As Relíquias da Morte. escrita por Kyriê Snow


Capítulo 1
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Este texto faz parte da fanfic Hermione, A Diva. Está sendo postado separadamente porque mesmo inserida no contexto HP, sustenta divergências entre o que conta o Bardo e o que contava meu pai em 1959. Está aberta a discussão.



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Capítulo 8 – As Relíquias da Morte.

 

 

Hermione abraçou o pai e sugeriu que ele fosse fazer companhia à mãe. Sozinha com o Harry, retirou a mesa, reorganizou a cozinha e namoraram por uns minutos, trocando juras de amor.

— Harry, me tira uma dúvida? Se você gostava de mim porque nunca falou nada?

— Falar como!? Você e o Rony se ligaram desde o primeiro ano, mesmo que fosse brigando, e depois quem era o gênio que sabia mais sobre mim que eu mesmo. Sabia tudo sobre Hogwarts, sobre feitiços, sobre... eu nunca poderia imaginar que você pudesse se interessar por alguém como eu, um cego na escola e você iluminando a todos... – respondeu cabisbaixo.

— Harry! Você é quem era o herói, você era famoso, poderia escolher qualquer menina, até as mais velhas, você era o centro das atenções e eu era apenas uma sangue-sujo, que não conhecia ninguém, e quando a Trelawney me comparou a um livro, fiquei arrasada, mas hoje sei porque ela viu aquilo, como eu poderia sonhar em... reconheço a idade da minha alma, mas não sou seca como ela disse, não mais, aproveitei o tempo para encher meu coração de amor, o que me dá a segurança de dizer a você o que sinto.

— Andamos tanto tempo juntos, nos víamos tão distantes um do outro e só agora acordamos – lamentou, ele.

— Acordamos, Harry, acompanhei por muito tempo a sua família, e assim, o que eu sentia só se consolidou.

— Por falar em família, estou curioso para saber como era este meu ancestral, o Ignotus.

Hermione guardou silêncio por um instante, e sua fisionomia de alegre apaixonada foi se transformando para um nível sorumbático.

— Olha, Harry, eram tempos violentos, os conceitos mudaram muito nestes anos todos, os homens, em sua ignorância, se batiam em espadas por pouca coisa. Os bruxos faziam o mesmo, não havia feitiços proibidos. Quem tivesse coragem e conhecimento era rei. Alguns atos decorrentes destes feitiços, hoje chamados imperdoáveis, incomodavam os deuses e acabei recebendo mais uma missão. Acompanhar o conflito entre os dois líderes bruxos. O poder estava em mãos sombrias. Era do meu interesse preservar o bando rebelde liderado pelo Antioch, ele era um bruto sem escrúpulos, não muito melhor que o outro lado, mantinha os irmãos em rédeas curtas. O Kadmus era uma besta, estava apaixonado e não sabia se obedecia primeiro à esposa, bela e tinhosa, ou ao irmão. O mais novo, de tanto ser massacrado pelos dois mais velhos, tornou-se um imbecil acessível. Tinha medo da guerra mas o medo que nutria pelos irmãos era maior. Juntou-se aos três e partiram para o embate. Foram vencidos. A cunhada, a mais açodada e imprudente na batalha, foi atingida e morreu. Os três fugiram para as montanhas. Minha atenção ficou voltada para as famílias abandonadas, uma viúva e três primos adolescentes. Protegi-as das represálias.

Os três lamberam as feridas – continuou ela – e voltaram a planejar outra batalha. Ao descerem da montanha, pegaram o caminho mais curto e depararam com um rio de águas agitadas, de nome rio das mortes. A Senhora Morte fazia ponto por ali, era um excelente ponto de coleta, pois muitos tentavam mas poucos conseguiam chegar à outra margem.

Juntaram forças e com suas magias construíram uma ponte, mais para uma pinguela. Quando senti as vibrações das ondas da magia, corri para lá e já os encontrei no meio da ponte e de cara com a senhora Morte, que estava altamente inconformada com o artifício que montaram. Barganhava o segredo de como fazer e desfazer a ponte e em troca atenderia a um pedido deles.

Antioch, sedento de poder, só pensava em desbancar o desafeto, para assumir o controle. Pediu uma varinha poderosa que multiplicasse sua força mágica.

Kadmus, sonhava com a amada e pediu algo que a trouxesse de volta, e em sua estupidez nem percebeu que invadia os domínios da Senhora, pois esta, não teria como atendê-lo sem se humilhar, anulando o serviço para o qual estava destinada.

Ignotus queria se livrar do jugo dos irmãos e pensava em ouro, muito ouro. Com muita insistência e um pouco de magia o convenci que o que estava em jogo era a vida dele. Entrar naquela cabeça dura foi complicado, mas ele acabou fazendo o pedido certo. A Morte ia dar-lhe tanto ouro que a ponte ia desmoronar com ele encima. Seria o primeiro a morrer.

