Beautiful Thing escrita por furlerkatic


Capítulo 1
Grandpa's Cabin


Notas iniciais do capítulo

Oláaa! Passando para deixar uma oneshot aqui pra vocês.
Eu estava passeando pelo pinterest há uns dias quando vi a imagem da capa, algumas ideias começaram a surgir e precisei escrever esta história. Me inspirei em algumas músicas de Sleeping at Last ao longo da escrita (sim, eu sou muito apaixonada pelas músicas dele): Life, Light, Daughter e Lullaby, e vocês vão encontrar citações e paráfrases em certas falas. Bem, acho que é isso. Espero mesmo que gostem e tenham uma boa leitura! ♥



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—Está tudo bem aí atrás? – Beckett perguntou, virando-se rapidamente somente para checar suas duas garotinhas no banco de trás do carro. Castle havia dado algo para elas comerem minutos atrás, e Kate queria ter certeza de que nenhuma bagunça tinha sido feita. Para o seu alívio, Olivia e Elisabeth estavam agora concentradas em beber o suco que ela havia feito e colocado em seus copinhos; os dois pares de olhos castanho-esverdeados tentando captar os detalhes da paisagem que os cercava. – Elas parecem bem despertas. – comentou, já com o olhar de volta na estrada.

—Estão animadas para ver o avô. Espero que Jim tenha guardado energia para o fim de semana. – Castle respondeu, tentando soar bem humorado. Ameaçava dizer mais alguma coisa quando outra crise de tosse o impediu. Kate já tinha perdido a conta de quantas vezes aquilo tinha ocorrido desde a tarde anterior. Ele deixou escapar um som que indicava dor, o que fez a mulher ao seu lado respirar fundo e balançar a cabeça num gesto negativo. – Eu estou bem, Kate. – ele completou, tentando despreocupá-la. – É apenas a minha garganta.

—Você não está bem. Nós devíamos ter remarcado, eu daria um jeito de conseguir folga no fim da semana e você poderia ir ao médico.

—Sim, mas o seu pai está animado para ver as netas e mostrá-las a cabana. Ele ligou todos os dias desde que marcamos a data contando seus planos. Não seria justo fazê-lo esperar mais. – colocou a mão sobre uma das coxas dela, apertando levemente. – Além do mais, também estou ansioso para conhecer o lugar. Não sei por que nunca fomos até lá antes.

—É, eu me perguntei o mesmo. Mas tem certeza, babe? Eu amo o fato de você estar pensando nas expectativas do meu pai, mas não vai ser a mesma coisa se você estiver cansado, e tossindo o tempo todo. – ela disse, e no mesmo instante sua expressão mudou de dúvida para entusiasmo. – Acabei de me lembrar de algo! – seu tom agora era animado, e ela sorriu para ele.

—O quê?

—Quando eu era mais nova, ia passar as férias na cabana com os meus pais. Acho que já te contei isso. – Castle apenas fez um gesto afirmativo e ela continuou. – Bem, era comum que eu pegasse resfriados porque adorava ficar de fora da casa à noite, observando as estrelas. É simplesmente lindo, Cas, você vai ver. O ponto é que nós tínhamos essa pequena... horta na lateral da casa. Minha mãe sempre colhia algumas plantas medicinais e preparava um chá para mim, com a promessa de que eu estaria melhor no outro dia. Ela já nem me xingava mais por escapar durante a noite. – riu e Castle a acompanhou, com o olhar fixo nela, captando a felicidade em seu rosto ao revisitar aquela memória. – Se nada tiver mudado, irei fazer o chá de Johanna Beckett para você.

Disso eu não sabia. Então, você aprendeu a fazê-lo?

—É claro. O café se tornou o meu aliado ao longo dos anos, mas ainda me lembro do preparo.

—Bem, eu não estou em posição de negar. – suas últimas palavras quase foram engolidas por mais uma crise, da qual ele levou alguns segundos para se recuperar. – E isso sustenta o que acabei de dizer.

Kate abriu a boca para dizer algo, mas foi interrompida pela voz infantil que soou no carro:

—Papai! Já estamos chegando? – era Elisabeth quem perguntava, balançando as pernas, claramente querendo sair dali o mais rápido possível.

Castle se virou para trás e fingindo estar completamente surpreso, falou:

—Meu Deus, vocês duas já terminaram o lanche? – olhava os copos vazios caídos no espaço entre as cadeirinhas. Queria distraí-las um pouco. Ainda precisavam percorrer alguns quilômetros até a cabana, o que significava muito tempo para uma criança impaciente. – E não deixaram nem um pouco para o papai?

—A mamãe fez mais! – Olivia respondeu, apontando para a Kate.

—É mesmo, mamãe? – Castle olhou para ela, que revirou os olhos.

—Sim, mas o papai consegue esperar mais um pouco, não é? – Kate disse, lançando-lhe um olhar que dizia “Elas já comeram o suficiente e você vai lidar com isso se pedirem mais.” – Além disso, o vovô Jim preparou algo delicioso para vocês!

Aquilo chamou a atenção de Elisabeth, que perguntou:

—O que é?

—Eu não sei, Lilibet, ele me disse que era segredo e que não podia me contar também. – Kate respondeu, fazendo uma carinha triste.

—Ah, não! – ela exclamou, replicando a expressão da mãe.

—Vocês acham que eu consigo caber nesse espaço aí pra gente tentar adivinhar o que é que o vovô Jim está fazendo, juntos? – Castle sorriu para elas.

