As Redfield: O Leão, A Feiticeira e O Guarda-Roupa escrita por LadyAristana


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Pela Juba do Leão por favor não me matem! Eu posso explicar!
Gente me perdoa a demora, mas a minha assinatura do Office expirou, a escola tá me engolindo, to pendurada em física, prestei 400 vestibulares, nossa!
Tá feia a coisa!
Mas finalmente chegou um capítulo super amorzinho e um pouco de drama pra vocês!
Aproveitem a leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/752374/chapter/4

 

4

Edmundo e Pedro afastaram o guarda-roupas da parede. Susana abriu as portas e afastou os casacos, batendo no fundo do móvel por dentro, enquanto Edmundo batia por fora para atestar sua solidez.

Sofia olhava bem a parede, no fundo torcendo para achar algum tipo de passagem secreta. Conhecia Clarissa bem demais para achar que a irmãzinha algum dia mentiria. Sendo criadas por Polly Plummer, ambas as Redfield desenvolveram ódio por mentiras.

— Meninas, a única madeira aqui é a do guarda-roupa. – falou Susana, preocupada que as crianças estivessem loucas.

O coração de Sofia afundou pelo simples fato de que sabia que sua irmãzinha jamais contaria uma história absurda daquelas. Clarissa era muito criativa, mas até a criatividade dela tinha limites.

— Um jogo de cada vez, garotas. – Pedro disse tentando soar compreensivo. – Não temos tanta imaginação.

Os três Pevensies mais velhos começaram a se afastar e sair, enquanto Sofia ficou para segurar Clarissa, que seria bem capaz de surtar naquele momento.

— NÃO FOI MINHA IMAGINAÇÃO! – Lúcia gritou de repente quando os irmãos já estavam na porta.

— Já chega, Lúcia! – ralhou Susana virando-se para a pequena.

— EU NÃO MENTIRIA SOBRE ISSO! – Lúcia tornou a gritar.

— Eu acredito. – Edmundo deu um passo para perto da irmã caçula.

Naquela hora Sofia teve absoluta certeza de que Edmundo era um belo de um pirralho impertinente e que estava aprontando alguma para chatear as meninas ainda mais. Sofia também resolveu consigo mesma que se Clarissa resolvesse meter um belo murro na fuça do menino, não a seguraria.

— Acredita? – Lúcia perguntou desconfiada.

— É claro! – exclamou Edmundo e assumiu uma expressão da mais pura maldade infantil. – Não contei do campo de futebol nos armários do banheiro?

E foi quando Sofia ficou realmente preocupada, pelo simples fato de que em vez de atacar Edmundo com a força da sua raiva, Clarissa simplesmente abraçou a irmã, escondeu o rosto em sua barriga e soltou o que soou como um soluço estrangulado. A Redfield mais velha lançou um olhar mortal a Edmundo. Ninguém fazia Clarissa chorar. Nunca.

— Ah, você quer parar com isso? – pediu Pedro, já de saco cheio do comportamento mesquinho do irmão. – Adora piorar as coisas, não é?

— Foi só uma piada! – o menino se defendeu.

— Quando você vai amadurecer? – perguntou Pedro com um certo ar de superioridade que, Sofia tinha certeza, não ajudaria em nada.

— CALA A BOCA! – gritou Edmundo peitando Pedro como se fosse uma grande ameaça. – VOCÊ ACHA QUE É O PAPAI, MAS NÃO É!

O menino saiu a passos duros e Susana, que se sentia o controle de danos, lançou um olhar decepcionado a Pedro.

— Ajudou muito sua atitude. – ela declarou antes de ir atrás de Edmundo.

Foi um daqueles momentos, e Sofia já passara por mais deles do que gostaria de pensar a respeito, em que tudo parecia a um fio de desmoronar.

— Mas... – Lúcia começou visivelmente magoada, e se sentindo um pouco culpada por toda aquela confusão. – Nós... Estivemos mesmo lá.

— Susana tem razão, Lúcia. Agora já chega. – Pedro falou com um olhar muito cansado e muito decepcionado antes de sair também.

E Lúcia se afundou tanto em sua tristeza que até esqueceu que Sofia e Clarissa ainda estavam ali. A Pevensie mais nova fechou o guarda-roupas como se tivesse sido traída pelo mesmo. Como se fosse o fim de um sonho.

