Era uma tarde de por do sol quando Lana chegou, seu sorriso era inseguro, e ela não aparentava ter mais que 20 anos.
—Então e o que a trás a Paradise City? – perguntou Mary, a dona do hotel que estava a atendendo.
—Eu vou ser uma atriz.
E ela não era a primeira nem seria a última a desejar realizar esse sonho, Mary a dona do hotel Mormont já havia recebido várias outras assim como ela, mas raramente uma se sobressaia, era um sonho muito mais difícil de se realizar. 
—Boa sorte! Seu quarto é o 212, no segundo andar, caso precise de alguma coisa pode me chamar a qualquer momento.
—Obrigada,querida, como é mesmo seu nome? – perguntou Lana procurando um crachá em sua bela camisa social.
—É Mary, sou a proprietária.
—Prazer,Mary. Então boa noite!
—Boa noite!
Dizendo isso ela pegou suas malas que havia colocado no chão  e se direcionou às escadas, usava uma belo vestido e aparentava bastante infantilidade em seus gestos, mas as roupas diziam o contrário. Mary gostou de seu jeito, sentiu até mesmo pena, aquela cidade exigia muito mais força que Lana aparentava ter.
Subindo as escadas Lana deu de cara com uma loira que segurava um cigarro e tinha os olhos muito magnéticos, ela estava encostada na parede usava um jeans surrado e uma camiseta branca, não era o tipo mais bonito, mas era de certa forma muito atraente.
—Então é a novata.
—Olá, prazer. Me chamo Lana - ela disse estendendo a mão ingenuamente.
—O que espera Lana?
—O que disse? – ela sorriu.
—Não há lugar para você aqui.
Dizendo isso desceu as escadas e foi para o bar que havia no saguão. Lana ficou um pouco perdida, mas continuou a subir até seu quarto.
A sua cama estava bem arrumada, e o quarto era pequeno, mas a decoração era muito boa e tinha até seu próprio banheiro, era um ótimo lugar para se começar tudo novamente.
Não estava disposta a desfazer as malas, a viagem havia sido longa e estava cansada.
“Então é isso” pensou “Estou sozinha mais uma vez”
A solidão lhe fazia bem na maioria das vezes, quando ESTAVA sozinha, mas FICAR sozinha era algo que nunca conseguira superar, não ter uma família a quem contar sobre seu dia, suas conquistas, lhe aconselhar em suas escolhas.
Ainda estava com a aliança de seu primeiro casamento fracassado no dedo, não sabia o por que exatamente, mas se pensasse que ele estava apenas longe por algum tempo talvez doeria menos.
Lembrando de quando tinha 14 anos e sua mãe adotiva havia lhe arranjado aquele garoto, ele era bom e trabalhava com pesca naquela cidadezinha pequena, ela ainda queria seus brinquedos quando se casara, mas teve de crescer muito mais cedo que as outras de sua idade, cuidando de uma casa e um marido.
Na maioria das vezes gostava, mas quando ela arranjou um emprego em uma fábrica tudo mudou.
As pessoas passaram a conhece-la, e um dia, enquanto trabalhava um jornalista iria fazer uma reportagem sobre a fábrica e havia a notado, pela sua beleza, seus modos, pediu-lhe algumas fotos.
Ela estava feliz por ser notada. “Você tem futuro” ele disse.
E desde então, seu casamento acabou, e ela passou a viver com jornalistas, e pessoas importantes, até chegar a Paradise city, a fábrica de sonhos.
Olhando as estrelas pela janela, ela pensou em todas as garotas na qual estariam fazendo a mesma coisa, desejando brilhar um dia e ser alguém, mas ela é quem sonharia com mais força.