Olivia olhou para o espaço e, então para ele:

—Eu acho que não, papai. – falou, num tom que o lembrava muito de um certo alguém. E tão pequena!

Kate começou a rir, fazendo as meninas rirem também, e nem mesmo Castle conseguiu resistir.

—Tudo bem, então eu fico aqui e vocês aí. – ele disse, por fim. – Agora, quem quer começar?

~

Quando eles saíram da rodovia para entrar na estrada de terra que levava até a cabana, o movimento diminuiu consideravelmente, e era raro outro carro passar por eles. Castle conseguiu prender a atenção das filhas por tempo o suficiente, inventando brincadeiras, ou incentivando elas a falarem sobre as semanas que haviam passado fora de Nova Iorque. Kate estava de férias, e Castle podia escrever de onde quisesse, então decidiram viajar para outro estado com as filhas pela primeira vez. Como a escola das duas também estava em uma pausa, tudo funcionou bem. Optaram por terminar os seus dias de descanso na companhia do Jim, porque, além do fato de que Kate sentia falta do pai e, as meninas, do avô, a cabana era um lugar calmo e ótimo para encerrar aquela aventura.

Jim Beckett costumava visitar os Castle ao menos uma vez por semana. Queria acompanhar o desenvolvimento das netas bem de perto, conhecer as diferenças e peculiaridades entre cada uma. Olivia e Elisabeth podiam ser gêmeas idênticas, mas a cada dia que passava, algo novo mostrava o quão distintas eram as suas formas de se expressar. Mesmo ainda sendo pequenas, dava para perceber que, enquanto Olivia era mais sensível e observadora – embora, como toda criança, adorasse uma boa diversão –, Elisabeth era mais extrovertida, não parava quieta, sempre curiosa, à sua própria maneira. E Jim desejava  acompanhar todas essas descobertas. Seu amor pelas netas e vice-versa era algo lindo de se testemunhar, e Kate e Castle não escondiam o quanto aquela ligação especial os deixava feliz.

O sol já estava se pondo, deixando o céu com um tom alaranjado, quando Kate estacionou em frente à casa.

—Chegamos! – disse, olhando para trás, mas encontrou apenas uma das suas pequenas acordadas. Olivia parecia estar em um sono profundo, o que fez Kate sorrir, antes de buscar o olhar do Castle. – Eu vou levá-la primeiro e depois venho te ajudar com as malas.

—Não precisa, são poucas coisas.

—Eu posso ajudar! – Elisabeth falou alto lá de trás.

—Shhhh. – Kate pediu. – Sua irmã está dormindo.

—Desculpa. – ela sussurrou, e repetiu, dessa vez num tom bem mais baixo. – Eu posso ajudar, papai.

—Okay, kiddo. Obrigado. – Castle respondeu, já saindo do carro para tirá-la da cadeirinha.

Kate fez o mesmo, pegando Olivia em seu colo com todo cuidado para não acordá-la. Nesse momento, Jim saiu pela porta da frente, sorrindo ao vê-los ali. Foi logo cumprimentar a filha, abraçando-a desajeitadamente, mas se certificando de que sua neta continuaria dormindo. Com delicadeza, ele afastou alguns fios que cobriam o rosto de Olivia para deixar um beijo em sua bochecha, antes de encontrar o olhar de Kate.

—Parece que alguém se cansou no caminho... – ele falou.

—Ela passou a maior parte da noite acordada, no nosso quarto. Disse que ia nos fazer companhia para se assegurar de que Castle estava bem. – Kate explicou, sorrindo. – Ele estava tossindo muito, fiquei preocupada. Mas em comparação, parece um pouco melhor hoje. – fez uma pequena pausa. – Eu estava com saudades! Como o senhor está?

—Estou bem. – respondeu sorrindo. – E você, como está diferente! O sol da Califórnia lhe fez bem. Quero muito ouvir sobre a viagem de vocês.

—Foi maravilhoso, pai, nos divertimos bastante. Eu estava errada quando disse que seria uma péssima ideia praticamente cruzar o país com a Liv e a Lilibet.

—Fico feliz em saber. Bem, pode ir entrando. É melhor colocar esta aí na cama, vai ser mais confortável para vocês duas. – acariciou as costas da neta. – Terei que esperar até mais tarde para ganhar um abraço bem apertado, pelo visto.

—Garanto ao senhor que há alguém ali com energia o suficiente para mantê-lo ocupado. – ela comentou sorrindo, olhando para trás somente para chamar a filha. – Lilibet! Venha cumprimentar o vovô.

A garotinha soltou a pequena bolsa que Castle havia entregado para ela e foi correndo até o avô, que já estava agachado e a esperava de braços abertos. Kate aproveitou a distração para se afastar e entrar na casa. Elisabeth pulou no colo de Jim, abraçando-o.

—Ah, como você cresceu em pouco tempo! Vou ganhar um beijo?

Ouviram-se dois estalos em cada lado de sua bochecha, e Jim retribuiu o gesto.

—Você se divertiu muito viajando com a mamãe e o papai?

A menina balançou a cabeça afirmativamente.

—Nós vimos vários castelos! Olivia e eu tiramos fotos com uma princesa!

—Mesmo?! – ele fez uma expressão de surpresa.

—Minha parte favorita foi o parque. E a praia!

—Uau! Aposto que você tem muita coisa para contar.

—A mamãe disse que você preparou algo delicioso para nós. É verdade que é um segredo? – ela mudou o assunto, encarando-o com olhinhos curiosos.