Só se recordou da presença das Redfield quando Clarissa soltou outro soluço abafado. Lúcia e Sofia trocaram olhares por cinco segundos antes do rosto da menor se contorcer em choro e a mais velha estender o braço livre.

Ficaram as três sentadas no chão diante do guarda-roupas, Lúcia e Clarissa chorando no abraço de Sofia. A mais velha estava a ponto de chorar com as meninas, porque algo no fundo de seu coração dizia que elas nunca cogitariam mentir.

— Não liguem pra eles. – murmurou Sofia com voz calma e doce, como se cantasse uma canção de ninar. – Quando a gente cresce, se torna bobo. Quer agir como se fosse adulto. Mas a verdade é que a gente esquece como ser feliz e sincero. Por isso o mundo é tão cheio de gente má.

— Você acredita em nós, não é Sofia? – Clarissa perguntou chorosa.

— Claro que sim. – Sofia sorriu docemente. – Só espero que um dia eu seja digna de ver sua linda floresta... Qual é o nome dela mesmo?

— Nárnia. – Lúcia respondeu toda murcha.

— Vou contar a vocês um segredo. – Sofia se aproximou das meninas e lhes sussurrou. – Nárnia continua aqui nessa sala, dentro do coração de vocês duas. E vai com vocês onde quer que estiverem.

— Pode levar um pedacinho com você também, se quiser. – Lúcia ofereceu com a sombra de um sorriso.

— Eu adoraria. – concordou Sofia. – Muito obrigada, Lúcia.

— Talvez Pedro, Susana e Edmundo não conseguiram ver Nárnia porque não queriam acreditar na gente de verdade. – ponderou Clarissa, e seus olhos se acenderam como se tivesse uma ideia.

— O que quer dizer, Clare? – Sofia perguntou, parcialmente assustada. As ideias de Clarissa costumavam ser um tanto quanto mirabolantes.

— E se hoje à noite, quando todo mundo já estiver dormindo, voltarmos só nós três? – Clarissa sugeriu.

— Faz sentido. – Lúcia concordou. – É bem provável que Sofia vá pra Nárnia com a gente, afinal, ela acredita.

— O que acha, Sofs? – perguntou Clarissa, recuperando a animação.

— Oras, mal não vai fazer. – Sofia sorriu para as meninas. – Podemos todas dormir no quarto da Clare. E eu me sinto honrada que queiram me levar em sua aventura.

Trocaram sorrisos cúmplices.

Durante os planejamentos para que Lúcia fosse dormir no quarto de Clare e na tentativa de contrabandear para lá as galochas da Pevensie, as menores sentiam-se em um livro de Sir Arthur Conan Doyle ou de Agatha Christie. Já Sofia estava apenas aliviada de ver que as meninas já não estavam tão tristes.

Já passava de meia noite quando Sofia foi sacudida pelas pequenas.

— Vamos pra Nárnia, Sofs! – sussurrou Clarissa animada e despenteada.

— Só se vocês se agasalharem primeiro. – Sofia sussurrou de volta, levantando-se da cama e pegando o robe lilás de Clarissa. – E ponha as galochas.

Lúcia já estava vestida e calçada com as galochas enquanto Sofia apressadamente enfiava os pés nas galochas, vestia o robe vermelho e tentava dar um jeito nos próprios cabelos e nos cabelos de Clarissa.

— Me deixe, Sofia! – Clarissa grunhiu insatisfeita.

— Tudo bem! Se quer ir pra Nárnia parecendo um ninho de passarinhos, a escolha é sua! – Sofia retrucou apanhando a vela de sua cabeceira. – Vamos?

Com uma menina pendurada em cada braço de Sofia, e em um silêncio quase reverente, lá foram as três para a sala do guarda-roupas.

Lúcia foi à frente das Redfield, tomando a vela da mão de Sofia. Estendeu a mão para abrir o armário, mas hesitou. E se realmente tinha sido tudo um sonho? E se estavam sendo todas umas bobas de ir lá? E se o armário as traísse novamente, e Nárnia não estivesse lá? E se com isso perdessem também a fé que Sofia tinha nelas?