Antioch, foi bem específico, e recebeu a varinha pedida. Feita da árvore mais próxima e como miolo, a senhora Morte, recheou-a com o seus longos cabelos negros. Mal colocou as mãos nela, sentiu-se tão poderoso que foi encarar o desafeto sozinho. Matou-o com um Avada Kedavra sem igual. Trinfou onde a família havia fracassado. Na comemoração bebeu e falou demais. A varinha do poder virou objeto de cobiça. Dormiu na bebedeira e foi encontrar com a senhora Morte com o pescoço cortado. Fui atrás do traidor e recuperei a varinha. Não era um Peverell, não teve o prazer de tirar a dúvida se aguentava ou não o tranco do poder dela.

O Kadmus foi da euforia à depressão. Recebeu uma pedra tirada de dentro do próprio olho da senhora Morte e como tal, era de um branco leitoso completamente opaca. Saiu confiante e em casa girou a pedra, conforme fora instruído, e o que obteve foi um fantasma da amada. Um espectro poluído e lamurioso que só pensava em voltar para o outro lado, de onde não deveria ter saído. No desengano e desespero, deu-se conta da sua imensa soberba e da dubiedade do pedido. Esqueceu de mencionar que a queria bela e sorridente de volta. Matou-se para se juntar àquela que foi seu tudo e seu nada. Recuperei a pedra, a incrustei em um anel e tomei cuidados para que não fosse cair em mãos erradas.

O Ignotus, pediu algo que o deixasse invisível aos olhos dela e do mundo, foi o último a deixar a ponte. Cobriu-se com a capa, feita por ela com parte do próprio manto e saiu de fininho. Nem olhou para trás para ver a ponte ruir. Ao saber do ocorrido com os irmãos, ficou apavorado. O medo era tanto que passou anos sem se mostrar ao mundo, uma vida miserável. Reuni o que sobrou da família e os levei para outro condado, mesmo lá, tínhamos que alimentar o Ignotus embaixo da capa. Trabalhei com ele por alguns anos até que desenvolvemos o feitiço da invisibilidade. Deixou a capa como herança ao filho e literalmente sumiu no mundo. Dizem que nem a senhora Morte o viu novamente. Eu tenho minhas dúvidas, ela não prometeu imortalidade a ele, e como ser vivente e andante poderia ir ao encontro dela a qualquer momento. O Hades não tem pressa, muito menos a Hell.

— Neste caso, sou descendente de um covarde! – concluiu decepcionado.

— Diante da morte poucos são corajosos, então este é um julgamento precipitado. O medo é uma força que move até mesmo a coragem. Por medo se tem feito muito neste mundo. O medo de ver você morto elevou a coragem dos seus pais ao ponto de usarem a própria vida para que o Voldemort não chegasse até você. Medo, coragem e amor não são departamentos isolados. Então o sangue mais próximo de você são de duas pessoas muito corajosas, a quem eu aprendi a respeitar e amar.

— E que destino você deu às outras duas relíquias? - perguntou o Harry, ainda tentando reavaliar os conceitos.

— Segui o exemplo do Ignotus, deixei-as com os herdeiros. Já caíram em mãos erradas e tive que recuperá-las em algumas ocasiões. Quando seu pai morreu, tranquei a capa em seu cofre e depois fiz com que o Dumbledore a passasse às suas mãos. O anel estava com um Gaunt mas o Tom esticou os olhos para ele. Agora está com Dumbledore e o está matando. A desculpa para te levar até ao professor Slug era para pôr as mãos em sua capa novamente e reunir as três relíquias pois a varinha está com ele também.

— Mas ele ficou com ela só enquanto aparatamos! Foi uma fração de segundo!

— Não era necessário que ele a tirasse de você. Existe uma lenda dizendo que quem as tem, torna-se o senhor da Morte e esta era a última esperança dele. Aparatou com a varinha das varinhas, a pedra da ressurreição no anel amaldiçoado pelo Tom e capa cedida por você. Viu que o feitiço continuava a deteriorar o braço, te devolveu a capa e tirou o anel. A Morte não aceita senhor, está acima disto.

— Hermione, eu vi o anel no dedo dele, a pedra era preta e não leitosa como você disse, será que estamos falando do mesmo anel?

— É o mesmo, Harry! Quando a peste negra assolou a Europa, correu um boato de que um Slyterin havia sido ressuscitado pelo efeito do anel, então houve uma guerra familiar por ele. Tive que intervir novamente ou seria o fim dos Slyterin. Mandei cobrir a pedra branca com uma ônix preta com o símbolo da família e cinquenta anos depois a devolvi. Quando chegou às mãos de um Gaunt, chegou como um símbolo da família e não como uma relíquia da morte. Nunca trouxe proveito a ninguém.

— E porque você não a destruiu?

— A varinha foi feita de sabugueiro, uma madeira das mais frouxas e que apodrece com facilidade, porém está inteira até hoje, sua capa não tem um puído que seja, então com a pedra sucede a mesma coisa. Você pode derreter o anel e quebrar o ônix, porém a relíquia em si, sobreviverá.

— Entendi. Os outros presentes que andei ganhando sem saber de quem, tipo a Nimbus 2000 também tem seu dedo?