—É, sim. – Jim sorriu. - Mas não precisamos mais do mistério, certo? Vamos entrar e ver o que é?

—Vamos! – ela respondeu animada.

Jim se levantou, dando-lhe a mão. Castle se aproximou deles neste instante, sorrindo com a cena.

—O vovô vai me mostrar qual é o segredo! – Elisabeth foi dizendo para ele.

—É mesmo? Eu posso ir com vocês? – ela apenas deu de ombros e olhou para o avô como se dissesse “a decisão é dele”. – Jim. – Castle o cumprimentou, abraçando-o rapidamente. – É mesmo muito lindo aqui.

—Você ainda não viu nada. Como está se sentindo? Katie me disse que você estava doente quando telefonei ontem.

Eles começaram a andar em direção à entrada.

—É só uma tosse, vai passar. Especialmente agora que Kate me prometeu um chá à la Johanna Beckett. – completou, num tom divertido.

—Eu não prometi, Castle. – Kate, que acabava de aparecer na porta, tratou logo de falar, estreitando os olhos para ele. – Mas isso me lembra de perguntar: pai, o senhor ainda cultiva as plantas que a mamãe tinha aqui? Queria preparar algo para ele.

—Sim, apesar de não usá-las. Sempre penso que irão vir a calhar algum dia. – Jim respondeu, ajudando a neta a subir o último degrau da pequena escada, e todos entraram na casa. – Precisamos mesmo de você melhor, Rick, porque amanhã faremos uma caminhada até o lago que tem aqui perto.

—Eu nunca vi um lago. – Elisabeth levantou a cabeça para encontrar o olhar do avô.

—É quase como o mar, só que menor.

—A água também é amarga? – ela fez uma careta, tirando risadas do avô.

—Não, a água é doce. E lá tem muitos pássaros e borboletas de todas as cores...

—Podemos ir agora? – perguntou, ficando nas pontas dos pés e balançando o seu braço efusivamente.

—Agora está tarde, querida. – foi levando-a até a cozinha. – E temos que ver qual é o segredo, não?

O que Jim havia preparado era um grande e realmente delicioso bolo de chocolate que tanto Elisabeth quanto Olivia amavam. Ele queria agradar as netas, e havia pedido à Kate a receita na noite anterior, para que pudesse fazer tudo certo. Enquanto os dois se divertiam na cozinha, Castle e Kate foram ajeitar suas coisas no quarto que ela usava quando mais nova. Olivia ainda dormia serenamente, com os braços e as pernas esticados, ocupando quase todo o espaço da cama. Por isso, gastaram o mínimo de tempo necessário ali, e foram para a cozinha experimentar o bolo de Jim.

Como já era quase noite e não tinham como explorar o lado de fora, até porque também estavam cansados, conversar foi a melhor distração. Elisabeth logo pediu que a mãe lhe desse alguns brinquedos e sentou-se no chão da sala, onde podia ser vista por todos, enquanto criava o seu próprio universo, inventando diálogos para seus bonecos. Kate e Castle tinham tanto o que contar para Jim e vice-versa, que mal viram os minutos passarem. Olivia acordou antes que escurecesse totalmente, caminhando sonolenta até a cozinha em busca do colo da mãe. Não interagiu muito com o avô naquele momento, embora tenha dito que havia sentido saudades dele e que, sim, adorou a viagem com os pais. Para animá-la um pouco, Kate a levou como companhia para colher as plantas do lado de fora, coisa que ela só se lembrou de fazer quando Castle teve outra crise de tosse.

—O papai vai ficar bem depois de... beber o chá? – Olivia perguntou, depois de ouvir a explicação da mãe sobre o que ela iria fazer com aquele “mato”.

—Acredito que sim. Mas para fazer efeito mesmo precisamos desejar com muita vontade que ele melhore! – falou, sorrindo para ela. – Acha que pode me ajudar, Liv?

—Uhum.

—Obrigada. – deixou um beijo rápido em sua bochecha. – Vamos voltar para dentro? Você e sua irmã precisam de um banho e, depois, que tal você brincar um pouquinho com o vovô? Ele sentiu muito a sua falta.

—Tudo bem. Você trouxe o meu quebra-cabeça? – perguntou, referindo-se ao presente que havia ganhado em seu último aniversário. Eram poucas peças, mas Kate ainda ficou impressionada quando ela conseguiu encaixar todas pela primeira vez, sem ajuda.

—Sim. Tenho certeza de que ele irá adorar montar com você.

~

Mais tarde, Castle se voluntariou para preparar o jantar enquanto Kate deixava as meninas prontas para dormir, e Jim o fez companhia, ajudando com uma coisa ou outra. Os dois haviam desenvolvido uma bela amizade com o passar dos anos, algo que era bem importante para o Castle. Ele enxergava o Jim quase como um pai, alguém com quem podia contar sempre que precisasse. Tomando conta de uma das panelas, Castle escutou Jim suspirar ao seu lado, onde picava algumas cebolas, indicando cansaço. Encostando em seu ombro levemente, ele falou:

—Talvez você devesse se sentar um pouco, Jim. Suas netas não te deixaram descansar desde que chegamos.

—Vou acatar a sugestão. – deu um pequeno sorriso, afastando-se para se sentar em uma das cadeiras. – Mas não posso reclamar. – continuou. – Olivia e Lilibet são garotinhas muito especiais.

