou em um silêncio constrangedor, assim que o sinal tocou todos fomos liberados para o intervalo.

—eu não acredito que o seu irmão fez aquilo com a Kinberly

—Maria, mais ela deu motivo.

—tudo bem que o seu irmão é um gato, mas ele não deveria ter feito aquilo...

E eu simplesmente me desliguei assim que vi ele, sim o garoto mais lindo do colégio, e capitão do time de futebol, Jasper Halle, eu era apaixonado por ele desde quando ele me ajudou no corredor, ele é gentil, engraçado e educado, diferente da maioria dos outros jogadores.

Meu coração acelera apenas em pensar nele, mas que idiota que eu sou ele nunca olharia para mim, talvez pense que eu sou uma animadora fútil e metida.

—Licinha, Licinha?

— ahh. Oi, desculpe do que estávamos falando?

— você tava no mundo da lua e me deixou falando sozinha o que te fez perder o foco desse jeito? Talvez um garoto? Ah me conta quem é

Eu sempre fui muito tímida quando o assunto era garotos, mas por algum motivo alguma coisa me dizia para não revelar nada a Maria, como um sexto sentido eu desviei o assunto.

— não é nenhum garoto, acho que eu esqueci o meu caderno de química com os exercícios que valiam nota, só isso.

— você é inacreditável, sempre tira dez em química, se você não fosse da torcida com certeza seria uma nerd, rata de biblioteca.

A mesa da torcida estava a todo vapor e assim que chegamos e tomamos os nossos lugares eu fui bombardeada por diversas perguntas

—qual o tipo do seu irmão?

—ele tem namorada?

— podemos treinar na sua casa?

—Quando o seu irmão vai estar?

Ótimo um bando de garotas interessadas no Edward, só o que me faltava.

[...]

 - Hey Bailarina – fui surpreendida quando guardava minhas coisas em meu armário pelo meu melhor amigo de infância.

—oi Theo, como foi à viagem para a Coreia? -perguntei

— a você sabe como sempre, tomei muito Soju, aprendi uns passos novos de dança e tive que ir aqueles jantares chatos do meu pai.

—ai não reclama, eu sei que você adora esses jantares.

—ta pode até ser, mas quem não gosta de comida de graça?

— não disse

E rimos no corredor, mas meu riso foi cortado de repente quando senti meu corpo ir de encontro ao meu amigo que me segurou assustado assim como eu.

—sai da frente Cullen – disse a Kinberly, me lançando um sorriso irônico, ela havia feito de propósito, e suas amigas saíram rindo.

—porque ela fez isso?

—meu irmão chamou atenção dela, talvez uma forma dela se vingar dele é me atingindo.

—cuidado Alice

—pode deixar

[...]

— ai um mês em Paris, as férias perfeitas.

—parabéns, Maria

—ai vai ser incrível, os melhores passeios, varias fotos para postar no meu instagram e sem falar nas roupas incríveis que vou comprar.

—você vai gostar de Paris

— é o meu sonho

Nossa conversa foi cortada quando meu irmão entrou na sala de aula e foi entregando os testes da semana passada, e quando minha prova foi entregue o número oito estava escrito em tinta azul, me virei para Maria e sua expressão não era nada boa ela virou sua prova para mim e ali estava escrito perfeitamente em caneta vermelha o número quatro, e com isso sabíamos, ela estava de recuperação, se caso não passasse ela teria que ficar no colégio nas férias.

—você vai ter que me ajudar Alice – disse assim que saímos da sala

—tudo bem, a gente pode estudar depois dos treinos na minha casa ou na sua tanto faz.

—não, você não esta entendendo, você pode conseguir as respostas do exame, assim eu consigo me livrar da recuperação.

—desculpa, mas eu não posso fazer isso, é errado.

—errado é que por culpa do seu irmão eu ter que passar as minhas férias nesse colégio, invés de ir para Paris com a minha família, você é muito egoísta Alice.

— e só você se esforçar Maria, você é inteligente, tenho certeza que você vai entender a matéria e ir bem no exame.

—você não entende, não é tão fácil assim pra mim como é pra você Alice, quer saber você não é a minha amiga de verdade, se fosse conseguiria as respostas desse exame pra mim.

— eu não posso

— você vai se arrepender por isso – disse me dando as costas e saindo batendo os seus saltos furiosamente.

Ontem foi o dia da prova e Maria, qu não conseguiu recuperar a nota, e eu sabia que ela nunca mais iria falar comigo, ela era rancorosa e do que admitir a sua culpa ela iria transferir a culpa para mim.

Os dias se passaram e Maria se recusou a falar comigo e nem respondeu as minhas mensagens.

 No refeitório avistei Maria e Kinbery que estavam mais próximas nesses últimos dias e percebi seus olhares furiosos em minha direção, e na verdade nem sabia ao certo o que tinha feito de errado.

Respirei fundo e fui em direção à mesa da torcida e percebi que algo estava estranho, algumas tinham um olhar apreensivo, outras um olhar de pena.

—Alice, bom como porta voz da torcida da Trinity, decidimos por votação da maioria absoluta que você foi destituída da equipe, e partir de hoje você não é mais a nossa capitã - disse Maria.

— e qual o motivo? – perguntei fechando meus punhos para conter a minha raiva, e sentindo minhas unhas entrando cada vez mais em minha pele.

—por ter uma conduta inadequada

—conduta inadequada para você é não passar as respostas da prova de ciência políticas?

