Maktub escrita por franxtina


Capítulo 8
Chapter 8




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Sam e Beth já tinham ido se deitar. Bobby passou um tempo triste no quarto, pensando no que estava por vir, não tinha uma companhia naquela noite, mas o pior não era essa sensação. O pior era o medo de perder Lenah que havia lhe assombrado naquele dia. Teria de perseguir e matar aquela bruxa maldita, por isso era melhor dormir tranqüilo e acordar disposto.

 

O casal estava abraçado, olhando um para os olhos do outro, saboreando as últimas ações. Era tudo tão excitante, tão gostoso, que pareciam ser os únicos seres do planeta a desfrutar daquele sentimento. Mas eles queriam mais. Era a sede de amor.

 

-Dean.

-O que é meu amor?

-Eu não estou acreditando nesse momento.

-Nem eu.

-Nunca foi tão bom assim. – ele passou a mão nos cabelos dela, trouxe seu rosto pra perto e deu-lhe um beijo.

-Nunca meu amor, nunca.

-Quero te mostrar uma coisa – disse se desvencilhando dele e levantando da cama. O corpo nu deixou-o estático por um momento, apreciando. Depois se movimentou na cama com preguiça.

-Não Lenah, não – a voz manhosa – volta aqui, fica aqui.

-Amor – ela já tinha vestido a camisola encantada; aproximou o rosto segurando o dele com as duas mãos e lhe dando um beijo – vem comigo. Quero te mostrar uma coisa – Como é que se diz não a uma mulher como aquela?

-Pra onde? – ele estava levantando e vestindo um jeans, com muita preguiça, ficou sem camisa mesmo.

-Surpresa – ele lhe deu um beijo longo – vamos?

-Está bem.

 

Abriram a porta com cuidado, olharam para a sala, a garrafa de vinho estava no chão, parecia que alguém mais tinha sido flechado pelo Cupido. Atravessaram o corredor e foram ao quarto de Lenah. Estava frio, ela puxou um cobertor do baú da cama e pediu para que Dean segurasse. Foi até o guarda roupa espiral e abriu o alçapão para o porão.

 

-Lenah, no porão? Eu sabia que você era maluca, mas não fazia ideia dessas fantasias... – ela interrompeu com um beijo.

-Cala a boca toupeira. Me segue, vem.

 

Ainda falava daquele jeito sexy e sensual. Os olhos deixavam as intenções claras. Os dois desceram pela escada estreita, Lenah acendeu a luz. O porão tinha diversas estantes de madeira, que abrigavam pequenos frascos com essências ou poções. O aroma era tão gostoso quanto o que exalava de Lenah. Ao lado dos frascos, havia estantes com mais daqueles porta cd’s diferentes que ela colecionava, além de discos de vinil e um aparelho antigo de rádio. O lugar destinado a guardar o enigma devia ser aquela mesinha enfeitada, em que haviam fotos dos familiares em meio a velas e incensos, já utilizados.

 

-Gostei da sua coleção de vinis – falou deixando a coberta próxima a escada.

-Eu disse que lhe mostraria que sou uma garota rock meu bem – ele olhou hipnotizado o, habitual e inigualável, sorriso. Deu um beijo e acariciou a mulher de seus sonhos – Dê uma olhada querido. Aposto que vai encontrar suas bandas favoritas, tem alguns discos que são edições de colecionador.

-Uau! – ele deixou os braços soltarem aquele corpo magnífico e foi a uma das estantes – High Voltage, do AC/DC – deu uma olhada de perto com cara de estranhamento–  mas está completamente roído pelas traças.

-Sério? – ela foi até ele espantada.

-Claro que não bobinha – ela fez uma cara de brava e ele colocou o vinil no lugar para lhe dar mais um beijo.

-Eu te trouxe aqui pra pegar uma fita demo tape, sei que seu... – ela se curvou para abrir uma caixa e se levantou com uma fita na mão – carro, tem toca fitas – A sobrancelha dele ficou levantada, compondo um rosto malicioso, suas mãos envolveram a cintura da morena.

-Carro?

-Esse porão vai dar na garagem 1, que é a garagem... do seu Impala – agora era ela quem fazia o rosto malicioso, tanto quanto a voz.

-É mesmo? E o que você pensa em fazer no meu Impala?– ele deu ênfase na última palavra.

-Ouvir essa fita, quem sabe?

 

Mais um beijo e ele pegou o cobertor, para subirem até a garagem, que não era assim uma garagem propriamente dita, já que não passava de um puxado de madeira, com uma porta de madeira e muitas madeiras empilhadas na lateral. Tudo era rústico naquele lugar, mas Dean adorava estar lá, com ela.

 

Entraram no carro, Lenah colocou a fita.

-Eu sempre quis fazer sexo no seu Impala.