—Eu sei. Desde que as duas nasceram eu sinto como se o sol brilhasse um pouco mais forte e o peso do mundo fosse um pouco mais leve, por causa delas. – Castle encontrou o seu olhar, com um enorme sorriso no rosto. – Deus, o tempo passa tão rápido. Quatro anos, dá para acreditar? E só de pensar em tudo que ainda está por vir...

—Vocês precisam aproveitar cada momento. E com elas, tenho certeza de que será maravilhoso. – fez uma pequena pausa. – Quando menos esperamos, os filhos já são adultos, espíritos livres, perseguindo os próprios sonhos.

—E não é incrível o privilégio que temos vê-los construir uma coleção desses sonhos?

—Você tem razão. E minhas netas... Tão iguais, mas tão diferentes. Eu amo aprender novos detalhes de suas personalidades a cada dia.

—Kate e eu vivemos sendo surpreendidos. – riu. – No fim, só quero que elas sejam felizes. Que saibam que são importantes, e que seus pais serão sempre seus portos seguros.

—Bem, e é por coisas assim que eu tenho certeza que Katie se casou com a pessoa certa. Você é um bom pai, Rick.

—Ouvi o meu nome? – Kate, que até então estava escutando a conversa no corredor, e mal pôde se conter ao ouvir tudo o que Castle havia dito, entrou no cômodo.

—Ouviu, sim. – Jim respondeu. – Eu estava apenas falando de como vocês dois, Elisabeth e Olivia formam algo lindo.

—Awwn, pai! – sorrindo, ela se aproximou dele para abraçá-lo rapidamente. – Todos nós formamos. Ah, o que me lembra de dizer que Martha e Alexis mandaram um abraço para o senhor.

—Mandem outro de volta quando estiverem na cidade. Como elas estão?

—Muito bem. Martha decidiu contratar uma nova professora de teatro, para que trabalhem juntas e ela possa passar sua experiência para alguém. Tem sido divertido assistir a essa dinâmica. – riu. – E Alexis está para se formar...

—Isso é bom. Elas deviam ter vindo com vocês. Mas suponho que estavam ocupadas hoje. – fez uma pequena pausa. – Talvez seja uma boa ideia um de vocês convidarem elas no domingo. Um almoço em família, que tal?

—É mesmo uma boa ideia. – Castle falou. – Farei isso amanhã.

—Ótimo. As meninas dormiram sem comer nada? – perguntou, virando-se para a Kate.

—Como se isso fosse possível! – sorriu. – Não, estão tão engajadas em uma conversa no quarto que mal me viram sair. Eu disse que iria chamá-las quando o jantar estivesse pronto.

Castle pegou duas colheres e bateu uma na outra, atraindo a atenção para si:

—Então fico feliz em dizer que o jantar já pode ser servido.

Um pouco mais de uma hora depois, foi a vez de Kate se voluntariar para limpar o que haviam usado e organizar tudo, enquanto Castle levava as filhas para escovarem os dentes. Jim anunciou que iria dormir, mais uma vez tentando convencer a filha de que ela poderia usar seu quarto, mas Kate permaneceu inflexível. Ela e Castle ficariam mais do que bem no colchão colocado no chão. Vendo que não adiantaria insistir, Jim desejou boa noite a todos, com a promessa de que o próximo dia seria ainda melhor.

Castle ajeitava as meninas na cama, quando Kate entrou no quarto, evitando fazer muito barulho. Ele beijou as duas e acariciou os seus rostinhos, antes de ceder o espaço em que estava sentado para Kate. Ela havia criado um costume de cantar para que elas dormissem com o som da sua voz, e agora Olivia e Elisabeth não adormeciam sem ouvir sua canção de ninar preferida.

—Vocês estão sentindo frio? – Kate perguntou, sentindo a temperatura da pele de cada uma, antes de cobri-las até os ombros. Havia se esquecido de levar pijamas de frio, mas felizmente tinha cobertores extras. As duas balançaram a cabeça negativamente. – Certeza?

—Sim, mamãe. – Olivia respondeu.

—Canta pra gente? – Elisabeth pediu, já com os olhinhos pesados. Era de se esperar que ela estivesse cansada.

—Claro, meu amor. – Kate sorriu e beijou as duas também, antes de começar a cantar, num tom suave e baixo. – “Goodnight, goodnight, it's time now to sleep. The moon's watching over you and your dreams. Goodnight, goodnight, my sweet little one. Tomorrow your eyes, they will light up the sun...”

Sua linda voz continuou a preencher o cômodo com os versos que vieram depois, e não demorou até que as duas pequenas estivessem dormindo. Castle, que observava tudo escorado no batente da porta, como sempre, não conseguia conter o sorriso. Kate se levantou vagarosamente e foi em direção ao marido. Envolveu-o pela cintura, e deixou a cabeça descansar em seu peito, enquanto seu olhar pairava sobre as filhas.

—Eu escutei você conversando com o meu pai. – ela revelou, sussurrando. – Sobre a Olivia, e a Lilibet... Elas realmente mudaram a nossa vida, huh? São como uma versão melhor de nós dois, do nosso passado. – sorriu. – Isso vai soar clichê, mas é como se tudo fosse... Não sei, mais colorido agora.

—Eu sinto o mesmo. – Castle a abraçou um pouco mais forte, deixando um beijo no topo da sua cabeça.

—Quero dizer, olhe para elas. – Kate continuou. – Tão lindas e... cheias de luz.

—Bem, fisicamente, elas são uma cópia de você, então são mesmo lindas. – ele falou, divertido.

—Sim, mas elas têm o seu sorriso. – encontrou os seus olhos. – E me lembram muito de você às vezes, especialmente Olivia.