Recolheu a mão e encarou as outras duas, que lhe lançaram sorrisos encorajadores. Meio trêmula, voltou a estender a mão e abriu o guarda-roupas com cautela.

Três pares de olhos espiaram curiosos, e então veio um vento gelado e revigorante de dentro do móvel, apagando a vela como uma criança travessa faria. As meninas sorriram uma para a outra, Sofia mais ainda ao constatar que estivera certa o tempo todo.

Uma atrás da outra, entraram no guarda-roupas, Sofia terminando a fila e deixando uma fresta da porta aberta. Sabia – após algumas experiências um tanto desconfortáveis em brincadeiras de esconde-esconde com tia Polly – que era grande estupidez fechar-se em um guarda-roupas.

Quando deparou-se com a linda floresta narniana, lágrimas lhe subiram aos olhos. Observou a neve emocionada, e seu coração exultou. A sensação era de estar em casa, algo que Sofia achava ter perdido quando aos sete anos contemplou as lápides novas dos pais.

— Não é maravilhoso, Sofs? – perguntou Clarissa encaixando sua mãozinha gelada na mão quente da irmã.

— Chega a ser melhor que um sonho... – Sofia murmurou com um sorriso comovido.

— Você também o sente, não é? – Lúcia questionou segurando a outra mão de Sofia. – Eu não sei bem descrever o que é, mas é como se fosse...

— Sagrado. – Sofia completou sorrindo. – Mágico.

— Temos tanta coisa pra te mostrar! – Clarissa exclamou animada. – Precisa ver o lampião!

— E conhecer o Sr. Tumnus! – Lúcia empolgou-se também.

— Mostrem o caminho, exploradoras de Nárnia! – Sofia incentivou rindo, mas ainda com aquela pontada maravilhada em seu coração. Acabara de chegar, mas percebeu que amava Nárnia, e que Clarissa e Lúcia também o faziam.

Foi puxada pelas menores e foram afundando os pés na neve até o intrigante lampião.

Quando chegaram ao marco, Sofia apoiou a mão no poste e o rodeou intrigada.

— Não acha curioso que se acenda um lampião de dia? – Lúcia questionou.

— Eu não acho que esse lampião tenha sido apagado alguma vez, Lu. – Sofia respondeu com o cenho franzido. – Ele parece ter brotado aqui como... Como uma árvore!

— Mas as árvores são vivas! – falou Clarissa, por um momento preocupada que a irmã estivesse louca. – O lampião é de ferro! Ferro não pode ser vivo!

— Pois eu acho, Clare, que à sua maneira bizarra, este lampião está vivo como as outras árvores. E aquela chama é a prova. – Sofia explicou sorrindo.

— Não acho que ele ouça e fale como o Sr. Tumnus disse que as outras árvores falam, no entanto. – Lúcia murmurou, já adepta à teoria de Sofia.

— E falando em Sr. Tumnus, podemos ir vê-lo logo? Aqui está frio, e estou com fome. – falou Clarissa não dando bola às ideias esquisitas da irmã.

Após uma bela gargalhada vinda de Sofia, lá se foram as três de novo, afundando os pés na neve.

Não sabendo o quanto o interior da casa escavada na rocha do Sr. Tumnus era adorável, Sofia já se encantou com o exterior. Achou imponente e majestoso que se morasse naquela linda fortaleza rochosa.

Encantou-se também com o quão bem trabalhada era a porta. Parecia saída de um conto de fadas, assim como a aldraba em forma de girassol.

Lúcia não hesitou em ficar na ponta dos pés e bater a aldraba na porta com força.

Passou-se pouco tempo antes que a porta se abrisse e revelasse o fauno, que mal teve tempo de ver quem era antes que Lúcia e Clarissa o abraçassem com força.

— Sr. Tumnus! – exclamou Clarissa contente.

— Que bom que você está bem! – falou Lúcia.

— Ora, minhas queridas amigas! – o fauno sorriu. – Que visita inesperada! Quem é essa que as acompanha?

— Sr. Tumnus, essa é a minha irmã, Sofia Redfield. A melhor irmã mais velha do mundo! – declarou Clarissa puxando Sofia para perto.

A Redfield mais velha sorriu para o fauno, ainda meio deslumbrada com tudo o que estava vendo.