-Como é que é? – Eles estavam sentados respectivamente nos bancos de motorista e carona, como quando na Kombi, mas dessa vez ele “guiava”.

-Você não pode negar a popularidade da dupla dinâmica dos Irmãos Winchester!

 

-Shii, fala mais baixo sua maluca, vai acordar todo mundo lá dentro e vão nos pegar aqui – eles riram.

-E como eu sempre recebi caçadores e – ela pigarreou – caçadoras, aqui no Egis, ouvi muitas de suas peripécias Sr Dean Winchester – ele ficou encabulado, passou a mão na cabeça e olhou com cara de culpado pra ela, que riu.

-Eu não fazia ideia de que as mulheres comentavam sobre mim assim tão longe – ele riu e ela fez uma cara sarcástica.

-Menos, bem menos toupeira.  

-Quer dizer que você já sonhava comigo, como uma adolescente bobinha é?

 

-A sim!!! Claro que não né palhaço. Eu, bem... tinha namorado – ele voltou a atenção para ela como se estivesse lembrando do dia que passaram – e por isso o que realmente queria – ela mudou o tom de voz para descontrair, pois viu as ruguinhas na testa do Winchester – era o seu carro!

-Meu carro?

-Vai dizer que ele não é perfeito? Eu adoro carros, sempre quis ter um carro antigo e uma Kombi, quando comprei meus bebês, quase morri de felicidade, são quase o que eu mais amo.

-Eu também sou assim, na verdade. Sabe de uma coisa realmente legal Lenah? – ela olhou atenta com cara de empolgação, a conversa estava ótima – eu ia ganhar uma Kombi do meu pai e sempre pensei em ter um Mustang – ela se aproximou e os dois voltaram a se tocar e se amar, bem ali no carro dos sonhos. Lenah aumentou o volume, que mal podia ser ouvido ainda assim, para não despertar ninguém, e mais uma vez, a música tematisou aquele encontro de corpos, agora com um ritmo muito mais ao gosto de Dean, mas que não deixava de satisfazer Lenah. Era o ápice da luxúria e eles estavam sem um pingo de sono.

 

 

Hey sugar baby, so hot and tasty

Ei docinho, tão fogosa e gostosa

Come on give me some love, you're driving me wild

 Venha me dar um pouco de amor

It's way past midnight, why don't we take a ride?

Você está me deixando louco

We'll make some honey as we're cruising real slowly

Já passa da meia-noite Por que não damos um passeio? Faremos um pouco (de amor), querida Enquanto cruzamos o mar lentamente

Let’s make it, don't waste it

Vamos fazer isso, não desperdice

Let’s make it, come on and taste it

Vamos fazer isso, venha e prove

 I'll be your ladies man, if you'll give me the chance

Eu serei seu mulherengo, se você me der uma chance

Well keep a jumping till the music run dry

 Bem continue pulando até a música parar

 And if we take a rest, we'll smoke some cigarettes

 E se nós pararmos para descansar, fumaremos alguns cigarros

And start a smoking going out of control

E uma fumaceira começará a ficar fora de controle

 

 

Vidros embaçados, corpos colados, o dia vai amanhecer em algumas horas, mas o frio da madrugada continua embalando a vontade de se conhecer, de dividir o que sabem. Prazer e amor, a mistura perfeita. Eles têm a dose certa, a voltagem exata.

 

 

Quem diria Dean Winchester, o mulherengo caçador de demônios enfeitiçado por uma semideusa texana, que exala o perfume de orquídeas, flores que ele nem recordava a “feição”. Como era boa a sensação de prazer saciado e como ele poderia recomeçar a qualquer momento com aquela mulher absolutamente deliciosa.

-Eu te amo Lenah.

As palavras saíram intuitivamente, não era algo planejado, nem vieram com intenção, simplesmente saíram. Ela olhou surpreendida: aquele homem perfeito, colado a seu corpo, dizendo aquelas palavras clássicas em seu ouvido. O Time Sex era visivelmente substituído pelo Time Love.

 

 

-Eu te amo Dean.

-Quero ficar com você Lenah, não sei como, mas eu quero.

-É o que eu quero também meu amor, pra sempre.

-O que você tem? Como você consegue fazer isso comigo pequena? Como? – ele olhava os olhos castanhos procurando uma resposta.

-Não sou eu, nem é você. Somos nós dois, meu amor. Nossas almas se pertencem muito antes de nascermos, eu tenho certeza.

-Você e seus significados – ele olhou para o teto, pensativo – ficou um ou dois minutos assim.

 

-Dean.

-O que é amor?

-Eu posso te fazer perguntas?

-Perguntas?

-Sim, eu sempre quis fazer perguntas para o homem dos meus sonhos.

-Que tipo de perguntas – ele encostava ainda mais o corpo ao dela e continuava olhando para o teto, rindo do jeito de menina que aquela mulher tinha em si.