—Mesmo? Pensei que você iria dizer Elisabeth.

—Confie em mim, o temperamento dela não vem só de você. – sorriu. – Mas Olivia também tem o seu olhar. Principalmente quando está pensando, ou inventando coisas com sua mente incrivelmente criativa.

—É verdade. – ele ficou em silêncio por alguns segundos. – Então, aparentemente, eu preciso saber mais sobre a sua infância. Nunca a imaginei como uma criança bagunceira, Beckett.

—Eu não usaria essa palavra, mas, sim, eu tive os meus momentos.

Castle riu um pouco mais alto e levou uma das mãos à boca, repreendendo a si mesmo.

—Talvez devêssemos sair daqui. Ainda vou ganhar aquele chá?

—Ah, sim! Por que você não toma um banho enquanto eu preparo tudo e nos encontramos na cozinha depois? – perguntou, enquanto se afastavam do quarto.

—Certo. Mas essa conversa não está acabada. Na verdade... – ergueu uma das sobrancelhas. – Se você quiser me acompanhar, talvez nós podemos...

—Castle! – ela o interrompeu, batendo levemente em seu braço. – Não! Meu pai está aqui!

Ouch! Eu só ia dizer “continuar o assunto”.

Kate estreitou os olhos, sem acreditar, mas ele parecia estar falando sério.

—Oh. Me desculpa. Mas a resposta ainda é não. Eu aproveitei para fazer isso enquanto dava banho nas nossas filhas.

—Você tem uma mente poluída, sabia?

—Vá, Castle! – empurrou-o em direção ao banheiro, fingindo irritação, embora seus lábios desenhassem um sorriso em seu rosto.

 

Minutos depois, enquanto colocava o líquido quente em uma xícara, Kate sentiu primeiro o perfume invadir os seus pulmões e, então, os braços de Castle a envolverem por trás, antes de ele deixar um beijo rápido em seu pescoço. Virando-se de frente para ele para lhe entregar a xícara, ela aproveitou para estudar o seu rosto por alguns segundos, fixando o olhar no dele logo em seguida. Era incrível como aqueles olhos azuis conseguiam a deixar sem fôlego mais vezes do que Castle sequer imaginava. Momentos como aquele, por exemplo, em que ela sentia seu amor por aquele homem crescer de dentro para fora e exceder o seu corpo, mesmo que nada grandioso tivesse acontecido.

—O que foi? – Castle perguntou, observando-a atentamente.

—Nada. – ela respondeu, sorrindo. Juntou os seus lábios num beijo rápido, antes de continuar, colocando a xícara cheia de chá entre eles. – Aqui está.

Castle olhou para o líquido com uma cara que dizia “okay, acho que posso encarar isso”.

—É ruim? – quis saber, de qualquer forma.

—Nope. – Kate balançou a cabeça negativamente, passando a xícara para as mãos dele. – O melhor chá que você vai beber em toda a sua vida.

—Certo. – ele respirou fundo, antes de tomar um longo gole. Kate teve que se segurar para não rir diante da careta que ele fez depois de engolir. – Meu Deus, Johanna realmente fazia você beber isso? E Jim deixava? Argh!

—Acredite, vai te fazer sentir melhor.

—É bom mesmo, porque esse gosto não vai sair da minha boca tão cedo.

—Não seja dramático, Castle. – ela revirou os olhos. – E beba tudo.

—Talvez se eu ganhar outro beijo depois, esqueça o quão ruim é mais rápido.

Dessa vez ela riu:

—Desculpa, babe, mas não há nenhuma chance de esta boca... – apontou para os próprios lábios. – ...se encostar à sua depois que beber isso.

—Por que você é tão má comigo, Beckett? – fingiu estar magoado.

—Apenas quando você merece.

—Okay. Um, dois, três... – ele contou, antes de beber todo o chá que restava de uma só vez. – Oh, Deus. Preciso escovar os meus dentes imediatamente.

—E eu preciso dormir imediatamente. – Kate falou. – Preciso estar alerta em nossa caminhada até o lago amanhã.

—Não se esqueça de escapar da casa comigo à noite para vermos as estrelas. – os dois começaram a andar em direção ao quarto.

—Eu não iria me esquecer. Temos um encontro marcado. – piscou um dos olhos para ele.

~

Para o alívio de todos, Castle acordou se sentindo renovado na manhã seguinte. Por volta das duas horas da tarde, Jim decidiu que era melhor começarem a se arrumar. As tarefas do dia já estavam estabelecidas: fazer uma caminhada tranquila até o lago, um piquenique debaixo de uma das grandes árvores que havia por lá... enfim, passar o tempo em contato com a natureza. Olivia e Elisabeth estavam tão animadas que foram logo correndo para o quarto escolher o que iam vestir. Kate não demorou a ir atrás delas – deixando Jim e Castle conversando sobre algo que ela não tinha muito interesse –, porque não queria encontrar roupas jogadas para todo lado depois. Mas a cena que presenciou ao entrar no cômodo foi algo que a desagradou ainda mais.

—Eu escolhi primeiro! – Olivia gritou, abraçando uma peça de roupa com força. Encarava a irmã com uma expressão séria.

—Mentira! – Elisabeth pegou algo no chão que Kate não pôde ver o que era e jogou na direção de Olivia. Por pouco não acertou o seu rosto.

—Hey! Hey! O que está acontecendo aqui? – Kate se ajoelhou entre elas para poder olhá-las nos olhos. – Lilibet, por que está jogando coisas na sua irmã?