—pense como quiser, eu disse que iria se arrepender.

— Cullen, se retire da nossa mesa, você não é mais uma Trinity e não tem o direito de sentar conosco – disse Kimberly.

Sabe aquele típico momento que você fica tão nervosa e não sabe ao certo o que fazer, o que responder, você congela no lugar e pensa que tudo é um sonho e que as pessoas que você confiava, e ajudava simplesmente te viraram as costas, eu estava hiperventilando de raiva, mas com a ultima dignidade que eu tinha me levantei daquela mesa e sai do refeitório segurando a todo o momento as minhas lagrimas, quando já estava em um dos corredores eu desmoronei  e não vi ao certo para onde estava indo, não podia ficar ali, porque meu irmão poderia aparecer, ou alguma menina da torcida poderia me ver e contar a Maria, não precisava ser o furo de noticia da radio corredor, o único lugar que eu poderia ir era a biblioteca, nesse horário ela estaria vazia, no percurso eu esbarrei com alguém, olhei para quem foi e ali estava quem me tirava da minha orbita, Jasper Halle, mas não me importei em deixa-lo me ver em prantos, afinal nada mais importava.

—ei ta tudo bem? –ele perguntou

—desculpa, ta sim, com licença-disse e sai correndo dali.

Assim que avistei a porta na biblioteca me senti aliviada, a sala estava gelada e meu corpo quente de raiva entrou em choque, respirei fundo procurando me acalmar.

—Alice? O que você esta fazendo aqui? – Theo estava digitando em seu notebook e com os fones de ouvido em volta do pescoço , jogando online

—Theo, ela.. elas.. Me... – tentava dizer, mas nenhuma palavra coerente sai dos meus lábios.

— vem aqui – disse me abraçando

Ali nos braços do meu amigo eu me permiti chorar e ouvi a porta da biblioteca ser aberta e fechada, mas não me importei em olhar o que tinha sido, meu estado era catatônico.

Os dias se passaram e eu pensei que Maria iriam me deixar em paz depois de ter me destituído, mas agora como nova capitã ela repreendida qualquer pessoa que falasse comigo, algumas se distanciavam e nem me dirigiam mais um olhar se não fosse de pena ou de desprezo.

Eu passei a ser o alvo, tanto de fofocas, como de ataques, afinal quando você não é mais líder de torcida aparentemente você não é mais bem vinda.

Agora Theo sempre estava ao meu lado e até trocou os horários das aulas com o meu para não me deixar sozinha.

Uma das garotas me empurrou da escada me fazendo tropeçar deixando minhas coisas cair, e em questão de segundos uma dor no joelho me assola.

A comitiva de Maria Passou, e ela fez questão de parar e olhar em minha direção.

—deveriam varrer o lixo dos corredores – sorriu zombeteira olhando e encarando as suas seguidoras que começaram a rir junto com ela e saíram dali.

—você devia conta para o seu irmão o que ta acontecendo- disse me ajudando a levantar

—eu não posso fazer isso você sabe – disse ajeitando o uniforme

—ele vai entender

— meus pais disseram que essa oportunidade é única para a carreira dele, não posso destruir isso.

—mas pode deixar que as pessoas destruam você?

—eu posso suportar.

E naquele mesmo dia tudo mudou, eu soube que estava no próprio inferno pessoal.

 Ultima aula era  de educação física, depois de termos corrido alguns quilômetros pelo campo de futebol, para minha infelicidade a maioria das meninas faziam aquela aula, e não me surpreendi quando “acidentalmente” alguns pés era colocados no meu caminho para me desequilibrar e me levar ao chão.

Ótimo, mais alguns roxos e escoriações para conta, que humor negro e doentio eu passei a ter, ri comigo mesma.

E ao final da aula todas foram ao ginásio tomar banho, fui uma das primeiras, quanto mais rápido terminasse mais rápido iria embora sem ouvir qualquer gracinha de alguém.

A água quente caia por minhas costas, estava terminando de passar o condicionador no cabelo quando olhei para baixo e percebi que a água estava azul, olhei para os meus cabelos e mais da metade estava azul, eu esfregava e aquela tinta não saia, e finalmente pude perceber que o meu corpo inteiro estava da mesma cor, abafei o meu choro e desligue o chuveiro, eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo comigo, me enrolei na toalha e sai do Box.

Kimberly e Maria estavam ali me esperando e o vestiário vazio

— Eu disse que você iria se arrepender Cullen – disse Maria

— olha vendo você assim como um avatar eu até me sinto vingada pelo o que seu irmão me fez

—vocês são loucas

—não queridinha, apenas estamos mostrando o que acontece quando alguém entra no nosso caminho – disse vindo em minha direção

— o que você vai fazer?

— vou tirar tudo o que é importante pra você Alice, assim como você fez comigo

—o que você vai fazer Maria?  Me matar?

—muito pior, te matar seria muito simples e indolor, prefiro ver você sofrendo

Kimberly me segurou pelos braços e Maria pegou a tesoura de dentro de seu casaco e puxou o meu cabelo e foi cortando mexa por mexa, foi involuntário não chorar, me debatia e minhas lagrimas caiam cada vez mais, gritava pedindo para ela parar e cada vez que fazia isso ela ria como se meu sofrimento fosse musica para seus ouvidos.

E naquele momento toda a confiança que eu tinha não existia mais.

 

 


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Notas finais do capítulo

Ahhh gente, dor no coração de ver a nossa Alice sofrendo desse jeito!



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