-Ora, perguntas. Você já deve ter feito milhares e respondido outras tantas.

-Ok, pergunte princesa.

-Quero saber qual sua música favorita, com quantos anos deu seu primeiro beijo, como foi sua primeira vez, qual a coisa mais estranha que você já fez e quero saber de algo que você nunca tenha dito a ninguém – ela falou em um disparo, que deixou Dean confuso. Ele achou engraçado.

 

-Ei, ei mocinha. Calma aí. Uma de cada vez.

-Ok, responda apenas à última, vale por todas.

-Quer saber de uma coisa minha que eu nunca tenha dito a ninguém?

-É.

-Têm várias. Bem... Minha estação favorita é o outono, adoro ver as folhas caindo nos quintais. Eu adorava estudar álgebra no colégio. E... acho que se eu pudesse ter um poder, gostaria de voar.

 

As palavras saíram tão simples e tão verdadeiras que Lenah não evitou se emocionar.

-Ah não lenah, sem choro... foi você quem perguntou meu amor – ele beijou a testa dela. Ela riu pensando no estado emocional.

-Desculpa príncipe, é que você foi tão fofo.

-Mulheres! – ele riu- me diga agora algo que nunca falou pra ninguém, é sua vez.

-Bem... – ela pensou – eu nunca li e nem assisti Harry Potter, porque eu odeio bruxas. Eu nunca troquei a fita do Mustang, por pura superstição e uma vez, há muito tempo, eu vi a dríade do carvalho.

Dean ficou bem assustado com a última revelação. Imaginou que aquilo era difícil de dizer, levando em conta a proximidade dos acontecimentos. Resolveu não dizer nada, imaginando que ela preferisse o silêncio, mas Lenah continuou.

 

-Ela veio em um sonho e não fez nada além de me olhar. Eu era criança e brincava com minha irmã, mas de repente nossas mãos se desprenderam e ela levou Liah dali – Lenah cobriu o rosto com as mãos, emocionada.

 

-Shii, não fala nada meu amor – Dean a abraçou.

-Não sei o que vai acontecer quando acordarmos amanhã Dean, porque as coisas estão confusas.

-Não vai acontecer nada meu anjo, nada. Eu estou aqui, se Gourdoun aparecer eu acabo com ele, minha perna está bem melhor, já não sinto nada com aquelas ervas da Beth.

-Dean, eu sei que você vai fazer de tudo para me proteger, sei que você é corajoso, mas por favor, cuide mais de você do que de mim. Eu mataria o Gourdoun se ele te fizesse mal – eles estavam abraçados, temendo um pelo outro.

-O que são uma bruxa velha e um playboy imbecil para Dean Winchester, em Lenah Muller? Nada. Eu e o Sam vamos dar um jeito nos idiotas, como sempre fazemos. Fica relaxada e pode parar de pensar besteira, já é hora de dormir.

-Eu te amo Dean, pra sempre.

-Eu te amo muito mais Lenah, meu ar.

Deram um beijo e dormiram, no aconchego daquele carro, ao som de AD/DC. E tudo foi perfeito, até o amanhecer.

Sam despertou bem cedo, quase ao mesmo tempo em que Dean e Lenah dormiram. Ele estava muito inquieto desde a noite anterior, meio tonto com o vinho, mas feliz por conhecer Beth melhor, ela era encantadora, muito esperta e interessante. O barulho que ouviu na cozinha devia ser ela ou Bobby, resolveu ir até lá. Cumprimentou o velho amigo e conversaram sobre o que fariam para capturar e matar a bruxa, quebrando a maldição do selo. Se a bruxa sumisse, com certeza os demônios também partiriam da cidade, pois só estavam em Round Top por causa da velha Ignácia. O ideal seria prendê-la e queimá-la, era a única saída, mas para isso teriam que se livrar da munição extra que a bruxa trazia. Enquanto bolavam um plano Beth apareceu meio sonolenta e se juntou a eles. Depois de tomarem o café da manhã Beth alimentou os animais e fez boa parte do trabalho de Lenah, que não estava no quarto, nem em nenhum dos cômodos, mas como Beth viu o alçapão do porão aberto, presumiu que estivesse na garagem com Dean.

 

 

-Onde estão os dois que não acordam? Já é quase hora do almoço, precisamos sair para a caçada.

-Se eu fosse vocês esperaria acordarem, talvez a cena não seja tão agradável para uma manhã – Beth riu.

-Beth tem razão Bobby, além disso em Egis estamos prote...

 

 

A fala de Sam foi interrompida por um estrondo gigantesco que vinha da garagem, Bobby se moveu depressa para pegar as armas na sala, Sam também, Beth foi até o quarto de Lenah buscar algumas poções, talvez eles precisassem. Seria um ataque? Mas como?

 

 

 

 

 


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