Eu escolhi usar a roupa que você me deu primeiro e agora Olivia quer o mesmo. – explicou, emburrada, apontando para a irmã que ainda segurava a peça.

Só então Kate percebeu se tratar de um conjunto que ela havia comprado em um dos shoppings que visitaram durante a viagem. Ambas ficaram tão fofas vestidas com a blusa listrada e um macacão jeans por cima que ela não resistiu e comprou para as duas.

—E isso é motivo para brigar? – ela perguntou. – Vocês não ganharam o mesmo presente?

—Sim, mas a gente nunca se veste igual. – foi a vez de Olivia explicar, como se fosse óbvio. – Você e o papai disseram que nós somos gêmeas, mas isso não significa que temos que agir da mesma maneira.

—Certo. Mas não... não é uma regra, querida. – Kate fez uma pausa, sabendo que teria que elaborar o que queria dizer de uma forma melhor. – Quando vocês eram mais novas, eu e o papai decidíamos tudo por vocês, certo? – elas fizeram que sim com a cabeça. – Nós ainda temos que fazer isso, mas não sempre. Roupas, por exemplo. Vocês já sabem escolher o que gostam ou não, e não tem nenhum problema em gostarem das mesmas coisas. O que o papai e eu queríamos passar para vocês quando falávamos aquilo é que... devem conhecer a si mesmas a partir de suas próprias perspectivas e vontades. – terminou de falar, mas não obteve nenhuma reação. – Okay, talvez isso seja um pouco complicado para crianças entenderem, até mesmo essas duas. – completou para si mesma.

 

—Eu ainda não quero me vestir como ela. – Elisabeth falou, por fim.

—Bem, nós trouxemos uma mala cheia de roupa, há outras opções. – Kate sorriu, tentando soar animada.

—Não! Não é justo!

—Cuidado com o tom, mocinha.

— Mas eu escolhi primeiro.

—Eu escolhi! – Olivia retrucou.

—Okay, já chega. – Kate respirou fundo, tomando uma decisão. – Eu irei colocar a mesma roupa em vocês duas e não quero ouvir nenhuma reclamação, tudo bem? Já estamos atrasados.

—Mas mamãe!

—O que está acontecendo? – Castle apareceu na porta, alternando o olhar entre as filhas, antes de encontrar o da esposa.

—Bem, algo estava acontecendo, mas acho que já resolvemos. Certo, meninas? – as duas apenas olharam para o chão, antes de começarem elas mesmas a se vestir. – Diga para o meu pai que não iremos demorar aqui, por favor.

—Pode deixar.

Minutos depois, todos já estavam prontos para sair. Sobre a mesa, duas cestas cheias de ingredientes para um farto e delicioso lanche os esperava. Kate começou a checar se não estava esquecendo nada, enquanto Jim buscava algo no quarto e Castle pegava água na geladeira para que se mantivessem hidratados durante o caminho. Olivia e Elisabeth estavam brincando na pequena varanda da casa, ou pelo menos isso era o que pensavam, até que se ouviu um choro lá fora.

Oh, pelo amor de Deus... — Kate sussurrou, já correndo para ver o que tinha acontecido, rezando para que não fosse nada grave. Ao ver Elisabeth ajoelhada na base da escada, chorando, com Olivia ao seu lado, seu coração pulou uma batida. – O que aconteceu, Olivia? – perguntou, com certa urgência, ajudando sua filha a se levantar. Viu que sua perna estava sangrando, mas não parecia ser grave, apenas um pequeno corte.

—A gente estava descendo a escada...

—Ela me empurrou! – Elisabeth disse, entre soluços.

—O quê? Olivia!

—Eu escorreguei e me esbarrei nela, mamãe. – Olivia justificou, ameaçando começar a chorar também. – Me desculpa.

—Tem certeza de que foi isso que aconteceu? – Kate perguntou, pensando no episódio anterior. Embora soubesse que empurrar a irmã de propósito não seria algo que Olivia normalmente faria, parecia que as duas haviam acordado determinadas a implicarem uma com a outra naquela manhã.

—Minha perna está doendo. – Elisabeth falou, lágrimas correndo pelo seu rosto. Envolveu os braços no pescoço da mãe para que ela lhe pegasse em seu colo.

—Está tudo bem, querida, eu irei colocar um daqueles band-aid coloridos que fazem a dor passar super-rápido. – sorriu para ela. Estendendo a mão livre para Olivia, completou. – Vamos entrar.

—Não foi minha culpa. – Olivia ainda acrescentou.

—Eu acredito em você, Liv.

Castle, que a esperava na porta, fez um gesto para a Olivia, pedindo que ela ficasse com ele enquanto Kate acalmava Elisabeth.

—Bem, a tarde não poderia ter começado melhor... – Kate ironizou, respirando fundo, enquanto passava por ele com a filha soluçando em seu ombro. – O que há de errado com elas hoje?

—Poderia ser pior. – Castle comentou, seguindo-a. – Quero dizer, nós dois somos filhos únicos, mas tenho certeza de que ter um irmão significa... isso, também.

—Obrigada pelo lembrete e por uma bela visão de quando as duas forem adolescentes. – Kate sorriu para ele, antes de colocar Elisabeth no sofá. Buscou tudo o que precisava para limpar o pequeno ferimento, colocou o band-aid e deixou um rápido beijo em cima. – Prontinho. Está doendo?

—Não. – ela respondeu, secando o rosto com uma das mãos.