— Obrigada por ter recebido as duas. – Sofia agradeceu de forma sincera.

— É um prazer, Sofia Redfield. – Sr. Tumnus inclinou a cabeça em reconhecimento. – Por favor, entrem! Está frio aqui fora, e eu acabei de colocar a chaleira no fogo.

Limpando os pés no capacho, Sofia se encantou completamente pelo interior da casa. Desde os arabescos nos móveis até a disposição dos livros nas estantes, tudo tinha sensação de conto de fadas.

— É uma casa adorável. – ela elogiou e apontou os livros. – Me permite?

— Vá em frente. – incentivou Sr. Tumnus sorrindo e dispondo a chaleira acompanhada de quatro chávenas, uma jarra de leite e um açucareiro na mesa de centro.

Com olhos de ávida leitora, Sofia deslizou as pontas dos dedos nas lombadas das belas encadernações.

Rainha Cisne Branco, Da Criação de Nárnia, Ninfas e Seus Costumes, Sátiros e Seus Costumes, A Lenda do Veado Branco, O Festim de Baco, De Arquelândia à Ettinsmore, É O Homem Um Mito? e diversos outros títulos se distribuíam pela estante e Sofia pensou em como gostaria de ler cada um deles.

— Me parece uma coleção muito interessante, embora não conheça nenhum dos títulos. – disse Sofia sentando-se na poltrona que Sr. Tumnus cordialmente deixara para ela e servindo-se de chá.

— Se decidirem vir mais vezes pode lê-los. – ofereceu o fauno.

— É uma ótima ideia! Sofia adora ler! – Clarissa respondeu pela irmã. – E lê de tudo!

— Aprecia o conhecimento? – questionou Sr. Tumnus.

— Em demasia. – Sofia respondeu, então inclinou-se para frente. – Mas, se me permite perguntar, por que o homem é considerado um mito?

E com isso, logo Sr. Tumnus e Sofia estavam engatados em uma extensa conversa a respeito da história de Nárnia. A bandeja foi retirada da mesa de centro e em seu lugar, livros foram abertos e mapas estendidos, enquanto as três meninas do nosso mundo recebiam uma verdadeira sabatina a respeito de Nárnia e seus arredores.

Aprenderam que a Feiticeira Branca mantinha rota de comércio constante com os gigantes comedores de humanos e inteligentes que viviam na fortaleza de Harfang, logo após Ettinsmore, onde viviam gigantes não tão inteligentes.

Ouviram também que pelo Norte de Nárnia haviam terras agrestes cheias de rochas e vegetação rasteira, onde era muito frio e ventava muito. Pelo Sul, fazia fronteira com Arquelândia, de onde não se ouvia a respeito desde o inicio do reinado da Feiticeira. Pelo Leste, fazia fronteira com Telmar, com quem nunca tiveram relações muito amigáveis. E no Oeste ficava o mar, além do antigo castelo de Cair Paravel, onde deveria ser a capital.

Sr. Tumnus contou histórias a respeito de todo tipo de narniano notável. De uma bela rainha que foi amaldiçoada por uma bruxa e se tornava cisne. De um coelho branco como a neve que ouvia sons mínimos a distancias inimagináveis. De Franco e Helena, primeiros rei e rainha de Nárnia. E de profecias a muito esquecidas que previam o fim da Feiticeira e o retorno do Verdadeiro Rei.

E horas depois – maravilhadas ainda que com muito sono – Sofia, Clarissa e Lúcia de despediram de seu bom amigo fauno com promessas de voltar.

E andaram pela linda floresta narniana com pensamentos de magia, solenidade e lar.

E passaram pelo Lampião desejando liberdade e paz para aquela terra que amavam tanto e que em seus corações já era seu lar.

E mantiveram sorrisos em seus rostos, porque era tão, tão melhor que qualquer coisa que pudessem sonhar!

Algo as deteve, no entanto, antes que alcançassem o guarda-roupas.

— Edmundo? – Lúcia chamou em evidente confusão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quem quer que a Clare bata muito no Ed levanta a mão!

Beijos e até o próximo!
Shazi



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "As Redfield: O Leão, A Feiticeira e O Guarda-Roupa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.