31 de Outubro de 1980

Casa dos Potter

Lily parecia quase melancólica com o pequeno Harry Potter no colo. Sirius e Remo não entenderam direito o que havia acontecido, uma profecia dizia que O Lorde das Trevas viria atrás de um garoto ou algo assim… Mas ninguém se importava para o que a profecia realmente dizia, estavam mais preocupados com a segurança de Harry.

A verdade é que não sabiam se era Harry o garoto da qual a tal profecia dizia a respeito, o filho de Frank e Alice Longbottom também havia nascido perto da data de nascimento de Harry, o pequeno Longbottom também precisava ser protegido e por isso também estavam escondidos.

Harry gritou e esticou os bracinhos para Marlene McKinnon, ela sorriu satisfeita ao segurá-lo no colo, mas o cheiro vindo do bebê indicava que havia algo errado. Lily e Marlene foram trocar o pequeno em seu quarto.

— E então? — sorriu James — Alguma novidade da Ordem?

As olheiras escuras e fundas por baixo dos óculos redondos de James denunciavam que mal conseguira dormir. A aparência de Lily não estava lá muito diferente, a de todos estava semelhante. A Guerra havia se intensificado de uma maneira que nem mesmo A Ordem esperava acontecer. Até Dumbledore parecia preocupado com o rumo que a Guerra estava tomando.

Desde o nascimento de Harry, James e Lily haviam se afastado d’A Ordem. Dumbledore instruiu Frank e Alice a fazerem o mesmo, mas estes negaram, revesavam os cuidados de Neville com a mãe de Alice.

— Nada de mais — Remo sorriu, nas mãos um copo d’água, estava tentando parar de beber — Mas Dumbledore está furioso porque informações sobre a Ordem ainda estão vazando, ele acha que tem um traidor entre nós.

— E o seu irmão, Almofadinhas?

— Ninguém o encontrou — deu de ombros — Tentei consolar minha mãe, mas ela me lançou um cruciato, a minha sorte é que Lily me ensinou a conjurar um feitiço de proteção. — riu.

James e Remo se calaram. O senso de humor de Sirius não era lá muito comum entre os marotos. A Guerra estava deixando-o perturbado e muito mais melancólico do que ultimamente.

— E como estão as coisas entre você e Marlene? Ainda querem se casar?

— Sim, ano que vem eu acho, é ela quem organiza essas coisas, não sei direito.

Alguém bateu à porta. Os três se levantaram com a varinha em mãos. Quando a porta se abriu, deram de cara com um Peter completamente rosado, o frio havia lhe machucado a face, estava mais ofegante que nunca.

— Vai se foder, Rabicho, que susto — esbravejou Sirius, voltando a sentar no sofá. Apontou a própria varinha para a porta e a trancou — Custava bater na porta e dizer “sou eu, o Rabicho”?

— Desculpe — Rabicho apoiou-se nos joelhos, esbaforido — Comensais me perseguindo… eles…

— Quem?

— Dolohov e… Mulciber... eu acho…

Mas era mentira. Remo e James insistiram que fossem atrás dos Comensais que seguiram Peter, mas ele repetiu todas as vezes que provavelmente já haviam aparatado. Sirius olhou pela janela, não viu movimento algum, mas permaneceu calado. Por ter nascido rodeado de mentirosos, desconfiar de alguém acontecia sem que percebesse, mas desconfiar de Peter era idiotice.

Lily e Marlene voltaram a sala, a loira com a criança no colo. Harry soltou um gritinho de felicidade ao ver Rabicho, já esticando os bracinhos para que ele o pegasse no colo. Desconcertado, Peter o pegou.

— Agora que está todo mundo reunido aqui — começou James — Lily e eu tivemos uma ideia, queríamos conversar com vocês a respeito de uma coisa.

Os quatro amigos esperaram pacientemente, mas Harry agora queria ir para o colo de Sirius.

— Lírio e eu pensamos em nos proteger com um fidelius — começou, Lily ao seu lado apenas lhe fez carinho na coxa — Até agora tivemos muita sorte em estar protegidos por alguns feitiços que Dumbledore conjurou, mas Lily acha que…

— O fidelius é extremamente eficaz — Lily o cortou — Somente o fiel do segredo pode revelar o lugar em que estivermos escondidos, é muito mais seguro para nós e para Harry.

— Mas quem vai conjurar esse feitiço? — questionou Marlene

— Pediremos a Dumbledore.

— E é ele quem vai ser o fiel do segredo, certo? — Sirius arqueou uma de suas sobrancelhas

— É ai que vocês entram — sorriu James — Nós queremos que um de vocês seja o fiel.

Todos se calaram. Uma camada de suor nasceu na testa de Peter, mas ninguém percebeu que estava tenso. Sirius franziu o próprio cenho, irritando-se com a situação.

— Vocês só podem ser burros — retorquiu — Estão arriscando a própria vida e a vida de Harry. Se Dumbledore for o fiel do segredo ninguém nunca vai descobrir, os Comensais mal chegam perto dele.

— Mas vocês são nossos amigos… — começou Lily, tristemente.

— Lírio — Sirius respondeu com deboche — Somos seus amigos até alguém nos dominar com uma maldição império.

— Sirius! — exclamou Marlene

— Não, estou falando sério, vocês dois estão longe d’A Ordem, não fazem ideia do inferno que está ai fora. Peter quase foi morto à minutos atrás! — James encarava o melhor amigo, agora com certa irritação pelo tom de voz do Black — Pontas, isso é burrice! Peça a Dumbledore para ser o fiel do segredo, será que você não ouviu quando Remo contou que temos um traidor entre nós?

— U-um traidor? — Peter arregalou os olhos castanhos, o suor em sua testa agora se intensificava

— Eu quero que seja um de vocês — repetiu James — Por favor.

Sirius berrou mais uma vez e uma discussão acalorada entre os dois melhores amigos se instalou no cômodo. Remo estava entre os dois, abaixando suas varinhas e impedindo-os de partir para agressão física. Lily entrou no meio da discussão, defendendo o marido e sua vontade quanto ao feitiço e sua segurança. Harry começou a chorar no colo de Marlene, e Peter, em um momento misto de irritação e epifania os interrompeu:

— Eu posso ser o fiel — gritou — Os comensais iriam diretamente para Sirius, mas eu posso me camuflar e…

— Ótima ideia, Rabicho — exclamou James.

Mas Peter se arrependeu no exato momento em que se voluntariou, pois sua mente voltou diretamente ao Lorde das Trevas.