Jim apareceu na sala neste momento, animado para dizer que finalmente havia encontrado o que procurava, mas ao ver a neta no sofá sua expressão mudou totalmente.

—Meu Deus, Kate. O que aconteceu? – perguntou, aproximando-se delas.

—Ela caiu, mas está tudo bem. Foi só um susto.

—Eu estava tão concentrado procurando por isso, que sequer escutei o que acontecia aqui. – ergueu uma das mãos.

A expressão de Kate era de completa surpresa.

—Eu não acredito! Ainda funciona?

Curioso, Castle deu alguns passos para ver do que se tratava:

—Eu quero dizer que isso é uma câmera... – ele começou a falar, estreitando os olhos para o objeto na mão de Jim. – Mas realmente não tenho certeza.

—É uma câmera instantânea. – ele respondeu.

—De qual século?

—Castle.— Kate o encarou, fuzilando-o com o olhar. – Para a sua informação, esta câmera está na família há muitos anos...

—Eu tenho certeza que sim. – ele provocou.

—... E nós costumávamos nos divertir muito tirando fotos com ela. – Kate continuou, ignorando-o. – As imagens saem em preto e branco, o que, quando mais nova, eu achava muito interessante. Costumava fingir que éramos uma família de outra época. – fez uma pequena pausa, antes de olhar para o Jim. – Eu pensei que ela não funcionasse mais.

­_Bem, funciona. E eu sei que a tecnologia está bem avançada hoje em dia, mas queria levá-la conosco para colocar algumas fotos aqui na casa quando chegarmos.

—É uma ótima ideia, pai. – sorriu, sentindo-se repentinamente muito feliz por estar ali. – Então... acho que podemos ir.

~

No começo da caminhada, Elisabeth estava no colo da mãe e Olivia no colo do pai, e nenhuma das duas havia dito muita coisa. Mas, eventualmente, ambas começaram a ficar tão curiosas sobre a paisagem à sua volta, e atentas a cada coisa diferente que Jim mostrava para eles, que pediram para ir andando. Logo estavam falando e fazendo muitas perguntas, quase de volta ao normal. Castle e Kate ficaram mais aliviados e começaram a aproveitar melhor o passeio, sem se preocupar com uma nova briga entre as duas. Faltando alguns metros para chegarem no lago, Jim avistou um belo pássaro num tronco mais baixo de uma árvore e chamou Kate para ver. Castle a acompanhou, maravilhado com a beleza daquela ave, com o peito pintado de um verde-água chamativo, e as penas pretas. Ele olhou em volta, localizando as filhas para pedir que fossem até lá ver também – elas iriam adorar! – e acabou se deparando com uma cena inesperada.

—Babe. – ele sussurrou para a Kate, encostando levemente em seu braço. – Olha.

Apontou em direção às duas pequenas que, paradas no meio da trilha, se abraçavam. Eles não sabiam de quem tinha sido a iniciativa, mas aquilo com toda certeza não importava no momento. Um grande sorriso tomou conta do rosto de Kate e, se ela não tivesse pensado que seria bobo chorar, teria deixado as lágrimas rolarem livres.

—Você acha que elas estão fazendo as pazes? – perguntou ao marido.

—Provavelmente.

—Tire uma foto, Castle! – pediu, e ao vê-lo tirar o celular do bolso, o impediu. – Espera. Pai? – chamou. – Pode nos emprestar a câmera?

Jim desviou o olhar do pássaro para saber o que é que eles queriam fotografar, e ao ver as netas se abraçando, entregou a câmera para o genro, que não hesitou em tirar a foto, com medo de que elas se afastassem.

—Ficou linda. – falou, observando a imagem. – Certamente teremos uma história para contar sobre ela no futuro.

—Sim. – Kate riu, antes de chamar as filhas. – Liv! Lilibet! Venham ver o que o vovô achou nessa árvore.

As duas correram até eles.

 

—É um super-herói? – Elisabeth perguntou, fazendo Castle sorrir.

—Poderia ser. – ele respondeu, pegando-a em seu colo para que ela pudesse enxergar melhor. – Disfarçado de pássaro.

—Legal!

—Não é um super-herói, não é, mamãe? – Olivia sussurrou para Kate.

—Quem sabe? – ela fez uma expressão de mistério, e eles continuaram seu caminho, acenando em despedida para o pássaro.

O resto daquela tarde foi simplesmente maravilhoso. As árvores, as flores, o canto dos pássaros, as borboletas que voavam perto deles, o som da água se movendo com o vento, tudo contribuiu para que se sentissem felizes e completamente bem por estarem ali. O piquenique foi cheio de risadas e brincadeiras, as meninas se divertiram bastante à beira do lago, Jim conseguiu tirar inúmeras e hilárias fotos que capturavam a alegria daqueles momentos. Não poderiam ter desejado por algo melhor.

Quando voltaram à cabana, já começava escurecer. As crianças estavam cansadas e sonolentas, então Kate as ajeitou para dormir mais cedo do que de costume. Na verdade, nenhum deles tinha muita energia restante: horas depois, após comerem um pouco do que havia sobrado no jantar da noite anterior, Jim anunciou que iria se deitar. Suas pernas já não eram tão resistentes quanto antes e precisava descansar. Kate e Castle ainda passaram algum tempo deitados no sofá, apenas apreciando a companhia um do outro, conversando sobre coisas triviais, até que ela se levantou, foi até cozinha e permaneceu lá por alguns minutos, reaparecendo na frente do Castle com uma garrafa de vinho e duas taças na mão.