— De certa forma sim, eu os comprei, porém, os galeões saíram do seu cofre e a firebolt também. Você precisa saber usar seus recursos um pouco melhor, Harry. Esbanjar é um erro, mas não se valer dele também é. Fiquei tentada a socorrer o Rony quando a varinha dele se partiu, mas era uma iniciativa que não me cabia.

— Vou me ligar nisto, mas me tire uma dúvida. É você que vem sacando das minhas contas?! Como você consegue passar pela segurança do Gringotts?!

— Na verdade, Harry, eu levei um Peverell para abrir aquela conta e a assinei junto com ele. Foi o primeiro lugar onde guardei as relíquias até que chegasse a hora de passá-las aos herdeiros. Muitos dos galeões que estão lá foram depositados por mim. Tirei a capa e tirei os galeões quando você precisou. Nada mais, nada menos. Os desfalques não foram feitos por mim, mesmo porque, posso entrar e sair do Gringotts sem deixar rastros. Fora o papel de abertura, sua conta nunca mais viu minha assinatura ou meu sangue. As trinta moedas estão lá e o Gringotts não sabe que as guarda. Não posso destruí-las e nem deixar que as usem. Nas mãos de Trouxas seria a morte de muitos. Nas mãos de Bruxos seria uma tragédia insana e nas mãos dos Deuses seria o retorno do caos.

— Você não tem um cofre para...?

— Harry, eu me basto, tudo que fiz no passado pertence ao passado. O que fiz pelos Peverell, pela Helga, pela Santinha ou por outros, foi consumido ou multiplicado por eles, não pertence a esta Hermione adolescente. O que deposito em um cofre Potter, pertence a um Potter. Pelos poderes de Odin, posso acessá-los mas não preciso juntar tesouros neste mundo. Para minha condição, o único tesouro relevante é o amor e a fé dos que seguem meus ideais. Eu poderia ter conjurado uma Nimbus para você, mas isto é coisa que até a Minerva pode ver e fazer, então fiz à moda trouxa: comprei e paguei.

— E como eu não sou um Peverell?

— Isto também foi arte minha. Para proteção da família convenci-os a mudar de nome. Apagou-se o Peverell e sobreviveu o Gaunt, o Grindelwald e o Potter.

— Mas o professor Dumbledore não é um Gaunt?

— O sistema patriarcal está sempre excluindo as mulheres, mas há uma Gaunt na linha ascendente dele. Se voltarmos um pouco mais no tempo, vamos achar o sangue Antioch se misturando novamente com o do Kadmus. Dumbledore ligado ao Grindelwald. Virou praxe na família, casar primo com primo. Raros foram os trouxas que se envolveram com eles. E lembre-se, o sangue feminino é mais forte que o nome. Após o momento da fecundação, nós mulheres, temos mais nove meses para reforçar nossa marca em nossas crias. Não somos só uma chocadeira, Harry! Além do DNA contribuímos com outras alquimias para a formação do bebê.

— Porque a varinha das varinhas falhou com Grindelwald?

— Mãos erradas, Harry! Tanto ele quanto o Dumbledore estavam enganados sobre o legado. O Professor queria a pedra e o Grindelwald a varinha. Inverteram os legados e nenhum dos dois alcançou o objetivo. O anel estar nas mãos de um Gaunt, confundiu os dois. Anos mais tarde o Dumbledore se deu conta disso. Não ter morrido com o poderoso Grindelwald empunhando a número um, despertou as suspeitas dele. Correu atrás da varinha e deixou o anel sob vigilância.

— Você teve participação nisto?

— Não, Harry, diretamente não. É claro que eu teria ajudado o Dumbledore, a obra dele era mais edificante, porém, estava muito ocupada naquele dia. Já sabia que o professor sobreviveria, então fui cuidar de outros capachos do Grindelwald, que estavam tocando terror na Europa toda, e mais um emissário de Ares. A ajuda que dei a ele foi manter este emissário longe do Grindelwald, ficou um duelo mais nivelado.

— Ares na segunda guerra, é isto que...?

— Não se faz uma guerra por aqui sem a influência dos deuses. Foram forçados a uma negociação e queriam aproveitar para obter as moedas de volta, a título de bônus. Ah! Por falar em bônus, o que você acha de um happy hour em uma ilha com praias lindas?

— Não sei, não conheço praias. Estaremos de folga amanhã?

— Estou falando de irmos agora – disse ela se abraçando a ele.

— Sempre associei praia e sol, e já estamos com a noite bem adiantada.

— Posso dar um jeito nisso. Vamos?

— Aonde, Hermione?

— Do outro lado do continente, em uma ilha chamada Fernando de Noronha. Lindas praias e águas azuis e mornas.

Abriu um portal de sol e mostrou a ele um pouco do paraíso.

— É lindo, mas não tem ilhas por aqui?

— Claro que tem, mais famosas, mais cheias de mistérios e lindas também, mas esta aí é muito importante para mim.

— E seus pais? – perguntou, voltando ao abraço.

— Voltaremos antes que acordem – disse ela enquanto arrastava as unhas, suavemente, por sobre a camisa no peitoral dele.

 


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