—O que é isso? – ele perguntou. Sentou-se no sofá, encarando-a com um olhar confuso.

—Acredito que temos um encontro marcado para esta noite, Sr. Castle. – sorriu. – E você com medo de que eu fosse esquecer...

—Pensei que havia mudado de ideia, tivemos um dia cheio.

 

—Eu sei. – fez um gesto para que ele a acompanhasse e começou a andar em direção à porta. – Mas observar as estrelas e beber um pouco de vinho não vai fazer mal. Você vem? – olhou para trás e viu que ele já estava a seguindo.

Castle apagou a luz da sala e fechou a porta atrás de si, indo se sentar junto a ela no degrau da escada. Passava da meia-noite e a quase total falta de iluminação deixava as estrelas ainda mais visíveis, enfeitando o céu de uma extensão à outra, brilhantes, como pérolas. Kate colocou as duas taças entre eles, encheu-as de vinho, e entregou uma delas a ele logo em seguida. Simularam um brinde antes de beber.

 

—Este lugar é incrível. – Castle comentou, olhando para cima. – Nós definitivamente precisamos voltar.

—Eu sabia que você iria amar. E por falar nisso, Martha e Alexis virão amanhã? Quero dizer, hoje.

—Sim. Felizmente, elas não tinham nada planejado, então... teremos um grande almoço de domingo em família. – sorriu.

—Ótimo. – ela se aproximou dele mais um pouco, somente para descansar a cabeça em seu ombro. Respirou fundo, antes de continuar. – Você acha que estamos indo bem, Cas? Como pais?

—Está brincando? – e como não houve resposta, ele usou uma das mãos para levantar o seu rosto e obrigá-la a encontrar seu olhar. – Por que a pergunta?

—Eu não sei... – ela apenas deu de ombros. – Eu só...

—Kate, para. – ele a interrompeu. – Desde que nós descobrimos sobre a gravidez você tem sido uma mãe incrível. Você é uma mãe para a Alexis, sem sequer perceber. E ver você cuidar das nossas preciosas gêmeas nesses quatro anos, ser parte disso... – fez uma pequena pausa, como se suas palavras tivessem sido consumidas pelo sentimento inexplicável, mas forte, que sentia ao falar sobre aquilo. – Pais comentem erros, é claro, mas nós estamos indo muito bem. Você já conheceu as suas filhas? – brincou, fazendo-a rir.

—Obrigada, babe. – Kate agradeceu, deixando um beijo rápido em seus lábios. – Sinto-me insegura às vezes, sem saber muito bem o porquê.

—É normal. Se isso significa alguma coisa, é que você se importa muito com elas. Aliás, eu acredito tanto que estamos criando seres humanos maravilhosos que devíamos tentar engravidar novamente.

Kate olhou para ele, em choque, e, ao mesmo tempo, contemplando a ideia.

—Talvez. – foi tudo o que disse depois de alguns segundos, mas essa única palavra bastou para colocar um sorriso no rosto do Castle. – Agora... – ela mudou o tom de voz, bebeu o que restava do vinho em sua taça e, num movimento rápido, trocou de posição, sentando-se no colo dele. – O que você diria sobre dar uns amassos na sua esposa aqui fora?

—Bem, eu diria que está mesmo um pouco frio aqui e o calor seria bem vindo. – ele respondeu, colocando uma das mãos em sua cintura e levando a outra até o seu cabelo, antes de juntar os seus lábios num beijo, dessa vez, demorado e sensual.

Kate começou a trilhar um caminho de sua boca até o seu pescoço, enquanto recuperavam o fôlego, e ao erguer a cabeça um pouco para tirar alguns fios de cabelo de seu rosto que estavam atrapalhando, ela viu uma de suas filhas bater no vidro transparente da porta. Precisou estreitar os olhos para ter certeza de qual delas estava ali.

Oh, meu Deus, Castle. — sussurrou, não muito certa do que fazer a seguir.

—O quê? – ele perguntou, ainda beijando-a, puxando o seu corpo para ainda mais perto, envolvido no momento.

—Mamãe! – Olivia chamou mais alto lá de dentro, batendo no vidro novamente, e dessa vez Castle ouviu.

Oh, meu Deus. – foi a vez de ele falar.

—Eu sei! – ela retrucou, ficando de pé. Consertou a roupa em seu corpo e foi correndo abrir a porta, agachando-se de frente para a filha. – Hey, querida. O que está fazendo acordada?

—Tem alguma coisa fazendo um barulho estranho no quarto, estou assustada. Por que você e o papai estão aqui fora?

—Ham... – ela olhou para o marido buscando algum apoio, mas não havia realmente nenhum ponto em explicar aquilo. – Só estávamos conversando.

—Okay... Mas você pode ficar comigo no quarto, agora?

—Claro. Eu e o papai ficaremos lá com você. Venha, Castle. – chamou, e eles entraram na casa, de mãos dadas com a filha. Deixaram as taças e o vinho sobre a mesa, e seguiram para o quarto.

—Ela provavelmente não viu, nem ouviu nada. – Castle sussurrou, enquanto passavam vagarosamente pela sala.

—Yeah. – Kate concordou, pensando por alguns segundos, e depois começou a rir da situação. – Provavelmente. – repetiu. – Não, certamente.

—Bem, de qualquer forma... Obrigado pelo encontro inesquecível. – ele agradeceu, sorrindo para ela, antes de finalmente entrarem no quarto.

—Sempre. – piscou um dos olhos.


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Notas finais do capítulo

see ya!



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